Chasing the Happy Ending escrita por Annie Cipriano


Capítulo 3
Capítulo 3 - Tris


Notas iniciais do capítulo

Heey! Estou de volta!
Desculpa por ter demorado tanto, mas eu avisei que ia viajar.

Sabem, enquanto eu estava sem internet, eu ficava pensando que ninguém ia ter comentado, e que eu ia acabar abandonando a fic porque ninguém tava gostando... (é, eu sou meio pessimista) Mas, ao contrátrio do que eu pensava, vcs mandaram um monte de reviews, que me deixaram muuito feliz :D Então, eu quero agradecer a todo mundo que comentou, eu amei todos os comentários ♥

E sobre o capítulo: eu sei que está meio comprido, e eu até pensei em dividir o cap., mas como eu fiquei muito tempo longe, vcs merecem um capítulo meio comprido, né? (aliás, eu tive que cortar umas partes pq tava ficando grande demais kkk)
E, se vcs acharem algum erro, me desculpem, é que meu teclado está meio estranho :P

Espero que vcs gostem, até as notas finais :*



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Encaro meu reflexo no espelho por um momento – um lindo e delicado vestido azul caindo até os tornozelos, sapatos de salto alto pretos, o cabelo arrumado em um coque chique, uma maquiagem leve que passa uma mensagem completamente diferente da que minha cara de cansaço e ódio demonstra. Saio da frente do espelho e espero até que os guardas venham e me vendem, impedindo-me de ver a saída deste lugar. No começo, eu achava isso de não quererem que eu visse a saída um pouco ridículo, afinal, com tantos guardas espalhados por aqui, como eu conseguiria escapar? E, de qualquer jeito, mesmo quando tentei, as únicas coisas que consegui foram me machucar e machucar quem quer que estivesse envolvido, além de qualquer pessoa que eu tenha me apegado.

No dia em que acordei, três anos atrás, completamente confusa e desnorteada, sem entender como eu podia estar viva, eu não fazia a menor ideia do motivo de eu estar aqui. Era por que sou divergente? Por que eles me trouxeram de volta à vida? Por que eles queriam a fórmula para trazer mais pessoas de volta? Por que eles queriam entender a morte? Independente de qual fosse a resposta, eu esperava que depois de alguns testes eles me deixassem partir de volta para Chicago, onde eu viveria feliz para sempre com quem quer que fosse a família da qual eu não me lembrava. Doce ilusão.

Depois de tanto tempo forçando a mente, e conversando com Uriah sobre nossa antiga cidade, consegui lembrar de tudo sobre minha antiga vida – as facções, minha família, meus amigos, Tobias. Apenas algumas memórias ainda não são muito claras, mas são sobre minha infância e momentos de quando eu era criança. Demorei um ano para me lembrar de toda a minha vida e para preencher todas as lacunas. Infelizmente, junto com as memórias, veio a saudade e a vontade de voltar para o lar.

De início eram apenas exames médicos, depois vieram os testes com diferentes soros – Dr. Richard dizia que era para “criar melhores medicamentos, para podermos salvar mais vidas”, e eu acho que alguns eram mesmo para fazer isso, mas grande parte era apenas para fazer a pessoa sentir uma dor excruciante e imaginária, ou um pavor completo, ou qualquer outra coisa terrível usada para fins pessoais –, depois dos soros, os “médicos” resolveram que precisavam testar outras milhares de coisas relacionadas ao meu cérebro, e foi então que começaram as torturas físicas. Longas sessões de alguém me dando choques, me cortando, chicoteando, batendo ou fazendo qualquer outra coisa que me machucasse. E eu não podia fazer nada para evitar.

