Seddie, a história continua escrita por Nany Nogueira


Capítulo 118
A punição


Notas iniciais do capítulo

Fiquei muito contente com todos os comentários recebidos no último capítulo :)
Não postei ontem, porque não deu mesmo, mas prometo que vou postar mais vezes.
Eis o que aconteceu com a Mabel...



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– Cris, isso não vai dar certo – disse Isabelle, enquanto observava Lewbert coçando sua verruga na portaria.

– Eu concordo com a Belinha – manifestou-se Mabel.

– Confiem em mim garotas. Sei o que estou fazendo – garantiu Cris, confiante, dirigindo-se ao porteiro, enquanto as meninas continuavam escondidas na escada.

Cris forçou uma tosse, chamando a atenção do porteiro.

– O que quer garoto? Não gosto de criança! Vai acabar sujando a minha portaria. Some daqui!

– Você quer dizer assim? - perguntou Cris, jogando um vaso de planta de cima do balcão no chão, espalhando terra.

– Seu pestinha! Vai ter que limpar isso agora! - determinou o porteiro desesperado.

– Não vou nada! - disse o menino correndo para apanhar outro vaso na mesa de centro da portaria, repetindo o gesto.

– Você vai ver só! - gritou Lewbert, correndo atrás de Cris, que era mais ligeiro e ria da situação, atraindo o porteiro para longe dali.

Isabelle e Mabel passaram correndo para o quarto de Lewbert.

– Eu tenho medo desse porteiro e se ele me achar aqui? - perguntou Mabel, preocupada, enquanto a prima a ajudava a entrar dentro do armário.

– O Lewbert só faz barulho, não é de nada. Além disso, daqui a pouco ele vai sair pra fazer a visita da semana à mãe dele e só volta amanhã. Então, terá o quarto só pra você.

– Mas não posso ficar aqui pra sempre.

– Uma coisa de cada vez, fica quietinha – determinou Isabelle, fechando o armário. Agora tenho que ir salvar o Cris.

– Você não disse que o Lewbert não é de nada? - perguntou Mabel, sem resposta, pois Isabelle já havia saído.

Isabelle encontrou Carly e Gibby no elevador.

– Nem sinal da Mabel, já olhamos em todos os andares, tô ficando em pânico! - falou Carly, nervosa.

– Dinda, sei que está nervosa, mas o Cris precisa da sua ajuda. Acho que o Lewbert vai matar ele – contou Isabelle.

– Só passando por cima do meu cadáver que ele vai colocar as mãos no meu filho! - disse Carly, ainda mais nervosa, saindo apressada do elevador.

Lewbert arrastava Cris até a portaria pela orelha.

– Me solta! Eu já pedi desculpa. Juro que vou limpar tudo – choramingou Cris.

– Solta o meu filho agora, seu verruguento! - determinou Carly, acertando a bolsa na cabeça do porteiro.

– Pare com isso! - disse Lewbert defendendo-se com as mãos – Seu filho é uma peste! Olha a sujeira que fez na minha portaria – apontando para os vasos quebrados e a terra espalhada no chão.

– Foi sem querer mamãe, eu não queria ter derrubado os vasos – mentiu Cris, enquanto olhava para Isabelle, ambas as crianças segurando o riso.

– Foi um acidente e ele já pediu desculpa. Nunca mais toque no meu filho, se não eu arranco essa sua verrruga! Entendeu?

– Sim! Agora me deixem em paz, não posso me atrasar, tenho que ir visitar minha mãezinha.

– Por que? Nem ela deve gostar de você – zombou Isabelle.

– Blé, blé, blé – disse Lewbert, mostrando a língua para a garota e indo para o seu quarto.

Sam e Freddie chegavam com os gêmeos.

– Que cena heim Carlotta?! Digna da Senhora Benson – caçoou Sam.

– Por que tem que colocar minha mãe no meio? - perguntou Freddie, indignado.

– Porque ela é a pessoa mais super-protetora e histérica que eu conheço.

– Sam, olha aqui...

Carly interveio:

– Está me chamando de super-protetora e histérica?! - indagou Carly, nervosa.

– Bom, digamos que você não está um poço de calma nesse momento – respondeu Sam, rindo.

– Como posso estar calma?

Gibby perdeu a paciência:

– Enquanto vocês discutem por bobagem, minha filha pode estar perdida por aí!

– Procuramos pela redondeza e nem sinal – informou Freddie, triste.

– Acho que a Melanie tem razão, não sei cuidar direito da minha filha, sempre deixo que algo de ruim aconteça a ela – lamentou Gibby, sem conter as lágrimas, sendo abraçado por Carly.

Lewbert abriu a porta do seu quarto:

– Tenho uma coisinha aqui que pertence a vocês! - empurrando Mabel para fora.

– Minha filha! - falou Gibby, emocionado, pegando a pequena no colo e a abraçando – Prometa que nunca mais vai se esconder desse jeito? Quer matar o seu pai?

