Seddie, a história continua escrita por Nany Nogueira


Capítulo 36
O jantar




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– Caramba! O cara é muito rico! – surpreendeu-se Sam olhando para a mansão de Charles.


– É mesmo! – concordou Melanie, boquiaberta, segurando a pequena Bel nos braços.
– Oba, a comida deve ser boa – comemorou Gibby.
– Essa fala é minha Gibby – disse Sam.
– Vamos tocar a campainha de uma vez – falou Freddie, com Isabelle no colo.
O moreno tocou a campainha e um mordomo os atendeu, conduzindo-os até uma sala de estar muito bem decorada, na qual Charles os aguardava.
– Estou muito feliz que tenham vindo! – falou o homem, sorridente.
– Você não convidou? Não era pra vim? – perguntou Sam, irônica.
– Sam! – repreendeu Melanie – Nós ficamos muito contentes com o convite.
– Essa garotinha linda deve ser minha outra neta – disse Charles, observando a bebê no colo de Melanie.
– É sim. O nome dela é Mabel, mas a chamamos só de Bel – contou Melanie.
– Bonito nome, combina com ela. Posso segurá-la? – perguntou Charles, estendendo os braços.
– Claro – respondeu Melanie, entregando a bebê.
Isabelle correu e abraçou as pernas do avô:
– Pega a Beinha – disse a menina, chorosa.
Charles ajeitou Mabel em um dos braços e se abaixou, pegando Isabelle no colo, com o braço livre. Ele olhou emocionado para as duas meninas:
– Deus está me dando a graça de ter minhas duas netas nos meus braços, como não tive a oportunidade de segurar minhas duas filhas.
– Olha só, a comida demora? – perguntou Sam, ignorando o comentário sentimental de Charles.
– Não. Posso pedir para o meu mordomo servir agora mesmo – respondeu Charles.
O jantar foi servido em seguida com pratos franceses, os quais os convidados nunca tinham visto na vida.
– Que parada é essa? Não tem comida de verdade? – perguntou Sam, indignada.
– Essa é a comida de maior qualidade que pode haver no mundo – explicou Charles.
– Pode ter qualidade, mas já quantidade... – reparou Sam.
– Sam, para com isso, pelo menos prova – pediu Freddie.
Sam deu uma garfada e reclamou:
– Ainda por cima é ruim.
– Tenho que concordar com a Sam – falou Gibby.
– Gibby, que coisa feia – ralhou Melanie.
– Desculpem. Vocês têm razão. Eu quis impressionar, mas não fui muito feliz. O que vocês querem comer? Só dizer que eu mando preparar – disse Charles.
– Deixa pra lá, vai demorar muito. Melhor pedirmos uma pizza – propôs Sam.
– Como quiserem. Vou pedir ao Alfred para ligar – falou Charles, referindo-se ao mordomo.
– Qual foi? Não sabe usar o telefone celular para pedir uma pizza? – questionou Sam.
– Não, só que... Você tem razão, eu mesmo vou ligar – concordou Charles, pegando o celular do bolso.
No final da noite, Isabelle já dormia no colo de Freddie e Mabel choramingava enjoadinha.
– Ela tá na fase das cólicas, pobrezinha – explicou Melanie, ninando a filha – Acho melhor irmos amor – disse para Gibby.
Gibby concordou, pegando a bolsa de bebê de cima do sofá.
– Nós também vamos. A Belinha já caiu no sono – observou Sam.
Freddie levantou-se com cuidado para não acordar a filha.
– Vocês poderiam dormir aqui essa noite. Eu tenho muitos quartos de hóspedes, todos com colchões d’água e banheiras de hidromassagem – falou Charles.
– Acho desnecessário – disse Sam, em tom ríspido.
– Muito obrigada, mas fica pra próxima – agradeceu Melanie, educadamente.
No apartamento da família Benson, Freddie deitou Isabelle na cama dela e foi para a sua suíte, onde encontrou Sam pensativa.
– Está sem sono amor? – perguntou Freddie, enquanto abria o armário e pegava o seu pijama.
– Excesso de pensamentos – respondeu Sam.
