Seddie, a história continua escrita por Nany Nogueira


Capítulo 112
Incentivando o sonho nerd




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Sam acordou com o movimento de Freddie no quarto:

– Que horas são amor? - perguntou ela, sonolenta.

– 7h – respondeu ele, enquanto arrumava o topete impecável em frente ao espelho – Viu a minha jaqueta preta?

– Deve estar jogada na sala, onde você deixou ontem. Aonde vai tão cedo num domingo?

– Eu te falei, hoje é dia de balanço na Pera Store.

– Eu pensei que tava zoando quanto a trabalhar no domingo, até Deus descansou no sétimo dia.

– Pensei que não fosse muito religiosa.

– Eu sou religiosa naquilo que me convém, não trabalho no domingo, é pecado.

– Sei. Vou nessa, se não me atraso.

– Pelo menos vão te pagar por isso?

– Claro, hora extra. Tchau, amor – disse Freddie, indo até Sam, dando-a um selinho e saindo.

Mais tarde no almoço, Isabelle estava empolgada:

– Hoje é a primeira vez que a Alison vem a minha casa, então tem que ser tudo perfeito, por favor, finja que é uma mãe normal.

– Mais respeito com a sua mãe, não sou maluca. Não concordam garotos? - perguntou a loira para os gêmeos.

– Boo Boo está me chamando lá no quarto. Já vou! - falou Eddie, saindo da mesa.

– Esqueci o meu cocar no quarto – disse Nick, correndo atrás do irmão.

No início da tarde a campainha tocou e a loirinha foi abrir a porta, seguida por Sam.

– Oi Alison! Que bom que você veio – falou Isabelle.

– Vim sim, mas no próximo final de semana você vai conhecer minha casa, lembra do nosso acordo – disse Alison.

– Primeiro tem que ver se a mãe dela deixa – advertiu Claire, mãe de Alison, olhando para Sam.

Sam se apresentou:

– Prazer, meu nome é Sam, mãe da tampinha – apontando para Isabelle.

– Prazer, meu nome é Claire, mãe da Alison.

– Sua filha realmente é muito bonita – elogiou Sam.

– Obrigada, sua filha também é uma graça. Nossa, você é uma mãe muito jovem!

– Mãe na adolescência, sabe como é, acidentes acontecem...

– Entendo. Alison foi muito planejada. Eu e meu marido somos médicos, nos conhecemos num projeto humanitário da África. Nós nos casamos quando ele estava terminando o mestrado e o próximo passo seria o Doutorado, então esperamos um pouco para ter o nosso bebê, queríamos ter tempo e dinheiro para dar o melhor a um filho. E você e seu marido, o que fazem?

– Eu e meu marido nos conhecemos durante uma viagem espacial a marte, ele é astronauta e não está aqui agora porque está num ônibus espacial rumo a Júpiter. E eu sou filha do Bill Gates, então nem trabalho. Pra quê né? Vou ganhar uma fortuna de herança, só esperar o velho morrer.

– Mamãe! - repreendeu Isabelle, constrangida.

Sam começou a rir e Claire riu também, sem graça.

– Eu passo pra pegar a Alison final da tarde – foi tudo o que Claire conseguiu dizer, saindo apressada.

Isabelle levou Alison para o seu quarto.

– Você tem Barbie? - perguntou a morena.

– Tenho, mas não gosto muito de brincar com elas, sou meio impaciente. Canso só de montar a casinha. Que tal um jogo?

– Pode ser.

Isabelle colocou uma cadeira e pegou um jogo de cima do armário.

– Gosta de jogar “Detetive”?

– Mais ou menos, eu ainda preferia brincar de Barbie.

– O Cris adora jogar “Detetive” comigo, a gente sempre joga no final de semana, ou jogava, acho que isso não vai mais acontecer.

– Você e o Cris ainda estão sem se falar?

– Sim.

– Por que não conversa com ele, pede desculpa, diz que não imaginava que fosse pegar mal pra ele o fato de você defendê-lo?

– Eu não fiz nada pra ter que pedir desculpa. Quero só ver até quando ele aguenta me ignorar.

– Mas ele é seu melhor amigo e sei que você sente falta dele.

– Cris não é mais meu melhor amigo, agora você é.

Sam estava assistindo televisão, comendo um balde de frango frito, enquanto os gêmeos, sentados no tapete, tentavam montar um lego, quando viu Cris passar rapidamente.

