Entre armas e rosas escrita por RoseGun


Capítulo 14
Mike




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O jovem soldado apareceu atrás de mim, colocando uma das mãos em meus ombros:

–O senhor está bem? Aconteceu algo?

Balanço a cabeça em negativa e seco meus olhos que ainda escorrem lágrimas. O jovem soldado faz um movimento com a cabeça para segui-lo.

Ele me conduziu pelos campos de treinamento até eu ver, não muito longe, um grupo de jovens homens, e algumas mulheres, esperando ansiosos por minha chegada:

– Seus equipamentos já estão todos alinhados senhor. Suas armas principais e munições estão separadas e a lista de novatos já foi selecionada. Todos os novatos estão presentes e o senhor Robert também... - Parou por um instante e quando olhei, sua face tinha adquirido uma coloração branca e seus olhos tinham se arregalado. - Oh céus. - Antes de terminar a frase anterior saiu em disparada em direção ao grupo de pessoas. Fiz meu olhar seguir seu trajeto e imediatamente entendi com o que tinha se espantado.

Em frente ao grupo de novatos estava Robert segurando desajeitadamente uma Carabina M1. Não entendi porque tanto alvoroço. Robin tinha usado aquela arma por toda a Guerra. Não sabia o que ele fazia pelo exército enquanto estava fora, mas esperava que ainda soubesse manusear uma arma. No entanto, pelo jeito que segurava a arma, era muito provável que acabasse atirando em alguém por acidente até o final do dia.

O menino correu em direção a Robin e tentou auxilia-lo com a arma. Robin estava tentando colocar a munição na arma, porem não tinha visto que a trava estava ativada, e que era isso que o impedia de puxar o gatilho para recarregar. O soldado estendeu o braço sobre a arma e destravou a trava bem no momento em que Robert puxou o gatilho, fazendo com que uma bala zunisse por cima da cabeça do menino, fazendo seu boné militar aterrissar com um buraco de bala no chão. Robin olhou perplexo para a arma e voltou seu olhar irritado para o soldado:

– Mas o que é isso?! Esta arma está quebrada! Anda disparando descontroladamente! Quem vocês pensam que são me entregando uma arma dessas, explodindo como um dançarino em um campo minado?!

– Eu... É...

– Trate de me trazer uma arma decente! E rápido, se não meu próximo tiro será muito mais desastroso que um chapéu esburacado no chão!

–Si... Sim senhor!

O menino fez uma breve continência e se retirou correndo, passando por mim como se eu não existisse. Tenho que admitir, é a primeira vez que vi alguém com algum medo de Robert. Mas acho que estar ameaçando sua cabeça com uma arma causa esse efeito. Continuei dirigindo-me sozinho até o lado de Robin:

– Parece que as coisas mudaram um pouco por aqui não é, Robin?

– Ah, acho que nem tanto. Continua o mesmo de sempre, homens grandes e parrudos nos mandando o que fazer e novatos magrelos e pequenos não sabendo para onde ir e se confundindo com tudo.

Não consegui evitar uma leve risada sarcástica:

– Sei... “novatos”.

A maioria dos homens que estavam ali eram maioria tenente, já tinham experiência com exército e com armas:

– Então essa é a lista do nosso esquadrão, não?- Disse apontando para a lista que estava em um balcão ao seu lado.

– Sim. – Ele pegou a folha a me mostrou uma tabela cheia de nomes- Eles não te entregaram uma lista também?

– Não. - Estendi o braço e peguei a folha da mão de Robert. Comecei a lê-la atentamente enquanto passava o olhar pelas pessoas numa tentativa inútil em descobrir quem era quem.

Delta force-grupo B2:

1. Juniper Karl (f)

2. Peter Frank (m)

3. Luce Johansson (f)

4. Tim Howard (m)

5. Jonathan Walker (m)

6. Suze Collins (f)

7. Bruce Falks (m)

8. Misha Collins (m)

9. Alexander Campbell (m)

10. Jake Carter (m)

Olhei para a lista e não consegui pensar quantos deles estariam mortos na nossa primeira missão.

