Chasing the Happy Ending escrita por Annie Cipriano


Capítulo 5
Capítulo 5 - Tris


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoas :D Tudo bem com vcs?
Eu sei que eu falei que talvez eu postasse ontem, e eu fiquei mesmo bem animada pra postar, pq vcs mandaram os comentários mais fofos ever, só que eu queria estar com o capítulo 6 pronto antes, e ainda não estava... aí eu deixei pra terminar hoje, mas aí eu resolvi mudar esse e tive que reescrever os dois... Mas, enfim, aqui está.
Vcs nem podem reclamar, que eu não demorei.
(Eu estou postando depois da meia noite, então tecnicamente já é dia 24, mas eu ainda não dormi, então ainda estou considerando que é dia 23. O que significa que eu demorei só um dia pra postar c: )

Um aviso ae pra quem gosta de ler capítulos com bastante ação: sorry, baby. Esse capítulo é só Fourtris. Só. Finalmente o reencontro dos dois ♥

Espero que vcs gostem, boa leitura ;)



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– Tobias! – chacoalho-o de novo. Eu sei que não devia estar chacoalhando alguém que acabou de quase morrer e que está com um ferimento bem grave na cabeça, mas não consigo evitar. Preciso ver seus olhos, preciso saber que ele vai ficar bem.

Sinto lágrimas caindo, e nem tento segurá-las, sei que seria em vão. Um par de mãos toca meus ombros e Uriah fala, com um tom suave:

– Tris, pare de chacoalhá-lo. Quatro está com esse machucado bem feio na cabeça, precisamos levá-lo para o hospital, senão ele pode morrer.

Olho para ele, assustada.

– Não – soluço – Não vou me separar dele. E além de tudo, quem o levaria para o hospital? Para a cidade toda nós estamos mortos, Uriah. E mesmo que outra pessoa o levasse, teria que dar explicações.

Uriah suspira e Jack se aproxima. Tenho bastante noção de que devo estar parecendo uma louca, sentada no chão, chorando, passando os dedos descontroladamente pelos cabelos de um Tobias ferido e desmaiado, porém não consigo evitar. Passei tempo demais longe dele, não posso me afastar. Não de novo.

– Então vamos levá-lo para a casa do James – sugere Jack. James é o nome de um rebelde britânico que veio morar em Chicago e está nos hospedando pelo tempo que passarmos aqui. Na verdade, sua casa está mais para uma base rebelde, com sala para reuniões, uma pequena enfermaria, sala de treinamentos e de armas, e algumas outras que não explorei.

Jack usa seu celular descartável para pedir para alguém trazer um carro para levarmos Tobias.

Eu sei que Tobias tem seus amigos e familiares por aqui, e que logo, logo eles vão começar a ficar preocupados com seu desaparecimento, mas não consigo suportar a ideia de deixá-lo, machucado, em qualquer lugar. Até mesmo em um hospital. Pensei tanto no momento que o visse de novo... E em todas às vezes, eu me imaginava correndo para os seus braços, e ele me rodava no ar, e então nós nos beijaríamos e tudo estaria bem. Mas, ao contrário disso, eu o reencontrei levando uma surra dos homens da FERU. Não me sinto culpada por ter matado o homem que quase matou Tobias.

Enquanto esperamos encolhidos no canto do beco pelo carro, penso nos últimos dias de viagem.

Saímos da Inglaterra em um barco clandestino que nos levou até a América do Sul. Passamos uma noite em um lugar chamado Brasil e então seguimos viagem até Ohio. De lá, fomos até Indiana de trem, então roubamos três carros – para caber eu, Uriah, Jack e o grupo de rebeldes que veio para nos proteger ou ser deixado em Chicago com aqueles que amamos – e finalmente chegamos à casa de James, que fica em um descampado bem perto das antigas fazendas da Amizade.

Combinei com Uriah que iríamos primeiro atrás de Tobias e logo depois de Zeke e Hanna.

Jack, que não seria reconhecido por ninguém da cidade por sempre ter morado na Inglaterra, foi pedindo informações para as pessoas na rua até chegarmos ao prédio onde Tobias mora. Eu, Uriah e Jack ficamos escondidos observando durante um dia, até que vi ele chegando em casa com uma aparência bem cansada. Uriah e Jack precisaram combinar suas forças para me segurar e me impedir de correr para Tobias. Quase me fizeram ir embora, dizendo que eu poderia atrair atenção demais, e que alguém que me conhecia podia me ver, então concordei em apenas observar por um tempo. Vi sua silhueta passando por uma janela, e meu coração voltou a acelerar. Quando vi uma mulher o abraçar, meu coração se encolheu, mas me obriguei a parar de ser ridícula. Tobias não estava namorando ninguém. Tenho certeza que ele ainda me ama do mesmo jeito que amo ele. Um amor como o nosso não morre com o passar do tempo.

