Seddie, a história continua escrita por Nany Nogueira


Capítulo 162
A reação de Eddie




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Sam entrou ventando no Ridgeway. Viu um grupo de crianças com idades próximas a Eddie e perguntou:

– Quem é Bruce?

Os pequenos apontaram para um garoto moreno.

Bruce aproximou-se de um garoto loiro, menor que ele, pegando-o pelo colarinho, enquanto alcançava a lancheira dele e pegava o lanche.

Sam aproximou-se e puxou Bruce pelo colarinho, fazendo-o soltar o menino loiro, que pegou a lancheira e saiu correndo.

– Gosta disso? - perguntou Sam, fuzilando Bruce com o olhar.

– Isso é covardia! - insurgiu-se Bruce.

– É sim, mas você faz isso com as outras crianças o tempo todo. Viu como é bom? Eu poderia te bater agora e você não poderia nem se defender, exatamente como faz com os outros.

– Socorro!

– Eu não vou fazer isso. Só vou te dar um aviso. O Eddie tem uma mãe louca e se mexer com ele de novo vai se ver comigo – ameaçou Sam, soltando o menino no chão com força – Agora vai trocar essas suas calças borradas – disse Sam com uma risada irônica, enquanto deixava o Ridgeway.

Quando Sam contou a Freddie, ele não recebeu muito bem:

– Você o que? Ameaçou uma criança?! É isso mesmo?

– Foi por uma boa causa. Aquele bunda mole do Diretor Franklin não fez nada para resolver, então tive que dar o meu jeito. Não vou permitir que façam isso com o meu príncipe.

– Tem noção do que pode acontecer se o garoto contar para os pais? Eles podem te denunciar.

– Eles não têm provas.

– Assim espero.

No dia seguinte, no colégio, Eddie e Nick foram para a sala de aula. Bruce puxou a cadeira quando Eddie ia se sentar e começou a rir, seguido pela turma inteira, com exceção de Nick, que foi recolher o irmão do chão e empurrou Bruce, que revidou. A troca de agressões cessou quando a professora entrou e os garotos correram para os seus lugares.

Na hora do recreio, Bruce puxou Eddie e o jogou em direção ao armário, prendendo-o:

– É bom parar de bancar o bebê chorão e não fazer mais queixa pra sua mãe. Se isso acontecer eu conto o que ela me fez pros meus pais e meu pai é delegado, daí sua mãe vai ser presa. Quer que isso aconteça?

– Não.

– Ótimo. Foi o que eu pensei Benson – jogando Eddie no chão.

Nick aproximou-se:

– Tá na hora de darmos uma lição nessa cara, mano.

– Não! Ele vai denunciar a mamãe.

– Quanto mais medo a gente tiver, mais ele vai aprontar e ficar se achando.

– Já disse não! - falou Eddie, correndo para o banheiro, assustado e segurando o choro.

Chegou o dia do casamento de Pamela Puckett e Coronel Steven Shay.

A noiva arrumava-se em casa na companhia das filhas e da enteada Carly.

– A senhora está um arraso! - elogiou Carly.

– Não vejo o menor sentido numa mulher na sua idade, mãe e avó, casar-se de noiva – cirticou-se Sam.

– Para Sam, mamãe tá linda – elogiou Melanie.

– Ninguém perguntou a sua opinião Sam e ninguém se importa com ela – falou Pamela, grosseira, mas Sam apenas deu de ombros.

Freddie entrou trajando um terno cinza chumbo e estendeu o braço para Pam, dizendo:

– Está na hora.

– Que honra ser conduzida ao altar por esse gatinho – apertando a bochecha de Freddie, que riu sem graça.

– Pensei que preferia que meu avô estivesse aqui para te levar – falou Sam.

– Mas ele não está – disse Pam, engolindo a angústia ao se lembrar da morte do pai há um ano – Vamos logo – puxando o genro pelo braço – Não vou arriscar que Steven desista.

– Se ele fosse esperto faria isso – provocou Sam.

– Quem não foi muito esperto casando-se com você foi o gatinho aqui – disse Pam apontando para Freddie.

