Era frio e escuro.

Não se mexia, não falava, não ouvia... Só enxergava. Mas a precaria iluminação que presenteava-os com a graça de enxergar, ocorria no momento certo do dia, quando o sol banhava a fresta entre as duas madeiras que tampavam a janela velha.

Aquele não era o momento certo. Era noite, e o frio costumeiro do amplo salão esquecido entregue a umidade e degradação, aumentara. Eles não podiam se aquecer e embora a sensação percorria seus corpos, não tremiam. Estavam congelados pelo castigo do não amor.

Mas havia uma esperença para seus pobres corações; o amor entrar no velho casarão e encontrá-los. Na noite destinada. Na única noite do ano que eles ficam completamente vivos.

Eles contavam os dias e noites, mas nunca lhes foi necessario tal coisa, pois quando tal noite se aproximava eles sentiam em seus corações; como agora sentiam.

Faltava menos de dois dias, a vibração enlouquecedora lhes avisava. E como todas as vezes que esse dia se aproximava, eles também conseguiam perceber a barreira que envolvia o casarão se quebrar, um som similar a vidros espativando-se.

Eles teriam mais uma chance, e então quebrar o festiço que um dia lhes foi jogado por não valorizar o mais importante sentimento existente na terra. O amor.

Porém, caso falhassem, voltariam a enfadonha vida de ficarem presos naquele lugar, sem se mexer, falar, ouvir.. So enxergar uma sala entregue ao tempo cruel que corroí tudo e todos, menos eles.