Entretanto, minha certeza sobre nosso amor foi por água abaixo quando vi os dois jantando juntos, e em seguida dormindo abraçados no sofá. Não consegui evitar o choro, e tive que enterrar meu rosto no ombro de Uriah, que me abraçou de volta com carinho, para evitar que os soluços saíssem alto demais. Ele ficou murmurando coisas sem sentido até eu me acalmar.

Passei a noite em claro olhando pela janela de Tobias enquanto Uriah e Jack descansavam. Ele devia ter uma cortina ou algo assim, dava para ver grande parte da cozinha e toda a sala pela janela.

De manhã, quando ele saiu de casa, eu o segui, deixando meus dois amigos dormindo no prédio abandonado que estávamos.

Fui andando atrás dele, pensando em tudo e em nada ao mesmo tempo. Eu tinha em mente que era injustiça considerar seu namoro uma traição, afinal, para ele eu estava morta. Meus pensamentos me distraíram e por um momento, e perdi-o de vista. Comecei a retroceder, achando que ele já estava voltando para casa, quando ouvi um barulho estranho vindo do outro lado. Uma pessoa normal ignoraria ou nem ouviria, mas eu já escutara muito esse barulho nesses três horríveis anos. Era o som de uma luta, de alguém batendo em alguém.

Segui em direção ao som, que deu no beco ao lado da padaria. Lá, me deparei com Tobias jogado no chão, sangrando, e dois homens – um segurando uma câmera com uma mão e com a outra uma faca que repousava na garganta de Tobias, e ou outro em pé ao lado, com um sorriso de satisfação no rosto. E o pior é que eu já os vira antes, eles já me levaram para a sala de experimentos algumas vezes na Sede da FERU.

Sentindo o sangue ferver, corri para lá, dando um encontrão com o cara da faca, que voou para longe. Corri atrás dele, e o outro veio atrás. Corri mais rápido ainda. Chegando onde o Cara da Faca havia caído, peguei sua faca e me lancei em sua direção, mirando o rosto, mas ele conseguiu levantar o braço para proteger o rosto, fazendo-me atingi-lo no pulso, deixando ali um longo e profundo corte, o que o fez soltar uma onda de xingamentos. Enquanto eu levantava o braço com a faca para atingi-lo novamente, o segundo homem me jogou de lado com um empurrão e bati com tudo no outro lado do beco. Talvez fosse a raiva, talvez fosse a adrenalina, mas lembro-me de não sentir nada quando bati na parede. Pensando apenas em Tobias, que jazia no chão perto de mim, avancei para os homens novamente.

Eu sabia que não daria conta de dois soldados altamente treinados sem nenhuma arma, mas tinha esperança de pelo menos fazer barulho o suficiente para atrair alguém para ajudar Tobias. E então, de repente, eu não estava sozinha. Uriah corria em direção ao homem que me empurrara, e já o jogava para o outro lado.

Agora que só restava um para eu cuidar, minhas chances tinham aumentado consideravelmente. Usando todo o tempo de treinamento na FERU, corri até o Cara da Faca e o joguei contra o chão, pegando sua faca de onde havia caído. Ele, usando sua força superior, me empurrou para trás, fazendo-me sair de cima dele, então me deu um chute forte no estômago. Ignorando a dor, parti para cima dele com a faca, e sem dó ou piedade, usei-a para rasgar sua garganta. Levantei-me, cambaleante e segurando a barriga onde ele me chutara.

– Tris, você está bem? – perguntou Uriah. Acenei que sim com a cabeça e corri até Tobias, que acabara de abrir os olhos.

Não me lembro muito bem, mas acho que gritei seu nome enquanto corria em sua direção. Quando cheguei, coloquei sua cabeça no meu colo, e deixei as lágrimas de agonia cair. Seus machucados estavam realmente feios, não paravam de sangrar. Será que seria assim? Quando eu finalmente volto para ele, Tobias morre?

Ele lutava para manter os olhos abertos, mas era óbvio que era uma batalha perdida, pois piscava cada vez mais lentamente, até que finalmente os fechou e sussurrou debilmente meu nome. E aquilo era uma ironia tão grande que quase comecei a rir. Por tanto tempo sonhei com sua voz dizendo meu nome de novo, e agora consegui. Um sussurro frágil e ferido de quem está bem machucado.

