Três semanas depois...

Alguns dragões voavam no céu azul do reino Gree, enquanto a feira que acontecia perto da entrada, estava comemorando mais um ano. A feira reunia todos do clã por toda parte de suas terras e acontecia a cada ano. Tinha várias atrações, entre brincadeiras para as crianças e treinamento para crianças que tem dragões e outros adultos.

A carroça passava pela entrada de pedra da cidade principal, levantando poeira. Algumas cabras ali presentes saíram em disparada, assustadas, enquanto uma silhueta alta surgia no meio daquela poeira. Algumas crianças que brincavam cavando buracos olharam confusas. Aquela nevoa de areia baixava à medida que a silhueta se aproximava das crianças que se entreolhavam. Um homem alto surgiu, parando perto dos três garotos, enquanto uma garota com um vestidinho rosa estava furiosa com eles porque não a deixavam brincar na areia. O homem analisou a situação enquanto uma das crianças o olhava com os olhos arregalados e seu dragão, na primeira forma, se mexia em seus ombros.

De trás dele, um dragão negro surgiu, em sua terceira forma, fazendo as crianças se levantaram, impressionadas. Não era todos os dragões que conseguiam ter a última forma. O maior olhou com seus olhos vermelhos para as crianças impressionadas. O homem sorriu vendo aquelas crianças se entreolhando felizes por verem seu primeiro dragão em terceira forma, mas o sorriso murchou quando um outro homem de aparência fria surgiu no campo de visão deles. O mesmo passou a mão pela cabeça de seu dragão negro que o olhou.

– Vamos. – Ordenou ele.

Os dois homens seguiram adiante enquanto todos paravam para olhar o dragão negro. Alguns ali presentes, mais velhos, semicerravam os olhos desconfiando daquele dragão, pensando que já tinha o visto do reino inimigo. O dono do mesmo apenas os ignorou fazendo a faixa negra, em volta de seu pescoço, esconder metade de sua face. Odiava quando era observado.

– Não fique assim, você é uma estrela nesse reino, meu príncipe. – Disse o outro guerreiro, baixinho.

Mas o príncipe nada disse, apenas suspirou, querendo observar mais aquele povo de longe não queria ficar tão... “visível”. Ele desviou do caminho que traçariam, passando por tentadas para fugir da multidão de crianças que queriam ver o dragão. Mas sua fuga foi interrompida.

Dois homens bloqueavam o caminho dos dois guerreiros enquanto um garoto chorava de joelhos no chão vendo seu dragão em primeira forma com vários hematomas com sangue. O príncipe cerrou os olhos, mesmo sabendo que existia nos dois reinos pessoas como seu pai, nunca imaginaria se deparar com três a sua frente no primeiro dia de sua jornada.

– Você não é da cidade grande, mas não me importa de onde você é, vamos lutar. –disse o homem do meio trajado de negro. Seus cabelos eram rapados no lado e no meio eram levantado e espetado com as tonalidades preto e roxo, os cabelos dos famosos Punks, mas aquele estava mais para cópia imperfeita do que Punk. Os olhos do príncipe fitaram o homem que semicerrou os seus sentindo um calafrio.

– Não estou afim. – O príncipe levantou mais sua faixa

O homem arregalou os olhos vendo sua ordem ser ignorada; aquele cara certamente não era da cidade, ele não conhecia Tyre, o destruidor de dragões. Nunca perdia uma luta sequer, seus adversários eram obrigados a lutar e seus dragões eram torturados. Tyre cerrou os punhos não deixando o príncipe seguir em frente.

– Você não é mesmo daqui. Eu sou Tyre e ninguém recusa minha ordem de batalha, ou está com medo que seu dragão saia chorando para seus braços como o daquele cara ali. – Apontou para o garoto que segurava seu dragão.

– Dragões não são brinquedos, são nossos amigos não objetos de batalha. Se você não se importa com o seu, o problema é seu. Não irei obrigar meu amigo a lutar com um inferior como você. – Ele olhou para seu amigo atrás de si que assentiu para prosseguirem.

Tyre olhou para o dragão negro que estava sentado atrás de seu dono ignorando o fato se o príncipe queria ou não lutar, ele faria suas ordens. Tyre riu debochado irritando o príncipe.

– Não sei quem é você cara, mas você fala como se fosse da alta hierarquia, um duque... Um príncipe, entretanto aqui você é apenas um garoto com medo de lutar. – Riu ele.

Os dois se encaram por um breve tempo enquanto seu dragão surgia em suas pernas em primeira forma, parecendo um lagarto. Eram os famosos dragões invertebrados. Onde suas mãos eram suas asas, e só tinham as patas traseiras para ficar de pé. O príncipe voltou a encara os olhos escuro de Tyre, enquanto os seus ficavam vermelhos fazendo o homem a sua frente se assustar.

