Seddie, a história continua escrita por Nany Nogueira


Capítulo 82
O sexto aniversário


Notas iniciais do capítulo

Pobre Belinha...



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Freddie tentava dormir, tinha os olhos fechados, deitado de lado, abraçado a uma almofada. Sentiu alguém acariciar os seus cabelos.

– Pode me derrubar no chão agora Samantha.

– Eu não vou fazer isso – disse Sam, sentando-se na mesa de centro para ficar de frente para o marido.

– Eu tô com sono, me deixa dormir.

– Freddie, eu não estou conseguindo dormir e tenho certeza de que você também não. Nem eu, nem você fica feliz quando nos distanciamos. Podemos até brigar o tempo todo, mas tá tudo bem, só não tá tudo bem quando você me trata como se eu não significasse nada pra você. O que eu preciso fazer para me perdoar?

– Sam, você já percebeu que me pede perdão, voltamos as boas e aí você me magoa de novo e me pede perdão de novo e assim a gente vai levando a vida? Não me parece que você se arrependa de coração, mas, apenas, que você quer zerar o jogo pra começar tudo de novo.

– E a gente sabe viver sem o nosso jogo?

– Eu não me incomodo quando me chama de nerd, quando tem mau humor e me responde de forma grosseira, quando me dá tapas sem motivo, quando me provoca só pra me ver irritado, afinal, é o nosso jogo. Mas, dessa vez, você foi além dessa brincadeira de gato e rato estúpida, da mesma forma que extrapolou quando contou no ICarly que eu nunca tinha beijado e quando me fez perder o meu primeiro emprego na Pera Store, porque você jogou na minha cara que eu não sou bom pai para os nossos filhos. Você tem ideia do quanto eu os amo? Do quanto eu me esforço para dar o meu melhor? Eu fui pai aos 18 anos! Enquanto a maioria dos garotos da minha idade ainda estava na balada, curtindo a vida, fazendo faculdade, tendo casa, comida, roupa lavada pelos pais, eu estava trocando fralda e me virando para sustentar uma família! E eu tenho muito orgulho disso! Não me arrependo um só minuto, porque meus filhos são o que tenho de melhor na vida. Você acha que eu deixaria a Belinha se machucar de propósito?

– Claro que não – respondeu Sam, de cabeça baixa.

– Quando eu vi o joelho da minha menina sangrando, doeu mais em mim do que certamente estava doendo nela. Eu me desesperei! Mas segurei a onda para pegar minha filha no colo e correr com ela pra farmácia, levando mais três crianças comigo, enquanto ela chorava no meu colo e chamava pela mãe.

– Freddie, você é o melhor pai que eu poderia dar aos meus filhos – disse Sam, sem conter as lágrimas – Pelo menos eu fiz uma escolha certa nessa minha vida toda errada. Eu não sei o que seria de mim sem você. Eu ajo sem pensar, enfio os pés pelas mãos, você é a voz da razão na nossa relação. Tudo o que eu quero é que meus filhos sejam pessoas melhores que eu, que não tenham ficha criminal, que não arrumem filhos antes da hora, que tenham um futuro profissional brilhante, e sei o quanto o seu exemplo vai ser fundamental nesse processo, porque eu sou um fracasso. Eu fiquei em Los Angeles, sem pensar neles, só porque uma Puckett nunca deixa um inimigo impune. Você segurou a barra, cuidando sozinho de 4 crianças, o que não é pra qualquer um, tem que ser muito homem pra encarar isso, e eu tenho muito orgulho de que seja o meu homem, embora eu não te mereça.

– Para de chorar Sam, assim você me parte o coração – disse Freddie, sentando-se no sofá e secando as lágrimas dela com a ponta dos dedos – Não é verdade o que disse, você é uma mulher incrível, apesar de ter defeitos, como todos nós, eu também não sou perfeito. Você é forte, valente, determinada e é capaz de dara vida pelos nossos filhos, como quando se jogou na frente de um carro para salvar nossa menina, sem contar que você foi muito corajosa quando engravidou da Belinha aos 17 anos e levou isso adiante mesmo sozinha, sem eu estar por perto ou sua família. Não sabemos o que nossos filhos serão no futuro, mas daremos o nosso melhor para que eles sejam pesoas de bem e de valores. Podemos errar e acertar, mas eles sempre entenderão que somos dois seres humanos, cheios de defeitos, tentando fazer tudo para o bem deles, porque os amamos.

– Então você perdoa esse meu grande erro com você? Essa minha ingratidão? Não suporto mais a sua indiferença bebê.

– Dessa vez passa – respondeu Freddie, abrindo um sorriso.

Sam sentou-se no colo dele e começou a beijá-lo, sendo correspondida.

