Seddie, a história continua escrita por Nany Nogueira


Capítulo 79
O sumiço de Sam




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– Senhoras e Senhores, agradeço a presença de todos! O show se encerra aqui! - falou Vance Anderson, apressado para tirar a caixa com Sam do palco.

– A moça sumiu pra sempre? - questionou uma mulher na plateia.

– Queremos ver o final do truque – falou um homem, indigando.

Vance Anderson não deu ouvidos aos murmúrios da plateia e correu do palco empurrando a caixa.

No camarim, Sam esmurrava a porta da caixa, pelo lado de dentro:

– Me tira logo daqui seu mágico de araque. Eu vou te arrebentar! Eu vou te matar!

– Se quer me matar como posso te tirar daí? Fui! - correndo do local.

Sam ficou sozinha no camarim, presa na caixa, gritando sem ser ouvida por ninguém.

O sol já despontava em Los Angeles e começou a iluminar o quarto onde Freddie ainda dormia com as crianças. Isabelle começou a se mexer e a mumurar:

– Não quero levantar ainda mamãe.

Freddie acordou com o movimento da filha sobre seu peito.

– Bom dia minha princesinha – beijando a cabeça dela.

Isabelle esfregou os olhos, bocejou e sorriu para o pai, começando a se levantar e quase quebrando a costela dele ao apoiar as mãos para dar impulso.

– Ai Isabelle! Assim você me quebra!

– Desculpa papai – disse a menina, pulando da cama.

A conversa dos dois acordou os gêmeos e Mabel.

– Bom dia! - disse Mabel, que sempre acordava sorrindo.

– Mamãe! - chamou Nicolas, sentando-se na cama.

– Cadê a mamãe? - perguntou Eddie, também se sentando.

– Sam! - chamou Freddie, sem resposta – Ela ainda não acordou? - levantando-se e indo olhar na suíte conjugada – Ela não está aqui! - tomando um susto.

Enquanto o pai andava de um lado para outro no quarto, nervoso, Isabelle pegou um pedaço de papel ao lado da cama e começou a soletrar:

– Fre-ee-eddie, es-ta-rei no ba-ar do ho-tel...

O moreno pegou o papel da mão da filha, lendo, com pressa, em voz alta:

– Freddie, estarei no bar hotel ajudando um velho conhecido num show de mágica, não demoro. Fiquei com pena de te acordar, já que estava dormindo tão bonitinho com as crianças. Sam.

– Por que a mamãe ainda não voltou do show de mágica? - perguntou Isabelle – Eu queria ter visto.

– É o que eu vou descobrir querida.

Freddie ligou para a recepção do hotel e foi informado de que o show de mágica já havia acabado há muito tempo e que todos os artistas já tinham ido embora. Ele explicou que a esposa não havia voltado, mas a recepcionista e depois o gerente do hotel falaram que ela deveria ter saído para outro lugar, imaginando que tivesse dado “um perdido” no marido.

O moreno resolveu levar as crianças para a casa de Cat, explicando a situação. Nona, Cat e Robbie se comprometeram a cuidar dos pequenos, enquanto ele tentava encontrar Sam.

Ele caminhava de volta ao hotel, que ficava a poucas quadras da casa de Cat, pensando no que fazer, sua cabeça fervia e seu coração estava acelerado, imaginando quantas coisas poderiam ter acontencido à Sam, afinal, tinha certeza de que ela não o abandonaria. Cogitou ir à delegacia, mas não fazia nem 24 horas do desaparecimento da loira e o delegado não daria atenção, seria mais um a pensar que era um pobre marido cuja esposa dava umas escapadas. De repente, uma ideia!

Assim que chegou ao hotel, Freddie ligou para Carly:

– Oi Carls! Preciso de uma ajuda sua urgente!

– Freddie, ainda é muito cedo e hoje é domingo. Pode me ligar depois, prefiro continuar dormindo – pediu Carly, com voz de sono.

– A Sam sumiu!

– Como assim sumiu?

Freddie contou toda a história para Carly e pediu ao final:

– Me passa a senha para acessar o código de rastreamento do Pear Phone dela.

– Mas é podre.

– Isso não importa Carly, é urgente. A Sam pode estar correndo perigo, precisando da minha ajuda, a menos que você também acredite que ela resolveu me abandonar com as crianças.

