No carro, durante o trajeto para o Ridgway, Sam e Freddie iam conversando.

– A Mel ligou ontem, quer que eu vá passar o nosso aniversário com ela lá em Cambridge. A mamãe vai, óbvio, imagina se ia passar essa data longe da filha favorita – contou Sam.

– E por que você não vai também? - perguntou Freddie, enquanto diminuía a marcha, dado o congestionamento.

– Parece que quer me ver pelas costas! - falou Sam, indignada.

– Tá de TPM amor? Só fiz uma pergunta.

– Meu aniversário é na sexta. Você tem aula e trabalho, não quero passar meu dia longe de você, mas, ao que parece, você não se importa nem um pouco, eu sou uma idiota mesmo.

– Eu só disse isso porque pensei que quisesse ir e eu não queria que se prendesse por mim, eu poderia encontrá-la em Cambridge no sábado. Mas, faz o que for melhor pra você, o que te deixar mais feliz, afinal, é o seu dia.

– Pensei que você também fosse ficar feliz em saber que eu quero estar ao seu lado.

– Eu fiquei feliz, você sempre distorce o que eu digo.

– Já sei o que vem a seguir, vai me chamar de louca, como sempre.

– Isso é você que tá dizendo. Se isso não é TPM é TPA.

– O que está inventando nerd?

– Tensão Pré Aniversário.

– Que piada sem graça! Como todas as suas piadas. Desista, é péssimo nisso.

– Olha aqui Sam...

A discussão parou com os berros de Cris no banco de trás:

– Para Belinha!

A menina puxava os cabelos dele:

– Me dá o salgadinho agora, se não eu arranco seus cabelos – ameaçou ela, puxando com mais força.

– Você comeu quase todo o meu salgadinho, o que sobrou é meu.

Isabelle pulou em cima dele e arrancou o saco das mãos do menino, colocando os salgadinhos na boca. Foi a vez de Cris puxar os cabelos dela, que voltou a puxar o dele, em pouco tempo os dois gritavam.

– Chega! Larguem os cabelos um do outro agora! - ordenou Sam.

– Mas eu quero o meu salgadinho! - falou Cris.

– Aqui – disse Isabelle colocando o saco vazio cheio de farelo na cabeça dele e rindo muito.

– Isso não teve graça! Nunca mais abro um salgadinho perto de você. Sua esfomeada!

– Olha que fashion seu cabelo tá com luzes laranja – zombou Isabelle.

– Mais um piu e os dois descem e vão caminhando para o colégio – ameaçou Sam.

– Piu – disse Isabelle, desafiando a mãe.

Sam olhou feio para Isabelle e ela engoliu o riso.

Na sexta-feira, Sam acordou com o despertador, como sempre teve vontade de jogá-lo na parede, mas já estava cansada de ter que comprar um novo, então o colocou de volta no criado-mudo. Olhou para o lado e viu que Freddie já havia saído como de costume. Disse para si mesma:

– Ele não poderia deixar de ir à academia nem no dia do meu aniversário?

Levantou-se para fazer sua higiene matinal, trocou-se e foi preparar o café da manhã. O celular tocou, era Melanie.

– Parabéns! - disseram Sam e Melanie ao mesmo tempo.

– Desejo tudo de bom minha irmã. Muita saúde, sucesso, paz, amor... - desejou Melanie.

– E todas essas coisas que se desejam no dia do aniversário e que a humanidade já viveria num mar de rosas se alcançasse realmente a cada passagem de ano pessoal. De qualquer forma, desejo o mesmo a você maninha.

– Tem que pensar positivo Sam, acreditar que teremos um ano ainda melhor.

– Fingir que as responsabilidades não aumentam a cada ano e que a vida vai ficando complicada, principalmente quando se aproxima dos 30.

– É verdade! Estamos mais pra 30 que pra 20. Mas, me sinto uma mulher muito mais especial que antes, mais segura sabe? Acho que é verdade o que dizem da mulher atingir o ápice da beleza física e da segurança emocional aos 30, e teremos isso daqui a 4 anos.

– Impressão minha ou essa mulher segura e mais bonita tem um bofe?

– Sam, estou namorando um professor de Havard. Estou muito feliz, o nome dele é Alexei, é um pouco mais velho e me trata como uma princesa. Eu queria que você e a mamãe conhecessem e a Mabel também, claro, só não tenho muita certeza ainda como ela vai reagir.

– Mabel não é do tipo ciumenta, ela aceita a Carly com o Gibby numa boa, até se dão muito bem.

– Melhor assim. Acredita que ele me fez uma surpresa já de manhã? Mandou entregar uma cesta de café da manhã junto com um buquê de rosas vermelhas e um cartão com uma poesia, não é a toa que ele é professor de literatura estrangeira. E o Freddie, o que fez?

– Melanie, tenho que desligar. Meus filhos acordaram e já estão me chamando.

