Chasing the Happy Ending escrita por Annie Cipriano


Capítulo 7
Capítulo 7 - Tris


Notas iniciais do capítulo

Oie
Eu tenho algumas notícias não tão boas pra dar, então leiam isso aqui, pfvr

Então, galera... Eu já falei que estou tentando postar um capítulo só quando o próximo já estiver pronto também, né? Bom, se eu não falei ainda, estou falando agora. E isso deu certo até agora e tals, mas não rolou nesse.
O que estou tentando dizer é: o próximo ainda não está pronto e eu estou com falta de inspiração.
E o pior é que nem é culpa de vcs, pq vcs sempre comentam e são super fofas, o negócio sou eu mesmo.
"´Não é você, sou eu..." Ok, parei.
Voltando: o próximo não está pronto, e eu estou achando que ele está ficando meio sem graça, então talvez eu demore para postar. Mas é só TALVEZ, prometo que vou tentar escrever logo.

E tem mais uma coisa: minhas aulas voltaram T.T e agora não vou postar tão frequentemente quanto estava postando. Vou tentar postar pelo menos dois capítulos por semana, mas não tenho certeza se vai dar.
E caso alguém aí esteja brava comigo porque eu demorei pra postar esse, eu tenho um bom motivo, ok? O motivo: eu estou doente. Mais ou menos. Eu já estou quase 100% de novo. E aí eu não escrevi por isso.

Então, desculpa por demorar pra postar, prometo que vou tentar postar o próximo rápido.

Ok, agora chega de eenrolação, vamos ao capítulo.

Boa leitura, amores :3



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A estrada esburacada faz o carro balançar para todos os lados vertiginosamente. É isso que se ganha por estar hospedado atrás das plantações da Amizade. O tempo parece se arrastar e a cada segundo de viagem eu fico mais próxima de soltar um palavrão. E de pedir para voltar, pois Tobias faz uma falta enorme. É engraçado o quanto sinto falta dele sendo que passei três anos longe. Jack está dirigindo e Uriah está no banco do passageiro, o que me obriga a ficar sozinha atrás, com a companhia apenas dos meus próprios pensamentos, pois ninguém fala nada além de para onde virar. Uriah está nervoso, batendo o pé irritantemente, mas nem eu nem Jack dizemos nada.

Depois de um tempinho – que parece uma eternidade – vamos para a estrada de asfalto, então fico mais calma.

Nem precisamos do papel de Tobias para encontrar o prédio onde Zeke, Shauna, Christina, Amah e George moram. Por mais que eu tenha ficado longe, ainda lembro-me bem de como ir para o edifício Hancock.

Conforme chegamos mais perto, fico nervosa também. E se alguém nos ver? Como vou controlar a saudade? Como será que eles estão?

Respiro fundo e me acalmo. Ninguém vai me reconhecer, estou usando um óculos escuro gigante que cobre quase metade do rosto, o cabelo preso dentro de um chapéu. Eu vou conseguir controlar meus sentimentos e me manter afastada. E tenho certeza que todos estão bem.

De acordo com Tobias, hoje Christina estará fora o dia todo, cuidando de algo relacionado às pessoas da margem; Zeke e Amah estarão patrulhando as ruas; George estará na delegacia treinando os novos policiais e Shauna estará em casa.

Considerando que todos eles moram nos andares mais altos, não é uma boa ideia subir lá e esperá-los ou qualquer coisa assim, e como o irmão de Uriah estará andando por aí, resolvemos dar voltas na cidade de carro.

Meia hora depois, encontramos Zeke circulando pelo centro da cidade sozinho. Uriah espalma uma mão na janela e fica olhando, sem dizer ou fazer mais nada. Pouso uma mão em seu ombro.

Ficamos ali por alguns minutos, até Zeke virar na esquina e Uriah anunciar que vai atrás. Ele também está usando óculos, um chapéu e não faz a barba há alguns dias – está irreconhecível.

– Você quer que eu vá junto? – pergunto.

