Do alto do castelo, se via o tempo fechar enquanto muitos dos cidadãos do reino Gree corriam para suas casas e recolhiam os animais, frutas ou tendas de alimento. Os cabelos castanhos da princesa voavam enquanto ela olhava tudo lá embaixo com atenção. Não queria sair do quarto até seu dragão nascer; seu sonho era ter um dragão, um amigo que dividiriam um laço, mas ele não nascera ainda. Olhou de relance para o ovo azul com um cobertor por cima. Suspirando voltou a olhar todos abaixo, mas algo chamou sua atenção.

Em meio aquela multidão que corria, um humano e um dragão em sua terceira forma caminhavam tranquilamente enquanto seu companheiro de viagem comprava algumas maças numa tenda. Katy o acompanhou com olhar encantada; nunca vira um dragão em sua terceira forma, e pelo que ela ouvira era muito raro isso acontecer. Seu dono e dragão tinham que estar em sincronia e serem muito poderosos. A princesa se inclinou vendo para onde o cavaleiro com o dragão ia, mas apenas pararam num banco de cimento e o homem se sentou enquanto seu dragão negro ficava menor e se escondia no casaco de seu dono. Katy se inclinava mais ainda para ver o guerreiro que era desconhecido. Ele arqueou a sobrancelha olhando para cima. Katy piscou enquanto seus olhos verdes se encontraram com os dela, que ficou corada e foi para trás caindo sentada.

O guerreiro continuou olhando para a janela do alto do castelo pensando quem era a garota que vira agora, mas seus pensamentos foram cortados por Bruce que se aproximava com algumas maçãs, ofereceu para o amigo que negou. Ele estava interessado na garota que vira. Bruce deu de ombros, comendo sozinho as maçãs com seu dragão rubi.

Dentro do quarto, a princesa se encolheu envergonhada, mesmo aquele guerreiro chamando sua atenção era embaraçoso. Ela levantou o olhar, vendo sua porta abrir e o dragão vermelho de seu irmão voar em direção à cabeça dela.

— Oi Tina. — O dragão esfregou sua cabeça na dela num ato de agradar.

— Vejo que ela gosta mais de você do que de mim. — disse Jace.

Katy riu enquanto o dragão vermelho virava a face para ela.

— Você não entende as mulheres, é por isso. — Katy gargalhou alto vendo a expressão de Jace.

— Não entendo porque eu tenho uma fêmea! — Tina voou até ele fazendo carinho em sua face enquanto pousava em seu ombro.

Katy sorriu vendo a cena, ela queria que seu amigo nascesse logo, queria conhecê-lo dar um nome, treinar com ele, passar horas com ele. E então suspirou, tristonha.

— Ele vai nascer. Acredite.

— Posso pedir algo?

Jace assentiu.

— Posso ir lá fora? Sem sua tropa de soldados.

Jace não gostou dessa ideia, ainda mais de sua irmãzinha ir sozinha, sem escolta. E se um maníaco tentasse algo contra ela? Mesmo sendo uma ótima guerreira, eles podiam ser mais de um. Ele suspirou não gostando disso, mas ele podia colocar sua troca para observa-la de longe assim ela ficaria segura.

— Tudo bem, mas terá que me prometer algo?

Katy sorriu assentindo.

— Não chegará perto dos portões, e tomará cuidado. Está vindo muita gente por causa do festival e daqui a dois dias será o esperado torneio de dragões.

— Eu tomarei cuidado, não se preocupe.

Jace suspirou olhando para o ovo de dragão, queria que aquele ovo se abrisse, assim Katy teria alguém para tomar conta, mas os pensamentos dele nem foram concluídos, Katy correu até a porta para sair do castelo.

— Vá atrás dela, Tina. Cuide dela e me avise caso ocorra qualquer coisa.

O dragão voou pela janela esperando avistar a princesa para segui-la do algo como ordenado.

Bruce olhou para cima vendo o pequeno dragão vermelho cuidando atenciosamente as portas do castelo. Estranhando, ele olhou para seu amigo que também analisava o dragão até ver os guardas abrirem as portas e uma garota sair, a mesma que ele vira no alto da arquitetura. Bruce assoviou vendo-a sair correndo em disparada como se nunca tivesse visto o sol, e voltou a comer sua maçã, vendo seu companheiro não tirar o olhar da garota.

— O amor é lindo. — Sussurrou ele ganhando um soco no estomago. — Eu estava brincando! Mau humorado!

Ele levantou, se retirando com seu dragão que roubou sua maçã.