Andei até onde a fila se encontrava, estava na hora de ser bruto com eles, como foram comigo:

–Senhores...

A maioria deles bateu uma continência, então continuei meu discurso:

– Olhem para o soldado ao seu lado, provavelmente ele irá morrer, a não ser que vocês o salvem. Eu levei um tiro por meu amigo de guerra -olho para Robin com orgulho- Eu espero que fação o mesmo.

“Vocês não são mais garotos então erros não serão perdoáveis, pois erros custam vidas. Todos os batalhões aqui não irão sofrer a metade do que vocês irão. Eu não perdoarei nada, se quiserem desistir e mudar de batalhão essa é a hora.”

Cruzo os braços esperando que os fracos desistam, três pessoas dão um passo à frente:

–Nomes, em voz alta, para todos saberem que são as pessoas que não horam seus juramentos de lealdade.

Um por um, gritam o seus nomes:

– Luce Johansson, senhor.

– Tim Howard, senhor.

– Bruce Falks, senhor.

Nomes que provavelmente ninguém mais ouvirá, nomes de desertores, nomes de homens que não horam seu país. Eles saem da minha frente e então começo a olhar as pessoas que sobraram, até que chego a um garoto. Ele tem os olhos de Kate, olhos que eu nunca esqueci:

–Qual o seu nome?

–Jonathan Walker, senhor. Mas pode me chamar de Jon.

O sobrenome é familiar... Kate não me sai da cabeça, pode ser insanidade minha, mas ele tem os olhos dela. Meu corpo sentiu frio e calor em instantes, pareci que ia desmaiar, Minha mente estava gritando esta ideia impossível. Gaguejando consigo pronunciar algumas palavras:

–E sua mãe?

Ele abaixa a cabeça como se não quisesse falar sobre isso:

–Ela morreu senhor.

Robin toca em meu ombro, me puxando para trás. Ele dispensa os soldados para os dormitórios. Encosto-me ao balcão, minha cabeça dói e sinto que vou vomitar. Robin se aproxima de mim, estou olhando para cima quando ele sussurra como se fosse um segredo. Ele sabia de Kate e de toda a história e parecia que sabia até o que eu estava pensando:

–Olha, Walker é um nome muito comum.

Kate Walker, este era o nome dela. Walker, essa palavra está gritando na minha cabeça tão alto que não consigo pensar:

–Ele é a cara dela.

Respondo a Robin, com frieza:

–Mike, foi um dia longo. Você está pensando demais.

–Agora você está falando como a Callie.

Nós rimos um pouco para quebrar o clima estranho que ficara no ar:

–Acha que ele é seu?

Passo a mão no meu cabelo, não sei o que é pior, saber que ela realmente morreu ou que ela teve um filho de outro. Lembro-me da mensagem de Kate para o Sr.Erik, lá não dizia se o filho era meu:

–Eu não sei...

Saio de lá deixando Robin sozinho e sigo para o escritório do capitão. Minha visão está muito embasada, mas ainda me lembro do caminho. Chego à sala e sento em frente à secretaria, que me da um belo sorriso ao me ver. Uso todo o meu charme para que ela me faça um favor. Ela sorri por algum tempo e suas bochechas coram, ela diz que não pode fazer isso e que se alguém descobrir ela pode ser demitida.

–Escuta, eu não deixaria ninguém te demitir. Juro. Você não confia em mim?

Inclino meu corpo para frente e uso meus olhos azuis ao meu favor. Ela coloca a mão na boca e balança a cabeça em afirmativa. Depois de um tempo pesquisando ela entrega-me um papel, a ficha de Jonathan. Eu a pego já me levantando, agradeço-a com um beijo na bochecha e saio.

Meus olhos correm para ver se ele é quem eu penso que é. Vejo o nome de Kate estampado no papel. Minha Kate tem um filho, como ela pode me trair? Eu voltaria, por ela, por nós. O meu coração queima em ódio só de imagina-la com outro, dizendo o que ela me dizia e falando eu te amo para outro. Até que o nome do pai de Jon fica em evidência. Eu. Mike Sniper. Ele é meu filho. Meu e da Kate.


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