– O Millenium Park não é longe daqui, você pode ir ver o seu irmão enquanto eu sigo o meu.

Quase digo que prefiro ir com Uriah, mas a verdade é que quero mesmo ver Caleb.

– Tem certeza que não quer que eu vá? – pergunto mais uma vez.

– Sim.

Olho para Jack, que se manteve calado o caminho todo.

– Você se importa de estacionar o carro e nos esperar em alguma cafeteria?

– Sem problemas, vou esperar ali – fala ele, prestativo, apontando para a lanchonete mais próxima.

Assinto com a cabeça e saio do carro junto de Uriah. Abraço-o por um momento, mas menos de um segundo depois o solto e vou por uma direção diferente da dele.

Tenho uma sensação de estar fazendo uma coisa nova e antiga ao mesmo tempo quando ando pela minha cidade natal. É como se eu andasse por uma cópia mais nova de Chicago. As ruas pelas quais eu passo são como antigamente, mas agora as casas são mais bonitas e bem cuidadas, a rua mais limpa, alguns estabelecimentos – padarias, mercados, lojas – que não estavam ali antes agora estão e muito mais pessoas caminham por aqui.

Chego no Millenium Park sem problema algum, ainda impressionada pela familiaridade e novidade daqui. Pego o papel que Tobias escreveu o endereço de Caleb e ando até lá.

Sua casa é pequena, porém confortável. O tipo de casa em que sempre o imaginei morando. Uma grande janela de vidro revela como é por dentro: as paredes brancas, uma televisão, um sofá, uma estante e muitas fotos nossas por todos os lados. Ao lado do sofá está uma foto em preto e branco de um grupo da abnegação, com apenas eu em cores – eram raras as vezes em que tirávamos fotos, e essa era, aliás, a única foto que já tirei. Penduradas em quadros ou em portas-retratos na estante, estão diversas imagens minhas – provavelmente conseguidas com as filmagens que o Departamento tinha –; sorrindo, olhando para baixo, junto dos meus amigos, e até mesmo uma foto em que estou junto com Tobias em um vagão de trem. Três fotos em especial chamam a minha atenção: uma em que estou perto do meu irmão, conversando com ele; e as outras são as únicas em que não apareço, as duas são fotos dele e de Cara juntos, em uma eles se abraçam e na outra se beijam.

Sorrio e por um momento esqueço que estou parada na calçada olhando pela janela de uma casa que não é minha.

Caleb aparece pelo corredor, com o cabeço bagunçado e cara de sono. Saio da frente da janela, indo para trás de uma árvore onde posso olhar para a casa sem que ele me veja e, ao mesmo tempo fingir que estou apenas descansando, caso alguém apareça.

Ele anda pelo lugar, procurando alguma coisa. Alguns segundos depois, pega algo no sofá e volta para o corredor, que está escuro e longe demais para que eu veja onde entra em seguida.

Sentindo o coração acelerado e a saudade me sufocando, não sei mais o que fazer. Meu coração pede desesperadamente para eu entrar na casa do meu irmão e abraçá-lo, dizendo que estou bem; mas minha mente me obriga a continuar parada atrás da árvore.

Sinto lágrimas ameaçarem escorrer, então fecho bem os olhos para evitar. Chega de chorar.

Caleb aparece de novo alguns minutos depois, com o cabelo penteado e de roupa, pronto para sair. Antes de ir até a porta, ele para em frente a uma das minhas fotos e a encara por um momento, murmurando palavras que não consigo ouvir dali, mas que por seus lábios consigo saber o que significam: “eu sinto sua falta”.

Tomando uma decisão rápida da qual sei que me arrependerei depois, corro até sua porta e aperto a campainha antes que possa pensar bem sobre isso.

Caleb abre e arqueia as sobrancelhas, esperando que eu diga alguma coisa. Mas não consigo. Vê-lo assim, tão de perto é tão incrível que preciso me controlar para não pular em seus braços.