A única coisa que fazia eu não perder completamente minha sanidade era Uriah. Assim como eu, ele foi trazido de volta da morte para estudos, então sabia exatamente como eu me sentia. Os cientistas que faziam os testes resolveram que não seria bom se eu começasse a enlouquecer, que isso seria um desperdício de recursos, então deixaram que nós dividíssemos um quarto – ou melhor, cela sem grades – para termos com quem conversar e não simplesmente pirarmos de vez. Com o tempo, descobrimos o porquê de um ser tão familiar para o outro, lembramos que éramos amigos antes disso tudo, o que ajudou a fortalecer nossos laços. Somos praticamente irmãos hoje em dia. Acho que ser brutalmente torturado até ficar completamente esgotado e ter alguém para passar por isso junto com você e te relembrar o motivo de vocês terem que resistir quando a esperança parece totalmente perdida faz as pessoas se tornarem muito próximas.

Após um ano de tortura física e mental, os médicos/cientistas do mal tinham praticamente todas as informações sobre nossos cérebros que queriam. Foi aí que decidiram que nós poderíamos ser mais que cobaias. Na mente daqueles doentes, nós poderíamos torná-los ainda mais ricos e poderosos: nós poderíamos ser seus próprios – usando a palavra que eles mesmos usaram – mercenários. Eu e Uriah faríamos qualquer tipo de trabalho sujo que eles mandassem, sob ameaça de eles matarem os que amamos em Chicago. De início, eu achei a ideia ridícula. Será que eles estavam mesmo dispostos a nos tornar profissionais em luta e uso de armas e ainda por cima nos mandarem para fora daqui? Era bom demais para ser verdade. Mas então eles começaram a ameaçar quem estava em Chicago – Tobias, Christina, Caleb, Cara, Zeke, a mãe de Uriah, Hanna, e todos os outros que nós conhecemos e amamos. Para provar que eles podiam, nos mostraram vídeos deles, de como estavam agora (aparentemente sobraram algumas das câmeras que o Departamento usava para nos vigiar e eles tinham acesso a elas) e apenas a imagem de Tobias chorando por mim em seu apartamento, ou de Caleb andando na rua, me fizeram concordar. E o mesmo aconteceu com Uriah, quando mostraram o vídeo de Zeke policiando as ruas junto com Amah, ou de sua mãe indo para onde eles moravam na Audácia antigamente e chorando por ele. Mais tarde, descobrimos que não era só isso, nós dois sabíamos que eles testavam todo o tipo de coisa em nossos corpos, mas o que não sabíamos era que eles haviam colocado, em algum lugar do nosso corpo, um rastreador e um chip que era capaz de nos fazer sentir muita dor ou nos fazer desmaiar por um tempo determinado por eles. Com a ajuda de um dos homens que vigiavam nossa cela – e que acabou sendo morto por ter me ajudado –, descobri também que o rastreador está na parte de trás do meu ombro, onde eu não conseguiria tirá-lo sozinha, e o mesmo vale para Uriah.

Então, como não tínhamos opções, começamos a torturar e matar para eles, pois a alternativa era deixar as pessoas que amamos morrerem e voltarmos para a vida de torturas diárias. Tenho nojo do que faço, e já perdi a conta das vezes que tentamos fugir, mas o máximo que conseguimos chegar foi alguns corredores depois de onde dormimos. Depois de um tempo, desistimos temporariamente das ideias de fuga.

Até hoje, matei doze pessoas, contando com antes da minha morte. Uriah matou dezoito. Não que nós tivéssemos escolha, mas ainda assim isso é terrível, saber que me tornei uma assassina... Não sou mais a mesma pessoa de antes, tenho sangue demais nas mãos, e também não sei quando tempo mais aguentarei desta vida.

Hoje, eu terei que conseguir a informação de onde está um diamante que uma mulher chamada Rose Blakthorne roubou de um outro cara que roubou de um outro cara que roubou de uma mulher que roubou de um museu. O plano é nós dois entrarmos na festa, e enquanto Uriah causa um tumulto qualquer, eu vou achar o diamante, ou conseguir a informação de onde ele está. Seremos levados em um carro com as janelas tapadas – como sempre – até a festa, que fica no centro de Londres.

