Seddie, a história continua escrita por Nany Nogueira
Carly arrumava-se diante do espelho quando Brad entrou no quarto e perguntou, desconfiado:
– Tá se arrumando para ir aonde?
– Eu já falei amor, vou ver o Gibby.
– Não entendo por que tanto interesse.
– O Gibby é meu amigo de infância, você sabe disso.
– Você se preocupa muito com ele né?
– Claro que sim, como me preocupo com todos os meus amigos, da mesma forma que a Sam e o Freddie.
– Eu soube que você teve algo além de amizade com o Freddie, será que também teve com o Gibby?
– Você acha o que? Que já namorei todos os meus amigos? – indagou Carly ofendida – Devo ser mais rodada que táxi no seu conceito!
– Desculpa amorzinho, eu não quis ofender. Só fiquei com ciúme.
– Deixa de ser bobo – falou Carly, conseguindo desfazer a cara amarrada – É você que eu amo.
– Às vezes você não me passa muita segurança disso.
– Eu não tenho culpa se você é inseguro.
Carly beijou o marido e disse:
– Agora deixa eu correr que a Sam e o Freddie já devem estar me esperando para irmos.
– Eu desço com você, também tenho que correr para chegar a tempo da reunião do Clube AV.
– Isso é tão nerd e tão fofo – elogiou Carly, dando outro beijo em Brad.
Sam, Freddie, Isabelle e Mabel esperavam a morena na portaria, ouvindo as lamúrias de Lewbert:
– Eu já estou ficando velho e cansado, por mim já estaria me aposentando. Não aguento mais essa portaria, esse entra e sai de gente. Essa gente chata! Não gosto dessa gente!
– As pessoas também não devem gostar da sua cara feia quando passam por aqui – falou Isabelle.
– Garotinha, você é tão mal educada quanto a sua mãe – disse Lewbert.
– Obrigada pela parte que me toca – ironizou Sam.
Carly e Brad saíram do elevador, cumprimentando os presentes.
– Cadê os gêmeos? – perguntou Carly.
– Vão ficar com a minha sogra jararaca – respondeu Sam.
– Sam, já pedi para parar de chamar minha mãe de jararaca – falou Freddie.
– Ela me dá apelidos piores que esse – defendeu-se Sam.
– Bom pessoal, até mais. Tenho que correr pro Clube AV antes que eu me atrase – falou Brad, olhando para o relógio de pulso.
– Você ainda frequenta o Clube AV, cara? – perguntou Freddie – Que legal!
– Agora eu sou um dos coordenadores de lá.
– Parabéns!
– Pena que você saiu do Clube.
– Mal tenho tempo pra dormir com tantos filhos, quanto menos para frequentar o Clube.
– É um motivo justo. Eu não me importaria de sair do Clube AV se pudesse ter esse motivo.
O comentário de Brad feriu os sentimentos de Carly. Sam percebeu e interveio:
– Vai logo pro seu clubinho nerd antes que se atrase Brad.
– Vou nessa – disse Brad, saindo apressado.
Freddie desceu para a garagem com a filha e a sobrinha na frente. Sam foi caminhando com Carly atrás e falou baixinho para a amiga:
– Não fica magoada, ele é um bocó, falou sem pensar.
– Eu tento não ficar, mas sempre que ele pode me joga uma indireta pelo fato de ainda não termos um filho.
– Pode ser só impressão sua porque você tá com isso na cabeça.
– Você viu que ele nem se despediu de mim quando saiu da portaria?
– Ele tava com pressa.
Chegaram ao carro de Freddie na garagem e se calaram.
Na casa de Gibby, Charlotte abriu a porta:
– Que bom que vieram visitar o meu Gibby, assim ele pode ficar animado e reagir dessa depressão. Não aguento mais vê-lo nesse estado.
– Eu sinto muito Dona Charlotte. Eu tenho certeza de que seu filho ficará bom logo. Pode contar comigo pro que precisar – disse Carly.
– Eu sei disso. Você sempre foi uma amiga muito especial para o Gibby, tenho certeza de que ele ficará muito feliz em te ver, aliás, em ver todos vocês.
Charlotte conduziu todos ao quarto de Gibby. O local estava escuro e bagunçado. A mãe ascendeu a luz e Gibby protestou, fechando os olhos, dizendo que lhe doía a vista.
Mabel correu para abraçar o pai, dizendo:
– Papai, estou com saudade!
– Tirem a menina daqui, já disse que não quero que ela me veja assim – pediu Gibby.
– Não papai, fala comigo – disse Mabel, choramingando.
Charlotte pegou a neta no colo e a tirou do quarto, chorando. Isabelle viu a cena e se comoveu, saindo do quarto atrás da prima.
– Não é por que está triste que precisa ser estúpido com a sua filha que não tem culpa de nada, que é a maior vítima dessa situação – asseverou Sam.
– Saia você daqui também Sam! Não estou bom pra ouvir seus desaforos.
– Eu saio, vim em solidariedade, mas se você não quer, que se dane – disse a loira, deixando o quarto.
– Saia você também Freddie. Só quero falar com a Carly – falou Gibby.
– Tudo bem – concordou Freddie, deixando o recinto.
– Carly, aproxime-se – chamou Gibby.
A morena se aproximou e se sentou na cama ao lado do amigo, dizendo:
– Eu entendo que está passando por um momento difícil Gibby, mas não precisava ser tão rude com a sua filha e com seus amigos. Poxa, eles se preocupam com você, por isso vieram até aqui.
