Seddie, a história continua escrita por Nany Nogueira


Capítulo 5
Chamando um reforço




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– Deu positivo - disse Sam sem nenhum ânimo.

– Parabéns querida! - falou Nona empolgada, abraçando Sam.

– Não há muito o que comemorar - falou Sam, apática - Essa novidade chegou no pior momento.

Cat entrou no quarto com a sua habitual animação:

– Gente, a sobremesa já foi servida! Apresse-se Sam, porque o Goomer já tá tomando a dianteira.

– Estou sem fome - respondeu Sam, sentando-se na cama - Ele pode comer tudo se quiser.

– Está doente? Recusando comida? Isso é muito estranho! Seu caso deve mesmo ser grave. Vou chamar o Doutor do apartamento 1204 - falou Cat, preocupada.

– Não é necessário Cat - disse Nona - Ela não está doente, mas grávida.

– Vai sair espalhando pra todo mundo a notícia? - perguntou Sam, irritada.

– Grávida?! Ahhh, parabéns Sam! Eu vou ser a titia do seu bebê - comemorou Cat, abraçando Sam.

– Me larga, tá me sufocando - reclamou Sam.

– Claro, não quero te sufocar, nem machucar o bebê - disse Cat largando Sam - Ele ou ela tem que nascer muito lindo e saudável para eu poder mimar muito!

Sam saiu do quarto sem dizer nada, seguida de Nona e Cat. Pegou a chave da moto e deu partida em alta velocidade, fazendo o motor roncar, sob os protestos de Nona e Cat, que lhe pediam para tomar cuidado no seu estado.

– O que aconteceu com a Sam pra ela sair assim? Vocês brigaram? - perguntou Dice, enquanto comia um pedaço de pudim.

– Não, ela tá nervosa, porque acabou de descobrir que está grávida - contou Nona.

– E saiu correndo desse jeito com a moto - completou Cat.

– Não se preocupem, a Sam é experiente na moto, não vai acontecer nada. Ela só deve querer digerir essa novidade - falou Dice.

Mais tarde, Robbie despediu-se de Cat com um beijo e foi embora com Goomer e Dice, todos agradecendo a Nona pelo ótimo jantar.

Pouco depois, Sam voltou para casa sã e salva, para o alívio de Nona e Cat, que a seguiram até o quarto.

– Sam, querida, não tome uma atitude impensada movida pelo desespero, hoje você colocou a sua vida e a do seu bebê em risco. Se acontecesse alguma coisa você se arrependeria amargamente para o resto da vida e carregaria essa culpa como uma pesada cruz - aconselhou Nona a loura deitada imóvel em sua cama.

– Como posso ter um bebê agora Nona? - perguntou Sam sem conseguir conter as lágrimas - Eu vou fazer 18 anos, não posso contar com a minha mãe, não completei nem o segundo grau, o que eu ganho é o suficiente apenas para a minha subsistência e muito pouco me sobra, não tenho condições nem de pagar o pré-natal, muito menos de sustentar uma criança, que como todos sabem, dá despesa, sem contar que não sou a pessoa mais adequada para ser mãe, mal sei me cuidar, levo a vida sem calcular os riscos, não gosto de gente, como posso dar conta de um serzinho que vai depender de mim pra tudo? Eu não tive uma boa mãe, não saberei ser uma boa mãe! - concluiu ela, soluçando.

– Isso não é verdade Sam. Você tem jeito com crianças, afinal, é babá - falou Cat.

– Você não acredita realmente nisso. Eu mal suporto esses pirralhos. Quem cuida deles é você, eu só entro na hora de dar bronca, de impor disciplina, porque se não você perde o controle da situação - disse Sam.

– Viu só. Eu não dou conta deles, e sim você. Tenho certeza que será uma grande mãe - incentivou Cat.

– E quando o bebê nasce, uma mãe também nasce. Falo por experiência própria - disse Nona - Pensa que eu não tive medo? Todas as mães sentem medo, é natural. Mas o amor que brota no peito no momento em que olhamos para o nosso bebê apaga qualquer insegurança que possa haver e sentimos uma força inexplicável surgir.

– Esse é o processo natural para qualquer mãe que não esteja tão desamparada quanto eu e que não acabe tendo um filho antes da hora, ainda na adolescência, sem qualquer perspectiva de futuro - retrucou Sam.

– Você só vai ficar desamparada se quiser. Não fez o filho sozinha, o pai tem que assumir a responsabilidade e dividir isso tudo com você. Onde ele está Sam? - questionou Nona.

– É mesmo, quem é o pai do bebê Sam? Você nunca me disse que tinha namorado - observou Cat.

– Isso não importa - respondeu Sam.

– Importa muito. Por que não quer nos contar? Ele é casado? - perguntou Nona assustada.

– Claro que não. Mas, ele tem uma vida, um futuro brilhante pela frente. Uma notícia dessas iria acabar com todos os sonhos dele - explicou Sam.