– Ah claro. Vai lá. Mais uma vez parabéns maninha. Uma pena que não possámos passar nossa aniversário juntas, mais uma vez.

– Pena mesmo. Tchau Mel.

Isabelle, parada ao lado de Sam, perguntou:

– Quem estava te chamando mamãe?

– Que susto Belinha!

– Desculpe, eu estava esperando você desligar para te dar parabéns! - disse Isabelle abraçando a mãe pela cintura.

– Obrigada querida – pegando-a no colo para que a menina pudesse lhe dar um beijo na bochecha.

– Eu te amo mamãe, até fiz um cartão, olha – entregando um papel com um coração desenhado e as palavras, dentro dele: “Feliz Aniversário mamãe linda! Eu te amo pra sempre!”, ao lado duas loiras desenhadas de mãos dadas.

– Essa mais alta sou eu Belinha? - perguntou Sam, apontando o desenho.

– Sim, e a pequena sou eu.

– Eu sou gorda desse jeito?

– Não sei desenhar muito bem.

– Tô vendo.

– Você não gostou?

– Eu adorei querida, obrigada. Eu também te amo pra sempre – beijando a face da pequena.

– Eu ainda não tenho dinheiro para te dar um presente, mas quando eu for grande e tiver um trabalho e ganhar muito dinheiro prometo que vou te dar o melhor presente do mundo, porque você é a melhor mãe do mundo, mesmo chata e brava às vezes.

– O maior presente que eu posso ganhar é te ver grande, linda, feliz e com um trabalho que te dê um futuro.

Eddie e Nick entraram na cozinha correndo:

– Surpresa! - falaram os dois ao mesmo tempo.

– E? - perguntou Sam.

– O que vem depois pirralhos? - indagou Isabelle, enquanto Sam a colocava no chão.

Eddie e Nick mostraram pedras amarradas num barbante, um se assemelhava a um colar e o outro a uma pulseira.

– Fizemos joias para a mamãe ficar ainda mais bonita – falou Eddie, entregando o “colar”, seguido por Nick que entregou a “pulseira”.

– Nossa! Que joias lindas! São as mais bonitas que já ganhei – mentiu Sam, colocando as “joias” - São pesadas! Adorei!

Os meninos ficaram felizes e encheram a mãe de beijos.

– Parabéns mamãe! - falaram os dois.

A campainha tocou e Sam foi abrir, eram Carly, Gibby, Cris e Mabel.

– Parabéns amiga! - falou Carly, abraçando Sam – Tudo de bom, porque você merece loira!

– Valeu morena.

– Parabéns Sam! - cumprimentou Gibby, com um abraço.

As crianças entregaram um presente, também desejando parabéns.

– É o presente da família – informou Carly.

– Quanto pão-durismo heim?! – reclamou Sam – Nem para darem presentes individuais.

– Agora que reparei no seu colar e na sua pulseira. Nova moda em Paris? - perguntou Carly, rindo.

– Moda criada pelos meus dois designers de joias, os pequenos Bensons – contou Sam, apontando para Eddie e Nick e rindo.

– Que lindo! Acho que vou querer essas joias tão exclusivas meninos – disse Carly aos pequenos.

– Aceitamos encomendas – falou Eddie.

– E cobramos caro – completou Nick.

– Nossa! Então vai ficar pra próxima – disse Carly, rindo.

Sam abriu a caixa e encontrou vestido de festa prateado, sapatos de salto alto pretos e uma bolsa preta de festa.

– Look completo para um baile. Te conheço, o que está planejando Carls?

– Eu não estou planejando nada, mas soube que um certo nerd que é completamente apaixonado por você está.

– Sério? Ele não teve nem consideração de me dar parabéns antes de sair.

– Ele anda cheio de compromissos, como eu também. Comecei a pós-gradução, se não fosse o Gibby pra cuidar das crianças não sei como eu faria.

– É um prazer, faço qualquer coisa por você minha linda – disse Gibby, dando um beijinho na morena.

O celular tocou, Sam foi atender na esperança de que fosse Freddie, mas era Cat.

– Parabéns Sam Puckell! - disse a ruiva do outro lado da linha, soprando um apito que quase ensurdeceu Sam – Agora vamos cantar parabéns pra você. Eu, Robbie, Nona, Valentina, Dice e Goomer.

A loira começou a ouvir a cantoria.

– Valeu Cat, agradeça a todos por mim.

– Pode agradecer, tá no viva-voz.

– Valeu galera. Adoro vocês.

– Adoramos você Sam! - gritaram todos.

– Se você estivesse aqui iríamos fazer um almoço especial Sam – falou Cat.

– Pois é, uma pena. Em vez de ganhar um almoço, vou passar o almoço cozinhando – disse Sam, rindo.

Assim que Cat desligou a campainha tocou, Sam, mais uma vez esperançosa de ver Freddie, foi abrir. Era Pam.

– Oi mãe.

– Olá Samantha. Cadê a Mabel?