– Sam nunca faria isso, ela te ama! Eu vou te passar a senha.

Freddie colocou a senha e começou a rastrear o celular de Sam. Para o seu alívio, apontava para o próprio hotel, mas onde dentro dele?

– Pensa Freddie, onde a Sam pode estar sem que ninguém a tenha visto. Vamos pelo começo, ela disse que foi ao show de mágica no bar do hotel... é por lá que devo começar minha busca – disse ele para si próprio, em voz alta, saindo do quarto e tomando o elevador na sequência.

Ele tentou ligar para o celular de Sam várias vezes, mas chamava até o final e ela não atendia, até que acabou a bateria. Sam ouvia o toque do seu celular jogado no camarim, do lado de fora da caixa, pensando se Freddie conseguiria encontrá-la ou se iria morrer trancada naquela caixa. Sentia-se fraca, pois não comia há muito tempo. Sua cabeça já estava zonza e nem tinha mais força para gritar ou esmurrar a porta como fez muitas vezes. Começou a fechar os olhos, pensando: “É o meu fim, nunca pensei morrer desse jeito”.

Freddie buscou Sam no bar, em cada canto, até no banheiro. Conversou com funcionários, mas ninguém tinha visto a moça loira cuja foto o moreno mostrava no celular. Ele viu que atrás do palco havia uma porta e concluiu que deveriam ser os camarins. Entrou em um por um, e nada da Sam. Já estava desistindo, quando viu um no final do corredor, mas não a encontrou lá dentro. Estava saindo quando se deu conta de uma porta na lateral daquela sala, abriu e encontrou o celular de Sam jogado no chão. Começou a chamar por ela:

– Sam! Sam! Você está aqui meu amor? Por favor, apareça!

A loira, quase desfalecida, ouviu o chamado do marido e reuniu forças para chamar:

– Freddie!

O chamado foi fraco, mas Freddie o ouviu, pois estava atento a tudo no local, a qualquer ruído ou movimento.

– Sam! Onde você está meu amor? Está presa? Fala de novo para que eu possa te encontrar.

– Freddie, na caixa! - conseguiu dizer Sam, esforçando-se para aumentar o som da sua voz.

Freddie correu para a caixa:

– Fica calma meu amor, eu vou te tirar daí – tentando abri-la puxando a maçaneta com força, mas, tudo o que conseguiu foi arrancá-la – Droga! Isso não abre! Eu vou dar um jeito – pegando uma ferramenta ao lado do extintor de incêndio, a qual deveria ser usada para quebrar o vidro em caso de emergência e começou a forçá-la para abrir a caixa, golpeando-a, sem sucesso! - Não tá dando Sam! Eu vou chamar os bombeiros!

– Freddie, eu vou morrer. Estou fraca. Muito tempo sem comer. Cuide bem das crianças quando eu não estiver mais aqui, diga a eles que os amo. E nunca se esqueça de que eu te amo muito.

– Não diz isso Sam! Aguenta firme, por mim e pelas crianças! Não saberemos viver sem você! - implorou Freddie, já sem conseguir segurar as lágrimas – Eu vou arrumar comida pra você – correndo de volta para o bar.

No corredor do camarim, Freddie encontrou um homem com um aparelho de solda para consertar algo em um dos camarins.

– Cara, pelo amor de Deus, vem comigo rápido e traz esse negócio – pediu Freddie, puxando o rapaz pela mão.

– Eu tenho serviço pra fazer, não posso me atrasar – reclamou o soldador.

– Você precisa salvar a vida da minha mulher agora! - gritou Freddie – Ela tá presa dentro dessa caixa de mágica, com o fogo pode ser que a caixa abra!

– Está bem – concordou o rapaz, começando o serviço.

Para a alegria de Freddie, a porta começou a se abrir e não demorou muito para Sam ser libertada. O moreno correu para amparar da esposa, que estava fraca dentro da caixa, a ponto de não conseguir se levantar para sair. Ele a pegou no colo e a sentou no sofá do camarim, correndo para pegar água, que deu a ela em pequenos goles.

– Eu tô com fome! Tô literalmente morrendo de fome – disse Sam.

