Seddie, a história continua escrita por Nany Nogueira


Capítulo 80
A semana de um pai




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Cat, Robbie e as crianças chegaram correndo ao hotel, mas descobriram que Sam e Freddie não tinham ido pra lá.

Enquanto isso, Freddie estacionou o carro numa praia, um tanto vazia, já que ventava frio naquele dia. Sam desceu e partiu pra cima de Freddie:

– Você tá querendo morrer? Perdeu o amor à vida? Pensa que pode me tirar da casa da Cat daquele jeito?

Freddie defendia-se com as mãos, até que imobilizou Sam:

– Você fez isso comigo muitas vezes, só que agora eu sou mais forte!

– Só que eu ainda sou mais rápida – respondeu Sam, dando uma rasteira em Freddie e o derrubando na areia – Você não pode me obrigar a voltar com você para Seattle!

– Eu não quero te obrigar a nada Samantha! Só te trouxe aqui para conversarmos sem plateia, num ambiente mais calmo, com a esperança de que você caia em si.

– Benson, tá decidido. Eu preciso me vingar de Vance Anderson, ou não terei mais paz na vida.

– E quanto a mim, aos nossos filhos, a nossa casa, o seu restaurante? Vai deixar tudo pra trás e dedicar sua vida a uma vingança?

– Claro que não! Freddie, eu preciso de mais uma semana. Vou tentar encontrar o mágico de araque. Se eu não conseguir, paciência. Volto pra Seattle e retomo minha vida.

– Está bem Sam. Quando você coloca uma coisa na cabeça ninguém tira! Uma semana me parece razoável. Eu vou sentir muito a sua falta.

– Eu também vou sentir muito a sua e das crianças. Que bom que compreendeu bebê – disse ela, colocando os braços sobre os ombros do marido e o beijando.

– Não deixa de dar notícias tá? Pra eu não ficar preocupado – pediu ele, acariciando o rosto dela.

– Você sabe que eu sei me cuidar bem sozinha Benson.

– Eu sei, se bem que você não parecia muito esperta presa dentro da caixa – comentou ele, rindo.

Sam deu um soco no braço dele, fazendo-o soltar um “ai”!

– Tá, desculpa, eu não quis ofender, mas não posso deixar de me preocupar, porque te amo – explicou o moreno, ainda segurando o braço dolorido.

– Oh gatinho! Eu também te amo. Pode deixar que vou ligar para ouvir sua voz todos os dias.

Os dois se beijaram, enquanto as mãos dele apertavam a cintura e as costas dela, e as mãos dela passavam pelos ombros, pescoço e cabelo dele, bagunçando-o e puxando-o levemente.

Interromperam o beijo ao perceberem aproximação de pessoas.

– Eu não acredito que a gente procurou esses dois por tudo, veio correndo, pensando que estavam se matando e estão se beijando – reclamou Cat ao ver a cena.

– Eu estava tentando matá-lo sufocado Cat, iria beijá-lo até que o nerd ficasse sem ar – brincou Sam.

– E morreria junto né amorzinho? - perguntou Freddie, rindo, enquanto abraçava a esposa pela cintura.

– Eles são assim mesmo tia Cat – comentou Isabelle.

– Entre mortos e feridos salvaram-se todos. Melhor sairmos daqui. Tá frio! - observou Robbie, tremendo.

Sam e Freddie pegaram Eddie e Nick no colo, os quais já estendiam os bracinhos para os pais e acompanharam os demais até o carro. Pouco tempo depois, a loira despediu-se do marido e dos filhos no aeroporto.

Na primeira manhã sem Sam, Freddie acordou cedo como de costume e sentiu um enorme vazio ao ver que estava sozinho naquela cama de casal. Pegou o travesseiro dela e aspirou, tentando sentir o seu perfume. Levantou-se, tomou banho, pegou o celular e pensou em ligar para ouvir a voz de sono da sua loura, mas, conhecendo-na bem, sabia que ela iria xingá-lo se a acordasse tão cedo, então mandou uma sms: “Te amo e já acordei pensando em você”.

Foi acordar as meninas e correu para o quarto dos meninos quando os ouviu chamando pela mãe.

