Dilema escrita por Mizuhina, Utakata Bad Boy


Capítulo 6
Capítulo V - Honra


Notas iniciais do capítulo

Olá. Aqui é o Utakata. Eu ando bem sumido, não estou escrevendo outras fanfics além de Dilema e The kill. Acho que a Hina já deve ter avisado que as atualizações serão feitas as quintas-feiras, mas ontem nem eu e nem ela pudemos atualizar, então faremos isso hoje. Confesso que esse capítulo foi muito produtivo pra mim. Independente de ter ficado bom ou ruim, acho que essa reflexão sobre o peso da honra e da vida me ensinou muitas coisas.



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Honra(名誉)

“Um verdadeiro samurai só ouve a um juiz de sua honra, e este é ele mesmo. As decisões que toma e o modo como às executa são um reflexo de quem realmente é. ” – As 7 virtudes do Bushido.

Mais do que manter um corpo forte e solido por fora é preciso antes de tudo ter o equilíbrio da mente. Graças a minha falha no dia anterior eu precisava recuperar minha disciplina. Era difícil, extremamente difícil! Mas ainda assim tentei respirar fundo, deixar que o vento frio e gélido guiasse meus movimentos. Apliquei a mim mesmo um castigo que consistia em golpear quinhentas vezes com a espada de madeira, pelo menos fazer isso até minhas mãos não aguentarem.

Com meus sentidos aguçados percebi que estava sendo observado por alguém e aquela sensação era muito incomoda, mas ignorei. Precisava apenas me concentrar e nada além.

Porque ainda sinto essa sensação incomoda? Porque me importo?- Pensei comigo mesmo naquele momento sem obter qualquer tipo de resposta. A verdade é que pensar na luta anterior, além de deixar bastante irado, também me trazia um profundo sentimento de angustia.

A morte não e um brinquedo, nem um problema com a resolução tão simples. O caminho de um samurai é correto e sem hesitação, aprendemos um valor maior do que a vida, mas ainda assim a dor deixada por trás da morte é devastadora. Seguimos em frente com cicatrizes profundas; memórias e experiências acumuladas; que continuam dolorosas. A ideia de que uma vida pode ser roubada tão facilmente com uma lâmina me remetia a águas passadas, além de me fazer odiar a própria natureza da qual fazemos parte.

Uma lembrança de anos atrás veio a minha mente, divaguei por vários momentos tentando organizar os acontecimentos.

[...]

Naquele dia tudo foi muito confuso...

Os anciões do clã nos reuniram em uma sala, eu não sabia ao certo o que estava acontecendo, mas a julgar pela expressão do meu irmão as coisas eram bastante sérias. Me lembro que tinha apenas 13 anos e não esperava uma convocação como aquela.

Meu irmão e eu nos sentamos no chão de frente para nosso pai Fugaku, o patriarca da família. Ele mantinha uma expressão confusa, seus olhos pareciam conter fúria e indignação, mas a voz soava firme como a de um verdadeiro líder deve ser.

– Escutem meus filhos. É chegada a hora de restaurar a honra da família principal e desse modo sacrifícios devem ser feitos. – Escutei atentamente as palavras que saiam pesadas, cada uma delas carregadas de um lamento interior. Como sabem um de vocês deve me suceder no controle da família e essa não é uma escolha muito fácil. Ouçam com atenção e tentem compreender o seu pai.

Meu pai mantinha uma expressão triste, a sentença seguinte foi completamente inesperada. – Sasuke você foi escolhido para tomar meu lugar.

Naquele momento eu não entendi muito bem o quanto aquilo significava e na verdade não queria. Desde pequeno sempre fui obstinado a superar meu irmão, uma vez que o filho mais velho era sempre o mais bem visto da família. Meu irmão era alguém que eu admirava. Alguém a quem, embora houvesse os conflitos, eu seguiria cegamente se assim fosse. Era única verdade que me interessava. Olhei hesitante para Itachi e ele mantinha um olhar indiferente, quase uma incógnita para mim, e me perguntei várias vezes sobre o que deveria sentir a respeito.

Será que Itachi se sentia humilhado? Talvez traído, uma vez que a tradição sempre favorece o primogênito na linha de sucessão. Era mais do que isso. Talvez eu devesse me sentir feliz, mas de alguma forma aquilo me soava como uma brincadeira. Algo pelo qual pagaria um grande preço, meu instinto de Tengu me alertava de maus presságios e eu não estava errado.