Uma van chega e dois rebeldes descem de sua traseira transportando um longo pedaço de pau envolvido com um lençol como maca improvisada. Eles pegam Tobias do meu colo e o prendem lá, levando-o para dentro.

Uriah me ajuda a levantar, e só quando me ponho de pé que me dou conta do meu estado – meu estômago dói horrivelmente e percebo que quando fui empurrada para a parede, cortei as costas, pois sinto sangue empapar minha camiseta. Uriah percebe como estou ao mesmo tempo que eu.

– Tris, o que aconteceu com você? – pergunta ele, em tom de acusação.

– Acho que tinha um prego velho na parede que bati – digo, com um gemido de dor.

Uriah pega minha mão e me conduz até a van. O veículo é maior do que aparenta ser por fora, com um bom espaço para a maca de Tobias e quatro acentos acolchoados para mim, Uriah, Jack e o médico rebelde que está nos esperando. Se me lembro bem, o nome do médico é Michael e ele largou o hospital no qual trabalhava na Inglaterra porque começaram a fazer experimentos para tentar trazer pessoas de volta à vida, e não só com mortos. Michael fugiu e se juntou aos rebeldes, achando aquilo tudo completamente errado. Ele veio para Chicago junto comigo, justamente para o caso de algo assim acontecer.

Sento-me ao lado de Uriah, que rapidamente pergunta a Michael onde há álcool, água e curativos para cuidar do meu machucado. Já parou de sangrar, então sei que não é muito grave, mas dói bastante.

Assisto o médico cuidar do rosto de Tobias, vendo primeiro como está o ferimento e em seguida limpando-o. Ele faz isso com cada corte, depois vai checar o resto de seu corpo, para ver se não tem mais nenhum machucado. A essa altura, Uriah já terminou de cuidar das minhas costas, e estou sentada ao seu lado, com a cabeça encostada no seu ombro.

Tento permanecer acordada a viagem toda, olhando para Tobias, que dorme na minha frente. Porém a case de James fica a mais de duas horas da cidade, e logo a noite que passei acordada e a perda de sangue começam a me empurrar para a inconsciência. Quero ficar com Tobias, então luto para permanecer acordada por algum tempo, mas o médico me garante que ele dormirá bastante durante as próximas horas. Desisto e deixo meus olhos se fecharem.

[...]

Estou de volta ao beco imundo no qual Tobias quase morreu. Consigo vê-lo, e consigo ver os homens que batem nele. Tento correr em sua direção, corro o mais rápido que posso, mas não chego rápido o suficiente, um dos homens da FERU olha para mim e com uma cara de decepção, diz:

– A culpa é sua Tris. Ele vai morrer – afirma, apontando para Tobias, que me encara com tristeza – por culpa sua. Você matou Tobias – e passa a faca pela garganta do amor de toda a minha vida.

– Não. Não. Não, não, não, não – começo a dizer, em meio a lágrimas. Eu sou uma assassina, uma assassina vil e cruel, e matei a pessoa que mais amo no mundo. Não, não, não...

Abro os olhos e encontro Uriah me balançando e chamando meu nome. Olho confusa para ele por um momento, sem saber onde estou. Percebo que é a casa em que estamos hospedados, e que aquilo era só um pesadelo. Todavia, não consigo parar de pensar na expressão de Tobias no sonho, aquele misto de raiva e tristeza...

Uriah nem precisa me perguntar para saber que eu estivera sonhando, pesadelos que me fazem acordar gritando ou às vezes chorando acabaram se tornando comuns.

Sento-me e começo a olhar em volta do pequeno quarto.

– Tobias? – pergunto.

– Ele está dormindo no primeiro andar, no final do corredor – responde Uriah – Eu falei com Michael, e ele disse que o mais grave é a concussão que o Quatro certamente teve, mas que precisa dele acordado para examinar melhor, então estamos apenas esperando ele acordar.

– Quanto tempo eu dormi?

– Umas quatro horas. Volte a dormir, você está precisando.

– Não, estou bem – respondo, mas eu e ele sabemos que é mentira, ainda estou bastante sonolenta. Entretanto, já fiquei tempo suficiente descansando longe de Tobias, preciso ir vê-lo – Você pode ir dormir, eu vou ficar com Tobias.

Uriah sabe que não vai adiantar tentar me convencer a não ficar plantada ao lado de Tobias até ele acordar, então apenas assente e se deita na segunda cama do quarto, ao lado da minha.