– É mentira! Nunca se preocuparam comigo. Sam só sabe fazer bullying e quebrou meus dedos quando eu a convidei para o baile do colégio e depois quebrou meus dedos de novo quando brigou comigo no restaurante. Freddie se diz meu melhor amigo, mas nunca me defende da Sam. Mabel é a cópia daquela falsa da Melanie, vai crescer e me abandonar da mesma forma que a mãe dela fez.
– Você está vendo as coisas pelo pior ângulo, porque está triste. Mabel é uma criança que precisa do pai...
– A Sam e o Freddie estão cuidando dela.
– Mas não é a mesma coisa.
– Eles serão melhores pais pra ela que eu. Eu sou um gordo fracassado!
– Não fala assim Gibby, você tem tantas qualidades.
– Qualidades essas que só servem para que eu seja seu amigo divertido.
– Você não quer que eu seja sua amiga Gibby?
– Eu sempre quis que você fosse mais que isso Carly, você sabe. Mas, eu sei que você jamais me aceitaria como seu namorado, você só se envolve com caras bonitos como o Freddie e o Brad. Quanto a mim, você teria repulsa se eu a tocasse.
– Gibby, isso não é verdade.
– Então eu posso te beijar agora? – perguntou Gibby, aproximando-se de Carly.
Carly ficou imóvel, mas voltou a si pouco antes dos lábios de Gibby tocarem os seus:
– Não posso fazer isso! Eu sou casada! – disse Carly, nervosa, levantando-se da cama e correndo para fora do quarto.
Após a reação de Carly, Gibby concluiu: “Eu sou um desgraçado mesmo, nunca terei o amor de uma mulher. Nem Melanie, nem Carly, nem ninguém será capaz de me amar”.
Na sala, Sam e Freddie aguardavam Carly na companhia de Guppy, que olhava vidrado para um jogo de basquete na televisão.
– Quem está jogando? – perguntou Freddie, tentando puxar assunto.
– Feliz aniversário – respondeu Guppy, ainda atento à televisão.
– Esse moleque é tão lesado quanto o irmão – observou Sam.
Carly desceu a escada correndo:
– Vamos embora logo!
– O que aconteceu amiga? – perguntou Sam – Tá pálida.
– Nada, vamos logo.
– Você tá estranha mesmo Carly. Aconteceu alguma coisa lá em cima? – indagou Freddie.
– Não. Isso é um interrogatório? – perguntou Carly, dirigindo-se a porta.
– Espera Carls, temos que pegar as meninas – falou Sam – Isabelle! Mabel! – gritou, chamando-as.
Charlotte desceu com as meninas:
– Já vão? Que pena! Eu achei que iam ficar pro jantar.
– Jantar? Não seria má ideia – disse Sam, interessada.
– Não dá, precisamos ir agora – falou Carly.
– O que você tem Carly? Por que quer sair correndo daqui? O Gibby te fez alguma coisa? – perguntou Sam, desconfiada.
– Eu deixei uma panela no fogo – mentiu Carly.
Sam pegou Isabelle no colo e Freddie pegou Mabel, todos correndo atrás de Carly.
No carro, Freddie acelerava nervoso:
– Como pode fazer isso Carly?
– Eu me esqueci, acontece.
– Pensei que o Spencer fosse o incendiário da família – comentou Sam.
Uma viatura policial começou a perseguir o carro de Freddie.
– Agora ferrou tudo! – disse o moreno, nervoso.
Ele teve que encostar, explicando ao policial:
– Minha amiga esqueceu uma panela no fogo e isso pode causar o incêndio do prédio todo, por isso eu estava acima da velocidade, é uma emergência.
– O senhor deveria acionar os bombeiros, mas nunca desobedecer uma lei de trânsito, será multado e terá seu veículo apreendido.
– Como vou voltar pra casa com duas crianças pequenas?
O policial olhou para Isabelle e Mabel, com os olhos arregalados, nas cadeirinhas no banco de trás, e disse:
– Suas filhas são muito bonitinhas, mas o que posso fazer por elas é chamar um táxi, porque seu carro não sai daqui.
Sam saiu do veículo:
– Isso é abuso de autoridade! Dê a multa se quiser, mas não pode apreender o carro.
– A senhora é advogada?
– Praticamente – mentiu Sam.
– Então entre na justiça para reivindicar seus direitos.
– Olha aqui seu saco de mijo...
Freddie tampou a boca da esposa:
– Tudo o que não precisamos é que você saia presa daqui por desacato à autoridade – cochichou no ouvido dela.
– Do que a sua esposa me chamou? – perguntou o policial.
– De nada não, ela disse suco de milho, ela adora – disfarçou Freddie.
Chegaram ao Bushwell Plaza mais tarde, de táxi.
– Sem sinal de incêndio, pelo menos – observou Freddie – Vou subir logo com as meninas, estão caindo de sono.
– Vai lá, eu vou com a Carly pro apartamento dela, pra ver se tá tudo bem mesmo – falou Sam.
No apartamento de Carly, Sam foi correndo para a cozinha e voltou questionando:
– Por que não tem panela no fogo Carls?
– Eu me enganei.
– Desembucha. O que o Gibby fez para você sair correndo daquele jeito? – questionou Sam.
– Ele quase me beijou – desabafou Carly.
– E daí? Não é a primeira vez – disse Sam.
– Mas é a primeira vez que eu quase não recuo – confessou Carly.
– Você pirou amiga? – indagou Sam.
– Acho que sim. Mais um pouco e vou para aquele hospital psiquiátrico que você se internou.
– Mais um pouco e eu mesma te interno no “Águas Turbulentas”.
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