"Verbotene Liebe" (Amor Proibido) escrita por Nina Winchester


Capítulo 2
Flashback


Notas iniciais do capítulo

Mais uma vez faltou uma parte no meio do texto. Desculpem por isso. É a primeira vez que posto uma fic.



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Capítulo 1

Flashback

John estava em mais um caso e havia saído para investigar, deixando os garotos naquele hotel sozinhos. Como sempre, Dean era o responsável por cuidar de Sam, mas quem disse que o caçula queria colaborar com o irmão?! Foram duas semanas infernais até o menor arrumar briga na escola e Dean ter que inventar uma boa desculpa para a Diretora não desconfiar da ausência de John.

Dean ficou tão puto com o irmão que mal se falaram pelos próximos dias. E depois de uma semana outra briga na escola havia acontecido. Não teve mais jeito. Dean acabou precisando ligar para o pai e pedir que viesse antes que a escola acionasse os Assistentes Sociais. John não gostou nada de ter que deixar a investigação no meio e, como sempre, Dean levou toda a culpa. Escutou calado e de cabeça baixa todo o sermão ao qual foi submetido, ouvindo que ele deveria ter tomado conta direito do irmão e não deveria ter deixado nada disso acontecer e que agora, por culpa dele, de sua incompetência, o caso seria atrasado e pessoas poderiam morrer por conta disso. Portanto, agora precisariam permanecer por mais tempo naquela cidade para não levantarem mais suspeitas e também para John terminar o caso, afinal, este nunca deixava um caso sem solução.

É claro que Sam adorou saber que ficariam mais tempo naquela cidade e ficou todo empolgado por continuar frequentando a mesma escola em que estavam que sequer deu importância para seu irmão, que estava muito chateado por conta do ocorrido. Era só pedir desculpas que tudo estava bem, assim pensava Sam. Era sempre assim. Sempre havia sido assim. Sam aprontava, Dean levava a culpa. Sam via o irmão triste e pedia desculpas, e Dean, claro, aceitava, afinal não tinha muito que ele pudesse fazer a respeito disso. Sam era seu irmão e ele o amava de mais para ficar muito tempo brigado com ele, ainda mais quando o mais novo olhava para ele com cara de cachorrinho abandonado. Sam sabia disso e abusava desse fato. Dean sempre acabava o desculpando e fazendo suas vontades adorando ver aquele sorriso cheio de covinha do caçula ao ser desculpado.

Após John ter comparecido na escola para conversar com a Diretora sobre seu filho e assegurar à ela que o comportamento anterior de Sam não se repetiria, John voltou para o caso que estava investigando e deixou os filhos novamente sozinhos naquele hotel.

O clima entre os irmãos não estava nada bom. Dean detestava ser repreendido pelo pai, e principalmente decepcioná-lo. Sempre que isso acontecia sentia-se mal e realmente culpado. Por esse motivo Dean estava chateado e deixava isso transparecer em forma de mau humor. E um Dean mal humorado deixava sarcasmo escorrer por cada palavra que proferia. Essa era sua forma de defesa. Ele erguia cada vez mais esse muro de sarcasmos e ironias em volta de si. Fazer piadas e gracinhas ajudava a distrair as pessoas para não deixar que ninguém percebesse seu real estado de espírito. Essa era sua defesa contra as pessoas, mas mais do que isso, era sua forma de defesa de si próprio. Era sua forma de se manter forte.

Sendo assim, os dias seguintes não foram nada agradáveis entre os irmãos, principalmente para Samuel Winchester, que já havia pedido desculpas ao mais velho no mesmo dia em que John teve que voltar. E, embora Dean tivesse aceitado, ainda estava chateado de mais para esquecer. Além de que agora ele queria mais do que nunca agradar ao pai, o que significava vigiar o mais novo 24 horas por dia. Sam não podia sair para lugar algum e já estava se irritando de ter que ficar preso naquele hotel junto com o irmão assistindo TV. Era entediante, principalmente agora que ele tinha feito amigos na escola e queria sair para brincar com eles. Como Dean não o deixava sair, as discussões entre eles só pioravam.