Vou até o banheiro no final do corredor e tomo um rápido banho. Depois, vou para a cozinha e como uma fruta qualquer, e só então vou para onde Tobias está.

Ele está um pouco pálido, e dorme pacificamente. Seu rosto é tão suave que sinto o impulso de tocá-lo. E é o que faço. Sua pele está um pouco fria, mas não me preocupo muito com isso, afinal, o dia está frio.

Seu quarto é de um azul bem claro, quase branco, com uma porta para o banheiro, a cama onde ele está bem no centro, um pequeno criado mudo ao lado e uma cadeira. Puxo a cadeira para o lado da cama e me sento, segurando sua mão.

Condeno-me por trazê-lo para cá. Foi uma atitude egoísta e impulsiva, que tomei em um momento de fragilidade, e agora, por causa da minha saudade, estou colocando-o em perigo. Eu sei bastante bem que no momento em que me ver, ele não vai querer sair do meu lado, o que o levará a voltar para a Inglaterra comigo e participar de uma revolução que ele não tem nada a ver.

Considero sair daqui e não deixá-lo me ver, para que ele continue achando que estou morta. Contudo, não consigo me forçar a sair do quarto.

As horas passam, e rapidamente perco a noção de a quanto tempo estou aqui. Só me levanto uma vez, para ir ao banheiro. Em dado momento, Michael entra e examina Tobias, dizendo que logo ele acordará, e que eu devia ir comer, pois a hora do almoço já passou há um tempo. Ignoro, continuo ali sentada. Pouco tempo depois, Uriah entra com um sanduíche e um copo d’água para mim. Ele espera eu comer e leva o prato e o copo para a cozinha, dizendo que eu deveria ir esticar as pernas – o que eu também ignoro.

Sento-me ao seu lado na cama, ando pelo quarto diversas vezes, impaciente. Quando começo a me preocupar e me remexer na cadeira, pensando em chamar Michael aqui para ver por que ele não acorda, ouço algo mudar. Sua respiração fica menos ritmada e as pálpebras tremem.

Mordo o lábio inferior, em expectativa. Seus olhos azuis se abrem, e deixo a felicidade transbordar por meus olhos em forma de lágrimas, que limpo rapidamente. Ele olha ao redor, confuso, até finalmente focar em mim.

Aqueles belos olhos com os quais desejei ver por tanto tempo, arregalam-se, incrédulos. Sua respiração fica entrecortada e ele leva a mão livre do meu aperto até os olhos, esfregando-os.

Uma lágrima solitária escorre por minha bochecha, e não sei mais se é de alegria por vê-lo acordado, de medo de sua reação ou de tristeza por estar metendo-o em confusão. Mais uma vez.

– Tris? – pergunta ele, rouco. Sua voz é triste e ao mesmo tempo alegre.

– Tobias – sussurro de volta.

– Eu estou sonhando – afirma ele, piscando lentamente.

Balanço a cabeça para os lados, sem nunca tirar meus olhos dos seus.

– Não – respondo com a voz embargada – Você está aqui mesmo. E eu estou com você. Estou viva, Tobias.

É sua vez de balançar a cabeça. Ele responde com a voz suave, como se estivesse falando com uma criança:

– Não, meu amor, eu estou sonhando. Eu sinto tanto a sua falta, Tris. Não quero acordar, quero ficar no sonho com você.

Mordo o lábio de novo, para evitar chorar. Ele realmente acha que está sonhando. Será que devo convencê-lo de que isso é de verdade ou deixá-lo acreditar que é um sonho? Opto pela opção mais egoísta.

– Não, Tobias, não é. Eu sou de verdade. Olhe – levanto nossas mãos entrelaçadas – Você está me tocando, eu sou de carne e osso.

Ele me encara, sem acreditar. Franze a testa e desce o olhar devagar até chegar nos meus pés, e então volta a olhar para os meus olhos. Balança a cabeça em negativa uma vez.

– Você... – pigarreio, para tirar a rouquidão da voz – Você quase morreu, uns homens tentaram te matar. Você se lembra disso, Tobias?

Ele assente, olhando para mim sem falar nada. Tobias abre a boca, mas nenhum som sai, então a fecha de novo.

– Mas eu vi você morta, Tris. Eu vi seu corpo – vejo lágrimas se formarem nos seus olhos – Toquei na sua mãe gelada... Eu joguei suas cinzas pela cidade.

– Eu morri, sim – confirmo – Mas não eram as minhas cinzas que você jogou. Eu estou viva.

Acho que eu devia explicar como voltei à vida, mas seu olhar embaralha meus pensamentos, faz minhas mãos suarem e lágrimas rebeldes subirem para os olhos. Uma gota escorre de seu olho, e eu a limpo com um movimento suave.