Freddie foi ao bar, pegou um salgado e trouxe para Sam, que devorou rapidamente e aos poucos foi se sentindo mais forte, conseguindo manter seu corpo ereto, ainda sentada no sofá.

Freddie a beijou e disse:

– Tive tanto medo de te perder, te procurei como um louco e iria até o inferno atrás de você. Eu te amo – beijando-a mais uma vez.

– Eu também te amo Freddonho, e tive medo de morrer. Se você demorasse um pouco mais não sei o que teria sido de mim.

– Dessa vez fui eu que salvei a sua vida – disse ele, orgulhoso.

– Tava me devendo essa Benson, agora estamos quites.

– Não fiz por dívida, mas por amor.

Os dois se beijaram novamente, Sam interrompeu:

– Por falar em dívida, preciso me levantar daqui e acertar as contas com o infeliz que me deixou presa dentro dessa caixa.

– Quem fez isso com você Sam? Por que foi participar de um show de mágica?

– Vance Anderson, um mágico idiota que eu conheci na época que morava com a Cat. Longa história. Tenho algo mais importante para fazer.

Sam levantou-se e saiu correndo, Freddie foi atrás. Acabaram indo à loja de mágicas, mas descobriram que Vance Anderson não trabalhava mais lá há anos, tampouco tinham qualquer notícia do paradeiro dele.

Freddie fez buscas na internet, sem sucesso.

Mais tarde, na residência de Cat:

– Esse idiota tem que estar em algum lugar nessa cidade! Eu tenho que dar uma lição nele! - esbravejou Sam, socando a mesa de centro.

– Você tá muito nervosa Sam! Por que não faz como nos velhos tempos e pega o seu bastão, que ainda tá guardado no armário, e vai bater numa árvore lá fora? - perguntou Cat, enquanto embalava Valentina.

– É uma boa ideia cabeça de fósforo.

A loira pegou o bastão, foi para a rua e todos podiam ouvir seus gritos raivosos e o som das pauladas contra a árvore. Ela voltou mais calma.

– Amor, temos que nos apressar. Nosso vôo sai em duas horas, ainda temos que voltar para o hotel e arrumar as coisas – informou Freddie.

– Não vou embora de Los Angeles antes de acabar com a raça de Vance Anderson!

– Sam, você sabe que eu tenho uma reunião amanhã cedo na Pera Store.

– Então volte sem mim.

– Você não tem a menor ideia de onde possa estar o tal mágico e Los Angeles é enorme, se é que ele ainda está por aqui. É capaz de ter saído da cidade, do Estado ou do País.

– Freddie tem razão – concordou Cat.

– Não vou embora antes de ter certeza de que ele não está em Los Angeles – teimou Sam.

– Como você é teimosa Sam!

– Daqui eu não saio.

– Isso não faz o menor sentido. Nós temos uma vida em Seatte e você quer ficar aqui por vingança.

– Porque não foi você que ficou preso dentro de uma caixa quase morrendo amorzinho.

– A gente registra o boletim de ocorrência na delegacia e a polícia dá um jeito nele.

– A polícia não dá jeito em metade das ocorrências. Vai embora e me deixa em paz.

– Não vou sair de Los Angeles sem você! Sam, você está se comportando como uma criança birrenta! Para com isso e vamos embora!

– Já disse que daqui eu não saio, daqui ninguém me tira! Quero ver você me obrigar, nerd – provocou a loira, com um sorriso sarcático para o marido.

– Sai sim, por bem ou por mal – falou Freddie, colocando Sam sobre o ombro.

A loira começou a espernear e morder o ombro de Freddie, acertando tapas nas suas costas, mas ele resistiu à dor e a colocou a força dentro do carro de Robbie, que estava na garagem com a chave na ignação, dando partida sob os protestos dela.

Cat, Robbie, Nona e as crianças (Isabelle, Mabel, Eddie e Nick) acompanharam a cena perplexos.

– Ele levou o meu carro, sem pedir – comentou Robbie.

– Ele levou minha amiga, sem pedir – disse Cat.

– Ele esqueceu a gente – observou Isabelle, olhando para os irmãos e a prima.

– Melhor levarem as crianças e irem atrás deles, antes que aconteça uma tragédia – aconselhou Nona.

Cat entregou Valentina para Nona e acompanhou o marido e as crianças para o hotel.


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