– Pai... – Perguntei com a voz baixa, estava muito tenso. – Isso tem relação com a maldição? Você disse que tinha algo haver com a restauração. Se eu assumir o clã ela vai acabar? – As minhas palavras ingênuas de quando era garoto atraíram tanto a atenção de meu pai quanto a de meu irmão que estava incrédulo. Com minha audição aguçava pude ouvir um choro abafado no cômodo do lado, provavelmente era da minha mãe. Uma angustia me tomou e abaixei a cabeça sem saber o que fazer, o olhar duro de meu pai tinha se transformado numa melancolia profunda. Toda aquela série de acontecimentos me levava a uma solução a qual eu negava em todo amago do meu ser.

– Sim meu filho. Foram vários anos tentando descobrir o que os deuses queriam de nós, e finalmente descobrimos. Graças a um incidente isolado sabemos a extensão de nosso castigo. Só Uchihas podem matar Uchihas.

Até certo ponto eu sabia que não podíamos cometer seppuku, nem mesmo morrer em batalha, pensava que a imortalidade era irremediável. Até que dentro do clã surgiu um incidente onde um irmão matou o outro. Olhei incrédulo para o meu pai e ele confirmou minhas suspeitas. – O irmão que matou o outro não se transformou mais em Tengu... Mas isso foi numa ramificação. Os culpados pela tragédia somos nós da casa principal então se resolvermos isso o clã estará salvo. É o que esperamos. E é o que toda a família espera de nós.

Recebi minha sentença. Eu estava condenado a uma incerteza. – Então porque o Itachi tem que morrer? Se é assim então eu me sacrifico. Ele é o filho mais velho com certeza é um líder melhor do que eu! – Naquele momento as palavras saíram atropeladas e um medo intenso consumia minha alma. Não sei bem porque, mas era como se aos poucos minha miserável vida caísse aos pedaços. – O Itachi é mais forte. É mais rápido. É mais sábio.

– Basta Sasuke. – Meu irmão disse com a voz firme. – Nosso pai já decidiu.

– Mas nii-san!

– Irmãozinho tolo! – Inesperadamente Itachi me deu um puxão, fazendo com que me levantassem do chão. Segurou em meu kimono como se tentasse me enforcar, seu olhar parecia transparecer fúria e desprezo. – Se não está satisfeito então fuja e viva como a vergonha da família! Fuja e rasteje.

Aquelas palavras eram pesadas, ásperas de mais para ser de meu irmão. Itachi nunca falaria daquela forma, por mais que fosse um Uchiha modelo. Eu sabia o que era desonra, o que no mínimo estava em jogo, mas eu não queria desperdiçar a vida de meu irmão em troca de incertezas. Porque nós não fizemos nada além de nascer. Esse era o único pecado. Nascer em um clã maldito, orgulhoso e sanguinário.

Não importava o quanto eu pensasse no assunto, e no “bem do clã” minha mente hesitava, atormentava. A noite passava lentamente, e cada segundo era como um passo diante de precipício.

Aquela dor me corroeu até o dia seguinte; a cerimonia de execução já estava preparada e a frente dela uma plateia. Relutei até o ultimo instante e a espada que empunhei durante tanto tempo sem hesitação parecia pesar mais do que meu próprio corpo. O peso da família, o peso do clã ou o peso da vida do meu irmão? Sangue do meu sangue. Os demais Uchihas assistiam aquilo como uma cerimonia qualquer, meus pais tentavam se manter firmes durante a execução. Aquilo era de mais pra mim.

Itachi estava diante de mim de joelhos, eu deveria golpear seu pescoço com a espada e arrancar a cabeça com um só golpe, mas eu não pude...

Naquele dia eu fugi...

[...]

– Sasuke o jantar está pronto. – Kakashi me chamou pela janela me libertando de meus pensamentos. Aquilo era raro, já que ele não cozinhava.

– Estou indo. – Vesti novamente a parte de cima do kimono e adentrei o casebre. Na pequena mesa no chão tinha arroz cozido, uma sopa de legumes e uma garrafa de sakê.

Sakura me serviu um pouco, estava de joelhos curvada. – Espero que goste. É minha forma de agradecer pelo o que fez.

–Hm. – Tentei não expressar muitas emoções a respeito, pois ficar perto dela era um incomodo. Sakura me lembrava muito a mim mesmo. Alguém que joga a própria vida fora sem hesitação e foge quando algo não está certo... Olhá-la era como me ver num espelho e isso me lembrava tudo o que eu mais tentei esquecer.

Peguei meus hashis e comi em silêncio. Kakashi colocou um pergaminho sobre a mesa, já que não comia e pra falar a verdade não tirava a maldita mascará para nada. – Chegou isso pra você.

– Parece importante... Tem o selo dos Hyuuga. Eles são da nobreza não é mesmo? – Questionei.

– Sim. É um trabalho pra você.

– São um clã forte, porque não resolvem os próprios problemas?

– É um caso especial.


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Notas finais do capítulo

Espero que gostem do capítulo. - Utakata.