Nossos carcereiros não permitem que tenhamos muitas informações sobre o lugar que estamos, mas por termos ido em muitos eventos e conhecido pessoas (e matado metade delas), sei que estou em um lugar chamado Reino Unido, e que é uma grande potência mundial, que se manteve firme mesmo quando a Terceira Guerra mundial começou, e depois disso eles se fecharam e não deixaram mais ninguém entrar ou sair do local, e hoje em dia estão voltando a fazer comércio com outros países. Durante o tempo que ficaram reclusos, os ingleses evoluíram muito e hoje em dia possuem objetos de uma tecnologia tão avançada que chega a ser assustador.

Depois de uma viagem de carro de mais ou menos duas horas, chegamos ao local da festa.

– Vocês sabem o que fazer. Quaisquer problemas apertem a pedra do anel e quem estiver por perto virá – o homem que está falando as últimas instruções dá ênfase no “quem estiver por perto” para que saibamos que vai ter gente ao redor. Provavelmente é por causa da vez em que pedimos para um cara nos ajudar a fugir. Não acabou bem para ninguém, nós continuamos presos, fomos castigados e o homem morreu – Vocês têm até às 2 horas da manhã para terminar a missão sem serem notados, e sabem o que vai acontecer se errarem.

Terminado o tempo para ameaças, saímos do carro e olhamos ao redor. É um lugar muito bonito, um bairro de gente rica, com grandes casas, rua limpa e arborizada. A casa que vamos é a maior de todas, tem dois andares, um belo jardim, muitas janelas e dois seguranças nas portas, deixando apenas quem tem o convite entrar.

– Pronta? – pergunta Uriah, ficando ereto e esticando seu braço para mim.

– Pronta – respondo, aceitando-o.

Entramos lá sem problemas, a FERU – nome que eu aprendi a odiar – sabe como falsificar um convite muito bem, nunca tivemos problemas com isso.

– Boa sorte... Não vá para a cama, ou melhor, mesa, com ninguém esta noite, certo? – falo com ironia, me referindo a uma das noites mais estranhas que já tive, quando, em uma das “missões”, encontrei Uriah se agarrando com uma mulher embaixo da mesa de comidas. Depois descobrimos que ela havia colocado algum tipo de droga na bebida dele, o que o levou a fazer aquilo, mas de qualquer jeito foi um pouquinho engraçado. Se é que podemos considerar qualquer coisa engraçada nesses dias.

– Há. Há. – responde ele, com uma sobrancelha levantada e um sorriso cansado.

Ele vai para onde um punhado de homens estão ficando bêbados e eu vou para perto da mesa de doces, para conversar com algumas pessoas antes de a confusão começar.

Pego alguns doces da mesa, e enquanto estou comendo-os, noto que alguém está me encarando. Olho de relance para o rapaz, mas assim que vejo seu rosto, congelo. Olho de novo, encarando abertamente e de olhos arregalados. Será que finalmente enlouqueci?

Peter me encara de volta e abre um sorriso irônico de lado. Balanço a cabeça para os lados, na esperança de que sua imagem desapareça e eu perceba que estou alucinando ou qualquer coisa assim. Mas ele continua lá, agora com as sobrancelhas arqueadas. Ele inclina a cabeça em direção à escada e segue para lá.

Pisco com força e sinto o coração acelerar. O que estaria Peter fazendo ali? Ele deveria estar em Chicago, a um oceano de distância.

Olho na direção de onde está Uriah, me perguntando se devia chamá-lo. Balanço a cabeça de novo e respiro fundo. O que quer que esteja acontecendo, o que quer que Peter esteja fazendo aqui, preciso saber o que é.

Caminho lentamente, como se nada estivesse acontecendo, até onde vi Peter pela última vez, que foi embaixo da escada principal. E lá está ele me esperando.

– Peter? – pergunto, ainda com medo de meus olhos estarem me enganando.

– Sim.

– O que você está fazendo aqui? Como sabia que eu estava aqui? Você... Tobias também está aqui?

– Não, Tobias nem sabe que você está viva – seus olhos brilham quando ele continua: – É verdade mesmo que você era minha amiga?

– Sua... O quê? – pergunto, completamente confusa – O que você quer dizer?

Peter suspira.

– Nada, esqueça – ele olha para os lados antes de dizer – Vamos, me siga.

– Onde você quer me levar? E o que você está fazendo aqui?

