Selvagem escrita por RedLily
Notas iniciais do capítulo
Boa leitura ❤️
Um chute.
Posição de ataque, mãos em punhos.
Respiração ofegante, batimentos acelerados, olhos compenetrados.
Corpo concentrado, movimentos rápidos, estratégia perfeita.
Um soco, um pontapé, outro soco, um chute dado com força.
O som de correntes ao se chocar e o saco de areia a balançar.
Tudo isso é ridiculamente familiar. Mitra espanca o saco como se sua vida dependesse disso, como se tudo o que perdeu pudesse ressurgir das cinzas a cada novo golpe. O cabelo castanho curto, malcuidado e despenteado molha de suor e ela não se importa nem um pouco, já que dessa vez havia tomado o cuidado de prendê-lo. Os olhos de um mel tão claro que pode ser descrito como dourado, ou amarelo, brilham com selvageria e determinção. Suas bochechas estão coradas e os músculos de vez em quando reclamam. Entretanto, ela não queria sair dali tão cedo. É o que faz de melhor. A coisa que mais gosta de fazer.
A arte dos oito membros, para ela, havia se transformado um. Uma parte de si.
Ela ergue os punhos uma última vez, antes de socar o saco de areia com toda a sua força e sair da sala. O suor deixara suas roupas molhadas e ela as sente pesadas sobre o corpo. Solta seu cabelo e olha-se no espelho, suspirando. Depois de tirar as luvas e ficar alguns instantes agindo calmamente, o cansaço parece atacá-la como um leão selvagem. O reflexo no espelho constata todo o seu cansaço, como se tudo o que sente aparecesse em seu rosto. Como um reflexo não só de seu exterior, mas seu interior. Transparente.
Ela se despe e entra no boxe do chuveiro, ligando-o e esperando a água gelada cair, fazendo-a sentir o choque térmico que tanto ama. Pega o sabonete, lava os cabelos com cuidado, e logo está em seu quarto.
Se senta na cama de madeira antiga, que range. Vira-se e liga o rádio centenário que nunca está fora da cômoda a não ser quando resolve treinar ao som de uma boa música, sempre na mesma estação.
Observa o teto e as paredes, de tinta escassa e velha, que descasca.
E é pensando em comprar tinta nova que ela adormece, tentando espantar os velhos pensamentos, fantasmas do passado.
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E aí? O que acharam?
Até xx