– Não é justo que se sacrifique sozinha para protegê-lo menina - aconselhou Nona - A obrigação em criar esse filho é de ambos. Vamos, diga onde ele está, eu mesma irei procurá-lo.

– Esquece, não vou dizer nada - teimou Sam.

Depois de tanto insistir, Nona cansou-se e viu que estava ficando tarde, resolvendo voltar para a casa de repouso. Mas, Cat tinha um palpite:

– Sam, por acaso o pai do seu bebê é o Freddie?

– De onde tirou isso? - indagou Sam nervosa, sentando-se na cama.

– O Freddie foi o seu único namoro sério e você me contou que ele foi o único amor da sua vida. Então, talvez ele seja o único candidato a pai de seu filho - explicou Cat.

– Agora o meu bebê é resultado de um processo eleitoral para ter candidatos a pai? - zombou Sam.

– Então me conta quem é, juro guardar segredo.

– Sei muito bem o quanto não sabe guardar segredos. Mas, já que insiste, vou contar mesmo assim. O pai do meu filho é o alienígena que me abduziu naquela noite que você chamou a polícia.

– Sério??? - perguntou Cat, assustada, puxando a coberta de sua cama até a altura do rosto.

– Sim, e se você não se deitar e se cobrir até a cabeça agora, e apagar a luz, os alienígenas vão invadir o quarto e você será a próxima abduzida.

Cat soltou um gritinho, e obedeceu Sam, tremendo de medo embaixo das cobertas. Sam não conteve o riso e também se deitou, buscando um sono que não encontraria naquela noite.

No dia seguinte, Sam se surpreendeu com a visita de Jade logo após o almoço.

– Deixa eu adivinhar, já te contaram a fofoca - falou Sam ao abrir a porta e ver a amiga.

– Que recepção calorosa Sam - ironizou Jade.

– Entra aí - convidou Sam.

As duas sentaram-se no sofá.

– A Cat me contou - informou Jade.

– Sabia, aquela lá tem a língua maior que o corpo. Hollywood Arts inteira já deve saber.

– Digamos que apenas a nossa turma.

– Veio saber se é verdade ou pedir pra ser madrinha?

– Nem uma coisa, nem outra. Vim dizer que nunca imaginei que você fosse tão burra a ponto de não tomar cuidado para evitar uma gravidez na adolescência.

– Já expressou sua opinião e já me insultou, mais alguma coisa?

– Sim, Cat disse que você anda insegura.

– E daí?

– Não costumo ser legal com as pessoas, mas, como a gente até que é meio amiga, vim dizer que agora que a burrada tá feita, o negócio é sacudir a poeira e dar a volta por cima e que você pode contar comigo pro que precisar, desde que não queira que eu troque a fralda cagada do seu bebê.

– Eu jamais pediria isso a você Jade - falou Sam, rindo - Mas, na verdade, não me sinto preparada para ser mãe, nunca pensei que seria, tenho medo de não dar conta.

– Por que não?

– Eu sou toda errada, não tenho nenhum futuro para oferecer para essa criança e sempre fui emocionalmente instável. Não quero que ela se crie como eu, por uma mãe louca, não quero que ela cresça e seja como eu.

– E qual o problema com você? Acha que eu te aceitei como amiga a toa? Eu não gosto de gente. As pessoas, geralmente, são detestáveis, falsas e dissimuladas. Você não! É autêntica, corajosa, de bom coração, incapaz de apunhalar alguém pelas costas, amiga leal. Não é como a massa de seres humanos desprezíveis, querendo ser legal a todo custo para impressionar a todos e tirar vantagem, você é original. Se o seu filho ou filha tiver um pouquinho que seja do seu modo de levar a vida, será um sortudo.

– Pô, valeu Jade! Nunca imaginei ouvir um elogio assim de você. Mas, sei que é verdadeiro, porque você não é de sair distribuindo elogios por aí.

– Não mesmo. E não foi um elogio, mas a mais pura verdade. Agora pensa no que eu te falei, respira e toca o barco pra frente. Preciso ir, tenho uma peça pra produzir daqui a pouco, fui chamada para assessorar num grande musical, estou ansiosa para começar.

– Fico feliz por você. Parabéns! É muito merecido - disse Sam.

– Valeu. Se cuida - despediu-se Jade de Sam, já chegando a porta.

Apesar de a visita de Jade ter alegrado Sam momentaneamente, a noite, a velha angustia voltou a tomar seu peito. Percebendo a tristeza e agonia da amiga, Cat decidiu que era a hora de chamar reforços e que só uma pessoa seria capaz de trazer alegria e segurança a Sam nesse momento.

No dia seguinte, Cat esperou Sam entrar no banho, catou o celular dela, sempre guardado em baixo do travesseiro, consultou a agenda telefônica e realizou a ligação:

– Alô! Quem fala é Shay vírgula Carly?


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