Seddie, a história continua escrita por Nany Nogueira


Capítulo 74
O tormento de Gibby




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Carly arrumava-se diante do espelho quando Brad entrou no quarto e perguntou, desconfiado:

– Tá se arrumando para ir aonde?

– Eu já falei amor, vou ver o Gibby.

– Não entendo por que tanto interesse.

– O Gibby é meu amigo de infância, você sabe disso.

– Você se preocupa muito com ele né?

– Claro que sim, como me preocupo com todos os meus amigos, da mesma forma que a Sam e o Freddie.

– Eu soube que você teve algo além de amizade com o Freddie, será que também teve com o Gibby?

– Você acha o que? Que já namorei todos os meus amigos? – indagou Carly ofendida – Devo ser mais rodada que táxi no seu conceito!

– Desculpa amorzinho, eu não quis ofender. Só fiquei com ciúme.

– Deixa de ser bobo – falou Carly, conseguindo desfazer a cara amarrada – É você que eu amo.

– Às vezes você não me passa muita segurança disso.

– Eu não tenho culpa se você é inseguro.

Carly beijou o marido e disse:

– Agora deixa eu correr que a Sam e o Freddie já devem estar me esperando para irmos.

– Eu desço com você, também tenho que correr para chegar a tempo da reunião do Clube AV.

– Isso é tão nerd e tão fofo – elogiou Carly, dando outro beijo em Brad.

Sam, Freddie, Isabelle e Mabel esperavam a morena na portaria, ouvindo as lamúrias de Lewbert:

– Eu já estou ficando velho e cansado, por mim já estaria me aposentando. Não aguento mais essa portaria, esse entra e sai de gente. Essa gente chata! Não gosto dessa gente!

– As pessoas também não devem gostar da sua cara feia quando passam por aqui – falou Isabelle.

– Garotinha, você é tão mal educada quanto a sua mãe – disse Lewbert.

– Obrigada pela parte que me toca – ironizou Sam.

Carly e Brad saíram do elevador, cumprimentando os presentes.

– Cadê os gêmeos? – perguntou Carly.

– Vão ficar com a minha sogra jararaca – respondeu Sam.

– Sam, já pedi para parar de chamar minha mãe de jararaca – falou Freddie.

– Ela me dá apelidos piores que esse – defendeu-se Sam.

– Bom pessoal, até mais. Tenho que correr pro Clube AV antes que eu me atrase – falou Brad, olhando para o relógio de pulso.

– Você ainda frequenta o Clube AV, cara? – perguntou Freddie – Que legal!

– Agora eu sou um dos coordenadores de lá.

– Parabéns!

– Pena que você saiu do Clube.

– Mal tenho tempo pra dormir com tantos filhos, quanto menos para frequentar o Clube.

– É um motivo justo. Eu não me importaria de sair do Clube AV se pudesse ter esse motivo.

O comentário de Brad feriu os sentimentos de Carly. Sam percebeu e interveio:

– Vai logo pro seu clubinho nerd antes que se atrase Brad.

– Vou nessa – disse Brad, saindo apressado.

Freddie desceu para a garagem com a filha e a sobrinha na frente. Sam foi caminhando com Carly atrás e falou baixinho para a amiga:

– Não fica magoada, ele é um bocó, falou sem pensar.

– Eu tento não ficar, mas sempre que ele pode me joga uma indireta pelo fato de ainda não termos um filho.

– Pode ser só impressão sua porque você tá com isso na cabeça.

– Você viu que ele nem se despediu de mim quando saiu da portaria?

– Ele tava com pressa.

Chegaram ao carro de Freddie na garagem e se calaram.

Na casa de Gibby, Charlotte abriu a porta:

– Que bom que vieram visitar o meu Gibby, assim ele pode ficar animado e reagir dessa depressão. Não aguento mais vê-lo nesse estado.

– Eu sinto muito Dona Charlotte. Eu tenho certeza de que seu filho ficará bom logo. Pode contar comigo pro que precisar – disse Carly.

– Eu sei disso. Você sempre foi uma amiga muito especial para o Gibby, tenho certeza de que ele ficará muito feliz em te ver, aliás, em ver todos vocês.

Charlotte conduziu todos ao quarto de Gibby. O local estava escuro e bagunçado. A mãe ascendeu a luz e Gibby protestou, fechando os olhos, dizendo que lhe doía a vista.

Mabel correu para abraçar o pai, dizendo:

– Papai, estou com saudade!

– Tirem a menina daqui, já disse que não quero que ela me veja assim – pediu Gibby.

– Não papai, fala comigo – disse Mabel, choramingando.

Charlotte pegou a neta no colo e a tirou do quarto, chorando. Isabelle viu a cena e se comoveu, saindo do quarto atrás da prima.

– Não é por que está triste que precisa ser estúpido com a sua filha que não tem culpa de nada, que é a maior vítima dessa situação – asseverou Sam.

– Saia você daqui também Sam! Não estou bom pra ouvir seus desaforos.

– Eu saio, vim em solidariedade, mas se você não quer, que se dane – disse a loira, deixando o quarto.

– Saia você também Freddie. Só quero falar com a Carly – falou Gibby.

– Tudo bem – concordou Freddie, deixando o recinto.

– Carly, aproxime-se – chamou Gibby.

A morena se aproximou e se sentou na cama ao lado do amigo, dizendo:

– Eu entendo que está passando por um momento difícil Gibby, mas não precisava ser tão rude com a sua filha e com seus amigos. Poxa, eles se preocupam com você, por isso vieram até aqui.