– Já estamos atrasados! - alertou Freddie, puxando Pam para fora do local antes que Sam iniciasse uma discussão.

Na igreja, Coronel Shay esperava ansioso.

– Nunca me imaginei nessa situação – comentou o Coronel com o filho Spencer.

– Nem eu imaginei o senhor nessa situação – falou Spencer.

– Está me ajudando muito filho.

– De nada pai, tô aqui pra isso. Se sentir vontade de desmaiar levanta a mão antes que eu te seguro antes de cair no chão.

– Espero não precisar disso.

A marcha nupcial começou a tocar. Pamela, segurando o braço de Freddie, preparava-se para entrar, mas Eddie empacou a sua frente.

– Anda garoto! - pediu a avó, ansiosa.

– Eu não quero! - respondeu Eddie, correndo do local.

Isabelle entregou a almofada com as alianças para a prima Mabel e correu atrás do irmão. Freddie teve o ímpeto de ir atrás do filho, mas Pamela o puxou:

– O garoto vai ficar bem. É só birra de criança. Me leva logo pro meu noivo porque eu nunca mais vou ter uma chance dessa.

No altar, Coronel Shay estranhou a demora.

– Por que ela não entra?

– Calma pai, lá vem ela – disse Spencer, apontando para a noiva que começava a caminhar em direção ao altar, com Mabel e Nicolas na frente.

Freddie entregou a noiva para Coronel Shay e foi para o lado de Sam no altar. O Padre iniciou a cerimônia.

Do lado de fora, Isabelle encontrou Eddie encolhido a sombra de uma árvore.

– O que houve príncipe?

– Não gosto de gente e a igreja tava cheia de gente.

– Desde quando repete essa frase da mamãe?

– Desde que eu vi que ela tem razão.

– Tem muita gente que não vale o que come, realmente, mas também tem muita gente legal e amiga. Devemos saber separar umas pessoas das outras, mas não julgar uma por todas.

– É, pode ser que você tenha razão.

– Tenho sim. Eu sempre tenho razão, porque sou sua irmã mais velha e sei mais do que você.

– Você se acha garota.

– Não me acho, eu sou.

Eddie riu e Isabelle o pegou pela mão para voltarem para a igreja.

Após os votos e a troca de alianças, Coronel Shay beijou Pam e os noivos saíram da igreja sob chuva de pétalas de rosas brancas.

Sam e Freddie foram cumprimentar os recém-casados. A loira abraçou a mãe e desejou felicidades, enquanto Freddie conversava animadamente com o noivo.

– É uma pena que a minha felicidade não possa estar completa – disse Pamela.

– Por que? - quis saber Sam.

– Porque a minha filha não me apoia.

– Mãe, não é isso... eu desejo de coração que a senhora seja muito feliz com o Coronel Shay... sei que ele é um homem bom e que pode fazer a senhora feliz... mas, a senhora está disposta a abrir mão da sua vida livre para viver isso com um homem só?

– Ele é o homem que eu sempre procurei.

– Então, a senhora tem todo o meu apoio.

– Agora sim a minha felicidade está completa.

– Pensei que a miha opinião não importasse pra senhora.

– Importa muito, minha rolinha.

As duas abraçaram-se novamente.

A festa foi animada com boa música de uma banda, jantar e bebida da melhor qualidade.

Mabel contava a Cris:

– Minha mãe tá cada vez mais rica. Ela já é uma advogada famosa em Cambridge. Eu estudo no melhor colégio e ela me dá qualquer coisa que eu pedir. Até tá reformando meu quarto para deixar igual ao da Carly. Se você quiser alguma coisa é só me falar, que eu peço pra minha mãe comprar e te dou de presente.

– Bel, às vezes o maior presente é estar presente.

– Como assim?

– Minha mãe falou isso uma vez e agora faz todo o sentido pra mim.

– Eu não entendi.

– Um dia você vai.

Logo após a festa, Coronel Shay e Pamela foram passar lua-de-mel em Paris.