– Bom dia – cumprimenta ele, mostrando-se um pouco sem paciência.

O que essa pessoa quer comigo?, ele deve estar pensando.

Sem confiar que minha voz ficará firme se eu disser alguma coisa, apenas levanto as mãos e tiro os óculos e o chapéu ao mesmo tempo.

Seus olhos se arregalam e sua boca se abre em um “O” perfeito.

– Tris?

Sorrio e me lanço em seus braços, ansiosa por um abraço. Ele me envolve com força e não me solta por um longo tempo. Sinto um pingo cair na minha blusa e sei que ele está chorando. Eu mesma tenho que usar todo o meu autocontrole para não fazê-lo.

Caleb me solta do abraço, mas segura meus braços, como se estivesse garantindo que eu não vou fugir ou simplesmente sumir.

Ele estica uma das mãos e fecha a porta.

– Como você pode estar viva? – pergunta com a voz embargada.

– Um experimento em um país muito longe – respondo com simplicidade – Não pude voltar até alguns dias.

Ele balança a cabeça, mal conseguindo acreditar, e me abraça de novo, deixando as lágrimas correrem livremente.

– Eu sinto muito, Tris, eu que devia ter morrido naquele dia, não você. Eu sinto tanto, tanto, tanto... Eu te amo.

– Shh. Está tudo bem, Caleb. A decisão de ir no seu lugar foi minha, não sua, você não tem nada pelo quê se desculpar.

Afasto-me um pouco, apenas o suficiente para olhar em seus olhos, e sussurro:

– Eu também amo você.

Depois de certo tempo, ele me leva até o sofá e se senta ao meu lado.

– Você pode... hã... pode fechar a cortina? – pergunto, lembrando que, por mais que Caleb saiba que estou viva, a cidade ainda não sabe.

– Claro – diz, indo até a janela e fazendo o que pedi. Talvez seja por causa da emoção do momento, porque ele está feliz demais para fazer perguntas ou porque ele simplesmente confia que contarei depois, mas Caleb não pergunta o porquê.

Quando se senta ao meu lado de novo, segurando minhas mãos, pede:

– Então, me conte melhor o que aconteceu com você.

E é o que faço. Conto sobre o experimento e sobre como voltei a viver; conto que Uriah também está vivo e que fui mantida prisioneira por três anos e que só agora escapei. Falo também sobre os rebeldes, e assim que termino de dizer que daqui a pouco terei que ir embora, ele exclama bem alto:

– Não! Tris, não! Você não pode simplesmente voltar aqui e depois sumir de novo. Eu vou com você.

Por mais que eu deseje isso, tenho bem claro para mim que trazer Caleb não é uma opção. Eu sabia disso quando bati em sua porta e quando o abracei também.

– Não, Caleb – digo em um tom sério de fim de discussão – Você não pode vir comigo. Aliás, também não pode contar a ninguém, sob nenhuma circunstância que eu estou viva. Não importa o que aconteça.

Ele apenas balança a cabeça em negativo, e posso ver em seus olhos que não desistirá da ideia.

– Eu preciso de você aqui – tento – Vou ter que voltar para a Inglaterra, mas eu não vou sozinha, haverá mais gente comigo para me proteger caso algo aconteça. Eu vou estar segura, mas você não. E se você insistir em ir comigo, eu sumirei e não voltarei mais.

Ele balança a cabeça de novo, espantado com a ameaça.

– Você acha que eu conseguirei deixar você ir embora de novo?

– Não vou estar indo embora. Só vou ficar fora por algum tempo, daqui a algumas semanas já estarei de volta, e dessa vez para ficar para sempre.

Ficamos apenas nos encarando por alguns segundos.

– Por favor, fique aqui e me espere – peço, em uma última tentativa – Eu amo você e não quero que corra nenhum risco. Se eu ficar, pessoas virão atrás de mim, e além de me levar presa de novo, irão levar todos que amo também, e isso inclui você, Caleb. Eu vou partir para acabar com a ameaça, para que possamos viver juntos e em paz, como deveria ser.