– Mamãe não está aqui, mas o papai está. Vamos ver essas fraldas – pegando primeiro Nick e depois Eddie, deitando-os no trocador e trocando um por vez.

Ele foi pra cozinha tentando preparar o café da manhã. Isabelle e Mabel olhavam para as panquecas queimadas sem a mínima vontade de prová-las. Eddie e Nick cuspiram o mingau na cara de Freddie, ele provou e viu que realmente havia exagerado no açúcar, deixando enjoativo.

– Papai, cadê meu cereal? Não vou comer esse troço queimado – disse Isabelle.

– O seu cereal acabou e o papai não tem tempo agora de ir comprar, porque tem que sair pra trabalhar, hoje tenho uma reunião importante. Prove a panqueca, não tá tão ruim assim, só sapecou um pouquinho.

– Isso não é sapecado, isso é torrado! Papai, você é um desasatre na cozinha. Tomara que a mamãe volte logo – reclamou Isabelle, saindo da mesa.

– Aonde vai Isabelle? -perguntou Freddie ao ver a filha caminhar para a porta.

– Ver se tem comida que preste na casa da dinda.

Freddie permitiu que ela fosse. Isabelle tocou a campainha e foi atendida por Carly. A expressão da morena estava tensa. Brad, de saída, cumprimentou Isabelle, bagunçando o cabelo da menina, depois aproximou-se de Carly e disse:

– Estarei aqui na hora marcada, relaxa que vai dar tudo certo – beijando-a.

– Tá bom, te espero.

Enquanto Carly se despedia do marido, Isabelle foi para a geladeira.

– Eu conheci uma pessoa que adorava fazer a mesma coisa que você, sempre entrava aqui e ia direto para a minha geladeira. A sensação de deja vu foi forte agora – comentou Carly, rindo.

– O que disse dinda? O que é deja fu? - perguntou Isabelle, com a boca cheia de bacon.

– Engula antes de falar Belinha. Deja vu é a sensação de que uma cena se repete. Eu sempre via sua mãe fazer o mesmo que você, isso que eu quis dizer. Posso preparar uma limonada pra você, se quiser.

– Não dinda, sua limonada é horrível!

– Até você Belinha?

– Eu sou sincera. Dinda, posso vir jantar aqui também? Não quero ter que comer a gororoba do papai mais tarde.

– Não sei se já estarei de volta na hora do jantar. Tenho um compromisso importante mais tarde.

– Qual? De trabalho? Papai sempre tem compromissos de trabalho. Hoje ele vai numa reunião.

– Não, hoje não é compromisso de trabalho, embora eu sempre tenha alguns, hoje é pessoal.

– Como assim pessoal?

– Pessoal quer dizer da pessoa e não do trabalho dela. Eu vou a uma clínica para encomendar o meu bebê.

– Bebês são encomendados na clínica? Mamãe disse que era o papai que colocava a sementinha na barriga da mamãe, só que até agora eu não entendi como. É na clínica que fazem isso? Mamãe não foi à clínica quando ficou grávida dos meus irmãos.

– É que eu tenho problema para que as sementinhas fiquem na minha barriga e o médico da clínica vai me ajudar nesse processo.

– E quando o médico não ajuda, como o papai coloca as sementinhas sozinho?

– Belinha, eu tenho que trabalhar. Pode pegar todo o bacon que quiser, leva também o presunto e vai pra sua casa – disse Carly, sem graça, abrindo a geladeira e tirando a comida para a menina.

– Por que ninguém me responde isso?

– Porque você ainda é muito pequena para saber. Sua mãe vai te explicar na hora certa. Agora vamos, tenho mesmo que sair.

Carly abriu a porta e viu Freddie com Eddie e Nick no colo. Mabel já havia sido levada por Charlotte. Ele cumprimentou:

– Bom dia Carly! Espero que a Belinha não tenha pego toda a comida da sua geladeira – olhando para a filha com o presunto e bacon nas mãos.

– Imagina, ela é filha da Sam, já tô acostumada.

Marissa abriu a porta:

– Quem deu tanta porcaria para essa menina comer ainda de manhã?

– Fui – disse Carly, tomando o rumo do elevador, seguida por Freddie, logo após ele entregar os filhos para sua mãe.

No elevador:

– Carly, eu tô te achando tensa. Tá tudo bem?