– Seu pai está tentando ser legal – disse Freddie, ciente dos pensamentos da esposa, enquanto trocava de roupa.
– Tá parecendo que ele quer nos comprar com o dinheiro dele. Como se o dinheiro dele pudesse apagar o abandono de tantos anos.
– Não interpretei desse jeito.
– Você nunca leva pro lado mau meu amor.
– Porque a malvadinha da relação é você – falou Freddie em tom malicioso, aproximando-se de Sam.
– O nerd tá querendo brincar hoje?
– Eu quero brincar todos os dias, porque você me deixa louco – disse ele, em seguida beijando e mordiscando o pescoço dela.
– Mamãe tá gostando disso – falou Sam, passando a mão pelos cabelos dele e pressionando suas costas.
Os dois se beijaram com paixão. Entregaram-se a mais uma noite de amor.
No dia seguinte, a família terminava o almoço quando a campainha tocou.
– Que inferno! As visitas sempre escolhem a pior hora pra aparecer – reclamou Sam.
Isabelle saiu correndo, tentando alcançar a porta. Freddie foi atrás e abriu:
– Lewbert?
Sam se levantou e foi até a porta, curiosa.
– Péssima hora pra aparecer aqui – disse a loira ao porteiro.
– Eu nem queria vir! – disse Lewbert com sua habitual irritação – Acontece que deixaram essa caixa para Senhor e Senhora Benson na minha portaria. Cheguei a entregar para sua mãe – olhando para Freddie - mas ela me tocou de lá.
– Senhora Benson agora é a Sam – explicou Freddie.
– Cruzes. Detesto ser chamada como aquela doida da sua mãe – protestou Sam.
Freddie olhou para ela com reprovação.
– O que tem aí? – perguntou Isabelle, curiosa, tentando abrir a caixa.
– Tá entregue – falou Lewbert em tom mal humorado, voltando para a portaria.
– O papai te ajuda princesa – disse Freddie, puxando as fitas que fechavam a caixa.
– Esperem. Isso pode ser uma armadilha! Já pensaram que o Lewbert pode ter colocado uma bomba aí dentro pra se vingar daquela vez que quase o matamos com os bolinhos explosivos? – alardeou Sam.
– Isso faz muito tempo Sam. Se o Lewbert quisesse vingança não esperaria tantos anos.
– Vai saber. Todo cuidado é pouco. Vem aqui Isabelle – falou Sam, puxando a filha quando Freddie fez menção de abrir a caixa.
– Buummm – falou Freddie, rindo da cara de Sam – O que temos aqui? Olha só um triciclo para a Belinha.
– Eba! – comemorou a menina correndo para se sentar no brinquedo.
– Quem mandou isso? – perguntou Sam, curiosa.
Freddie tirou um bilhete de dentro da caixa:
– O seu pai. Ele diz que quer agradecer por termos aceitado o convite dele para jantar e aproveita para nos convidar para conhecermos a lancha dele – falou Freddie, passando os olhos pelo papel.
– Cada vez que aceitarmos um convite dele ganhamos um presente? Te falei que ele estava querendo nos comprar com o dinheiro dele!
– O que está acontecendo Sam?
– Como o que está acontecendo? Não podemos nos vender a ele. A Belinha não vai ficar com o triciclo.
– Isso é maldade! A menina está toda contente. Olha pra ela!
Sam olhou para a filha dando voltas pela sala, rindo a toa.
– Está bem, você tem razão. Mas, acabou por aqui. Não vamos conhecer droga de lancha nenhuma.
– Você que sabe.
– E tem mais, nós vamos tirar a Belinha daquele colégio.
– Está sendo radical. A Belinha já está habituada lá. Você se lembra do trabalhão que deu até ela querer ficar na escola. Aliás, graças ao seu pai ela gosta de ir pra lá.
– Essa proximidade me incomoda. O Charles é um homem capaz de abandonar uma mulher grávida e que pensa que pode comprar as pessoas com dinheiro.
– Então você vai desistir da faculdade?
– Como assim?
– Suas aulas começam amanhã, esqueceu? Como vai fazer com a Isabelle? Se a trocar de colégio ela vai começar a fazer escândalo de novo.