– É mentira! Nunca se preocuparam comigo. Sam só sabe fazer bullying e quebrou meus dedos quando eu a convidei para o baile do colégio e depois quebrou meus dedos de novo quando brigou comigo no restaurante. Freddie se diz meu melhor amigo, mas nunca me defende da Sam. Mabel é a cópia daquela falsa da Melanie, vai crescer e me abandonar da mesma forma que a mãe dela fez.

– Você está vendo as coisas pelo pior ângulo, porque está triste. Mabel é uma criança que precisa do pai...

– A Sam e o Freddie estão cuidando dela.

– Mas não é a mesma coisa.

– Eles serão melhores pais pra ela que eu. Eu sou um gordo fracassado!

– Não fala assim Gibby, você tem tantas qualidades.

– Qualidades essas que só servem para que eu seja seu amigo divertido.

– Você não quer que eu seja sua amiga Gibby?

– Eu sempre quis que você fosse mais que isso Carly, você sabe. Mas, eu sei que você jamais me aceitaria como seu namorado, você só se envolve com caras bonitos como o Freddie e o Brad. Quanto a mim, você teria repulsa se eu a tocasse.

– Gibby, isso não é verdade.

– Então eu posso te beijar agora? – perguntou Gibby, aproximando-se de Carly.

Carly ficou imóvel, mas voltou a si pouco antes dos lábios de Gibby tocarem os seus:

– Não posso fazer isso! Eu sou casada! – disse Carly, nervosa, levantando-se da cama e correndo para fora do quarto.

Após a reação de Carly, Gibby concluiu: “Eu sou um desgraçado mesmo, nunca terei o amor de uma mulher. Nem Melanie, nem Carly, nem ninguém será capaz de me amar”.

Na sala, Sam e Freddie aguardavam Carly na companhia de Guppy, que olhava vidrado para um jogo de basquete na televisão.

– Quem está jogando? – perguntou Freddie, tentando puxar assunto.

– Feliz aniversário – respondeu Guppy, ainda atento à televisão.

– Esse moleque é tão lesado quanto o irmão – observou Sam.

Carly desceu a escada correndo:

– Vamos embora logo!

– O que aconteceu amiga? – perguntou Sam – Tá pálida.

– Nada, vamos logo.

– Você tá estranha mesmo Carly. Aconteceu alguma coisa lá em cima? – indagou Freddie.

– Não. Isso é um interrogatório? – perguntou Carly, dirigindo-se a porta.

– Espera Carls, temos que pegar as meninas – falou Sam – Isabelle! Mabel! – gritou, chamando-as.

Charlotte desceu com as meninas:

– Já vão? Que pena! Eu achei que iam ficar pro jantar.

– Jantar? Não seria má ideia – disse Sam, interessada.

– Não dá, precisamos ir agora – falou Carly.

– O que você tem Carly? Por que quer sair correndo daqui? O Gibby te fez alguma coisa? – perguntou Sam, desconfiada.

– Eu deixei uma panela no fogo – mentiu Carly.

Sam pegou Isabelle no colo e Freddie pegou Mabel, todos correndo atrás de Carly.

No carro, Freddie acelerava nervoso:

– Como pode fazer isso Carly?

– Eu me esqueci, acontece.

– Pensei que o Spencer fosse o incendiário da família – comentou Sam.

Uma viatura policial começou a perseguir o carro de Freddie.

– Agora ferrou tudo! – disse o moreno, nervoso.

Ele teve que encostar, explicando ao policial:

– Minha amiga esqueceu uma panela no fogo e isso pode causar o incêndio do prédio todo, por isso eu estava acima da velocidade, é uma emergência.

– O senhor deveria acionar os bombeiros, mas nunca desobedecer uma lei de trânsito, será multado e terá seu veículo apreendido.

– Como vou voltar pra casa com duas crianças pequenas?

O policial olhou para Isabelle e Mabel, com os olhos arregalados, nas cadeirinhas no banco de trás, e disse:

– Suas filhas são muito bonitinhas, mas o que posso fazer por elas é chamar um táxi, porque seu carro não sai daqui.

Sam saiu do veículo:

– Isso é abuso de autoridade! Dê a multa se quiser, mas não pode apreender o carro.

– A senhora é advogada?

– Praticamente – mentiu Sam.

– Então entre na justiça para reivindicar seus direitos.

– Olha aqui seu saco de mijo...

Freddie tampou a boca da esposa:

– Tudo o que não precisamos é que você saia presa daqui por desacato à autoridade – cochichou no ouvido dela.

– Do que a sua esposa me chamou? – perguntou o policial.

– De nada não, ela disse suco de milho, ela adora – disfarçou Freddie.

Chegaram ao Bushwell Plaza mais tarde, de táxi.

– Sem sinal de incêndio, pelo menos – observou Freddie – Vou subir logo com as meninas, estão caindo de sono.

– Vai lá, eu vou com a Carly pro apartamento dela, pra ver se tá tudo bem mesmo – falou Sam.

No apartamento de Carly, Sam foi correndo para a cozinha e voltou questionando:

– Por que não tem panela no fogo Carls?

– Eu me enganei.

– Desembucha. O que o Gibby fez para você sair correndo daquele jeito? – questionou Sam.

– Ele quase me beijou – desabafou Carly.

– E daí? Não é a primeira vez – disse Sam.

– Mas é a primeira vez que eu quase não recuo – confessou Carly.

– Você pirou amiga? – indagou Sam.

– Acho que sim. Mais um pouco e vou para aquele hospital psiquiátrico que você se internou.

– Mais um pouco e eu mesma te interno no “Águas Turbulentas”.


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