Seddie, a história continua escrita por Nany Nogueira


Capítulo 18
Desaparecidas




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No dia seguinte à briga, Freddie tocou a campainha do seu apartamento. Sam não atendia, apesar da insistência. Conhecendo o gênio forte da esposa, ele começou a gritar:

– Sam, abra a porta! Sei que está aí! Não vou sair daqui até que abra!

A vizinha do lado abriu a porta:

– Tá pensando o que rapazinho? Isso aqui não é a casa da mãe Joana, é um prédio de respeito! Onde já se viu ficar gritando no corredor?!

– Desculpe senhora. É que a minha mulher não abre a porta...

– Não quero saber de briga de casal. Cale a boca! – ordenou a senhora fechando a porta.

Freddie já ia desistir quando resolveu forçar a maçaneta. Para a surpresa dele, estava aberta. Ele entrou, chamando por Sam e Belinha, sem resposta. Viu um bilhete em cima da mesa, com os dizeres: “O apartamento é todo seu. Aproveite. Sam”.

Freddie saiu nervoso. Foi à casa de Pâmela Puckett. Ela demorou para atender à porta.

– Ah é você gatinho. O que quer aqui? Veio em péssimo momento – falou Pam, assim que abriu a porta.

– Quero a minha mulher e a minha filha, sei que estão aí.

– Perdeu as duas, olha só que curioso.

– Desculpe Sra. Puckett, mas não estou com humor pra brincadeiras. Chame logo a Sam.

– A Sam não está aqui. Eu nem sabia que tinham brigado.

– Não minta para mim. Eu vou entrar.

Quando Freddie começou a entrar no apartamento, viu um homem só de cueca vindo na sua direção.

– Quem é esse, docinho? Espero que não seja um ex-namorado arrependido. Perdeu, ela já tá comigo!

– Imagina cachorrão! Eu não tô pegando o gatinho aí, quem tá pegando é a minha filha Samantha. Lembra que eu te contei que tenho uma filha que casou depois que ganhou neném?

– Ah sim. Então é seu genro! Como vai rapaz? – cumprimentou o homem com mais simpatia.

– Não muito bem. Estou com pressa. Já percebi que elas realmente não estão aqui. Desculpem por eu ter atrapalhado – falou Freddie, saindo apressado.

Carly terminava de fazer uma limonada quando ouviu a campainha:

– Entra, tá aberta – gritou ela.

Freddie entrou, nervoso:

– Carly, a Sam sumiu com a minha filha! O que eu faço? Já fui na casa da Sra. Puckett, não faço ideia de onde elas possam ter ido? Será que a Sam saiu do País?

– Não viaja Freddie. Se acalma. Quer uma limonada?

– Essa sua limonada é horrível!

– Credo Freddie! Não precisa ser tão estúpido comigo!

– Tem razão, desculpa Carly. Eu tô muito nervoso. Será que nunca mais vou vê-las?

– Freddie, eu sei pra onde elas foram?

– Sabe? – perguntou Freddie apertando os ombros de Carly – Para onde?

Carly se afastou e disse:

– A Sam não quer que eu te fale. Mas, garanto que ela está bem e em segurança, com a sua filha. Ela só tá dando um tempo. Esfriando a cabeça. Daqui a pouco ela volta, tenho certeza.

– Não posso esperar. Não vou ter paz se não encontrar com elas logo. Preciso conversar com a Sam. Quero ver a minha filha, não suporto ficar um dia longe dela. Por favor Carly, me conta.

– Não posso, eu jurei pra Sam.

– Lembra-se do que aconteceu da última vez que você jurou alguma coisa pra Sam? Você me privou de acompanhar a gravidez dela, de ver a minha filha nascer! Por muito pouco eu poderia estar até hoje sem saber que era pai e veja o quanto eu amo a minha filha! Agora, vai me privar de novo do convívio com ela por causa de uma promessa boba que a Sam te fez fazer num momento de raiva? Você sabe o quanto a Sam é rancorosa e o que ela é capaz de fazer, sem medir as consequências, quando está com raiva. Se ela sumir com a Belinha e me privar de ser pai dela, de novo, a culpa será sua!

– Tá bom! Elas foram passar um tempo na casa da avó da Sam! – entregou Carly, nervosa.

– Valeu Carly, vou pra lá agora mesmo – disse Freddie, correndo.

Enquanto isso, numa espaçosa casa que abrigava uma família judaica. Sam estava com a filha no colo, sentada no sofá, ao lado do avô, que roncava. Ele começou a soltar pum e ela se afastou, pensando “O vovô não muda mesmo”.

Depois da separação, Sam queria carinho e proteção. A avó sempre foi muito carinhosa e nunca deixou faltar nada às netas, como forma de suprir as irresponsabilidades de Pamela. Tudo de melhor que tinha devia à avó, por isso o desespero de Sam quando perdeu o seu notebook na casa de Carly, há alguns anos.

– Sammy, a vovó preparou sopa com bolinhas de matzá (farinha típica da cultura judaica) pra você. Precisa se alimentar. Sempre foi de comer tanto, assim vai acabar doente – disse a avó, aproximando-se da neta com uma bandeja.

– É, a senhora tem razão. Não vale a pena ficar sem comer. Meu coração está partido, mas meu estômago continua ótimo! – concordou Sam, pegando a bandeja.

– Já dei comida à minha bisnetinha. Fico imaginando como será o bar mitzvá dela. Parece que ontem foi o seu. Como o tempo passa rápido.

– Vovó, não sei se ela será judia. Ela terá liberdade para escolher a religião que quiser ou religião nenhuma...