Algum tempo depois...

Mais um dia amanhecia em Seattle, o sol iluminava o quarto de Isabelle e Mabel. A mais velha acordou cedo e sacudiu a prima, dizendo:

– Acorda pra me dar parabéns.

Mabel sentou-se na cama, esfregando os olhos, dizendo com voz de sono:

– Parabéns.

– Valeu priminha. Te dei a honra de ser a primeira a me desejar parabéns pelos meus seis anos, porque hoje todo mundo vai me dar parabéns! Hoje é o dia mais especial do ano, porque é meu aniversário e eu adoro fazer aniversário! - falou Isabelle empolgada, dando-se conta de que Mabel havia pegado no sono novamente.

A menina foi para o banheiro, fez sua higiene matinal, voltou para o quarto, abriu seu armário e tentou vestir o vestido de oncinha, presente de Carly no último aniversário, mas se deu conta de que não cabia mais, então escolheu um vestido rosa pink, presente que a avó Marissa tinha lhe dado recentemente, completou o look com uma tiara rosa e passou gloss nos lábios, colocando uma bota de cano curto rosa. Caminhou toda contente para a cozinha, onde a mãe já preparava o café da manhã.

– Bom dia mamãe!

– Bom dia Isabelle. Por que está vestida como a Penélope Charmosa?

– Porque hoje é um dia especial.

– É mesmo! Eu tinha me esquecido da promoção do frango frito. Valeu a dica garota – disse Sam, continuando a fazer suas panquecas.

Isabelle ficou decepcionada com a mãe, pensando: “Será que a mamãe esqueceu o meu aniversário?”. Resolveu ir atrás do pai, que terminava de arrumar o cabelo com gel em frente ao espelho.

– Bom dia papai!

– Bom dia princesa – ainda olhando para o espelho.

– Olha como eu estou bonita papai.

– Está linda como sempre – elogiou Freddie, virando-se para olhar rapidamente para a menina e voltando ao espelho.

– Você sabe que dia é hoje né papai?

– Sim, hoje é dia de liquidação na Pera Store, tenho que correr pra lá pra coordenar os trabalhos. Aquela loja vai lotar! Talvez o papai nem consiga chegar em casa cedo hoje. Tô bonitão? - perguntou virando-se para a filha.

– Está lindão como sempre papai – respondeu Isabelle, decepcionada, abaixando a cabeça e caminhando de volta para o quarto, onde Mabel assistia a um desenho no IPad, sentada na cama.

– Seus pais já esqueceram o seu aniversário?

– Eu acho que não.

– Sorte a sua.

Mais tarde, no apartamento 8-D, Isabelle observava a avó cantar a música dos legumes enquanto tentava enfiar uma sopa verde goela abaixo dos gêmeos, que relutavam.

– Vovó, a senhora não tem nada para me dizer?

– Claro que sim querida, coma a sua sopa antes que esfrie.

– Não sabe que dia é hoje?

– Sei, dia da sopa de legumes. Coma de uma vez, vamos lá: “uma boa menina come os seus legumes...” - cantarolou Marissa.

– Eu quero ir no apartamento da dinda – disse Isabelle, levantando-se da mesa.

– Claro que sim, ela te dá besteiras para comer. Mas, só vai depois que terminar sua sopa.

A menina engoliu rapidamente a sopa, fazendo caretas, e correu para o apartamento da madrinha, que não demorou para abrir a porta:

– Oi Belinha! Já sei, veio pegar o meu bacon.

– Vai me dar bacon de presente? - perguntou a menina entrando no apartamento.

– Eu sempre te dou – falou Carly, abrindo a geladeira e pegando bacon para a afilhada.

– E você tem mais algum presente pra mim?

– Por que eu teria?

– Porque hoje é um dia especial.

– É verdade! Hoje vou comprar a primeira roupinha do meu bebê – falou a morena, acariciando a barriga e abrindo um sorriso - Tenho que ir pro shopping agora Belinha.

Isabelle voltou para o apartamento da avó querendo chorar.

– O que foi garota? Sua madrinha não tinha bacon? - perguntou Marissa.

– Tinha – respondeu Isabelle, deixando as lágrimas rolarem.

– Então acabou o presunto. Não chora que depois a vovó compra pra você, agora vá se arrumar, coloque o uniforme, pra não se atrasar para a escola.

Isabelle foi para o antigo quarto de Freddie, onde a avó deixava algumas roupas dela, inclusive o uniforme, que já estava passado sobre a cama. Olhou para o telefone sem fio ao lado do computador antigo do pai e o pegou, discando para a avó Pamela, que não demorou a atender:

– Oi vovó Pam, é a Belinha.