– Falou com a Belinha? - perguntou ela, sem resposta, ouvindo apenas o menino sair batendo a porta.

No final da tarde, Vicent, pai de Alison foi buscar a filha.

– Ah, então o senhor é o pai da amiguinha da minha filha. Se não falasse eu ia até pensar que era o avô – comentou Sam.

– Alison é filha do meu segundo casamento. Já tenho filhos adultos do primeiro – explicou o senhor, sem graça.

– Alison! Seu pai! - gritou Sam, fazendo o homem tampar os ouvidos.

As duas meninas vieram correndo do quarto.

– No próximo final de semana a Belinha pode ir brincar na minha casa né tia? - perguntou Alison.

– Por acaso sou irmã da sua mãe ou do seu pai?

– Não.

– Então, não sou sua tia. Pode me chamar de Sam. Se ela não aprontar nada durante a semana, ela vai sim.

Alison se despediu de Isabelle com um abraço e deu a mão para o pai. Ambos seguiram para o elevador e Sam fechou a porta.

– Precisava ser tão grossa mamãe?

– Eu só sou tia da Mabel.

– E precisava inventar aquela história boboca de que o papai é astronauta e que você é filha sei lá de quem?

– A culpa não é minha se a mãe da sua amiguinha tem nariz empinado. Tava toda se achando pra cima de mim. Olha, eu sou a Claire, eu sou médica, meu marido é médico, trabalhamos em causas humanitárias na África – disse Sam, tentando imitar a voz da mulher.

– Isso não tem graça.

– Eu achei muito engraçado. Ela tá se achando porque é casada com um velho caindo aos pedaços, nesse quesito eu tô bem melhor que ela, porque seu pai é um gato.

A chave virou na porta e Freddie entrou.

– Olha, meu nerd não morre tão cedo – disse Sam, indo até ele e o beijando, enquanto o envolvia num abraço.

– Quanta saudade, amor – observou Freddie, contente.

– Como não sentir saudade do meu gatinho?

– Também senti saudade da minha gatinha? - beijando-a.

– Eca, não vão começar com isso. Tem crianças na sala.

– Você já tomou banho Belinha? - perguntou Sam.

– Não.

– Então vai, porque já vai sair o jantar, o empadão tá no forno.

Isabelle obedeceu, indo para o quarto.

– Oba! Adoro seu empadão, na verdade, eu adoro tudo o que você faz – elogiou Freddie, acariciando o rosto dela e a beijando.

– Você tá cansado né amor? - perguntou a loira.

– Nem me fale – disse Freddie, indo se sentar no sofá. Nessa semana foi trabalho de segunda a segunda.

– Papai, ajuda a gente a montar o lego, não conseguimos sem você – disse Eddie, puxando Freddie pela mão.

– Papai, faz cavalinho. Quero brincar de cowboy – pediu Nick, tentando subir nas costas do pai.

– Parem meninos, o papai está cansado. Vão indo pro quarto, que eu já vou dar banho em vocês – determinou Sam, sendo obedecida pelos garotos.

Sam sentou-se no sofá ao lado de Freddie:

– Será que vale a pena tudo isso, meu amor?

– Tudo isso o quê?

– Eu te vejo dar tudo de si na Pera Store e pra quê? Você vai sair disso? Pode ser algo além de gerente?

– Eu posso ser o gerente dos gerentes, como a Natalie.

– Isso é muito pouco pra você. Amor, você era o garoto mais genial da Ridgeway. O ICarly fez todo aquele sucesso por causa da sua edição dos curtas, dos seus efeitos especiais, da sua tela verde, do meu controle com sons programados por você. O web show seria coisa de amador se não fosse por você. E se lembra quando inventou aquele efeito 3D, que, a princípio parecia um fracasso, mas que depois acabou sendo a cura pra aquela doença de vista esquisita que a filha do terapeuta da sua mãe tinha?

– Claro que eu me lembro. Mas, aonde quer chegar com essa conversa, amor?

– A Pera Store é muito pouco pra você! É um desperdício de todo o seu potencial. Você é nerd! E dos melhores! Poderia estar tão bem sucedido quanto Bill Gates se pudesse ter estudado, se tivesse terminado seu curso de nerd e tivesse conseguido um bom emprego de nerd, com uma carreira de verdade, numa empresa que te desse oportunidade de crescer, então você poderia juntar dinheiro e ter sua própria empresa nerd e ganhar dinheiro a rodo. Só que a gente esqueceu a camisinha naquela noite em Los Angeles e a Belinha veio antes da hora, e você teve que enterrar seu futuro nerd.