– Só se você prometer que não vai me obrigar a passar as férias com a mamãe, porque se me obrigar eu fujo de novo e dessa vez pra bem longe.

– Desde quando ficou rebelde? Belinha está sendo má influência pra você.

Sam se manifestou:

– Não vem culpar minha filha. A Mabel fugiu por algum motivo e você deveria se interessar em saber qual é, antes de sair apontando o dedo pras pessoas.

Gibby colocou Mabel no chão e se agachou para ficar da altura dela:

– Mabel, se me contar o motivo pelo qual não quer ir passar férias com a sua mãe, posso dar um jeito pra você não ir, mas se não me contar serei obrigado a embarcar com você num avião agora mesmo.

– Eu vou sentir saudade, papai – disse a menina, abraçando o pescoço dele.

– Eu também vou sentir, mas teremos que nos acostumar com isso. Ela é sua mãe e também sente a sua falta. Agora, vamos, ainda dá tempo de pegar o vôo se corrermos.

– NÃO! - gritou Mabel, começando a chorar copiosamente – O namorado da mamãe é mau. Não deixem ele fazer aquelas coisas comigo!

Sam pegou a sobrinha no colo:

– Fica calma querida, não chora. Conte para nós o que ele fez com você. Todo mundo aqui te ama e vai te proteger. Se não contar, não poderemos fazer nada, a não se te mandar para a sua mãe.

– Ele me tocou – contou Mabel, abaixando a cabeça.

As lágrimas começaram a rolar pelo rosto de Sam, mas ela tinha que averiguar toda a história:

– Como isso aconteceu Mabel?

– Vovó Pam e a mamãe foram ao supermercado e me deixaram sozinha com o Alexei. Ele começou a falar que eu era muito bonita. Então me chamou para sentar no colo dele e começou a mexer em mim. Depois disse que se eu contasse pra alguém mataria a mamãe.

– Onde ele mexeu em você Mabel?

– Por baixo da roupa – respondeu a menina, envergonhada.

– Ah querida! - disse Sam, sem conseguir mais conter as lágrimas, começando um choro copioso, abraçada à sobrinha, que comoveu todos os presentes, os quais se surpreenderam ao ver a loira expressar de forma tão escancarada todo o seu desespero.

– Eu vou matar aquele desgraçado! - falou Gibby, sentindo o sangue ferver de raiva.

– Você ficou triste com o que eu falei tia? Desculpa – pediu Mabel, secando as lágrimas de Sam.

– Você não fez nada de errado, entendeu? Lembre-se sempre disso. Eu não vou mais chorar, nunca mais, nem você vai, combinado?

– Combinado.

– Isso é monstruoso! - comentou Carly, revoltada.

– Esse cara tem que ser preso, tem que pagar pelo o que fez – falou Freddie, indignado.

– Ele vai pagar e vai pagar caro – garantiu Sam.

De volta ao apartamento, Sam foi para a sua suíte, pegou a mala de cima do armário e começou a jogar suas roupas dentro.

– Sam, o que está fazendo? - perguntou Freddie.

– Vou para Cambridge agora mesmo! Não sossego enquanto não matar aquele desgraçado!

– E passar anos numa prisão também está nos seus planos?

– Tanto faz, eu não seria nem a primeira, nem a última Puckett a ir para uma prisão, pelo menos a causa é justa.

– Você se esquece que tem uma família? Perder os melhores anos da vida dos seus filhos também “tanto faz” pra você? Tem noção de que quando sair da cadeia pode encontrar as crianças crescidas? E que belo exemplo dará a elas! A Mabel então, pobrezinha, vai passar a vida se sentindo culpada por ter falado algo que fez a tia ir parar atrás das grades.

– Quanto drama Benson! Matar é jeito de falar, embora eu realmente tivesse vontade de fazer isso. Mas, preciso dar uma lição nele, não pode causar um trauma numa criança de 5 anos e sair impune. Isso vai marcar a vida dela pra sempre! Tem noção de quantas crianças são abusadas no mundo todos os dias e de quantos canalhas continuam soltos por aí sem qualquer punição?

– Vamos entregá-lo à polícia. É o certo a se fazer.

– Não temos provas. Só a palavra de uma garotinha de 5 anos. Esse tipo de crime nunca tem testemunhas.

– A justiça tem seus meios, eles podem ouvir a Mabel por meio de uma psicóloga, por exemplo.

– Até pode ser, mas, antes, dou o meu jeito e você não vai me impedir.

– Pelo menos espera até o final de semana, então posso ir com você.

– Vou embarcar agora mesmo com o Gibby. Esse assunto não dá pra esperar.

Isabelle entrou no local:

– Alguém pode me explicar o que está acontecendo?

– Belinha, a mamãe vai ter que viajar para resolver o problema da sua prima. Mas, o papai sabe cuidar muito bem de vocês e eu não pretendo demorar.

