Seddie, a história continua escrita por Nany Nogueira


Capítulo 54
Os dissabores da gestação




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Os meses passaram rápido...
Sam chegou ao quinto mês de gravidez e estava sentada na sala de aula, assistindo à exposição do professor sobre comidas regionais quando sentiu os primeiros movimentos dos bebês dentro da sua barriga, fazendo-a dar um pulo sentada, sem perceber.
Brad, sentado ao lado dela, percebeu:
– Tá tudo bem Sam?
– Tá, os bebês mexeram!
– Nossa, isso é muito legal! Posso sentir?
Antes de responder à pergunta de Brad, Sam pegou a bolsa, levantou-se e saiu.
Freddie estava terminando um relatório quando Sam entrou abruptamente na Pera Store e o encontrou atrás do balcão.
– Aconteceu alguma coisa amor? – perguntou ele, preocupado.
– Aconteceu, os bebês mexeram, pela primeira vez.
– Sério? Eu quero sentir! – disse ele, empolgado, colocando a mão sobre a barriga da esposa – Não sinto nada.
– Chame a atenção deles, quem sabe se mexem de novo.
Freddie abaixou-se e começou a falar:
– Cadê os garotos do papai? Mexam-se pro papai sentir, vamos lá campeões!
Os meninos ouvindo a voz do pai, voltaram a se mexer:
– Minha nossa! Já chutam forte! – observou Sam, sentindo os movimentos.
Freddie colocou as duas mãos sobre a barriga da esposa e abriu um sorriso bobo:
– Isso é fantástico!
Por um momento, Sam entristeceu-se lembrando da primeira vez que sentiu Isabelle se mexer e que não pode dividir o momento com Freddie.
– O que houve? Ficou séria de repente? – perguntou Freddie.
– Nada, só tô pensando. É muito bom que estejamos dividindo esse momento juntos.
Os dois se beijaram e o momento foi interrompido com a aproximação de uma funcionária:
– Senhor Benson, uma cliente quer saber se há possibilidade de um desconto maior na compra a vista de um Pear Phone.
– Tenho que ir lá amor – disse Freddie.
– Vai lá, agora precisa trabalhar mais que nunca Benson – brincou Sam – Até mais tarde – beijando-o rapidamente mais uma vez.
O tempo passou mais um pouco e Sam chegou ao sétimo mês de gestação. A sua barriga estava enorme e ela se sentia pesada e sem qualquer disposição para as atividades do dia-a-dia. Já havia deixado de frequentar as aulas na faculdade.