– Dean, me deixa ir. O pessoal vai estar todo na casa do Brad! Não tem perigo algum lá!

– Não.

– Mas Dean, é aniversário do meu amigo. Quando vou ter oportunidade de ir a uma festa de aniversário de um amigo de novo?

– Já disse não, Sam. Você não vai. O pai mandou ficarmos aqui e é isso o que vamos fazer. Nada de festas.

– Mas vão apenas poucas pessoas. Nem é uma festa propriamente dita. Vai ser só uma reuniãozinha para não passar em branco. Vai ter cachorro quente, refrigerante, pipoca e bolo...

– Não importa. Você não vai e está decidido! – falou Dean querendo por um ponto final da discussão.

– Você não é o papai e não manda em mim! Ele nem está aqui para decidir se vou ou não! – atacou Sam. O mais novo sempre atacava neste ponto, acusado o pai por não estar com eles.

– Mas você sabe muito bem que quando ele não está, sou eu quem dá as ordens. – rebateu Dean. Mesmo tentando evitar as brigas com o irmão ele não conseguia não reagir.

– Não. Você não dá as ordens. Você cumpre as ordens que ele já te deu. É muito diferente. – Sam disse sabendo onde ferir o irmão. Toda vez era assim. O mais novo sempre acusava o mais velho de ser um ‘soldado’ do pai e saber apenas cumprir ordens dele, sem pensar e agir por si próprio.

– De qualquer forma, você não vai Sam – falou Dean entediado, já se cansando da discussão. Esse era sempre o ponto principal delas e isso cansava.

– Você é muito chato Dean! Um chato! Só não quer me deixar ir porque você não tem amigos para ir numa festa também. Aposto que você nunca nem mesmo foi a uma festa de aniversário de um amigo seu! – rebateu Sam irritado com o irmão.

– Cala a boca Sam. Você não sabe de nada. Você não tem esse direito. Não tem! – gritou Dean.

– Eu já tenho 10 anos Dean e nunca fui a uma festa de aniversário de num amigo meu. Nunca tive essa oportunidade! Nunca ficamos tempo suficiente numa cidade para fazemos amizades e gora que tenho amigos você não me deixa ir a casa deles! Não quero ser como você, um antissocial e chegar aos 14 anos sem nunca ter tido um amigo e sem ter ido a nenhuma festa de aniversário na casa dele! – falou Sam de forma alterada - E nem é uma festa de verdade, é só uma reuniãozinha na casa dele para nos divertirmos.

Dessa vez Sam havia pegado pesado com o irmão sem nem mesmo notar. A diferença de opiniões entre os irmãos era gritante. As palavras de Sam haviam machucado sério desta vez. Tanto que um brilho incomum transpareceu nos olhos de Dean, não era raiva, mas sim mágoa. Não é que ele não quisesse deixar o irmão ir. Ele só não podia deixar. Eram ordens do seu pai, o mais novo estava certo neste ponto, e ele tinha que obedecê-lo. Seria perigoso deixar o menor sair. Ele era sua responsabilidade.

– Vai tomar banho e se aprontar para dormir. – falou Dean em tom baixo, mas decisivo, não deixando dúvidas de quem mandava.

– Eu só queria poder ir à casa de um amigo uma vez na vida. Ir a uma festinha de aniversário! Por que eu não posso?! Por quê?! Eu não quero ser como você Dean... Não quero ficar trancado aqui neste hotel assistindo esses programas idiotas que passa na TV, enquanto o papai não volta e esperamos para saber para qual cidade iremos. Eu não vou ser assim. Não vou, ouviu?! Não vou ser igual a você! – gritou Sam.

– Vai, Sam. Agora! – sibilou Dean perigosamente

– você é um idiota Dean! eu odeio você! – gritou o caçula enquanto se trancava no banheiro.

De todas as discussões tidas entre eles nos últimos dois anos, essa definitivamente era uma das piores. As palavras do menor foram ferinas e atingiram de forma certeira o irmão que não as merecia ouvir.