– O que aconteceu com a minha prima? Por que todo mundo ficou nervoso?

Sam sentou-se na cama e chamou Isabelle para se sentar ao seu lado:

– Belinha, é bom que você saiba uma coisa: nunca deve permitir que alguém toque o seu corpo, a menos que seja o médico quando estiver doente ou quando eu ou seu pai quisermos te ajudar no banho ou a trocar de roupa, ou então, pessoas que cuidam de você como a sua madrinha e sua avó. Existem pessoas más que tocam o corpo de garotinhas por safadeza. Se alguém tentar fazer isso com você, prometa que vai me contar.

– Eu prometo mamãe.

– Ótimo. Agora eu já vou – fechando a mala.

Sam e Gibby chegaram a Cambridge e foram direto à casa de Melanie. Para a surpresa de ambos quem abriu a porta foi o próprio Alexei.

Sam empurrou a porta e já agarrou Alexei pelo colarinho.

– Que isso amorzinho? Por que está brava? Se eu der beijinho passa? - perguntou o homem sem entender.

– Você me dá nojo! - disse Sam, cuspindo na cara dele.

– Melanie, o que eu fiz?

– Ela não é a…- começou a dizer Gibby.

– Gibby! Quieto! - determinou Sam – Alexei, sei o que fez com a minha filha.

– Eu não sei do que está falando. A menina disse alguma coisa? Crianças são tão imaginativas.

– Crianças não imaginam um abuso sexual! Elas não têm a mente poluída como certos adutos doentes que têm tara por criancinhas!

– Ela deve ter confundido as coisas. Mel, eu amo a sua filha como se fosse minha, até tinha te dito para trazê-la para morar conosco que eu te ajudaria a cuidar dela.

– Ajudaria? Ou teria mais tempo pra ficar a sós com ela e fazer coisas ainda piores do que já fez?

– Eu não fiz nada!

– Chega de conversa. Tira a roupa!

– Como? Aqui, na frente do seu ex-marido?

– Mandei tirar a roupa.

– Você tá muito esquisita.

– Prefere que eu te quebre os dentes?

– Você é delicada demais pra isso.

Sam deu um soco na boca de Alexei, fazendo-o cuspir sangue. Assustado, ele tirou a roupa.

– Agora vai pra fora – determinou ela.

Há algumas quadras dali, Sam e Gibby amarraram Alexei, pelado, num poste.

– Está frio! - reclamou ele.

– Azar o seu – disse Sam – Vai lá Gibby, hora de desforrar sua raiva pelo o que ele fez com a sua filha.

– Gibeehh – acertando uma joelhada na parte baixa de Alexei que o fez soltar um urro de dor e acertando um soco que fez o pescoço dele virar abruptamente.

Sam tirou um cartaz da bolsa e pregou em cima da cabeça de Alexei, escrito: “Aqui está um tarado por criancinhas”.

– Boa sorte pra você – ironizou Sam, retirando-se com Gibby.

Sam e Gibby voltaram para casa de Melanie e a esperaram chegar para contar tudo o que havia acontecido. Malanie ficou estarrecida e se sentindo culpada, garantiu que iria se valer dos meios legais.

Alguns meses depois, Alexei foi preso. Mabel teve que ser ouvida algumas vezes por psicólogas e reviver a sua dor. Gibby e Melanie foram aconselhados para que a menina começasse uma terapia a fim de minimizar o trauma. Com o tempo, Mabel voltou a ser a criança feliz que era, mas ainda sentia medo a cada vez que um homem estranho se aproximava dela por qualquer motivo.

Melanie e Gibby resolveram “cessar fogo” em prol do bem estar da filha. Certa noite, logo após a menina adormecer, o ex-casal foi conversar na sala do apartamento 8C:

– Gibby, eu acho que tenho que te pedir desculpas por estar sempre te acusando de não ser um bom pai para a Mabel. Eu vejo como cuida dela com carinho e o quanto ela gosta de você. Na verdade, quem não sabe ser uma boa mãe sou eu. Nunca vou me perdoar por ter colocado um cara dentro de casa pra fazer aquilo com a minha filha. Eu fiz tudo errado. Se eu não tivesse ido embora para Cambridge, nada disso teria acontecido, porque ainda poderíamos ser uma família feliz. Eu sou um monstro – chorando.

– Não fica assim Mel. Eu também tive a minha culpa. Eu fui egoísta, porque não apoiei o seu sonho de se formar em direito em Havard. Eu não te merecia. Mereci o pé na bunda que me deu. Quanto ao Alexei, você não poderia advinhar que ele é um safado, só estava tentando seguir em frente com outra pessoa, como eu segui em frente com a Carly.

– Verdade que pensa assim? Não tem raiva de mim? Não me culpa?

– Não, e eu acho que você também não deveria se culpar – abraçando-a.

Carly chegava da pós-graduação e viu a cena:

– Desculpa atrapalhar – falou a morena, batendo a porta.


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