Parando perto de um lago, Katy se sentou na grama vendo algumas pessoas montando o campo onde seria o tão esperado torneio... Seu desejo era participar, mas seu dragão nem tinha nascido ainda e precisava de dias para treinar com ele. Ela olhou para trás, vendo o mesmo guerreiro desviar de algumas garotas que o seguiam desesperadamente enquanto seu dragão ainda estava escondido em seu casaco.

— Qual o motivo de tanta perseguição? — Resmungou ela.

Viu o guerreiro fugindo das garotas e se escondendo numa tenda de um velhinho que sorriu vendo a situação. Katy se levantou e foi até a tenda do Sr. Tomy. Ela adorava as uvas que ele cultivava, sempre separava varias para levar para Katy no castelo.

O senhor levantou o olhar, sorrindo alegremente, avistando Katy vindo com seu vestido branco com detalhes de pedras turquesas. Ela sorriu vendo as uvas.

— Princesa o que faz fora do castelo sem escolta? Há muitas pessoas por aqui.

— Eu sei me cuidar. Pedi para Jace e sei que seus homens estão escondidos por aí e Tina está em cima da tenda escutando a conversa.

O dragão apareceu quando ela descobriu.

— Impressionante. Você será como sua mãe. — Disse o comerciante, vendo Tina roubar uma uva, jogando-a para cima e depois a engolindo inteira, mas outra coisa chamou sua atenção, ela pulou ao lado do comerciante mordendo alguém que gritou e pulou.

Katy arregalou os olhos vendo Tina mordendo o guerreiro.

— Tina, pare! — Tina largou o guerreiro e voou para o ombro da princesa. — Me desculpe, não sei o que meu irmão ensina para ela.

O guerreiro olhou para Katy enquanto ela ficava envergonhada se lembrando que ficou o observando do alto do castelo. Ele abriu a boca para falar, mas quando viu duas garotas que estava o perseguindo se abaixou rapidamente enquanto mais delas passavam em disparada. Katy piscou rindo da situação.

— Aqui sempre é assim?

— Sim, são as que querem casar com guerreiros fortes ou condes, duques, sabe. Elas também perseguem meu irmão, o príncipe do reino.

O guerreiro se levantou vendo que elas já tinham sumido.

— Agora leve-o para outro lugar, porque elas logo vão voltar. — Riu Tomy.

Katy arregalou os olhos ficando corada. Por sorte o guerreiro não notou isso, estava cuidando vendo se não havia mais delas por ai. Katy se virou com Tina enquanto o guerreiro e seu dragão a seguia, ela o levou para perto do lago atrás das tendas voltando a se sentar na grama.

— Desculpe-me pelo machucado. — Disse ela apontando para o braço desprotegido pelo casaco.

— Tudo bem. — Ele ficou de pé olhando tudo à volta e vendo se achava seu amigo que certamente foi para o lado dos jogos do festival. — Esse dragão não é seu?

Katy negou.

— É do meu irmão, o líder do exercito do reino Gree. O meu não chocou, e não sei se ele vai nascer. — Disse tristonha.

O guerreiro ergueu uma sobrancelha.

— Que tipo de dragão é?

— Não faço ideia. — Disse ela envergonhada por nem saber que raça seu dragão era, ela sabia que Tina era o dragão do fogo, mas e o dela qual seria? Ela voltou a olhar para o guerreiro que não a olhava nos olhos, apenas ao redor como se desconfiasse até da grama.

Katy piscou não o entendendo, por que ele tinha tanto medo assim? Ou estava apenas se prevenindo? Fugindo de alguém? Tirando aquelas garotas. A princesa pensativa abriu a boca para falar, mas ele não a deixou formular suas palavras.

— Traga-o aqui, descobrirei para você. — disse. — Claro, se quiser saber.

Katy sorriu encantada. Ela assentiu e saiu correndo de volta para o castelo. O guerreiro piscou, vendo o entusiasmo dela, e por fim sorriu. Ela tinha potencial e se preocupava com seu dragão.

Acha que devemos nos arriscar?

Ele olhou para seu dragão que saía de seu casaco. O dragão esperava uma resposta de seu dono que apenas olhou para aquelas águas cristalinas sem nada a dizer.

Ela é a princesa do reino Gree, tome cuidado meu principe.

— Eu tomarei, não se preocupe, Drago.

Alguns minutos depois Katy vinha na direção do guerreiro segurando um enorme ovo. O guerreiro semicerrou os olhos vendo o formato e cor do ovo e arregalou os olhos, mas Katy não viu sua surpresa.