– Está bem – murmura, a voz frágil – Mas prometa que tomará cuidado.

– Eu prometo. Não vou me machucar.

Fico com Caleb por muito tempo. Ele me conta sobre sua vida, sobre Cara e sobre o laboratório onde trabalha, e em troca eu lhe conto algumas coisas sobre o Reino Unido.

É tão bom passar esse tempo com meu irmão que me esqueço do mundo ao meu redor, e só me lembro de Uriah, que está ali perto perseguindo Zeke; e de Tobias, com desconhecidos na casa de James, quando Caleb olha para o relógio e comenta que vai acabar faltando no trabalho.

– Estamos conversando há quanto tempo? – questiono, um pouco impressionada por ter conseguido esquecer de tudo por um tempo, mesmo que não muito.

– Uma hora e meia.

Levanto do sofá, apressada.

– Preciso ir, já passei tempo demais aqui.

Ele assente e me leva até a porta, onde nós dois ficamos parados enquanto ajeito o chapéu e os óculos.

– Não demore para voltar, Tris.

– Logo, logo eu já estou batendo na sua porta de novo, e da próxima vez sem disfarce.

– Cuide-se – pede ele, dando-me mais um abraço apertado e repleto de carinho – Eu amo você.

– Cuide-se também, Caleb. Eu te amo também.

Saio da casa, e só quando estou na calçada é que me viro e vejo-o ainda na porta. Ele sorri e acena com a mão. Sorrio também e continuo andando.

Não me arrependo de ter ido falar com meu irmão, mesmo que talvez eu o tenha colocado em perigo. Confio que Caleb não dirá a ninguém sobre a minha volta. E a hora que passei com ele foi muito boa, eu passaria muitas mais se pudesse.

Vou até a lanchonete que Jack disse que estaria, e lá encontro-o junto com Uriah. Os dois estão sentados em uma mesa, Jack comendo um hambúrguer e Uriah parado com um copo intocado em sua frente. É impossível ver para onde ele olha por causa dos óculos, mas tenho uma ideia muito boa, considerando quem está sentado há algumas mesas de distância.

Caminho até lá e sento-me na cadeira vaga ao lado de Jack, na frente de Uriah.

– Você demorou – comenta Jack.

– Falou com seu irmão, não foi? – advinha Uriah.

– Sim – abro um sorriso – Foi ótimo. Você deveria falar com o seu – aconselho, apontando com a cabeça para onde Zeke está almoçando.

– Não – decide ele, levantando-se – Vou ver como minha mãe está, você quer vir também?

Apesar do tom indiferente, conheço-o bem o bastante para saber que ele quer muito que eu o acompanhe. Ignorando a fome, levanto-me e o acompanho.

Seguindo as orientações de Tobias, vamos até o sobrado em que Hanna mora. A casa é bonita, mas está um tanto quanto mal cuidada. É como se houvesse sido muito bela no passado, e com o tempo foi se destruindo. Imagino se está assim por falta de cuidado ou se é porque Hanna era da Audácia, e cuidar de uma casa não é algo que consigo imaginar qualquer pessoa (além de Tobias, que costumava manter o quarto extremamente arrumado) da minha antiga facção fazendo.

Paramos em frente à janela e ficamos olhando, esperando. Como Hanna não aparece, Uriah fica impaciente e pula a cerca que dá no quintal atrás da residência sem dizer nada. Surpresa, olho para os dois lados da rua, e, ao não ver ninguém, pulo também.

– O que foi isso? – sussurro irritada – E se sua mãe estivesse aqui?

– Ela não está – responde com uma calma assustadora – Deve ter saído. Acho que é melhor assim, de qualquer jeito.

Suspiro e pego sua mão, dando apoio. Não deve ser fácil ficar longe da mãe quando você sabe que ela está tão perto. Mesmo eu, que já perdi a minha há tanto tempo, de vez em quando ainda acordo com saudades, querendo seu abraço.