Ele ignora minha pergunta e anda rapidamente até um corredor. Eu o sigo.

Minha cabeça dá voltas, e não sei mais o que pensar. Peter está aqui, fico repetindo para mim mesma. Será que ele está aqui para me salvar? E o que ele quis dizer com aquilo de “você era mesmo minha amiga?”? Talvez eu não devesse segui-lo, talvez isso seja um teste da FERU para me abalar. Mas não consigo me impedir de seguir atrás dele, nem de meu coração se encher de esperança.

Viramos em alguns corredores até ele me conduzir a uma sala onde há um sofá, uma televisão de holograma e uma estante com alguns livros. Peter abre um dos armários embaixo da estante e pega um livro pequeno, abre em uma página aleatória e o coloca com as páginas viradas para baixo sobre um ponto na estante.

Franzo o cenho e começo a hesitar:

– Peter... hum... o que você está... – mas antes que eu possa terminar, a estante começa a deslizar silenciosamente para o lado, até que uma estreita escada fique a mostra.

Arregalo os olhos e o sigo quando Peter começa a descer os degraus. A escada mal iluminada nos leva até uma sala pequena e vazia, onde se encontram uma porta e um aparelho que reconheço como um leitor de retina ao seu lado. Peter coloca os olhos no aparelho e a porta se abre com um “bipe” baixinho. Ele me guia por mais alguns corredores, e coloca os olhos em mais um aparelho, até que estamos em um laboratório enorme, com direito a diversas máquinas, macas e uma prateleira que vai do chão ao teto e é da largura da parede, cheia de frascos.

Arregalo os olhos e arquejo enquanto dou um passo para trás, batendo nas portas já fechadas.

– Tris – ouço uma voz familiar chamar. Franzo as sobrancelhas quando ouço meu nome mais uma vez, reconhecendo o dono da voz. Jack aparece por trás de um grande aparelho, estampando um sorriso no rosto. Olho para ele como se estivesse vendo um fantasma.

Como é que ele pode estar aqui? Eu o vi morrer!

Lembro-me bem do dia em que ele morreu. Foi há alguns meses, em minha última tentativa de fuga. Eu tinha acabado de matar um homem a mando da Dr. Andrea, e estava bem abalada. Já fazia um dia que eu havia atirado nele, e eu continuava tremendo e de vez em quando chorando, não conseguia parar de pensar se ele tinha uma família, se eu havia matado o pai de alguém, se alguém estava se sentindo como eu me sentira quando meus pais morreram. A crueldade do que eu fizera era muito para mim.

Uriah via o que eu estava passando, e não sabia mais o que fazer. Já tinha me abraçado, eu já dormira, e continuava abalada. Então decidimos que era hora de fugir. Jack era o segurança que cuidaria da vigilância de nossa cela no dia, e eu vinha conversando bastante com ele no último mês, enquanto Uriah era levado para os experimentos, eu construí uma amizade frágil com Jack. E ele estava disposto a nos ajudar.

Quando chegou a noite, Jack deixou o outro guarda que estava no turno com ele inconsciente e abriu nossa porta. Eu havia guardado um garfo e uma faca de plástico do jantar, e eram as únicas armas que tinha. Dei a faca a Uriah e saímos correndo. Conseguimos derrubar cinco soldados antes de um grupo de pelo menos dez nos cercar. Lutamos o quanto pudemos, mas eles eram mais fortes e não tínhamos mais o elemento surpresa.

Depois daquilo, eles só nos dão colheres para comer, e sempre somos vigiados durante as refeições. Dois dias depois da tentativa de fuga, levaram a mim e a Uriah para uma sala que nenhum de nós já tinha visto, nos amarraram em cadeiras e espancaram Jack na nossa frente até a morte para mostrar o que aconteceria com quem nos ajudasse. E, claro, depois de Jack foi a nossa vez. A culpa me consumira ainda mais, mas eu não tinha outra alternativa além de aguentar firme e esperar que nós conseguíssemos outra chance de fuga. Depois disso, Uriah começou a matar quem podia por mim, para que eu não ficasse tão abalada de novo, pois ele não fica tão aterrorizado quanto eu quando tira uma vida, acho que ele consegue afastar o sentimento.