As noites eram mal dormidas, ela se virava muito na cama, acordando o marido várias vezes a noite, mas, solícito, Freddie perguntava se ela estava precisando de alguma coisa ao que ela respondia que precisava que os bebês saíssem logo da sua barriga.
Sam estava trabalhando no Gibby’s quando sentiu uma pontada na barriga, fazendo-a se curvar e soltar um gemido. Brad e Gibby correram para acudi-la, sentando-a.
– Tá doendo muito! Não quero perder os meus bebês – falou Sam, chorando.
– Fica calma Sam, isso não vai acontecer – disse Brad.
– Eu tô sangrando! Como da outra vez! – desesperou-se Sam.
– Chama uma ambulância Gibby! – determinou Brad.
Sam foi encaminhada ao hospital. Freddie chegou nervoso logo após.
Pouco tempo depois, o médico permitiu que Freddie entrasse no quarto onde Sam repousava, e foi conversar com o casal:
– A placenta da paciente está um pouco baixa, o que pode acontecer na gravidez de gêmeos, foi isso que causou um pequeno sangramento.
– E isso é grave Doutor? – perguntou Freddie.
– Eu não perdi nenhum dos bebês né? – questionou Sam.
– Está tudo bem com os bebês, foi realizada a ultrassonografia, pode ficar sossegada. Mas, há risco de um parto prematuro caso a senhora não faça repouso absoluto – explicou o médico.
– Absoluto? Do tipo na cama o dia todo? – quis saber Sam.
– Exatamente – confirmou o médico.
– Mas eu trabalho.
– Vou te dar um atestado se precisar.
– Não é esse o caso, eu sou sócia do meu negócio, não posso ficar longe muito tempo.
– Terá que ficar pelo seu bem e o bem dos seus bebês – disse o médico, taxativamente.
– Ela vai fazer repouso Doutor, pode ficar sossegado – garantiu Freddie.
Sam já estava a uma semana fazendo repouso. A campainha tocou e Isabelle abriu:
– Oi boneca da dinda – cumprimentou Carly, alegre como sempre, dando um beijo na bochecha da menina – Como vai a mamãe?
– Deitada e brava como sempre – contou Isabelle.
As duas foram até o quarto de Sam.
– E aí amiga? Tá precisando de alguma coisa? – perguntou a morena.
– Sim, tô precisando de uma cesariana! Não aguento mais ficar deitada sem poder fazer nada! Esses bebês têm que nascer logo!
– Eles vão nascer muito fraquinhos se forem prematuros Sam, pensa que é para o bem dos seus filhos. Além disso, você vivia dizendo que adoraria passar o dia deitada sem fazer nada. Repetiu isso várias vezes nos tempos da escola. Viu só? Palavras têm força!
– Eu só posso estar sendo castigada por tanta preguiça na minha adolescência.
– Não fale assim. Isso não é verdade. Pensa que é por pouco tempo, mais dois meses e os bebês nascerão saudáveis.
– Dois meses! Alguém me dá um tarja preta pra eu apagar até lá pelo amor de Deus!
– Está sendo dramática Sam.
– Diz isso porque não é com você.
– Eu adoraria ter um filho e ficaria deitada os 9 meses se fosse preciso.
– Está sendo exagerada Carly.
Isabelle interrompeu a conversa:
– Dinda, eu tô com fome! A mamãe não pode levantar daí e não me dá comida!
– Tadinha da bebê da dinda! – disse Carly colocando a menina sentada em seu colo – Eu vou esquentar comida pra você.
– O Brad trouxe as marmitas do restaurante, estão em cima da mesa da cozinha – informou Sam.
– Beleza – falou Carly, levantando-se da cama com a afilhada.
– Espera, Carly!
– O que?
– Traz pra mim também.
– Claro Sam, já tava estranhando você não me pedir.
– É o que me resta, ficar aqui deitada, comendo e engordando. Daqui a pouco vou desbancar o padre mais gordo do mundo no livro do recordes.
– Você só engordou o normal para uma gravidez, quando os bebês nascerem vai voltar ao normal. Foi assim com a Belinha.
– Eu não engordei metade disso aqui – falou Sam, apontando para si mesma – quando estava esperando a Belinha.
– É claro, agora são dois.
– Tanto faz, pega logo a minha comida.
– Vou correndo, pra ver se a comida melhora seu humor.
No oitavo mês, Freddie acordou com o barulho de Sam andando no quarto:
– O que faz em pé amor? Você não pode ficar caminhando, quer que aconteça algo aos nossos filhos?
– Eu fui ao banheiro, não posso? Vai querer que eu use fralda geriátrica?
– Claro que não, mas porque não voltou a se deitar logo.
– Porque cansa ficar deitada. Minhas costas doem, tudo dói! E eu precisava me olhar no espelho.
– Por quê?
– Pra ver o quanto estou horrível de gorda!
– Você não está horrível! Está linda!
– Deixa de ser mentiroso nerd! Pode confessar, estou horrível! Desse jeito você nem vai me querer mais.
– Sam, você está exagerando. Não está gorda, mas grávida de gêmeos.
– Você vai deixar de mim se eu não conseguir mais emagrecer depois que os bebês nascerem?
– Eu jamais faria isso Sam. Eu te amo! O meu amor por você vai muito além da sua aparência, eu te amo pela sua essência.
Freddie se levantou e beijou a esposa, abraçando-a em seguida:
– Aguenta só mais um pouco. Sei que está sendo difícil pra você, mas estamos juntos nessa, sempre estaremos juntos em qualquer situação, encarando de frente todos os problemas que a vida apresentar. Sabe por quê?
– Por quê? – perguntou Sam, secando as lágrimas e olhando para o marido, pouco depois de se soltar do abraço.
– Porque o nosso amor é maior e mais forte que tudo.
Os dois se beijaram mais uma vez. Freddie acomodou Sam na cama e deitou-se ao lado dela:
– Hoje é domingo, então posso ficar aqui com você o dia todo.
– Costumávamos fazer outra coisa nessa cama no domingo de manhã – recordou-se Sam, rindo.
– Mas, como isso não é possível, por um tempo, podemos esperar a Belinha acordar e passar o dia vendo filmes, os três juntinhos, que tal?
– Eu acho que podemos passar o dia nós cinco juntinhos, que tal? – passando a mão na barriga enorme.
– Tem razão, o papai é bobo e se esqueceu de contar meus dois garotões – beijando a barriga da esposa.
Mais tarde, Sam, Freddie e Isabelle, deitados na cama da suíte do casal, assistiam a todos os desenhos infantis preferidos da menina.
Sam olhou para o marido e a filha rindo das cenas engraçadas, sentiu seus meninos chutarem, levou a mão à barriga e sorriu, nos seus pensamentos veio a certeza de que a alegria da vida está nesses breves momentos com as pessoas que mais amamos.


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