Pulo a cerca para o outro lado logo atrás de Uriah, e não consigo conter o gemido de surpresa que escapa da minha boca. Zeke nos espera ali, com o rosto de quem não está de brincadeira e uma arma apontada para Uriah.

– Podemos sair correndo, se quiser – sussurro tão baixo que tenho certeza que só Uriah me ouviu. Ele balança levemente a cabeça para os lados.

– Quem são vocês? – pergunta Zeke, a voz baixa e perigosa. Ele olha diretamente para Uriah – E por que você estava me seguindo?

Ao meu lado, Uriah suspira e tira primeiro o chapéu e depois os óculos. Seguindo o exemplo, faço o mesmo.

Zeke apenas encara. Ficamos parados por algum tempo, até Uriah quebrar o silêncio:

– Zeke, eu... – mas ele não tem a chance de terminar o que quer que estivesse tentando falar, pois no momento em que Uriah fala a primeira sílaba da frase, Zeke larga a arma no chão e corre para o irmão, dando-lhe um abraço cheio de saudades.

– Uriah – murmura ele, incrédulo – Meu irmãozinho...

Sorrio com a cena. Uriah está com os olhos fechados, e Zeke faz força para não deixar nenhuma lágrima cair.

Espero em silêncio que Zeke comece a dizer que aquilo é impossível e que viu Uriah morrer, assim como fizeram Tobias e Caleb quando me viram, mas, contrariando-me, ele fica em silêncio, mesmo quando os dois se separam. Ele parece não querer estragar o momento.

– Eu senti sua falta – declara Uriah com um sorriso tão imenso que cobre quase o rosto todo.

– Eu também, pivete – responde Zeke – Você não tem noção do quanto.

Nesse momento, Zeke se vira para mim e sorri, abraçando-me também.

– Tris. Você já falou com Tobias? – pergunta.

– Sim – afirmo, ainda sorrindo.

Zeke então me solta e se vira para Uriah.

– Você pode me explicar como isso é possível?

Meu amigo ri e conta a história sobre o experimento, a prisão e a fuga com os rebeldes. Zeke ouve tudo em silêncio, com uma expressão de pura alegria e ao mesmo tempo de tristeza.

– E agora você terá que voltar para esse país estranho onde foi mantido cativo por três anos? – questiona Zeke, incrédulo.

– É para ajudá-los, Zeke. Eu prometi.

– E como eu fico quando você partir? Sabendo que você está vivo e possivelmente em perigo?

– Nada vai acontecer comigo. Logo eu estarei oficialmente de volta.

Zeke balança a cabeça.

– Eu quero ir com você.

– Não – Uriah responde rapidamente.

– Não vou deixar meu irmãozinho sozinho de novo.

– Ele não vai estar sozinho – intrometo-me – Eu estarei junto com ele para protegê-lo, e Tobias também.

– É, na última revolução que participamos foi assim também, e vocês dois acabaram mortos. Não vou deixar você ir sem mim, Uriah. Fim de discussão. Posso passar em casa para pegar umas roupas ou terei que ir com a roupa do corpo mesmo?

Uriah está surpreso e alegre ao mesmo tempo, e parece estar tendo uma luta interna para decidir se aceita levar Zeke conosco ou se o deixará aqui. Nós dois sabemos que se não quisermos, Zeke não vai, mas não acho que Uriah vai abandonar o irmão.

– Você pode passar na sua casa, nós iremos te esperar na lanchonete que você almoçou – solta Uriah.

Zeke sorri e dá mais um abraço no irmão.

– Não vou demorar nada – e sai correndo.

Recoloco o disfarce e começo a andar de volta para a lanchonete, com Uriah ao lado.

– Você tinha razão quanto a eu falar com ele, estou feliz por Zeke ter percebido que eu o segui – diz Uriah, alegre.

– Você foi descuidado na perseguição de propósito?

– Mais ou menos. E eu não fui descuidado... eu só não me escondi tanto quanto poderia.