– Tá, depois eu penso nisso. Agora só quero terminar meu almoço em paz – disse Sam, sem paciência, voltando pra mesa.
Depois que as aulas de Sam começaram, ela arranjou uma desculpa para pedir a Freddie que fosse levar e buscar Isabelle no colégio, assim evitava Charles.
Certa noite, no final de semana, Sam estava voltando do shopping com Freddie e Isabelle quando se depararam com Charles na portaria do Bushwell Plaza.
– O que faz aqui? – perguntou Sam.
– Já que a montanha não vai a Maomé, Maomé vai à montanha – respondeu Charles.
– O senhor quer subir? – perguntou Freddie, educadamente.
– Claro – respondeu Charles seguindo para o elevador.
No apartamento, Charles fez a proposta sem muitos rodeios:
– Estive pensando que sou um homem muito rico...
– E daí? – perguntou Sam, irritada.
– E não é justo que não ampare as minhas filhas. Sendo assim, resolvi dar um apartamento para você e outro para Melanie. Posso comprar esse daqui se vocês preferirem, embora eu pense que podem arranjar coisa bem melhor – falou Charles olhando em volta para os móveis antigos e as paredes úmidas – Minha nossa, meu rapaz, como pôde colocar sua esposa e sua filha num lugar desses?
– Agora o senhor conseguiu me fazer perder a paciência – disse Freddie, irritado – Eu dei à minha mulher e à minha filha o melhor que estava ao meu alcance.
– Ao contrário de uns e outros o Freddie não me abandonou com uma filha no braço. Ele foi homem o suficiente pra assumir o que fez – defendeu Sam.
– Mil desculpas. Não foi essa a minha intenção – disse Charles, nervoso – Eu não soube me expressar. O que quero dizer é que posso ajudar vocês. As coisas não precisam ser tão difíceis pra você rapaz. Eu soube que é muito bom com tecnologia, então poderia cuidar da informatização do meu colégio.
– Eu já tenho um bom emprego, não preciso da sua caridade – respondeu Freddie, orgulhoso.
– Se era só isso que tinha a falar, pode ir embora – determinou Sam, levantando-se e abrindo a porta – Não vou permitir que desfaça do meu marido na minha casa.
– Eu só estou querendo ajudar! Se o rapaz não quer o emprego, tudo bem. Se gostam do apartamento, eu entendo. Então, deixem que eu compre isso aqui pra vocês, será uma segurança para minha neta no futuro.
– Eu jamais deixaria minha filha sem uma segurança para o futuro. Pode estar difícil agora, mas um dia ainda vou deixar um imóvel para a Belinha – falou Freddie.
– Tchau – disse Sam, furiosa.
Charles saiu e Sam bateu a porta atrás dele.
– Poquê cês bigam com o vovô? – perguntou Isabelle, com os olhos arregalados.
– Porque o vovô é um mala – respondeu Sam.
– Sam, não diga isso pra menina. Ela é muito pequena ainda – repreendeu Freddie – Belinha, quer que o papai te conte uma história antes de dormir?
– Siimm! – respondeu Isabelle, empolgada.
Freddie pegou a filha no colo e Sam advertiu:
– Não se esqueça de escovar os dentes dela e de levá-la ao banheiro. Não tô a fim de trocar lençóis molhados no meio da noite.
– Pode deixar – assentiu Freddie – Dá boa noite pra mamãe Belinha – pediu ele inclinando a filha para dar um beijo na mãe.
Sam devolveu o beijo e Freddie levou a pequena para o quarto.
Alguns dias depois, Freddie chegou em casa agoniado:
– Você não sabe o que aconteceu na Pera Store hoje, amor.
– Não sei mesmo, não sou advinha.
– O Gibby pediu demissão.
– Jura? Na certa o Charles foi oferecer vantagens para Melanie e a tolinha se vendeu fácil.
– Eu o coloquei contra a parede, mas ele jurou que não foi o Charles e sim que tinha recebido uma proposta muito boa para um negócio com um velho conhecido.
– Essa história tá muito mal contada. Quer saber? Vamos à casa da Mel agora mesmo. Quero tirar essa história a limpo.


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