Seddie, a história continua escrita por Nany Nogueira


Capítulo 89
O fim de Barly


Notas iniciais do capítulo

Agradeço a nova recomendação de "Seddie spy", bem como as recomendações anteriores de "Aninha Gusmão" e "Samantha PB". Servem de estímulo!



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Na sorveteria, Brad comprou um sorvete de casquinha, sabor chocolate, para Cris, e um de côco para ele. Os dois saboreavam calados, até que o adulto quebrou o silêncio:

– Cris, o que você acha de ir morar com o tio Spencer?

– Eu não quero ir – respondeu o garoto com a boca toda lambuzada de sorvete – Gosto de morar com a mamãe.

– Em primeiro lugar, limpe essa boca – pediu Brad, empurrando o guardanapo ao garoto – Em segundo lugar, Carly não é sua mãe, você sabe disso, e em terceiro lugar você só veio atrapalhar as nossas vidas e tá na hora de cair fora.

– Ela é minha mãe sim. Eu tive duas mães, uma que eu nasci da barriga e outra que eu nasci do coração, a minha mamãe Carly me explicou. Ela me ama.

– Carly não te ama, ela só pensa isso. Eu vou te contar uma história: eu e Carly perdemos um filho pouco antes de você chegar, sentimos muito essa perda, principalmente ela, então você apareceu e Carly se apegou, como forma de ocupar o vazio do nosso filho. Então, ela não te ama de verdade, só tá te usando para preencher uma carência. Você entende?

– Não!

– Eu vou te contar um segredo, só porque eu sou muito seu amigo: Carly não vai querer mais saber de você quando ela angravidar de novo e tiver seu próprio filho, então, para o seu bem, é melhor ir pra casa do seu tio Spencer, porque a mulher dele, Audrey, é professora e gosta de crianças.

– Isso não é verdade.

– Então pague pra ver. Quando Carly te abandonar no meio da rua, o que vai acontecer assim que ela souber que espera um bebê e ver que você não tem mais utilidade, não vai dizer que não avisei.

O garoto abaixou a cabeça, triste. Brad falou:

– Não vai terminar seu sorvete?

– Não, eu perdi a vontade.

– Ótimo, vamos para casa. Não diga nada à Carly hoje, se não ela vai saber que eu te contei, pra te ajudar, claro, peça pra ir morar com seu tio Spencer amanhã. Entendido?

– Sim – concordou o garoto com os olhos cheios de lágrimas.

Perto dali, Sam observava a cena, mas não conseguia ouvir a conversa, escondida atrás de um poste na rua em frente à sorveteria. Viu a expressão tristonha de Cris ao final da conversa e desconfiou que algo não estava certo.

Na manhã seguinte, Carly desconfiou porque Cris não se levantou cedo como de costume. A morena terminava de preparar o café da manhã quando Brad desceu animado:

– Bom dia meu amor! Puxando Carly pela cintura e a beijando nos lábios – O que a minha mulherzinha preparou hoje? - perguntou sentando-se à mesa.

– Nada demais, o de sempre. Eu vou ver o Cris, não é normal que ele durma até tarde – comentou ela caminhando em direção ao antigo quarto de Spencer.

Cristopher fitava o teto, enquanto seu rosto era banhado por lágrimas. Carly entrou, ascendeu a luz e o menino se apressou para enxugar as lágrimas.

– O que aconteceu meu amor? Dormiu mais que a cama hoje? - perguntou ela sentando-se ao lado do garoto – Você estava chorando? - questionou ao olhar a face do pequeno.

– Não, mam..., não Carly – respondeu Cris.

– Que história é essa de me chamar de Carly? Eu sou a sua mamãe, lembra?

– Não é não, minha mamãe morreu naquele acidente de carro – disse Cris, já sem conseguir conter o choro.

– Oh querido, então é isso – falou Carly, abraçando o menino – Eu sei que ainda deve ser muito difícil a perda da sua mamãe, você deve ter sonhado com ela e por isso acordou desse jeito, mas não fica triste, eu estou aqui e vou cuidar de você pra sempre.

– Isso não é verdade, não vai cuidar de mim pra sempre que eu sei! Eu quero ir embora daqui agora! Me leva pra casa do tio Spencer! - exigiu o garoto irritado.

– Cris, o que está acontencendo? Eu te amo meu filho, e cuido de você com todo carinho. Por que não quer mais ficar comigo?

