Seddie, a história continua escrita por Nany Nogueira
Mais um final de semana em Seattle. Família Puckett Benson almoçava.
– Carlynha volta amanhã – comentou Sam.
– Eu sei. Que bom que ela conseguiu resolver todas as questões burocráticas nessa semana em Fresno – disse Freddie.
– Tomara que a dinda me traga presentes – falou Isabelle.
– Você só pensa em ganhar presente né Isabelle? - questionou Sam.
– Ué, a dinda tá rica agora, nada mais justo que me dê presentes – justificou a menina.
– Mamã, aga (mamãe, água) – pediu Nick.
– Nicolas, é água. Repete com a mamãe: á-gu-a – pediu Sam, pegando a mamadeira do garoto com a água.
– Aga – repetiu Nicolas, bebendo.
– Como se diz “água” Eddie? Fala pro seu irmão – pediu Sam.
– Água – repetiu Eddie, perfeitamente, sendo aplaudido pela família.
– Eu tô preocupada com o Nick, ela tá com a fala muito mais atrasada que Eddie – disse Sam ao marido.
– Cada criança tem seu tempo. Ele acabou de completar dois anos, é um bebê ainda. Vamos continuar estimulando que daqui a pouco ele fala direito – expôs Freddie.
– Mabel, você come que nem passarinho. Sabia que saco vazio não para em pé? - perguntou Sam à sobrinha.
– Eu não tô com fome tia – explicou Mabel.
– Você nunca está, nem parece uma Puckett ou filha da baleia do Gibby – observou Sam.
– Sam! - repreendeu Freddie.
– Vou comprar uma vitamina pra você Bel. Tem umas com sabor de chocolate e de morango, que você toma com leite, parece muito gostoso, você vai ver – falou Sam.
– Também posso tomar mamãe? - perguntou Isabelle.
– Só se eu quiser que você coma até a minha geladeira.
O celular de Sam apitou e ela foi ler a mensagem:
– É do Brad. Tá dizendo que vai fazer uma festa de boas-vindas à Carly amanhã a tarde, na hora que ela chegar e está nos convidando.
– Eba! Adoro festa! Tem comida! - comemorou Isabelle.
– Até parece que não tem comida em casa – disse Sam.
– Mas comida de festa é especial – explicou Isabelle.
– Será que ele e Carly se entenderam? Ultimamente só vivem brigando. Eu mesmo tive que segurar a vontade de dar uns socos nele no almoço de domingo passado! Onde já se viu magoar uma garota doce com a Carly daquele jeito? – observou Freddie.
– Eu também tive vontade. Brad é meio bipolar. Ele briga com a Carly, depois tem medo de perdê-la e começa a fazer de tudo para agradá-la. Deve ter sentido falta dela nessa semana longe e colocou a cabeça no lugar. Enfim, o importante é que: “Eba! Vai ter festa!” - falou Sam, imitando o gesto animado da filha.
A tarde de domingo chegou. Brad estava animado e havia preparado a festa com todo o cuidado, com faixa de boas-vindas, muitos doces feitos por ele e com tacos de macarrão, já que havia aprendido a fazer com Spencer.
O interfone tocou, era Lewbert avisando a Brad que Carly e Spencer estavam subindo. O porteiro mal humorado aceitou fazer o serviço mediante uma recompensa monetária paga por Brad.
Brad apagou as luzes e pediu para todos ficarem quietos. Carly e Spencer entraram e ascenderam a luz, ouvindo:
– Bem-vindos!!!
Sam, Freddie, Isabelle, Mabel, Eddie, Nick, Audrey e Brad foram abraçar os recém-chegados.
– Senti saudade meu docinho – disse Brad, beijando os lábios da morena.
– Eu também amorzinho – respondeu Carly, fazendo carinho nos cabelos lisos e castanhos de Brad.
– Oba! Taco de macarrão! - comemorou Spencer, indo comer, puxando Audrey pela mão.
– É muito bom que estejam todos aqui – falou Carly, chamando a atenção dos presentes – Eu quero que conheçam uma pessoa especial – enquanto procurava alguém ao redor – Cristopher, vem cá – chamou ela caminhando até o corredor – Não tenha vergonha, venha. Tá tudo bem, me dá a mão.
Todos olhavam para a porta, curiosos. Carly entrou na sala segurando um garoto moreno de olhos amendoados (mesmos traços da morena), aparentando ter a idade de Isabelle.
Carly fez a apresentação:
– Pessoal, esse é Cristopher Dorfman, filho da minha prima Faye, ou melhor, a partir de agora, esse é Cristopher Shay, meu filho.
– Como é que é? - perguntou Brad, incrédulo com o que acabara de ouvir.
– Foi isso mesmo que você ouviu Brad. Eu adotei o Cris. Minha prima deixou no testamento a tutela dele para mim, bem como toda a administração da herança que será dele.
– Eu sou seu marido Carlotta! Você não poderia aceitar uma coisa dessas sem me consultar – falou Brad, irritado.
– Eu nem pensei nisso. Cheguei a Fresno e vi um garotinho de 6 anos assustado num abrigo de menores, órfão de mãe, sem saber quem é seu pai, tendo perdido também os avós e o tio, sem nenhum parente além de mim e do Spencer para ampará-lo. Eu seria um monstro se não o trouxesse pra casa comigo.
– E seu eu disser que não quero um filho adotivo?
– Problema seu. Cris já é meu filho, você querendo ou não – rebateu Carly, firme.
– Você não pode me obrigar a ser pai desse garoto!