O ovo Yazcy. Como ela tem esse ovo, mestre?

— Não sei, mas pelo jeito ela tem potencial. — E se levantou vendo-a parar ofegante à sua frente segurando firmemente seu amigo, ou melhor amiga.

Ela esperava uma resposta do guerreiro, mas ele apenas olhava para o ovo e se virou para o lago. Katy piscou não entendendo. Ele sabia que aquele dragão era perigoso e muito poderoso, era um dos ancestrais que começou a guerra dos dragões contra os humanos onde o dragão lendário, que hoje era o Drago, parou com ajuda de um humano.

— Seu dragão é Yazcy, uma fêmea. A rainha das águas. — Disse, fazendo Katy arregalar os olhos surpresa. — Ela é muito perigosa, saiba disso.

— Como perigosa?

— Talvez ela não te obedeça. Ela é ancestral do dragão que começou a guerra de alguns anos atrás.

Katy arregalou os olhos fitando o ovo. Ela não queria que isso acontecesse de novo, mas queria seu dragão, era seu amigo!

— Eu a quero! — Disse determinada.

O guerreiro a olhou com um sorriso nos labios; ele gostou da determinação dela, ela era como ele. Não foram feitos para usar uma coroa e ficar sentados. Ele assentiu, se curvando e apontou para a lagoa.

— Jogue-a na água.

— O quê?

Ela é a rainha das águas, ou seja nascerá das águas.

Katy piscou vendo o dragão no ombro do guerreiro falar com ela, nem mesmo ela pensava quer era possivel um dragão falar, mas aquilo parecia que falava em sua cabeça, não para todos a sua volta. A princesa olhou para as águas suspirando com medo de que isso não funcionasse e seu dragão ficasse no fundo daquele lago. Ela olhou novamente para o dragão negro e seu dono que assentiu para ela prosseguir.

Katy suspirou, tomando coragem e jogou seu ovo nas águas onde afundou rapidamente. E esperou que isso funcionasse, queria vê-lo nascer... As águas calmas logo começaram a criar ondas e sair de seu lugar, vindo em direção a eles. Pessoas pararam para ver o que estava acontecendo e um dragão submergiu voando das águas. Katy arregalou os olhos feliz.

Seu dragão tinha as asas planas e nas pontas chifres feito navalhas, seu rabo cheio de espinhos pontiagudos e no final em um formato de cauda de peixe para nadar na água. Suas patas grandes azuis tinham garras afiadas negras. Em sua cabeça varios chifres de varios tamanhos e formatos pontiagudos e de barbatanas; sua barriga era de outro tom de azul mais claro enquanto em suas costas era de barbatanas até chegar a metade do rabo. O dragão rugiu mostrando seus dentes brancos afiados e seus olhos brancos com sua iris negra se dirigiram a princesa que sorriu vendo seu dragão nascer das águas.

Muitos ali presentem se asssutaram indo para trás. O dragão negro observava o outro não confiando em sua linhagem. O guerreiro por sua vez via a cena sem nada a dizer.

O dragão pousou na grama baixando a cabeça e fitando sua dona. Katy esticou a mão e tocou seu focinho. O dragão fechou os olhos deixando-a fazer o carinho. O guerreiro olhou para seu dragão convencido. O dragão apenas se virou e se ocultou no casaco negro do dono.

— Bem vinda. — Disse Katy se jogando na face do dragão que abriu os olhos.

**

O sol estava quase se pondo. O dragão das águas estava no lago enquanto muitos viam vê-la nadar e mergulhar. O guerreiro desistiu de ficar de pé e sentou ao lado da princesa que via sua nova amiga nadar e chamar a atenção de todos.

— Obrigada. — Sussurrou Katy envergonhada.

O guerreiro apenas assentiu.

— Noós não nos apresentamos, mesmo você já saber meu nome por ser a princesa... — Katy deu de ombros. — Sou Katy. — Sorriu.

O guerreiro a analisou enquanto ela sorria para ele.

— Não posso falar meu nome.

— Por quê? Você é criminoso? Esta fugindo de alguém? Não irei contar nada, prometo. — Dizia ela, mas o guerreiro não se convenceu. — Por favor... Queria saber o nome da pessoa que me ajudou.

Ele é assim, não dê bola.

O dragão negro pulou no ombro do dono. Katy semicerrou os olhos vendo aquele dragão como se já o conhecesse de algum lugar. Ela arregalou os olhos enquanto o guerreiro tentanva escondê-lo.

— Você é do clã Dragon. Set o principe.