– Você está viva.

Assinto.

– Está aqui. Está comigo – ele parece precisar se convencer disso. Eu entendo, não é sempre que sua namorada volta dos mortos – Eu morri?

– Não – respondo pacientemente, com um pequeno sorriso – Você está vivo.

– Então estou alucinando. Aqueles homens que tentaram me matar devem ter me largado na calçada, e agora estou alucinando – diz ele, tentando encontrar alguma resposta plausível para o meu retorno – Não quero acordar.

– Não, Tobias. Eu não deixei aqueles homens te fazerem mais mal. E você já está acordado.

Ele olha para mim, sem entender. Não perco a paciência. Tobias começa a mover o corpo para se sentar, e eu o ajudo. Ele parece estar entre se encolher para longe e se jogar nos meus braços, mas se contenta em apenas aceitar a ajuda.

– Eu vi seu corpo – afirma ele, mais uma vez.

Respiro fundo e começo a contar:

– Eu sei disso. Você viu mesmo, e eu morri mesmo. Depois que eu morri, meu corpo foi levado para outro país, bem longe daqui. Um cientista estava testando uma cura para a morte, e... bem, deu certo. Ele conseguiu me reviver. Mas esse cientista não me deixou voltar para casa. Eu queria, queria muito, mas ele fez... – percebo o que estou prestes a falar e mudo o discurso, não quero falar para ele o que realmente aconteceu nesses anos, principalmente quando ele está nesse estado, então conto apenas parte da verdade – Ele me manteve presa lá, e não consegui fugir até alguns dias atrás. Umas pessoas de lá me ajudaram e me libertaram, então eu voltei. Voltei para você.

Tobias apenas me encara, e posso ver os sentimentos ao passarem por seu rosto: primeiro confusão, depois surpresa, em seguida tristeza, então muda para alegria e finalmente compreensão.

– Você está viva – ele sussurra, maravilhado. Solta minha mão e começa a passar os dedos pelo meu cabelo, rosto e ombros – Você está viva de verdade.

– Estou – digo, balançando a cabeça em afirmativa e deixando mais lágrimas caírem. Esse toque... Esperei tanto por esse toque, sonhei com ele por tanto tempo...

Lágrimas caem descontroladas por seu rosto, mas ele permanece apenas olhando para mim, como se eu fosse um milagre. O que, para ele, eu sou mesmo. Sua respiração fica bem rápida.

Não contentado em apenas tocar meu rosto, ele se aproxima e me puxa para um abraço. Fecho os olhos e o abraço com força, sentindo-me, pela primeira vez em anos, completamente protegida e amada. Ele retribui me apertando até eu ficar sem fôlego e soltar uma risadinha fraca, dizendo um “não estou conseguindo respirar”, então afrouxa um pouco o aperto, mas continua com a cabeça enterrada em meus cabelos, respirando profundamente. Aninho a cabeça em seu ombro, e ela encaixa com perfeição, como se fosse feita para estar ali.

Ansioso por mais, ele pega meu rosto com cuidado e me olha profundamente antes de tocar meus lábios com os dele. Primeiramente, o beijo é doce, delicado, com os lábios mal se tocando. Então ele começa a ficar mais feroz, e o beijo por si só põe todas as cartas na mesa – toda a saudade que sentimos durante os anos separados, todo o amor que permaneceu. Mal percebendo, coloco os braços em torno do seu pescoço e começo a passar os dedos pelo seu cabelo. Toda a preocupação que eu estava sentindo há instantes atrás se esvai com seus toques carinhosos, restando apenas a felicidade do reencontro. E, nesse momento, tenho certeza absoluta de duas coisas – as duas coisas mais importantes do mundo –: primeiro, que eu o amo e que ele me ama de volta, e, segundo, que nada mudou ou mudará entre nós, que não importa quanto tempo fiquemos separados, nosso amor prevalecerá.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Mereço reviews? Favoritos? Recomendações? (Ok, ok, eu sei que ainda está cedo pra isso)

Gostaram do capítulo só pro Tobias e pra Tris? Espero que sim, pq o próximo é a mesma coisa kkk

Sim, eu sei que a Tris tá bem chorona, mas deem um desconto pra ela, né? Os últimos três anos da vida dela não foram lá mto bons, e, além de tudo, ela teve que ficar longe do Tobias dlç, até eu choraria por isso huehuehue :3

Comentem e me contem o que acharam, okay?

Vejo vcs nos comentários... Bjsssss