Unlearn escrita por Júlia Conto


Capítulo 13
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– Elija! – Disse Alice, batendo na porta. Seus cabelos azuis estavam presos em duas tranças verticais, e alguns fios rebeldes escapavam dos elásticos coloridos que Ali tinha usado para as prender. Seus olhos claros estavam nublados de preocupação.Ela usava um grande blazer vermelho, com botões pretos, que ia até o joelho. A neve branca e fina caia, manchando o asfalto negro da rua de branco. – Eu venho de Nova Iorque para te ver, e você nem abre essa maldita porta? Vou ter que derrubar?

Um ruído grave foi emitido. A porta, cuidadosamente aberta. Jilliard parou em frente ao batente de madeira escura. A morena usava bobb’s no cabelo, e máscara de pepino no rosto. Sua aparência era engraçada. Mas ninguém estava rindo.

– Belezinha, escuta aqui. Elija está morando em outro lugar. Agora, tchau, você acabou de acordar minha filha, com toda essa gritaria. – Afirmou Jill, claramente irritada.

– Jilliard! – falou a dona dos olhos cintilantes. – Não lembra de mim? Deve ser o cabelo. Quando namorei Elija ele era loiro...

– Ali? Por que está aqui? Seu cabeleireiro é sádico?

– Vim consertar uns erros aí. – foi tudo o que Ali disse, esfregando os pés na fina camada de neve que aos poucos caía no chão. – Sabe onde Elija está?

– Eu o expulsei de casa. – falou a morena, sem rodeios, sem remorso. – Escute meu conselho, belezinha. Desista dele, vocês dois não combinam...

– Eu e o Elija? Ohhhh! Não mesmo, é que... – e Alice foi interrompida, por Jilli. Sua postura era digna de filmes de humor, e sua aparência deixava a situação ainda mais engraçada. Mesmo assim, ninguém ria ainda.

– Você até que é bonitinha. Seu nariz é fino demais e seus olhos brilham demais. Suas sardas são fofas, embora você as tenha demais. A questão é: você chega a parecer até uma boneca, com esses malditos cílios cumpridos... – e Jilliard parou de citar suas qualidades. Ela não agüentava aquela garota tão perfeita. Tudo a irritava nela. – Vários caras devem ser afins de você, faça a fila andar.

– Não mesmo, é só, que...

– Sua personalidade é difícil, mas se você a podar um pouco...

– EU E O ELIJA NUNCA VAMOS FICAR JUNTOS PORQUE EU SOU LÉSBICA!

– Tente na casa ao lado. Só não se humilhe muito. Sabe como os homens são... – falou Jilliard, batendo a porta em sua cara.

A casa ao lado, porém, não tinha ninguém. Ou se tivesse não queria ver-la. O seu café esfriava aos poucos, e ela se perguntava onde Elija poderia estar. Ela estava gelada. E não era por causa do frio. Seu nervosismo era seu maior inimigo. Ali revirava os lugares nas proximidades, apenas com o olhar, e já sentia medo. Medo do que tinha que falar com Elija.

Mesmo assim, ela sabia, que se não falasse, tudo iria ruir aos poucos. Seu medo não era nada comparado as coisas que iriam acontecer se a mesma não encontrasse o loiro rápido. Tudo estaria perdido. E ele, provavelmente, em baixo da terra.

Então, rapidamente, ela se lembrou de uma coisa. Esther era vizinha de Elija. A casa que ela tinha batido só podia pertencer a uma pessoa. Ali se lembrou da carta que escreveu para Esther a uns dias atrás. Ela duvidava que havia chegado, mas mesmo assim, isso acabava a reconfortando. Talvez tudo desse certo, no final.

– Hey! – perguntou uma loira, de olhos azuis radiantes e cabelos claros. Ela empurrava um carrinho, com uma menininha muito parecida com ela dentro. Seus olhos estavam focados em Alice, e por um segundo ela ficou preocupada, mas afastou esse pensamento, abrindo o menor dos sorrisos. – Perdida? – perguntou ela. Alice pode notar um sotaque muito forte, mas nem soube dizer de que.

– Elija, Elija Starck. – falou Ali, esfregando os braços um no outro para se aquecer. Seu café já devia estar frio. E por incrível que pareça, isso era tudo que ela conseguia pensar. Café gelado. – Eu preciso falar com ele.

– Eli? – A loira, perguntou, como se ponderasse se devia ou não contar a localização dele. A dona dos cabelos azuis então, tirou as grossas luvas brancas que usava, G se assustou.A mesma tatuagem de Eli. Só então, ela entendeu as coisas.

– O que está acontecendo por lá? – perguntou ela baixinho, como se estivesse ditando um segredo. Alice balançou a cabeça negativamente, como se dissesse ‘’não posso falar.’’ – O Elija está na minha casa. Pode ir na frente. Fica a uns 4 quilometros daqui. Você não deve se lembrar, mas já esteve lá, Edith. – Alice cobriu a boca com a mão, assustada.

– Como sabe?

– Georgia Feekil Scheneider. A seu dispor. Não nesse momento – Falou G, olhando para a filha dormindo no carrinho. - , mas você entendeu, belezinha.

Seu coração parou por um segundo.

– Não se assuste com meu sobrenome, fofa. Não sou como eles. Meus pais eram. - ela falou, revelando o pulso. Os números também estavam lá. Mas muito mais bem feitos e elaborados do que a tatuagem de Ali, a qual a mesma tinha feito, para ser reconhecida.– Viu só? Duble one VII 1.

Naquele momento, apesar de completamente apavorada, Alice mordeu o lábio inferior. Seus dedos tremiam por causa do frio.

– Tem quantos deles aqui?

– Com você? 4. Na verdade 3. Tivemos um problema. – falou G, como se não fosse nada demais.

– Que tipo de problema? – Ali perguntou, tentando imaginar o que aconteceu. Seus pensamentos rodopiavam, enquanto ela esfregava as unhas sobre a tatuagem, como se assim fosse poder a tirar.

– Perda de memória.


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