– Por que acha isso?

– Está muito calada e com a expressão mais fechada.

– Realmente você me conhece bem. Freddie, eu tô nervosa, hoje é um dia muito importante pra mim. Vou tentar a fertilização artificial. Eu e Brad vamos a uma boa clínica no final da tarde.

– Então você tem que ficar feliz. Finalmente vai realizar seu sonho de ser mãe.

– Eu sei, mas tenho medo. E se não der certo?

– Se não der certo você tenta de novo. Mas, relaxa, vai dar tudo certo. Pensamento positivo. Vou torcer por você. Não se esquece de me chamar pra padrinho.

– Claro que não. Você e a Sam já são padrinhos do meu projeto de filho há muito tempo – disse Carly, conseguindo sorrir – Valeu Freddie, você é um amigão – abraçando-o.

Freddie devolveu o abraço de forma fraternal. O elevador chegou à garagem e cada um pegou seu carro, rumo ao trabalho.

A noite, Freddie pegou Isabelle, Mabel e os gêmeos no colégio. Diante das reclamações de Isabelle, resolveu levar as crianças para jantar numa lanchonete, onde comeram sanduíches, na sequência, foram ao supermercado. Com os quatro pulando dentro do carrinho de compras, Freddie não sabia nem onde colocar as compras e como fazê-los ficar quietos.

Uma mulher se aproximou:

– Por que não deixa seus filhos na sala de recreação?

– Aqui tem uma sala de recreação?

– Sim, lá na entrada.

– Valeu a dica.

– Deixa eu ver se adivinho: pai recém-separado?

– Não adivinhou.

– Então é pai solteiro? Eu sou mãe solteira, podemos trocar experiências. Quer anotar meu telefone? - perguntou ela, de um jeito sedutor.

– Eu sou casado – disse Freddie, mostrando a aliança – Minha esposa está viajando.

– Ah entendo – falou a mulher sem graça, saindo.

Freddie levou as crianças para a sala de recreação e fez as compras. Mais tarde, no apartamento 13-B, ele corria atrás de Isabelle:

– Belinha, entra no chuveiro, agora!

– Não! Eu tomei banho ontem, tô limpa!

– Tem que tomar banho todos os dias para ficar limpa – disse Freddie conseguindo cercar Isabelle no canto da sala e finalmente a pegando no colo – Peguei! Hora do banho.

Mabel já havia tomado banho sozinha. Então, depois de dar banho em Isabelle, Freddie pegou os gêmeos e os colocou na banheira. Saiu do banheiro ensopado de tanta água que os meninos jogaram.

Eddie já estava sonolento. O pai o pegou no colo e o embalou enquanto assistia televisão com as demais crianças. O menino logo adormeceu. Nick choramingava e chamava por Sam.

O pai foi colocar Eddie no berço e voltou para sala, pegando Nick no colo:

– Mamãe tá viajando Nick.

– Papai acertou que esse é o Nick, viva! - comemorou Isabelle, batendo palmas.

– Nicolas não dorme tão fácil quanto Edward – justificou Freddie.

– Eu queio mamá (eu quero mamar) – disse Nick, choramingando.

– Isso o papai não pode te dar, mas posso te dar mamadeira – disse Freddie, colocando o filho sentado no sofá enquanto ia para a cozinha.

Ele esfriou o leite, deu para Nick e aos poucos o menino foi ficando sonolento. O pai o fez arrotar e o embalou até que adormecesse, colocando-o no berço ao lado do irmão que já dormia profundamente.

Finalmente, ele leu uma história para as meninas até que dormissem e foi para o seu quarto, jogando-se na cama de casal e pegando no sono antes mesmo de trocar de roupa. O seu celular começou a tocar, mas ele nem ouviu.

Em Los Angeles, Sam reclamava com Nona:

– O Freddie não atende a droga do celular! Já tô preocupada.

– Fica calma, notícia ruim chega rápido. Freddie parece ser um bom pai, deve estar cuidando bem das crianças.

– Assim espero. Já a sua neta, como mãe... A Valentina tá chorando há meia hora.

– São as cólicas? Seus filhos não tiveram isso?

– Principalmente a Belinha, é um saco. E aí Robbie, achou o que te pedi?