– Você não me ama de verdade e nem eu te amo.

As últimas palavras de Cris cortaram o coração de Carly e ela teve que conter as lágrimas:

– Você tá nervoso Cris, eu não vou acreditar no que disse. Pode passar a manhã no seu quarto se quiser, depois eu trago o café da manhã.

– Se não me levar pra casa do tio Spencer eu vou fugir e morar na rua – ameaçou Cris.

– Está bem, se você quer passar o dia lá eu não vejo problema.

– Não quero passar o dia, quero morar lá.

– Depois a gente vê isso Cris, agora se arrume e tome seu café, vou te levar à casa do Spencer hoje.

Mais tarde, Carly foi almoçar no “Gibby's”, pois precisava conversar com Sam.

– E aí Carlynha? Comida aprovada? - perguntou Sam, sentando-se à mesa com a amiga.

– Tá uma delícia amiga. Esse não é o tempero do Brad, tá muito melhor que o dele, aposto que esse prato foi você que fez.

– Acertou, até porque eu adoro fazer os pratos de carne por aqui. Mas, me conta o que tá pegando, você tá com uma carinha tão desanimada e não almoçou hoje em casa com o Cris. Precisava falar comigo? Tá tudo bem?

– Sam, hoje o Cris acordou revoltado, pedindo pra ir morar com o Spencer, dizendo que eu não sou a mãe dele, que não me ama, que sabe que eu não o amo. Eu não entendi de onde veio tanta revolta. Eu acho que ele deve ter sonhado com a Faye e acordado desse jeito, ele ainda deve estar muito traumatizado com o acidente. Eu tô levando ele no psicólogo e parecia que ia tudo bem. Em pouco tempo ele voltou a falar e se mostrou um menino amoroso e feliz. Eu nunca tinha visto o Cris como hoje de manhã. O que eu faço se ele não quiser voltar pra casa comigo?

– Carly, eu não acho que o Cris está revoltado, eu acho que ele está intimidado.

– Como assim?

– Ontem você pediu pra eu ficar de olho em você sabe quem – disse Sam, olhando em volta pra ter certeza de que Brad não estava por perto.

– Sim.

– Você sabe quem quis levar o menino à sorveteria sozinho e não aceitou que a Belinha fosse junto mesmo quando ela se convidou, falou que queria levar um papo de homem pra homem com o garoto. Então eu desconfiei e mandei o Freddie pra casa com as crianças enquanto eu os seguia.

– E o que você descobriu?

– Não muita coisa, porque se eu entrasse naquele lugar pequeno seria vista, sem dúvida. Fiquei atrás de um poste na calçada. Eu não podia ouvir a conversa, mas pude ver as expressões faciais do Cris durante a conversa. Você sabe quem disse algo ao menino que o chateou muito, ele parecia querer chorar e nem terminou o sorvete. Pra mim ele ameaçou a criança. Aposto que essa mudança repentina no comportamento do Cris tem a ver com essa conversinha. Você sabe quem armou para se livrar do garoto, porque morre de ciúme dele.

– Sam, você não pode acusá-lo dessa forma por meio de suposições. Você mesma disse que não ouviu a conversa.

– Carly, eu passo a máquina no meu cabelo se o Brad não estiver com o dedo, ou melhor, com a mão inteira envolvida nessa história do Cris.

Carly começou a rir e Sam perguntou:

– Qual é a graça?

– Eu tô te imaginando sem os seus lindos cachos loiros. Ia ficar muito estranho – contou a morena, ainda rindo.

– Mas isso não vai acontecer, porque eu tenho razão.

– O Brad tem muitos defeitos. Ele é infantil, muda de humor com frequência, faz as coisas sem pensar, mas depois se arrepende. Daí a ameaçar uma criança já seria demais.

– Ele é bipolar, pensei que já tivéssemos chegado a esse consenso. Lembra quando ele foi estagiário do Icarly e sumiu do nada, deixando a gente na mão? Não só saiu do web show como do colégio, sem prévio aviso.

– Ele explicou que o avô dele tava doente e que ele teve que mudar de cidade às pressas para ajudar a avó.

– Ele te explicou isso depois que vocês começaram a namorar, anos após o ocorrido. Custava ele mandar um e-mail, um sms no meio da viagem ou dias depois?

– Tá, ele é meio imprevisível, mas não é mau caráter.