– E aí Belinha? Não me ligou pra pedir dinheiro né? Sua mãe só se lembrava de me ligar por esse motivo.

– Não, papai me dá mesada. Liguei pra saber se a senhora tem algo a me dizer? Vai me visitar hoje?

– Tenho algo a te dizer: conheci um gato que tem um iate e ele me chamou pra jantar com ele lá, logo não vou te visitar hoje. Mas, não se preocupe, pode vir a minha casa no final de semana e acabar de detonar aquelas bonecas velhas da sua mãe, como sempre faz. Se for boazinha te deixo bater nelas com um taco de baisebol.

– E não vai me dar uma boneca nova? Sabia que eu vi um barbie muito bonita no shopping? Podia me dar de presente, já que hoje é um dia especial.

– Pensa que acho dinheiro no lixo menina, peça aos seus pais. Hoje realmente é um dia especial, dia do meu encontro com o gato do iate. A vovó tem que desligar, porque tenho sessão de depilação a laser daqui a pouco. Beijinhos.

Pam desligou antes mesmo que a neta pudesse se despedir. A menina suspirou para aliviar o peito magoado e começou a se trocar, vestindo o uniforme.

Na escola, a professora não parabenizou Isabelle pelo seu dia, tampouco os seus colegas. Na hora do recreio, ela foi procurar o avô na sala da direção.

Charles olhou para a pequena e perguntou com um sorriso:

– O que aprontou dessa vez sua danadinha?

– Eu não fiz nada vovô, nem tô com vontade de aprontar hoje. O senhor vai me dar um abraço?

– É claro que vou te dar um abraço – disse Charles levantando-se da cadeira, saindo de trás de sua mesa e pegando a neta no colo, abraçando-a.

– E não vai me dar parabéns?

– Parabéns Belinha! Eu já soube que suas notas andam ótimas! Sua professora me disse que você é a melhor aluna da sala, ela sempre elogia sua inteligência. Como posso não me orgulhar de uma neta assim?

– Só isso?

– Sim, agora vá aproveitar o seu recreio, porque o sinal não demora a tocar e o vovô tem muita coisa pra fazer por aqui – colocando a pequena no chão.

A menina não quis nem comer o seu lanche, sentia um nó no estômago, como se estivesse vivendo um pesadelo no qual todos que ela amava e que pensava que a amassem também haviam se esquecido do seu dia.

Na saída do colégio, viu Spencer, correu até ele, esperançosa:

– Oi dindo!

– Oi Belinha! Como vai baixinha? - bagunçando o cabelo da pequena.

– Mal.

– Por que? Tá com dor de barriga?

– Não, antes fosse. Parece que todo mundo esqueceu que hoje é um dia especial pra mim. Você não se esqueceu né dindo?

– Claro que não! Hoje é sexta-feira! Eu já fui estudante e sei o quanto esse dia é especial quando estamos na escola, porque podemos passar o final de semana longe da escola.

Audrey apareceu e Spencer a cumprimentou com um selinho.

– Precisamos ir agora baixinha, temos um compromisso importante – falou Spencer, bagunçando o cabelo da afilhada mais uma vez, saindo abraçado a Audrey que acenou em sinal de despedida para a menina.

Isabelle se surpreendeu quando em vez da mãe, viu Charlotte aparecer para buscá-la, bem como a seus irmãos e a sua prima.

– Cadê a mamãe?

– Ela estava muito ocupada, teve que ficar até mais tarde no restaurante – explicou Charlotte – Mas eu estou aqui.

– Poxa, minha mãe nem pode vir me buscar no colégio no meu dia? - perguntou Isabelle, sem conter as lágrimas

– Não chore querida, sua mãe está ocupada, já expliquei. Se parar de chorar vou te levar a um lugar muito legal. Você quer ir? - perguntou Charlotte, abaixando-se para ficar da altura de Isabelle.

– Não, só quero ir pra casa e dormir pra que esse dia acabe logo!

– Mas eu acho que a Mabel e seus irmãos querem ir? Certo crianças?

– Sim! - responderam Mabel, Eddie e Nick em coro.

– Tanto faz – respondeu Isabelle, tentando secar as lágrimas que teimavam em cair pela sua face alva.

A menina ficou surpresa ao ver que Charlotte dirigiu até a casa de seu avô Charles.

– Por que viemos à casa do vovô? - perguntou curiosa.

– Você já vai ver.

Isabelle entrou na mansão do avô acompanhada de Charlotte, dos irmãos e da prima. A porta da sala estava aberta, mas a menina só viu a escuridão quando entrou, e, ao ascender o interruptor, ouviu:

– Surpresa!!!


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