Rio e andamos juntos até o restaurante. Jack parece tentar esconder o mau-humor quando nos sentamos na sua mesa.

– Ainda vamos demorar muito? Minhas costas estão doendo – fala ele.

– Já estamos indo – garanto.

Minutos depois Zeke aparece carregando uma mochila média nas costas. Conto a Jack que ele vai conosco e nos levantamos para encontrá-lo. Uriah apresenta Jack ao irmão e vamos até o carro, que está estacionado na garagem do estabelecimento.

Sento-me no banco do passageiro dessa vez, para deixar os irmãos juntos.

– E a nossa mãe? – ouço Uriah perguntar.

– Ela ainda está se recuperando da sua “morte”. Mas acho que foi melhor para todo mundo ela estar no mercado bem na hora que você apareceu na casa dela. Eu liguei para ela antes de sair e falei que ia viajar, para ela não se preocupar. Mamãe está meio superprotetora depois do que aconteceu com você.

Os dois conversam sobre a vida de Zeke e sobre tudo o que aconteceu com Uriah na Inglaterra por todo o caminho. Eu e Jack ficamos calados o tempo todo.

Quanto mais próximos estamos de onde sei que Tobias espera, mais vontade de gritar “pisa fundo!” para Jack eu tenho. Porém me controlo e me contento com apenas ficar pulando impacientemente no banco.

[...]

A primeira pista que tenho é a grande quantidade de fumaça. Primeiramente acho que é neblina, mas logo fica forte demais e começo a achar que estão fazendo uma fogueira. Jack franze a testa e continua avançando, agora mais vagarosamente.

Quando chegamos mais perto da mansão, o cheiro de coisa queimada nos atinge, fazendo até Uriah e Zeke, que estavam botando o papo em dia, pararem de falar. O carro fica em um silêncio sepulcral.

Assim que viramos a última curva, conseguimos ver a casa. Ou, pelo menos, o que restou dela.

Tudo está em chamas. Tudo. A grande construção parece ter explodido há algum tempo, pois pedaços de madeira e gesso estão por todas as partes. A grama está preta e o celeiro que ficava do lado também está em chamas.

Nem espero o carro parar antes de abrir a porta e sair em disparada para a casa que pega fogo, gritando “Tobias”.

O pânico me toma por completo, e corro o mais rápido que posso, ouvindo mais passos vindo atrás de mim, e a voz de Uriah chamando meu nome e pedindo para eu esperar.

Cuspo na gola da camiseta e a seguro no nariz enquanto adentro o que sobrou da casa. Evitando as chamas e os pedaços de coisas queimadas, vou até onde ficava o quarto em que Tobias estava, porém não encontro nada ali além de fogo e duas das pernas onde a cama se apoiava. Saindo do lugar, começo a entrar em cada outro quarto do andar, encontrando as mesmas coisas: chamas e restos da mobília. Saindo do último quarto do corredor, um par de mãos encontra meus braços.

– Tris! O que você pensa que está fazendo? Tobias não está aqui, e mesmo que estivesse, já estaria morto. E eu não vi nenhum cadáver por aqui – grita Uriah, com a voz abafada pela camisa. A dureza e crueldade das palavras me atingem com tudo e sinto as pernas fraquejarem.

Zeke aparece por trás de Uriah, também segurando a camisa sobre o nariz. Nós três conseguimos sair da casa sem nenhuma queimadura. Passamos correndo pela porta e viramos para o lado direito, onde não há tanta fumaça; então começo a tossir toda a fumaça que inalei. Sinto que já tossi meus pulmões para fora quando volto a respirar normalmente.

Ajoelho-me na grama morta e assisto os restos da mansão queimarem. Fico ali com Uriah, Zeke e Jack, que veio para o nosso lado em algum momento, durante toda a noite. Concordamos em dormir em turnos, e usamos as provisões de emergência que todos os carros dos rebeldes têm. Infelizmente, no nosso carro só havia dois sacos de dormir, então Zeke e Jack dormem primeiro e eu e Uriah ficamos acordados.