– Se quer tanto lutar, eu serei seu adversário. – Tyre olhou para trás do homem que o assustava. – Sou Bruce, é a única coisa que saberá de mim quanto calar essa sua boca imunda inferior. – O dragão apareceu em seu ombro rugindo furioso.

Tyre sorriu e assentiu voltando a olhar o homem a sua frente.

– Pelo menos tem alguém corajoso. – Riu ele. – É melhor o bebê ficar longe.

O mesmo olhou para trás daquele que o chamava de inferior, vendo que seu dragão negro não se encontrava mais lá, e nem em seu ombro. Ele cerrou os dentes, o ignorando. Era melhor se preparar para lutar.

– Espero que não tenha medo de ser dois contra um, já que seu amigo é um fracote. –Debochou, enquanto o príncipe o ignorava.

Bruce deu de ombros se posicionando à frente de seu príncipe enquanto seu dragão tomava sua terceira forma. Tyre arregalou os olhos analisando aquele dragão.

– O dragão rubi. – Balbuciou ele enquanto o dragão ficava cada vez maior, rugindo. Ignorou isso, mandando seu dragão se preparar, enquanto o mesmo ficava em primeira forma.

O dragão rubi lutaria com dois dragões, um dragão da classe invertebrado – sua pelagem escamosa era negra enquanto em seu corto e asa era decorada com tiras verdes claro. Em seu lado um dragão roxo enquanto sua parte de baixo era branca, exceto as quatro patas. O dragão rubi, azul composto por seu corpo com vários tipos de pedras preciosas e um rubi esculpido em seu corpo não se intimidou com seus adversários.

Bruce sorriu, desembrulhando um pirulito sabor maçã verde para comer. Tyre cerrou os dentes, furioso, ordenando seu invertebrado ao primeiro ataque onde o dragão rubi apenas levantou voou desviando de seu adversário. Foi a vez do dragão roxo ataca-lo, sem sucesso. Apenas um ataque com a cauda cheia de espinhos foi o suficiente para jogar o dragão longe. O vencedor rugiu, mas aquilo estava longe de acabar. Sem notar o dragão de Tyre surgir atrás dele mordendo sua asa. Bruce arregalou os olhos.

Tyre trapaceava. Usou seu amigo para deixar o dragão de Bruce ocupado enquanto o seu voava por cima das nuvens para ataca-lo de surpresa. A asa do dragão começou a sangrar dificultando manter-se em pleno voou.

– Você joga sujo. – Rugiu Bruce, mas Tyre apenas gargalhou alto de sua vitória enquanto seu dragão atacava agora a cauda, onde não tinha espinhos, de seu adversário.

– Eu sempre venço, isso que importa.

Algumas crianças pararam, vendo aquela luta; elas conheciam Tyre e não estavam gostando de ver mais um dragão sofrendo em suas mãos. O dragão rubi agarrou seu adversário em seu ponto fraco, por não ter mãos ou ele voava ou se segurava em seu adversário, e o jogou em direção ao chão, mas ele não chegou a encostar.

– Use a ametista para se curar. – Ordenou Bruce, mas o dragão precisava de tempo e era o que ele não tinha.

Tyre ordenou que o seu atacasse a asa novamente, enquanto o dragão se curava. E assim ele avançou para atacar enquanto o dragão roxo apenas observava a luta que estava por acabar. Até agora.

Tyre arregalou os olhos quando um escudo se formou na frente do dragão rubi; feito de asas, asas negras com prata, o dragão lendário. Tyre olhou para o homem que dava calafrios nele. O príncipe se encontrava com um sorriso frio nos lábios enquanto seus olhos estavam vermelhos, iguais do dragão.

– Desfazer escudo. – O dragão rugiu. – Acabe logo com isso.

O dragão bateu as asas, voando em direção as seus dois adversários que não conseguiam prever seu próximo ataque para derrota-lo, mas o dragão parou no meio do céu enquanto suas patas com garras se uniam e uma esfera elétrica surgia.

– O-o dragão-o... Lendário! – Berrou Tyre.

A esfera foi jogada nos dois dragões que caíram abrindo uma cratera no chão e o lendário mergulhou no ar, rumo ao chão, mas antes de ele bater, uma cratera se abriu e ele adentrou o buraco enquanto se fechava atrás dele.

– Da próxima vez lembre-se de quem vai enfrentar, inferior. – Avisou o príncipe voltando a ter os verdes de seus olhos. –Patético.

E seguiu em frente enquanto Bruce cuidava dos ferimentos de seu dragão que estava quase curado.

– Ele nunca muda, não é. – Riu Bruce, enquanto seu dragão esfregava sua cabeça em seu braço encasacado