– E eu não vou! Se não quiser ser o pai dele, numa boa. Se não quiser dividir o mesmo teto com ele, a porta da rua é serventia da casa, porque esse apartamento é meu!
– É isso mesmo Carly Shay? Tá me expulsando de casa na frente de todo mundo? - perguntou Brad, vermelho de raiva.
– Eu não estou te expulsando, apenas deixando claro que meu filho não sai daqui. Ou você o aceita ou vai embora.
– Não foi capaz de me dar um filho biológico e agora quer empurrar esse garoto pra mim. Ele pode ter o seu sangue, mas não tem o meu – disse Brad, pegando a chave e o capacete de sua moto e saindo.
Carly sentou no sofá e começou a chorar. Todos os presentes ficaram com o coração partido. Cristopher sentou-se no colo da morena e a abraçou:
– Não foi sua culpa querido, não quero nunca que pense isso, está bem? - perguntou ela, secando as lágrimas e abraçando o garoto.
Sam foi se sentar ao lado da amiga:
– Eu sempre te disse que Brad é um babaca, você finalmente se livrou dele e realizou seu sonho de ser mãe. Só ganhou com tudo isso.
– Mesmo assim dói. Nunca imaginei que Brad fosse rejeitar o Cris dessa maneira. Ele sempre sonhou ser pai. Qual o problema de ser pai de um filho adotivo? - perguntou Carly, enxugando as lágrimas que teimavam em cair.
Freddie foi se sentar do outro lado da amiga:
– Não há problema nenhum em ser pai adotivo. Eu já considero a Mabel minha filha do coração. Brad não merece ser pai de qualquer filho. A postura dele não foi de um homem.
Mabel ficou feliz com o comentário do tio e foi se sentar no colo dele. Isabelle viu a cena, mas não ligou, porque estava muito ocupada devorando os doces.
Spencer pegou um copo de água com açúcar e levou para a irmã. Ela bebeu e aos poucos foi se acalmando, enquanto desabafava com os amigos, chorando tudo o que tinha para chorar.
Cristopher ficou num canto, desconfiado, observando Isabelle, que aproveitando a distração dos pais, enfiava na boca todos os doces que podia. A loirinha fez um esforço para engolir tudo e perguntou ao garoto:
– Qual foi? Sei que sou bonita, mas não gosto que me olhem desse jeito.
O menino continuou calado, fitando a menina e Isabelle começou a perder a paciência:
– Perdeu alguma coisa aqui? Olha pro outro lado, agora!
Cris continuou o que estava fazendo e Isabelle já dava pulos de raiva:
– Qual o seu problema? - nenhum movimento do garoto – Quando eu faço uma pergunta eu gosto de ouvir uma resposta! O gato comeu sua língua?
Isabelle perdeu a paciência e foi para cima do garoto, forçando-o a abrir a boca e puxando a língua dele pra fora:
– Sua língua está aqui, então por que não me responde? Você quer apanhar? - perguntou a loirinha cerrando o punho e direcionando ao rosto do garoto.
Cristopher começou a chorar e correu para o colo de Carly, logo após empurrar Isabelle.
– O que houve meu amor? - perguntou Carly ao menino.
Ele apontou para Isabelle e Sam a chamou:
– Isabelle Puckett Benson, vem aqui agora mesmo!
– Eu não fiz nada, ele que é um chorão – defendeu-se a menina.
– Belinha, o Cris passou por uma situação traumática, acabou de perder a família toda, então seja boazinha com ele – pediu Freddie.
– Ele me irritou, não quis responder as minhas perguntas – explicou Isabelle.
– Ele não fala desde o acidente. Belinha, o Cris viu a família dele morrer. Ele estava dentro do carro na hora, mas, por um milagre de Deus, se salvou. Eu vou levá-lo num psicólogo para que ele supere esse trauma e volte a falar – contou Carly.
Mais tarde, Sam, Freddie e as crianças despediram-se de Carly. Precisavam voltar para o apartamento, porque Eddie e Nick já estavam sonolentos.
Isabelle deu “tchau” para Cristopher, mas ele se escondeu atrás de Carly.
– Eu não mordo garoto! - disse a menina rindo – Buuhh! - falou ela, dando voltas na madrinha, acompanhando o gesto do garoto, que tentava fugir da menina, assustado – Eu vou te pegar Cris! - ameaçou Isabelle, imitando voz de monstro.
Carly pegou o menino no colo e ele logo se agarrou ao pescoço dela, com medo.
– Cuide bem da sua língua Cris, se não eu corto! - ameaçou Isabelle, rindo.
– Para com isso Belinha, não tem graça, está assustando o menino – disse Freddie.
– A Belinha tá brincando filho, ela não vai fazer isso, fica tranquilo – falou Carly, tentando acalmar Cristopher.
– Vem pestinha, chega de atormentar o menino por hoje – disse Sam, puxando a filha pela mão para fora do apartamento.
Carly colocou Cristopher para dormir no antigo quarto de Spencer. Ainda admirava seu menino dormindo com o coração cheio de amor quando ouviu a chave virar na porta. Correu para sala. Brad entrou e a cumprimentou como se nada tivesse acontecido:
– E aí Carly?
– Você não tinha ido embora.
– Não, apesar de você ter me expulsado.
– Eu não te expulsei, você interpretou mal as minhas palavras.
– Melhor assim. Prepara algo pra eu comer enquanto tomo banho, estou com fome – pediu Brad, subindo as escadas.
– Ele só pode ser bipolar! - disse Carly, para si mesma.
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