E agora, ali está Jack, parado na minha frente em carne e osso. Avanço em sua direção e o abraço. Sei que não temos intimidade o suficiente para fazer isso, mas depois da culpa que senti após sua “morte”, não posso evitar.

– Como você está vivo? Eu vi você morrer! – falo, com a voz abafada por estar com o rosto em seu ombro. Levanto o rosto e olho em seus olhos castanhos enquanto pergunto: – Eles usaram o soro em você?

– Não – Jack responde com um sorrisinho – eu meio que me fingi de morto depois de alguns golpes. Quando me mandaram para o necrotério consegui escapar e me juntei aos rebeldes.

– Rebeldes? – repito.

Solto ele e olho melhor ao meu redor. Há mais pessoas aqui, pessoas que eu não prestei atenção quando entrei. Uma delas, uma mulher esbelta que deve ser apenas um pouco mais velha que eu se aproxima.

– Olá, Tris. Meu nome é Jessica. Nós, estamos lutando contra o governo, pois ele vêm fazendo esses experimentos nojentos que fizeram com você com muito mais gente – seu rosto adquire uma expressão de ódio quando fala isso – Fizeram comigo. Estamos lutando para que os experimentos acabem, e para que o Parlamento volte. Alguém já te falou sobre como o governo era antigamente? – balanço a cabeça – Antes da Terceira Guerra, nós tínhamos um Parlamento, onde várias pessoas opinavam sobre tudo e o Primeiro Ministro decidia o que fazer. Era mais justo. Depois da Guerra, a família real tomou o poder, e agora o estúpido Rei Hugo comanda o país. Acontece que ele não liga para a população.

“O irmão do rei, Marcus, morreu há algum tempo, e desde então ele paga para esses cientistas conseguirem um antídoto para a morte. Parece que conseguiram, não é? O rei só favorece os mais ricos, a população pobre está ficando doente e faminta. Estamos tentando reestabelecer o Parlamento na Inglaterra, mas para isso precisamos da sua ajuda.”

– Da minha ajuda? – pergunto, impressionada – o que eu poderia fazer para ajudar?

– Você esteve na Sede da FERU por mais tempo do que qualquer outra pessoa. Conhece os corredores e médicos, sabe que tipo de coisas eles fazem lá. Precisamos de seu conhecimento do lugar – responde um homem que está sentado em uma cadeira há alguns metros de mim.

– Bem... Eu gostaria de ajudar, mas não posso – coloco a mão na parte detrás do ombro, onde sei que está o chip – eu tenho um chip com rastreador, que pode me fazer desmaiar ou gritar em agonia.

– Sim, nós sabemos – garante Jessica – E é por isso que te trouxemos aqui. Nós podemos retirar o chip, se você prometer que vai nos ajudar na revolução.

– Vocês só querem saber o que eu sei sobre a Sede? – pergunto, com um pouco de desconfiança.

– Inicialmente, sim.

– O que você quer dizer com “inicialmente”? – questiono, preparando-me para lutar ou recusar.

– Que no começo, é só isso, mas que talvez nós venhamos a pedir mais coisas ao longo da luta contra o rei.

– Vamos lá Tris, eu sei que você já participou de uma revolução antes – incentiva Jack, colocando uma mão em meu ombro – Você já passou por tanta coisa... Você até já morreu! Nós sabemos que a Inglaterra não é nada mais do que uma prisão para você, mas ela é o lar de milhares de pessoas. Pessoas que precisam de ajuda.

Mordo o lábio, sem saber direito o que fazer.

– E Uriah? – pergunto – Se eu fizer qualquer coisa assim, ele deve estar comigo. Se não, não há nenhuma chance de eu concordar.

– Claro, nós já sabíamos – afirma o mesmo homem estranho que havia falado antes – Peter está trazendo Uriah agora mesmo.

Olho para trás, um pouco surpresa por não ter notado a saída de Peter.

– Mas... Se nós fugirmos, a FERU vai matar as pessoas que eu amo e que estão em Chicago.

