Do you feel me escrita por AnneWitter


Capítulo 2
Sinto...


Notas iniciais do capítulo

- Cap não betado
— Espero que estejam gostando e que comentem!



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Nevou a noite toda e ela sabia que era arriscado sair desse modo somente para conhecer o novo local, a nova cidade. Entretanto passara dois dias tediosos dentro da choupana a arrumar tudo que trouxera da cidade grande, local que sempre se sentiu sufocada e estranhamente deslocada.

Agora ela tinha que sentir os novos ares, aprofundar-se nele. Na verdade sentia como se isso lhe fosse necessário, deixar a história que iniciara na noite anterior e conhecer o novo local, como se algo lhe chamasse para isso.

Agasalhou-se com um grosso casaco sobre o vestido de seda com renda na cor salmão; Optara também em colocar uma calça por baixo e calçar uma bota grossa. E ainda que estivesse desse modo, o frio não lhe foi amigável, a cada passo que dava o vento gélido lhe brindava com uma cruel carícia.

Tremia ao ponto em bater de dentes, ainda assim continuava, como se todo a sua vida dependesse disso; que seu destino foi traçado para seguir esse momento e nada mais.

Embora a dificuldade, ela seguia a estreita estrada que cortava a floresta e serpenteava em uma grande distancia até a cidadezinha que somente visualizou pelo vidro do carro que a conduziu até o seu novo lar.

Entretanto, apesar de seguir esse caminho, não era exatamente para lá que gostaria de ir. Aos poucos, seus passos que seguiam apressadamente aquela direção, diminuía e não era devido ao frio, era além disso. Havia algo lhe chamando, alguma coisa dentro da floresta... Parou e mirou os dois lados da estrada, árvores frondosas erguiam-se imponente para o céu azul riscado ocasionalmente por nuvens brancas. Porém lhe foi possível enxergar entre algumas, do lado direito, uma caminho de terra. Sem pensar duas vezes ela seguiu para lá.

O vento sem lhe dar tréguas assoprava seus cabelos loiros e vestido, os forçando a uma dança desprovida de harmonia e conduzidas a música do farfalhar das folhas das árvores que a observava com cuidado.

Ela mirava o caminho com cautela, sentia que estava seguia para lado certo, mas não entendia o que seria esse certo e o porque precisava ir para aquele local. Apesar de sentir receosa, nunca vivenciou um momento tão mágico.

Em toda a sua vida, enquanto morava tão longe daquele lugar, ela sempre se sentiu atraída por aquela região, quando falavam dela, ou mostrava algo na TV ou mesmo quando pesquisava na internet, aquele local lhe parecia o paraíso, como se só ali conseguiria ser feliz.

E esse sentimento se multiplicara agora que andava por aquele caminho. 'Logo ali está a sua felicidade, Lucy' O vento e o farfalhar das árvores lhe diziam. 'Siga o caminho, Lucy' reforçava aquela sensação que eternamente existiu em sua alma.

A neve não lhe impediria. Na verdade nem parecia que essa tentava, cada passo que Lucy dava era de uma facilidade sem igual, como também o vento que lhe acariciava, embora continuava constante, era quase como uma brisa morna de verão.

Tudo lhe favorecia.

•••

Não sabia o tempo que levou para chegar aquele ponto, somente sabia que foi tempo suficiente para lhe deixar exausta. Nem o frio lhe parecia tão cruel, quanto a dor na perna por causa da caminhada que realizara.

Entretanto tinha valido a pena, o casarão diante de si lhe presenteava numa elegante arquitetura com um jardim estilo 'mundo das fantasias'. Com esculturas em plantas, flores multicoloridas, borboletas de diversas cores a embelezar poeticamente o local e pássaros a compor as melodias. Tudo estava num completo verde e cores, como se o inverno rigoroso não chegara ali. Na verdade, percebia agora, a neve terminava exatamente onde começava o jardim. E o mais incrível e estranho, ao mesmo tempo, era que tudo aquilo não tinha qualquer muro para proteger, jardim e casarão estavam entregue a curiosidades alheias.

A curiosidade de uma famosa escritora.

Lucy cautelosamente, a espreita do dono ou dona do casarão aparecer; seguiu para perto de uma das esculturas, que era de um homem, as plantas de cores diferentes, e flores na composição da escultura, dava-lhe ares de perfeição. As roupas, pele, chapéu... Olhar, ganhava outras dimensões, diferente das demais esculturas que eram, em sua maioria, feitas somente de uma única planta.

Esticou a mão na direção da escultura, os olhos, percebeu, eram feito de outro material, como os usados para bonecos. Antes que conseguisse tocar ouviu algo vindo de dentro da casa, o que a fez se afastar assustada.

Olhou em direção a mesma, a porta de madeira branca lhe pareceu convidá-la a entrar. Passou rente a escultura do homem e seguiu por entre outras para chegar a porta de duas folhas, sem saber o que esperar. Ela tocou a maçaneta e devagar a girou; um clique lhe indicou que a porta estava aberta.

Sentiu uma ansiedade dentro de si e receio, por isso que prudentemente ela enviou a cabeça para dentro do casarão, o hall de entrada estava entregue a uma escuridão, afastado somente a uma pequena distancia devido a iluminação que invadia pela porta.

–Oi, meu nome é Lucy. - disse ao nada.

Sua voz ecoou pelo amplo local, lhe trazendo como resposta seu próprio nome.

Respirou fundo e então adentrou.

–Sou nova na cidade, moro numa choupana próxima a estrada. - disse, enquanto escancarava a porta, com a finalidade de banhar o local com a luz de fora.

Não houve resposta, somente o eco.