Robbie estava sentado na mesa com o notebook na frente, concentrado:

– Tá pronto Sam. A lista de todas as lojas de mágica da cidade.

– Valeu cara – disse Sam pegando o papel da mão dele – Agora vai lá ajudar sua mulher.

Robbie foi para o quarto, ajudar Cat com Valentina.

– Amanhã começo a minha busca por Vance Anderson, alguém em alguma dessas lojas tem que conhecê-lo – informou Sam a Nona.

No dia seguinte, Freddie levantou cedo e preparou leite com cereal para as meninas e tomou cuidado com o açúcar do mingau. As crianças comeram sem reclamar, para a alegria dele. A campainha tocou, ele foi abrir, era uma jovem:

– Olá vizinho! Sou nova por aqui. Me mudei no final de semana. Te vi ontem com seus filhos. Eu vim me oferecer para te ajudar com qualquer coisa, já que moro aqui do lado. Não vi a mãe das crianças, você é pai solteiro?

Antes que Freddie pudesse responder e se concentrando para não reparar no decote da moça e no short muito curto, Isabelle apareceu:

– Mamãe tá viajando e papai é casado com ela, se eu fosse você vazava daqui e não voltava mais, porque a mamãe é brava e vai te dar uma surra se souber disso.

A vizinha deu um sorriso amarelo e se retirou. Freddie fechou a porta.

No dia seguinte, Sam conseguiu falar com Freddie no início da noite:

– Tá tudo bem amor? Tô ouvindo choro de criança – perguntou Sam, preocupada.

– Nick e Eddie brigaram por um brinquedo. Nick começou a puxar o cabelo de Eddie e agora estou tentando fazê-lo parar de chorar – explicou Freddie, nervoso.

– Coloca no viva-voz.

Freddie obedeceu e Sam começou a conversar com Eddie, acalmando o menino e o fazendo parar de chorar.

Os dias foram passando e aos poucos ele entendeu como deveria fazer as panquecas sem queimar, que o cereal das meninas nunca poderia faltar, já sabia o ponto do açúcar no mingau, que deveria entreter os gêmeos com dois brinquedos para não começar uma disputa, que Isabelle tomava banho sem reclamar pela manhã, quando ainda estava sonolenta, que Mabel não podia assistir nada assustador na televisão para não ter pesadelos a noite. Numa noite de trovoada, depois da choradeira dos gêmeos e de ver duas garotinhas loiras pulando na sua cama, Freddie resolveu colocar todas as crianças para dormir com ele.

O sábado chegou e ele estava ansioso pelo dia seguinte, quando Sam retornaria. Levou as crianças para brincar na pracinha, como de costume aos finais de semana.

Isabelle começou a ir cada vez mais alto no balanço e o pai alertou:

– Desse jeito vai se machucar Belinha.

A menina não deu ouvidos e ao tentar dar um giro com o balanço se esborrachou no chão, começando a chorar. Freddie correu e pegou a filha no colo:

– Eu te avisei Isabelle! Temos que fazer um curativo nesse joelho, rápido.

Freddie colocou a filha no banco, enquanto pegava Eddie e Nick da caixa de areia, sob protestos dos garotos, colocava os dois no carrinho e chamava Mabel, que, muito obediente acompanhou o tio. Foram à farmácia e logo Freddie fez o curativo no joelho da filha, mas o sangue demorou um pouco para estancar.

– Eu quero a minha mamãe – disse Isabelle, entre soluços, ainda sentindo ardência do machucado, segurando o joelho com o curativo.

– Calma princesa, eu tô aqui com você. A mamãe volta amanhã. Já passou, tá tudo bem – repetiu Freddie, pegando a menina no colo, não sabendo ao certo se as últimas palavras eram para a filha ou para ele próprio, que ainda suava frio, nervoso depois de ver o sangue escorrendo pela perna da filha.

Enquanto isso, em Los Angeles, Sam sentiu um aperto no peito e Isabelle veio a sua cabeça, pensou em ligar, mas afastou a ideia, devia ser preocupação boba de mãe, no fundo, sentia que a menina estava bem, ademais, finalmente havia encontrado uma pista que poderia levá-la a Vance Anderson, e não tinha tempo a perder.


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