– Eu acho que ele é culpado e você acha que ele é inocente, então, que tal... - começou a falar Sam, olhando em volta, pra se certificar novamente de que Brad não estava por perto – que tal se a gente amarmasse pra ele confessar o crime?

– E se não tiver crime pra ser confessado?

– É o que veremos. Confia na mamãe aqui?

– Tá bom Sam, confio. Só espero que você não o mande pro hospital ou pro cemitério com os seus meios de obter a confissão. Eu sou muito jovem pra ficar viúva.

– Mas não tem problema se acabar divorciada. Você é jovem e linda, arranja coisa melhor num estalar de dedos.

– Não vou me divorciar, a menos que você tenha razão – falou Carly, sentindo um sufocamento no peito.

Era final de tarde, Brad terminava de arrumar a cozinha quando Sam entrou.

– Já vai Sam? Tchau, até amanhã. Pode deixar que fecho tudo, como sempre – despediu-se Brad.

– Não, hoje eu vou ficar mais um tempinho, preciso conversar com você.

– Mas não tem que pegar seus filhos no colégio?

– Não, hoje o Freddie vai fazer isso.

– Eu fiz algo de errado no restaurante?

– Não, o assunto é mais pessoal.

– Então não me interessa. Você é minha chefe, mas não tem nada com a minha vida pessoal – falou ele, malcriado.

– Mas eu tenho muito com a vida pessoal da minha melhor amiga Carly.

– Você já se meteu demais onde não foi chamada, é melhor parar com isso a menos que queira que...

– Vai me ameaçar como fez com o Cris?

– Eu não ameacei o Cris, não sei do que está falando.

– Você pode não ter ameaçado, mas intimidado o garoto, por isso ele quis ir pra casa do Spencer.

– Eu não vou cair na sua Sam, você tá jogando um verde pra colher maduro. Eu não fiz nada com o garoto, é tudo fruto da sua imaginação.

– Aí que você se engana. Eu vi com os meus próprios olhos e tenho tudo gravado com imagem e áudio nesse DVD – disse Sam, mostrando o objeto para Brad.

– Você tá blefando.

– Não estou não. Um ex-namorado da minha mãe é dono daquela sorveteria e ele tem câmeras de segurança com som espalhadas por todo o estabelecimento, então bastou eu pedir que ele me deu esse presentinho.

– Me dá isso agora! - disse Brad, tentando puxar o DVD da mão de Sam.

Sam recuou e empurrou Brad no chão:

– Nem gaste energia, sabe que sou mais forte que você.

– O que você quer com isso Sam?

– Nada. Só queria saber se você se arrepende pelo o que fez ao pobre Cris. Se me convencer de que se arrependeu de verdade, não vou mostrar esse DVD à Carly, caso contrário, eu mostro.

– Não pode ser só isso. O que está armando Sam?

– Nada. Você não tem muita escolha. Se confessar que se arrepende pelo o que fez ao Cris ainda tem uma chance de se livrar.

– Está bem, se é isso que quer ouvir: eu me arrependo do que fiz ao Cris.

– Não tá muito convincente. Diga-me especificamente do que se arrepende.

– Eu me arrependo de ter dito ao Cris que Carly não o amava e que se ele não fosse para casa do Spencer seria jogado na rua por ela assim que tivéssemos o nosso filho – confessou Brad.

– Seu canalha! - disse Carly, surgindo de trás de um armário da cozinha e dando um tapa na cara de Brad – Acabou Brad! Eu já aguentei demais! Mas o que fez agora não tem perdão! Foi muita covardia torturar psicologicamente uma criança! - expôs aos gritos, pouco antes de tirar a aliança e jogar na cara de Brad.

A morena saiu andando, possessa. Brad foi atrás.

– Esqueça que eu existo! - gritou Carly, correndo.

– Não posso fazer isso! Carly eu te amo! Não sei viver sem você. Me perdoa, eu tô arrependido. Concordo que fui covarde! Me dá mais uma chance, eu juro que vou ser o melhor pai do mundo para o Cris! - disse Brad, alcançando-a e a segurando pelo braço.

– Agora é tarde! - falou a morena, convicta, puxando o braço e caminhando rapidamente até o seu carro.

Sam assistiu à cena de Carly e Brad, depois olhou para o DVD na sua mão e disse:

– Melhor eu devolver o DVD de “Dora, a aventureira” para a Belinha.


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