Dean não tinha culpa da vida que levavam. Era claro que ele também queria ser normal, ter uma família normal e feliz. E mais do que tudo, ele queria que sua mãe estivesse viva. Se Mary não tivesse morrido, nada disso teria acontecido. Tanto ele como Sam teriam ido à escola e tido amigos e Dean teria ido a muitas festas de aniversários nas casas deles, como eles teriam ido a suas festas de aniversário também. Porém não era assim que a vida deles era. Mary não estava mais viva e o pai deles caçava seres sobrenaturais em busca de vingança pela morte da esposa, os obrigando a mudar de cidade em cidade. E Dean tinha que cuidar do irmão enquanto o pai não estivesse presente, fazendo de tudo, inclusive poupando Sam de saber a verdade o máximo que pudesse, o deixando ser criança enquanto podia; o que não ocorreu com Dean que precisou crescer cedo de mais.

Por isso as palavras ditas por Sam atingiram fundo em Dean, pois não é que ele quisesse ser como era, ele apenas não havia tido escolha. Ele era o mais velho e tinha obrigações a cumprir. Dentre elas, cuidar de seu irmão mais novo, ficando com ele e abdicando de muitas outras coisas, como por exemplo, deixar de ter amigos.

Dean nunca havia questionado seu pai a respeito disso e sempre fazia o que lhe era dito, mesmo não concordando muitas vezes. Sempre cuidou de seu irmão da melhor forma que pode. Mesmo com as recentes e constantes discussões e brigas entre eles, Dean nunca deixou de cuidar do irmão, sendo que Sam sempre vinha em primeiro lugar. Tanto que não raras vezes o mais velho deixou de comer para dar sua parte ao mais novo, quando a comida estava escassa devido à demora de John em suas caçadas.

E Sam nunca parou para notar isso. Sam era um egoísta que só pensava em si mesmo e agora acabara de jogar na cara de Dean o que ele nunca havia tido, e que nunca teria.

Mesmo depois das duras palavras de Sam, Dean ainda preparou o jantar para eles como sempre fazia, e o qual Sam recusou-se a comer, se trancando no único quarto que havia no local após sair do banho.

Sem ter o que fazer e sozinho na pequena salinha e vendo que o irmão não sairia tão cedo daquele quarto, Dean resolveu beber uma das cervejas de seu pai que estavam na geladeira, só para relaxar um pouco. Mesmo tendo apenas 14 anos de idade, não era a primeira vez que bebia. Na verdade, Dean já havia bebido várias vezes e ele gostava do gosto da cerveja. No fim ele bebeu três latas e junto ao cansaço físico e emocional que sentia acabou por adormecer no sofá com a pequena TV ligada, e por isso, não percebeu seu irmão deixar o quarto.

Dean acordou com um barulho vindo da porta e no segundo seguinte já estava com a arma, que mantinha escondida embaixo da almofada, nas mãos, pronto para defender o irmão e a si mesmo.

– Ei, calma Dean, sou eu – disse John ao filho - Onde o Sam está? Ele está bem? – foi à primeira coisa que perguntou ao filho. Como dito, Sam sempre vinha em primeiro lugar.

– Sim, senhor. Ele está dormindo. – respondeu Dean de forma automática ao pai, abaixando a arma.

– Ótimo. Vou lá dar uma olhada nele. – disse John indo direto para o quarto, logo em seguida voltou muito nervoso.

– Onde está o Sam, Dean? – perguntou furioso.

– Como? – foi a vez de Dean perguntar sem entender direito. Pelo que se lembrava Sam estava dormindo trancado no quarto.

– Sam não está aqui! – informou o pai que estava prestes a explodir de preocupação com o filho mais novo. - Como você o deixa sair assim durante a noite?

– Mas eu não deixei. Ele tomou banho e foi se deitar... – Dean respirou fundo e continuou - Nós discutimos e ele se trancou no quarto. Eu o vi se trancando lá dentro. – falou querendo se justificar, mas já sabia que estava ferrado por conta da travessura do irmão.

