Férias escolares e crianças surtando dentro de casa. Freddie havia pego férias da Pera Store no mesmo período para cuidar dos filhos.

Isabelle e Mabel brincavam de bambolê, quase acertando os móveis da sala e o moreno corria atrás tentando afastá-las do desastre. Eddie e Nick arrebentavam seus carrinhos, atirando contra a parede, enquanto tentavam apostar uma corrida e o pai corria para que eles não se cortassem com o que tinha sobrado dos brinquedos. A campainha tocou, eram Carly e Cristopher.

– E aí Freddie? Sam me contou que você está sozinho com as crianças de férias, então pensei: ele deve estar precisando de ajuda – falou a morena.

– Estou mesmo. 4 crianças dentro de casa é para os fortes – falou ele, enxugando o suor de sua testa.

– Quero mostrar ao Cris o “Aquarium Seattle” e tenho certeza de que suas crianças também vão gostar. Podemos ir lá agora.

– Acha seguro dois adultos com cinco crianças?

– Sam e Brad vão nos encontrar lá daqui a pouco, assim que saírem do restaurante, já tá tudo no esquema.

– Então, ótmo! Crianças, calcem os sapatos, vamos sair! - pediu Freddie aos pequenos.

Os pequenos ficaram encantados com os grandes aquários, repletos de peixes, alguns bonitos, outros diferentes, bem como polvos, cavalos marinhos, estrelas do mar e outras espécies de vida marinha.

– Olha! Esse bicho é muito legal! - falou Isabelle, chamando a atenção das outras crianças, que correram para olhar o polvo.

– Esse bicho se chama polvo, ele é um molusco marinho, da ordem octopoda, por ter oito braços fortes e com ventosas e ele não tem esqueleto, por isso tem o corpo todo mole. Ele solta uma tinta quando quer se defender – explicou Freddie aos pequenos.

– Sempre com papo de nerd – falou Sam, fazendo o moreno se virar para ela e caminhar na sua direção.

– Que bom que chegou amor – cumprimentou Freddie à esposa, com um beijinho.

Carly fez o mesmo com Brad, que também chegava.

– Mamã, o povo – disse Nick, puxando a mãe pela mão.

– É “polvo” querido – repetiu Sam, acompanhando o filho.

Isabelle empurrou Cristopher no chão:

– Sai da minha frente vacilão!

– Eu também quero ver o polvo – choramingou Cris.

– Vai ficar querendo, não pode cobrir a minha visão do polvo, eu cheguei primeiro.

Sam interveio:

– Vocês dois parem agora! Tem espaço suficiente para os dois verem o polvo, feito crianças civilizadas, uma do lado da outra.

As crianças se calaram e voltaram a se aproximar do vidro, embora ainda se acotovelassem.

Depois do passeio, os adultos resolveram levar as crianças para fazer um lanche.

– Eu quero pizza mamãe – disse Cristopher para Carly.

– O que você disse querido? - perguntou Carly, com os olhos cheios de lágrimas.

– Eu disse que quero pizza mamãe – repetiu Cris.

– É a primeira vez que ele me chama de mamãe – contou Carly aos amigos – Vem cá me dá um abraço – pediu ao menino.

Cristopher levantou-se da sua cadeira e foi abraçar Carly, dizendo em seguida:

– Agora posso comer pizza?

– Só se me chamar de mamãe de novo.

– Mamãe.

– Claro que sim meu filho, vamos lá – disse Carly, levantando-se para ir com o menino fazer o pedido.

– Espera dinda, também quero pizza! - falou Isabelle, correndo atrás da madrinha.

Brad comentou:

– Agora a Carly se emociona com cada coisa que esse garoto faz. Cris virou o centro da vida dela.

– Está com ciúme Brad? Ele é só um garoto e nunca vai ocupar seu lugar na vida dela – falou Sam.

– Não estou com ciúme, só acho essa situação bizarra – disse Brad, contrariado.

– Melhor irmos comer – falou Freddie, pouco depois de fuzilar Brad com o olhar.

– Vai lá bebê, e compra o maior sanduíche que encontrar pra mim, de preferência com bacon, veja o que os garotos querem – pediu Sam.

– Pode deixar lindinha – concordou Freddie, saindo da mesa com os gêmeos.

Sam e Brad ficaram sozinhos na mesa e a loira aproveitou para mandar a real:

– Brad, acho bom você parar de ser tão babaca com a Carly e com o Cris. Eu conheço a minha amiga, ela aguenta muita coisa, mas quando se encher vai te dar um pé na bunda que você vai parar na China. Quem avisa amiga é.

Carly voltou pra mesa com Cris e Belinha, e Brad não teve tempo de responder nada.

A noite, Carly e Cris assistiam a um filme infantil no quarto da morena, Brad entrou e desligou a TV, dizendo:

– Hora de ir dormir garoto. Está tarde.

– Liga isso agora Brad! Falta pouco pro filme acabar e Cris já vai dormir – determinou Carly, enérgica.

Brad obedeceu contrariado. Mais tarde, Carly colocou Cris para dormir e acabou dormindo junto com ele. Ela acordou com alguém puxando seu braço:

– Vamos para o nosso quarto agora Carly! - ordenou Brad, irritado.

– Me solta – disse Carly, puxando o braço – E fala baixo, o Cris tá dormindo.

– Tudo é o Cris!

– Se falar alto ele vai acordar e aí mesmo que eu não volto pro quarto com você.