– Pelo menos não precisaremos de fogueira – murmuro, sarcástica.

Uriah tenta puxar conversa algumas vezes, mas ao ver que não vou dizer nada, desiste. Sento de costas para Uriah, e ele faz o mesmo, apoiando suas costas nas minhas.

No silêncio da noite, penso em Tobias.

Algo dentro de mim me diz que Tobias está vivo, mas isso não me impede de rezar com todas as forças para que ele esteja bem. Será que se machucou? Será que conseguiu fugiu? Será que quem colocou fogo aqui o capturou? Será que foi a FERU que fez isso? Como será que o incêndio se iniciou? São tantos “serás”...

No meio da noite, acordamos Jack e Zeke e trocamos de lugar com eles. Eu tinha a intenção de permanecer a noite toda acordada, mas acabei chegando à conclusão de que precisarei ter dormido pelo menos um pouco quando a manhã chegar, para ter energia para procurar por Tobias.

Jack me acorda assim que o sol nasce. Após um rápido café da manhã, ele nos guia pela floresta que há em volta do lugar e para em frente a uma pedra. A pedra parece muito comum para mim – escura, dura e irregular –, contudo, Jack a observa por algum tempo e então se abaixa, colocando os dedos em uma das fendas e puxando em seguida, revelando assim uma escada descendo para a escuridão. Não fico muito surpresa, afinal, eu já esperava mesmo que isso acontecesse; Uriah usa sua máscara para esconder os sentimentos, que o deixa com uma cara séria e entediada, o que eu sei que não é o que está realmente acontecendo dentro dele, mas nós dois acabamos desenvolvendo uma expressão distante para esconder o que estamos sentindo; e Zeke parece bem surpreso, como se isso fosse um filme virando realidade. O que talvez seja para ele, apesar de eu ter quase certeza que ele nunca assistiu um dos filmes produzidos antigamente naquele lugar estranho chamado Hollywood – eu pude assistir alguns enquanto estava no Reino Unido, e eles me impressionaram muito.

Não precisamos descer muito para encontrar o longo corredor que nos espera. Eu já sabia que a casa de um rebelde provavelmente teria uma saída de emergência em algum lugar, mas não esperava que fosse tão grande e que pudesse nos levar para onde de Chicago nós quiséssemos.

– Toda base rebelde tem uma saída de emergência. – explica Jack, confirmando meu pensamento – Tinha uma passagem para cá saindo de dentro da casa, mas como ela foi destruída nós vamos por aqui mesmo. Nós, rebeldes, usamos os velhos trilhos de metrô, que era um tipo de trem que passava por baixo da terra, mas algumas partes do túnel foram construídas por rebeldes. O teto não vai cair, caso alguém esteja com medo disso. E também não se preocupem em se perder, pois eu sei como achar o caminho.

– O caminho para onde? – pergunto – Para onde nós vamos?

– Tem alguns pontos de encontro combinados previamente, tentaremos todos e...

– Não acho que precisaremos tentar nenhum desses pontos de encontro – interrompe Uriah, apontando com a cabeça para a parede do túnel que segue reto.

Ali, na parede suja e antiga de um velho túnel de escape rebelde, estão palavra escritas provavelmente com a ponta de uma pedra do chão, palavras escritas em uma letra que conheço perfeitamente bem e que me dão tanta esperança que preciso me controlar para não soltar um gemido de alívio:

B,

Encontre-nos onde ficamos sozinhos pela primeira vez,

IV


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Notas finais do capítulo

Sim, eu sei que ficou grande, mas vcs disseram que gostam de cap. grande, então tá aí.

Eae, gostaram? Reviews? Favoritos? Recomendações? Tem alguém ansioso pelo próximo aí?
Quem lembra onde foi o primeiro lugar que eles ficaram sozinhos? õ/

Nos vemos nos comentários ;)

Bjos no ♥ de vcs,
Annie



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