– E como ele saiu escondido sem que você o tivesse visto?

– Eu acho que peguei no sono no sofá, enquanto via TV e ele aproveitou para sair. –Dean falou, engolindo em seco. O garoto olhava assustado para o pai e já suava frio com o nervoso que sentia.

– você acha?! – John vociferou - E se uma das criaturas que caçamos ENTRASSE AQUI?! Vocês agora estariam mortos! É sua obrigação proteger seu irmão Dean! – Gritou John.

– Me desculpe, eu estava cansado e com sono – se justificou mais uma vez para o pai irado a sua frente.

– Sono?! Sono?! Você estava é bêbado! – falou John gritando com o filho e apontando as latinhas ao lado do pequeno sofá de dois lugares que tinha na saleta. - Eu te dei uma tarefa simples e você nem ao menos conseguiu cumpri-la. Ficou bebendo e deixou seu irmão sair sozinho na rua!

– Desculpe, pai! – pediu Dean, realmente desesperado com a situação.

– Desculpe, pai?! É só isso Dean? Você é um irresponsável e incompetente! Seu irmão pode estar em perigo e é SÓ isso que você fala: “desculpe, pai?!” – John pausou, respirou fundo, fechou os olhos com força e reabriu-os, encarando Dean enraivecido. – Você pelo menos sabe aonde o Sam pode ter ido à uma hora dessas?!

– Eu acho que ele foi na casa de um amigo da escola. Ia ter uma festinha de aniversário lá e ele queria muito ir.

– onde mora esse garoto, Dean?

– Eu não sei.

– Como não sabe? – John continuava gritando.

– Eu não sei. Eu não perguntei por que não era relevante saber isso, já que ele não tinha permissão para sair daqui.

– E o nome do garoto Dean? Você sabe ao menos o nome do tal garoto? – perguntou John, acalmando-se um pouco, mas seu tom de voz mostrava claramente sua irritação.

– Brad, eu acho... – disse Dean, sem muita convicção. Seus olhos estavam avermelhados, tinha uma vontade imensa de deixar que as lágrimas caíssem e, assim, quem sabe, livrar-se daquela culpa que lhe machucava o peito. Mas não. Dean não chorava. Nunca choraria na frente de outros. Não demonstraria fraqueza alguma, para estranho algum e, principalmente, para seu pai. Precisava ser forte a todo custo, em todos os momentos. Sempre forte. Sempre firme, determinado e convicto de tudo. Não poderia e não deveria vacilar em hipótese alguma, em momento algum.

– Vamos buscar seu irmão, Dean. – ordenou John, já indo na direção da porta.

– Sim senhor! – respondeu firme, mas continuou com certo receio - Me desculpa pai... – pediu Dean ao se aproximar de seu pai, mas ao dizer tais palavras um alto “paft” ecoou pelo quarto e uma ardência imensa tomou conta da face de Dean. John havia se virado e acertado um tapa no rosto de seu filho. Eram raros os momentos em que John batia no filho, mas quando o fazia, era para valer.

– Cala essa sua boca agora, Dean. – ordenou - Nós conversamos sobre isso depois.– informou - Temos que achar seu irmão antes. Agora vamos logo.

Dean apenas assentiu com a cabeça e seguiu o pai para fora do hotel, entraram no Impala.

oOo

Já passava das 11 horas da noite quando encontraram a casa do tal Brad. O mais novo dos Winchesters estava lá com alguns amigos e brincava de vídeo game, tendo inclusive direito à torcida à sua volta, enquanto que outros garotos ainda estavam conversando e comendo em volta da mesa da sala. Tinha em torno de uns 12 garotos e pareciam estar se divertindo muito.

Quando Sam notou que seu pai estava na porta da casa de seu amigo seu sangue gelou. Ele sabia que estava encrencado. Mais do que isso: Dean estava encrencado, muito mais do que ele. E Sam teve absoluta certeza disso quando entrou no carro e viu seu irmão com uma cara nada agradável e uma mancha já meio azulada que lhe cobria uma das faces.