– Eu já te falei várias vezes que não me arrependo disso um só minuto do meu dia. Eu sou muito feliz pela nossa família. Eu te amo e amo os nossos filhos. Você ter engravidado da Belinha foi a melhor coisa que poderia me acontecer.

– Eu sei que pensa assim. Mas eu acho que já passou da hora de você ir atrás do que você merece.

– Como assim?

– Freddie, meu restaurante está dando bons lucros, você sabe disso. Posso dar conta da maior parte das despesas da casa. Volte para a sua faculdade de engenharia da computação. Sei que sonha com isso e eu te dou todo o meu apoio.

– Sam, nós tínhamos combinado que o excedente iria para a poupança, para a faculdade das crianças. Quero que nossos filhos possam estudar em Havard se eles quiserem.

– E eles vão. Tenho certeza de quando você se formar terá muito sucesso, você é muito capaz e vai sobrar dinheiro para os estudos das crianças. Pensa que é um investimento em você que será revertido para os nossos filhos no futuro.

– Nossa! Você confia tanto assim em mim?

– Te conheço há muito tempo nerd, sei do que estou falando.

Nick apareceu na sala pelado:

– Mamãe, não vai nos dar banho?

– Quantas vezes eu já falei que não pode ficar andando pela casa pelado Nicolas?! - perguntou Sam, levantando-se do sofá para levar o filho de volta para o quarto.

Mais tarde, Sam colocava Isabelle para dormir:

– Tem que dormir mais cedo bonequinha, porque agora estuda de manhã, se não fica com sono o dia todo e nem presta atenção na aula – enquanto arrumava as cobertas em volta dela, colocando em baixo de suas pernas e braços para que a menina não se descobrisse durante a noite.

– Isso é verdade, tenho vontade de dormir quando a professora começa a falar e eu nem sento mais perto do Cris, porque antes ele me cutucava quando eu começava a fechar os olhos.

– Ainda está brigada com o Cris? Pensei que já tinham feito as pazes, porque ele veio aqui hoje a tarde te procurar.

– Veio? Mas ele nem falou comigo.

– Você estava no quarto com a Alison e ele foi até lá.

– Droga! Será que ele ouviu? Eu disse que Alison era minha melhor amiga agora e que ele não era mais meu melhor amigo.

– E isso é verdade?

– Não! Eu falei porque estava com raiva, não gosto dele me ignorando desse jeito. Preciso falar com o Cris e explicar isso, se não ele vai me odiar pra sempre – disse Isabelle, tentando se levantar.

– Não senhorita! Tem que dormir, você vai vê-lo na escola amanhã e vai poder falar com ele – determinou Sam, voltando a envolver a filha nas cobertas.

Na sala, Freddie ainda tentava acalmar os gêmeos que estavam sem nenhum sinal de sono e jogavam uma bola de tecido, acertando Freddie várias vezes. O pai pegou a bola, dizendo que não devolveria e que estava na hora de dormir, mas os meninos tentavam recuperá-la “escalando” o pai.

– Joga, Freddinardo! - pediu Sam.

Freddie atirou a bola pra ela e os meninos foram atrás. A loira os conduziu até o quarto, onde conseguiu colocá-los na cama.

Freddie já estava deitado quando ela entrou na suíte do casal, dizendo:

– Sabe amor, pensei sobre o que você me disse, da faculdade, talvez tenha razão...

– A mamãe sempre tem razão. Agora é melhor a gente dormir, temos que acordar cedo amanhã, principalmente você que tem que ir academia antes de ir trabalhar, que mania!

– Você reclama da minha “mania”, mas bem que gosta do resutado...

– Eu adoro. Boa noite – dando um beijo nos lábios dele e se deitando sobre o seu peito.

O casal logo pegou no sono. Do quarto ao lado, uma pequena loira, usando um roupão por cima de seu pijama rosa, calçando pantufas de ursinho e com uma lanterna nas mãos, saia do apartamento sem fazer barulho.


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Notas finais do capítulo

Alison: http://www.diegomaximino.com/wp-content/uploads/2013/07/criancas-olhos-azuis_diegomaximino.com-7.jpg