Jack pigarreia e olha para Jessica, que responde:

– Nós podemos proteger algumas pessoas que você e Uriah escolherem.

– E quem me garante que vocês vão mantê-los seguros? E se perderem a rebelião?

– Revolução – corrige ela – E nós podemos sim garantir nossa vitória depois de tudo acabar. Temos o apoio de toda a população pobre e de pelo menos metade dos ricos. Nós só precisamos do conhecimento que você e Uriah têm para ganharmos. E, além de tudo, sua outra opção é matar quem quer que a FERU mande para o resto da vida, ser uma assassina para sempre.

Baixo os olhos, e fico pesando as consequências do que estou prestes a fazer. Eu sei que no momento que escapar, haverá pessoas em Chicago prontas para tirar a vida de Tobias, de Caleb, de todos que amo. Mas esses rebeldes, em contrapartida, estão me oferecendo a chance de escapar, e ainda me redimir com esse país, com as pessoas que perderam seus entes queridos por minha culpa.

– Está bem, eu aceito.

Quando Uriah chega, um minuto depois, mais ou menos, e tudo lhe é explicado, ele concorda imediatamente.

Jessica nos explica que a cirurgia para a remoção do chip é um tanto quanto perigosa, porque deve ser feita muito rapidamente, mas mesmo assim não hesitamos. Eles também nos oferecem uma escolha em relação a quem está em Chicago: podemos ir buscá-los para os rebeldes os protegerem ou eles podem mandar soldados para protegê-los até que nossa volta seja segura. Decidimos então ir até lá, e escolher dependendo do que virmos.

O homem que falara comigo antes e não se apresentara, diz que seu nome é Diego e que ele é um dos médicos que vai retirar os chips.

Somos levados até outra porta entre o labirinto de corredores que é esse lugar, onde há duas macas, com diversos aparelhos e médicos em volta. Mordo o lábio e abraço Uriah antes de me deitar, para o caso de algo dar errado.

– Ei, vai dar tudo certo – diz ele. E abre um de seus sorrisos verdadeiros, um daqueles que foi sumindo com o tempo que passamos longe de Chicago, mas que sempre me fazem sorrir de volta quando aparecem – Nós vamos sair daqui, Tris, nós vamos conseguir!

Deito-me de barriga para baixo e fecho os olhos. Sinto a picada da agulha de anestesia e logo depois o mundo fica negro e tudo desaparece.

[...]

Quando desperto, sou informada que o chip foi retirado com sucesso e levada até outra sala, onde há dois grandes sofás, um de frente para o outro, e onde Uriah, Peter, Jessica e outros dois homens que não conheço me esperam.

Eles me falam que levarão a mim e a Uriah até Chicago, juntamente com Jack e um monte de outros soldados, para decidirmos o que faremos com quem está lá, e que teremos no máximo uma semana para ir, voltar e decidir.

Concordamos, e sou levada até um pequeno quarto, com apenas uma cama, um criado-mudo e uma porta para um banheiro, e sou instruída a descansar, pois sairemos no dia seguinte.

Tento fazer o que pediram, mas não consigo. Meus pensamentos voam, cada vez mais rápido, e não consigo evitar me sentir aliviada e feliz pela primeira vez em muito tempo. Fico imaginando como Tobias estará, o que direi quando o encontrar... Em meu rosto, cresce um sorriso quando penso em como será nosso reencontro. Meu coração está entupido de esperança. Logo, eu vou estar nos braços do amor da minha vida, da pessoa com a qual venho sonhando há três anos. Logo, eu vou estar completamente feliz de novo. Logo, eu vou estar completamente livre.

Fecho os olhos e deixo os sonhos me levarem, torcendo para que o dia comece logo, para eu poder, finalmente, voltar para casa.


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Notas finais do capítulo

Então, o que acharam? Reviews? Favoritos? Críticas?
Me contem o que vcs pensaram, se estão gostando, o que não está bom... Ah, e me falem se vcs preferem capítulos compridos ou curtos, para eu saber mais ou menos o quanto devo escrever...

Bjss, espero reviews, ok?



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