De repente, Sam começou a ouvir gritos:

– Sam, apareça. Sei que está aí. Sam!

– É a voz do Freddie – observou Sam.

– Fica calma Sammy, nós vamos resolver isso pra você – falou tio Carmine, que havia saído da cadeia, em condicional – Vamos lá Chaz.

O primo Chaz tirou os olhos do futebol, na televisão, e acompanhou o pai.

Freddie arregalou os olhos ao ver Carmine e Chaz, mas manteve-se firme.

– O que quer aqui rapaz? – perguntou Carmine.

– Eu quero falar com a minha mulher – respondeu Freddie, embora sentisse tremor nas pernas.

– A Sammy falou que você deixou dela – disse Chaz.

– Nós brigamos, mas ainda temos muito o que conversar.

– Ela não acha isso. Disse que nunca mais quer te ver – informou Carmine.

– Então ela mesma vai ter que me dizer isso – disse Freddie, tentando entrar na casa.

Chaz agarrou Freddie pelo colarinho:

– Eu te avisei para ser bom com a nossa pequena Sammy! Ela está sofrendo agora por sua causa!

– Você partiu o coração da nossa garotinha – completou Carmine.

– Então, agora, nada mais justo que a gente parta a sua cara também – ameaçou Chaz.

Freddie deu um chute em Chaz, empurrou Carmine e saiu correndo. Seu coração parecia que ia sair pela boca e as pernas estavam vacilantes quando se sentiu seguro para parar.

Todas as noites, Isabelle perguntava do papai e Sam dava uma desculpa.

Certo dia, toda a família saiu para uma festa da Colônia Judaica. Sam preferiu ficar em casa com Isabelle. A menina estava febril e ela suspeitava de uma gripe.

As duas foram se deitar cedo. Isabelle começou a murmurar:

– Pa-pa, kedê pa-pa, oh o pa-pa.

Sam passou a mão na testa da filha e viu que ardia em febre e, então se desesperou, pegou o celular e ligou para Freddie, mas dava fora de área.

Enquanto isso, Freddie estava num restaurante, jantando com Carly:

– Não sei mais o que fazer Carly. Eu tenho direito de ver a minha filha, mas a Sam não deixa. Ela tá fazendo isso de maldade. Desse jeito vou ser obrigado a entrar na justiça pra exigir o meu direito de visitas – reclamou Freddie.

– Calma Freddie, melhor evitar a briga na justiça. Isso só vai fazer mal à Belinha. Numa separação quem mais sofre é a criança. E como eu sei disso.

– Como assim Carly?

– Nada, deixa pra lá. Estamos falando da Belinha. Freddie, eu prometo que vou convencer a Sam a te deixar ver a sua filha. Ela está com raiva agora, a Sam é impulsiva, você a conhece, mas depois passa e ela até se arrepende. Além disso, ela sempre me ouviu muito.

– Eu sei. Você é minha única esperança. Não sei o que seria de mim sem você Carly – disse Freddie, colocando a mão sobre a mão de Carly.

Carly puxou a mão e disse:

– Como eu li uma vez em algum lugar: “um amigo me chamou para cuidar da dor dele, guardei a minha no bolso e fui”.

– O que aconteceu Carly?

– Nada, o de sempre. Mais um relacionamento fracassado. Não tenho mesmo sorte no amor, não nasci pra isso.

– Você e o Austin terminaram?

– Sim.

– Eu sei que é triste Carly, mas não se sinta mal. Não é culpa sua.

– Será? Não sei o que tenho de errado.

– Você não tem nada de errado, é a garota mais perfeita que eu conheço. Qualquer cara teria muita sorte em ter o seu amor. Eu mesmo o desejei por muito tempo.

Os dois trocaram um olhar, mas Carly voltou à realidade:

– Estávamos falando da Sam. Então, amanhã vou visita-la e prometo usar de todo o meu poder de persuasão para que ela deixe você ver a Belinha.

– Valeu Carly.

Nesse momento, Sam estava na casa da avó, ligando desesperadamente para um táxi, já que a febre da filha só fazia aumentar. Lembrou-se que havia uma greve de táxi na cidade e atirou o celular na cama, com raiva.

Teve uma ideia, pegou o celular de volta e ligou para Carly. Também deu fora de área. Ligou para a residência dos Shay e Spencer atendeu.

– Alô, Carly?

– Não, ela foi jantar fora. Quem fala?

– É a Sam. Spencer é você?

– Sim, Spencer Shay falando.

– Spencer, você precisa me ajudar, a Belinha tá com muita febre, eu tô desesperada, não encontro o Freddie, minha família saiu...

– Calma Sam, calma. Eu tô indo pra ir. Vou correndo, já chego.

Spencer chegou a casa e ajudou Sam com Isabelle, enrolada numa manta, a entrar no seu carro, conduzindo-as ao hospital infantil.

O médico examinou a pequena e informou que ela estava com placas na garganta e a febre se devia à grande inflamação. Deu uma injeção na menina e prescreveu os remédios.

Na volta, Sam disse a Spencer:

– Me leve pro Bushwell Plaza. Vai ser importante para a recuperação da Belinha ver o pai.

– Você que manda – respondeu Spencer, tomando o caminho do seu prédio.

Spencer colocou o carro na garagem, no subsolo. Chamaram o elevador. Entraram. O elevador parou no térreo e Sam teve um choque quando a porta se abriu e do outro lado estavam Freddie e Carly, molhados da chuva que caia lá fora, abraçados, com Carly usando o paletó de Freddie sobre um vestido preto curto, muito elegante.


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