No colégio, Eddie continuava tenso e tentava sempre passar despercebido por Bruce, mas raramente conseguia. Em casa, negava sempre que o bullying persistisse, mas tinha pesadelos a noite, acordava gritando e até começou a fazer xixi na cama, o que não fazia nem quando menor, ao contrário de Nick.

Sam e Freddie decidiram levar Eddie à terapia, mas o menino não se abria nem mesmo com a psicóloga.

Nick resolveu tomar uma atitude e chamou Bruce para conversar:

– Você vai ter que parar de incomodar meu irmão, se não...

– Se não o que? Pensa que tenho medo de você Benson?

– Eu acho que sim.

– Pois está muito enganado.

– Pode ser que você seja mais forte que eu e pode ser que não. Por que não tiramos essa história a limpo numa briga no pátio na hora do recreio, amanhã.

– Os inspetores vão ver.

– Tá com medinho?

– Claro que não. Espero que não chore depois que eu acabar com você.

– Digo o mesmo. E se eu ganhar, você deixa o Eddie em paz.

– Fechado.

Os meninos apertaram as mãos.

No dia seguinte, Eddie usava o banheiro quando ouviu a voz de Bruce, ele estava acompanhado de outros garotos e dizia:

– Repassando o plano... Eu vou pra cima do Nick e vocês me dão cobertura. Se ele começar a me bater, vocês vão pra cima e podem bater sem dó...

– Entendido – falaram dois garotos.

– Agora eu vou usar o banheiro e já vou pro pátio, podem me esperar lá.

Eddie ouviu o som da porta batendo e saiu rapidamente, interceptando Bruce:

– O que vai fazer com o meu irmão é covardia!

– É sim! E você não vai poder fazer nada pra impedir. Sabe por que? Você é só um nerd bobalhão, um bebê chorão, um filhinho de mamãe, um covardão! Seus irmãos têm fama de valentões, já você, é o fracote da família! Seu irmão vai apanhar hoje que nem um cachorro vira-lata e tudo porque o bobão aí não sabe se defender. O irmãozinho vai sangrar por causa do mariquinha. Até a sua mamãe deve te achar um idiota, tanto que veio até aqui te defender.

– Não! A minha mamãe me ama!

– Ela deve se perguntar todo dia como pôde ter um filho tão panaca!

Eddie sentiu o sangue ferver, juntou toda a sua força no punho, fechou a mão e acertou um soco em Bruce, que fez o menino cair no chão. Sem pensar, sentou-se por cima dele e começou uma sessão de socos. Parou ao ver o sangue escorrendo do nariz de Bruce e se assustou, saindo de cima dele e sentindo-se empalidecer.

Bruce levantou-se e saiu correndo do local. O garoto não apareceu nas aulas até o final daquela semana.

Na semana seguinte, Bruce apareceu e chamou Eddie num canto.

– Vai recomeçar com isso cara? - perguntou Eddie, nervoso.

– Não. Quero um acordo.

– Que acordo?

– Você não conta pra ninguém que me bateu e eu paro de te incomodar.

– Como posso acreditar na sua palavra?

– É a minha reputação que tá em jogo. Eu não tenho nada cara, só a minha reputação de mau – com lágrimas nos olhos.

– Tá bom, não vou contar. Amigos? - estendendo a mão.

– Aí já tá querendo demais Benson – falou Bruce, afastando-se.

O tempo foi passando e Bruce não voltou a perturbar Eddie. Aos poucos, o garoto foi conseguindo voltar a respirar normalmente, embora a terapia estivesse sendo essencial no processo da cura do trauma.

Certa manhã, a família Puckett Benson tomava café da manhã reunida, com exceção de Isabelle que sempre era a última a chegar à mesa devido ao sono matinal.

De repente, ouviu-se um grito vindo do quarto da menina:

– Mamãe!!!

Sam quase se engasgou com a panqueca que mastigava. Depois de uma tosse que fez o pedaço da comida ser expelido da sua glote, correu para o quarto da filha, seguida pelos homens da família.


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Notas finais do capítulo

Vestido da Pam: http://casamento.novidadediaria.com.br/wp-content/gallery/vestidos-de-noiva-lindos-e-modernos/vestidos-de-noiva-lindos-e-modernos-8.jpg