– Vamos logo – pediu Brad, num sussurro.

No quarto do casal, Brad começou a beijar Carly na boca e depois no pescoço, mas a morena o empurrou.

– Qual o seu problema Carly? Já percebeu que nem namoramos mais desde que o Cris chegou? - perguntou Brad, indignado.

– O problema não é o Cris, o problema é você! Não suporto mais o seu comportamento infantil. Você é estúpido comigo e com o meu filho.

– Ele não é seu filho, nem meu filho. Amor, podemos tentar novamente a inseminação artificial e ter nosso filho de verdade.

– Cris é meu filho. Pode não ter nascido da minha barriga, mas nasceu do meu coração. Se você não quer ser o pai dele, pelo menos seja um padrasto legal.

Carly parou de falar, apagou a luz e foi se deitar. Brad deitou-se também, virando-se para o outro lado.

Mais uma manhã nublada em Seattle. Cris pulou na cama, entre Carly e Brad, chamando a morena:

– Acorda mamãe, hoje você disse que ia me levar na pracinha pra brincar com a Belinha e a Mabel – disse o menino a sacudindo.

– Ainda é cedo querido – respondeu Carly, sonolenta.

– O que está fazendo aqui garoto? Já disse que tem que bater na porta antes de entrar! - brigou Brad.

– Esse é o meu quarto e ele pode entrar aqui quando quiser – rebateu Carly.

– E como fica a nossa intimidade?

– A gente tranca a porta quando quiser ter intimidade Brad – respondeu a morena, com a expressão fechada – Querido, desce que eu já vou lá te ajudar no banho, depois a gente toma café e eu ligo pra Sam pra ver que hora ela e o Freddie vão levar as crianças na pracinha, está bem? - indagou ao filho.

– Sim, mamãe – concordou o menino, saindo do quarto.

– Ele já é grandinho, pode tomar banho sozinho – observou Brad.

– Ele não esfrega direito os joelhos e gosta de brincar se arrastando no chão, então tem que passar esponja – explicou Carly.

– Você o trata como um bebê.

– E você se comporta como um bebê com ciúme dele. Brad, só vou te dar um aviso, trata bem o meu filho se não quiser me perder.

Carly, Brad e Cris terminavam o café da manhã quando a morena recebeu a mensagem de Sam:

– Sam tá avisando que ela e Freddie estão descendo para ir à pracinha com as crianças. Vamos Cris.

– Espera amor. Eu posso levar o Cris na pracinha, você não disse que tinha que revisar uns artigos que escreveu pro jornal? - ofereceu-se Brad.

– Sim, mas eu posso fazer isso mais tarde. Por que quer levar o Cris? - perguntou ela, desconfiada.

– Eu acho que é importante que a gente passe algum tempo juntos, só nós dois, para ficarmos mais amigos e nos conhecermos melhor.

– Se é assim, tá bom.

Brad deu a mão a Cristopher e ambos saíram do apartamento.

Na portaria, Sam sentiu seu celular vibrar no bolso e leu a mensagem da melhor amiga:”Brad tá descendo com o Cris, fica de olho neles”.

– Mensagem de quem amor? - perguntou Freddie.

– De um admirador secreto – provocou Sam.

– Quem é o louco que acha que pode mexer com a minha loira? - perguntou Freddie, puxando Sam pela cintura.

– Eu sou famosa amor, tenho muitos admiradores, você tem que aprender a conviver com isso.

– Eu também sou famoso e tenho muitas admiradoras – foi a vez de Freddie provocar.

– Elas que te admirem de longe a menos que gostem de hospital.

– Você fica tão linda quando sente ciúme, amorzinho.

– Você também bebê – falou Sam, beijando-o.

Os dois aprofundaram o beijo e Isabelle interveio, colocando-se no meio dos pais, fazendo-os cessar o beijo:

– Parem com isso, estão me deixando com vergonha, e isso é nojento.

Os dois riram, um pouco constrangidos. Brad e Cris saíram do elevador. Todos foram caminhando juntos para a pracinha. Sam sentiu falta de algo no bolso. Freddie mostrou o celular pra ela:

– Procurando isso amor?

Sam pegou o celular da mão dele:

– Eu estou sendo má influência pra você, já consegue até bater carteira se duvidar.

– Não sabia que Carly era o “seu admirador secreto” - disse ele, fazendo aspas com as mãos e rindo.

– Eu apaguei a mensagem do admirador secreto – justificou Sam.

– Tá bom minha mentirosinha – falou Freddie, beijando-a no rosto.

Na pracinha, as crianças brincavam sob a supervisão dos adultos. Caminhavam de volta ao Bushwell Plaza quando Brad avisou:

–Vou levar o Cris para tomar sorvete.

– Também posso ir? Adoro sorvete – perguntou Isabelle.

– Eu e ele precisamos levar um papo de homem pra homem, então não vai dar Belinha – justificou Brad.

– Ele não é um homem, mas um garoto – observou Sam.

– Que seja – disse Brad, pegando a mão de Cris e tomando o caminho contrário do Bushwell Plaza.

Sam observava os dois se afastando e disse ao marido:

– Leva as crianças pra casa, eu vou atrás deles.

– Por que? - indagou Freddie.

– O meu admirador secreto mandou ficar de olho neles, lembra? - explicou Sam, pouco antes de começar a seguir, discretamente, Brad e Cris.