– Aqui vovó – disse a menina levantando-se do sofá e caminhando até a avó com uma mochila nas costas.

– Não esqueceu nada né?

– Não, minha boadrasta arrumou tudo.

Carly sorriu ao ouvir o jeito como Mabel lhe chamou.

– Então é isso? Só veio pegar a Mabel? - perguntou Sam à mãe, indignada.

– Claro que não! Também vim abraçar minha primogênita – disse Pam, abraçando a filha – Feliz aniversário, minha rolinha – beijando-a na face – Bem que poderia ir conosco para Cambridge. Mel tem uma casa nova e um bofe novo.

– Eu já soube, ela me contou, tá empolgada. Eu bem que gostaria de ir, mas o Freddie não pode e eu também tenho o restaurante.

– Uma pena. Eu já estava me esquecendo do seu presente – entregando uma caixa à Sam.

Sam abriu e se frustrou:

– Uma frigideira?

– Qual é? Pode ser útil no seu restaurante. Agora vamos Mabel, nosso vôo sai em uma hora. Sua mãe deve estar ansiosa nos esperando, não podemos perder esse avião.

Mabel despediu-se de Gibby e Carly com um beijo no rosto e acompanhou a avó.

Na hora do almoço, nem sinal de Freddie. Gibby pediu que Sam parasse de cozinhar e fosse para o salão, onde seria servida como sua convidada. Lá, Carly, Cris, Isabelle, Eddie, Nick, Spencer, Audrey, Charles e até Marissa esperarvam por ela, cantando parabéns assim que ela apareceu, fazendo-a apagar uma vela de 26 anos em cima de uma torta da loja do falecido Sr. Galini.

Charles entregou seu presente à Sam, que elogiou:

– Nossa! Que pulseira bonita! Obrigada pai.

– É uma pulseira de pingentes e já tem quatro pingentes, representando cada aniversário seu que passamos juntos. A cada ano eu lhe darei mais um. Os que ficaram para trás não posso recompensar, mas prometo que estarei em todos aqueles que vêm pela frente até quando Deus quiser – explicou Charles.

Sam o abraçou.

Marissa questionou:

– Onde está meu Freddie, Samantha?

– Também gostaria de saber – respondeu Sam.

Mais tarde, Sam arrumava-se em frente ao espelho com os presentes de Carly e Gibby, havia terminado de escovar os cabelos.

– Uau! Tá bonitona mamãe! Eu quero ser linda que nem você quando eu crescer – elogiou Isabelle, entrando no quarto.

– Você já é muito mais bonita que eu.

– Aonde vai?

– Eu também gostaria de saber. Sua madrinha garante que seu pai vai aparecer daqui a pouco e me fazer uma surpresa. Assim espero. Já que ele não se dignou a me ligar para me dar parabéns hoje.

A campainha tocou e Isabelle falou, empolgada:

– Deve ser o papai! Ele vai adorar quando te ver assim tão linda! Eu vou lá abrir.

Sam foi para a sala e viu Gibby e Carly entrarem em trajes de baile. A morena trazia Cris, de pijama pela mão.

– Nossa amiga! Arrasou! Loira poderosa! Freddie vai ficar babando! - elogiou Carly.

– Você também tá um arraso morena! - elogiou Sam, olhando para o vestido rosa pink tomara que caia.

– E eu? - perguntou Gibby, de smoking.

– Preciso mesmo responder? - indagou Sam.

– Está lindo mozão – elogiou Carly, beijando-o.

– Realmente, o amor é cego. Você é a prova viva disso Carly.

– Para Sam – pediu Carly – Spencer já deve estar chegando, ele vai ficar com as crianças essa noite.

– Que bom. Estava pensando mesmo no que faríamos com elas. As opções eram amarrar no pé da cama ou no pé da mesa enquanto saíamos.

Os três adultos continuavam conversando, enquanto Isabelle, Cris, Eddie e Nick estavam entretidos com um quebra-cabeça em cima da mesa de centro. Spencer chegou e se juntou aos pequenos.

As horas foram passando e as crianças adormecendo no tapete. Spencer levava um a um para os quartos.

– Chega! Ele não vem! - falou Sam, contendo as lágrimas.

– É claro que ele vem. Sam, Freddie jamais esqueceria o seu aniversário – observou Carly.

– Carly, melhor ser realista. Ele se esqueceu do meu aniversário. Está cansado, cheio de coisas na cabeça. O fato dele estar comigo nos meus últimos 16 aniversários não foi o suficiente para fixar a data na cabeça dele.

– Puxa Sam, você tá ficando velha – disse Gibby.

– Valeu Gibby – falou Sam, indignada, levantando-se do sofá.

– Espera amiga, eu vou ligar pra ele. Freddie preparou algo, eu mesma ajudei – contou Carly.

– Não importa mais. É meia-noite – olhando para o visor do celular – Não é mais o meu aniversário – observou Sam, caminhando para o seu quarto.