–Ok, já que não se importa, entrarei. - o eco novamente.

Olhou para os dois lados do hall de entrada, quais haviam em cada um corredor, não sabia por qual começar; como uma brincadeira do tempo de criança ela fez 'uni duni tê' e por fim elegeu o lado esquerdo.

–Desculpa-me entrar desse modo. - disse mais uma vez.

A falta de resposta lhe encorajava, embora sentisse um frio na bariga por isso.

Não enxergava com perfeição, somente agora que estava dentro do casarão percebia que as janelas estava totalmente trancada por madeiras há muito pregadas ali, e o raio solar adentrava por pequenas frestas.

'Será que é para proteger, já que não há muros?', pensava Lucy diante a esse cenário.

Seguia o corredor sem mais pensar nisso, virou a esquina deste para então enxergar a primeira porta do lugar; essa ficava no fim do novo corredor, muito menor que o anterior, em menos de sete passos Lucy já estava diante da porta.

–Terei sorte com essa também? - sussurrou para si.

Esperançosa levou a mão a maçaneta e a forçou para baixo, não houve clique, ainda sim Lucy e forçou para dentro, nada aconteceu. Frustrou-se com isso, esperava que todo o casarão lhe receberia de portas abertas e lhe deixasse analisar cada cômodo que ali dispunha, entretanto na sua primeira tentativa recebera um não amargo.

Tentou mais uma vez, antes que desse as costas para a porta; e quando o fez finalmente o clique que queria tanto ouvir se fez presente, ecoando pelo corredor.

Abriram a porta.

Virou-se para esta a espera de alguém aparecer e reclamar pela invasão, mas nada foi dito e ninguém surgiu da escuridão que preenchia o lado de dentro. Então ela avançou.

O lugar estava mergulhado no negror frio, embora lhe era visível silhuetas pelo recinto, incluindo de três pessoas e isso devido a uma pequena fresta de uma das madeiras de uma da janelas.

–Oi. - cumprimentou.

As supostas três pessoas não responderam, continuaram paradas em seus lugares. A imagem da escultura de um homem no jardim lhe veio a mente, aqueles que ali estavam poderiam se tratar de uma também e certamente não de plantas.

Para quebrar qualquer dúvida, buscou por algum interruptor, não o encontrou. Seguiu então para uma das janelas que enfileiravam-se na parede oposta a porta. Levou sua mão a uma das madeiras e puxou, achou num primeiro momento que esse movimento poderia ser em vão – embora quisesse tentá-lo – entretanto mostrou-se bastante eficaz quando uma das parte se despregou, então ela seguiu a fazer o movimento até que toda a madeira saísse do lugar, a jogou de lado e fez o mesmo com as demais, quais se mostraram felizes em contribuir. Num tempo bem mais curto que imaginara, ela conseguiu tirar todas as madeiras da janela que escolhera – exatamente ao centro das demais.

O local foi então iluminado, não em sua totalidade, porém lhe dava uma visão melhor a tudo.

Olhou primeiro em direção as três figuras, quais, agora com a claridade, os via sobre um palco cada qual dispostos numa posição. Um ao lado de um piano, qual tinha os cabelos cumpridos. Outro, de chapéu como os demais, estava ao lado de três suportes de microfone, com este sobre cada – microfones antigos. Ao lado dele estava o terceiro, com excêntricos cabelos rosas, qual chamou sua atenção assim que seus olhos encontraram os dele. A vivacidade daquele olhar a inquietou.

Passou entre os supostos móveis, que estavam cobertos por lençóis brancos, e seguiu na direção dele. Parou rente ao palco.

O mirou demoradamente, e cada segundo que passava tinha a plena certeza que ele estava vivo. Para quebrar qualquer sombra de dúvida, ela pegou na mão dele. Uma gelidez percorreu sua pele, ele era gelado e de material firme, mas flexível, percebeu ao apertar um dos dedos e esse dobrar lentamente, como se quissesse segurá-la.

Era tão semelhante a um humano. Fazia se lembrar dos bonecos de cera que viu numa exposição, porém aqueles eram ainda mais identicos a seres vivos.

–Queria que estivesse vivo. - disse-lhe, para então soltar sua mão.

Virou-se para o restante do lugar e embora ainda tinha lá suas dúvidas, ela começava a suspeitar que não havia morador algum naquele casarão; devido a isso começou a tirar os lençóis, a poeira ganhava o ar e ela não parava.

Havia ali, uma mesa de madeira com quatro cadeiras ao redor; um divã branco; um espelho com moldura e apoio de madeira; uma plataforma trepadeira não vazada – qual não leva a lugar algum; e uma mesa redonda com tabuleiro de xadrez sem peças.

Aproximou-se a porta e olhou dali o cenário que se desenhava dentro daquele salão. O lugar amplo de assoalho escuro e paredes cor cinza – devido essas serem de pedra crua – combinava com os poucos móveis que ali possuía e aquele estranho trio sobre o palco, esperando seu público.

–Caso quiserem. - disse ela sorrindo. - Poderei ser o público de vocês.

E seguiu alegremente para o palco, colocou os microfones na frente de cada um, e aquele que lhe encantara, que tinha seu braço elevado na altura certa do microfone, ela colocou o suporte entre seus dedos e delicadamente fechou-os envolta dele.

Os olhou, aquela sensação de estar diante de pessoas vivas e não de bonecos a apoderou. E sorrindo lhes disse:

–Quero que cantem uma música bem bonita.

E assim passou sua tarde, a fantasiar que estava num antigo cabaré, onde aqueles jovens rapazes eram a atração principal do lugar e que um deles era o amor de sua vida...


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