DWSW

O hotel estava já a vista e o clima dentro do carro estava péssimo. John tinha a expressão fechada, Dean transmitia culpa e Sam, apesar de indignado com tudo, estava irritado. Logo o carro parou. O trio saiu e foi em direção ao quarto alugado. Assim que entraram a porta do hotel foi fechada de forma nada delicada por John Winchester

– Vai para o quarto Sam. – ordenou John para o filho mais novo e Sam ao olhar para seu irmão viu o desespero dele estampado naqueles olhos verdes, que já estavam vermelhos devido a força que fazia para não chorar. Nesta hora Sam também se desesperou por ver seu irmão naquele estado, pois se Dean estava deixando transparecer medo é por que a coisa tava realmente feia, então tentou intervir.

– Pai, me desculpe. Dean não teve culpa! Eu saí escondido... E... Sam tentou falar, mas foi interrompido antes que pudesse continuar qualquer explicação.

– Cala a boca Sam. Vai logo para aquele quarto. – ordenou John.

– Mas pai a culpa foi minha! Se alguém tem que ser castigado, esse alguém sou eu. Eu não obedeci a você e nem ao Dean. – tentou novamente, percebendo como seu pai estava realmente alterado.

– Dean tinha a responsabilidade de cuidar de você. Então a culpa é dele. Agora sai desta sala Samuel, antes que eu perca a paciência com você e leve também uma surra.

Sam apenas engoliu em seco e resolveu fazer o que seu pai lhe ordenou. Ele realmente não queria apanhar do pai, pois sabia que quando John Winchester resolvia bater, era para valer e ele não queria isso. Sam se fechou no quarto. Nos minutos seguintes os gritos do irmão preenchiam seus ouvidos. Não sabia o tempo exato que durou aquela tortura mútua, e também pouco importava, pois os pensamentos do menor estavam a mil, seu coração doía e seus olhos lacrimejavam. Aquela surra não era de Dean, e sim completamente dele. De Sam. Aquela com certeza era a pior lição que John aplicava no filho mais velho. Sim, e apenas no mais velho, não conseguia lembrar uma única vez que havia apanhado de seu pai. Sam simplesmente nunca havia sido repreendido daquela forma. E Sam sabia que tudo o que estava acontecendo naquela noite era culpa dele. E a cada súplica e pedido de Dean para que seu pai parasse era angustiante, e nada podia fazer. Talvez dessa vez Dean não o desculpasse. E só de pensar nisso seu coração doía ainda mais, pois por mais que brigasse com seu irmão, ele o amava e era tudo o que ele tinha. Ele era a presença constante em sua vida. Ele era a pessoa mais próxima de Sam e a que mais se preocupava com ele. Dean era o único que realmente cuidava dele de verdade. E trancado no quarto aos prantos Sam apagou.

DWSW

Enquanto Sam estava em seu quarto, após poucos minutos John estava fora do quarto e Dean estava ali caído no chão, encolhido e aos prantos. O corpo do garoto doía e estava todo marcado. No rosto havia um pequeno corte feito pela fivela do cinto, que com a força que havia sido aplicada acabou por provocar um corte, este já estava arroxeando. Além do tapa de mais cedo e, agora, do corte em seu rosto, tinha marcas da cinta nas pernas, nos braços, nas costas e no peito, sendo que onde a fivela do cinto havia pegado estava mais escura e já arroxeando, e com cortes semelhantes ao do rosto em outras partes do corpo.

Dean estava em petição de miséria. Não tinha certeza do que deveria fazer e se deveria fazer algo. Mas de toda a forma, sabia que precisava levantar. Precisava tomar fôlego e coragem e levantar. E com muito esforço foi o que fez. Colocou-se em pé e cambaleante foi até o chuveiro.

DWSW

O barulho cessou e o quarto estava em silêncio total. O breu na mente de Sam começava a se esvair e sua consciência tomava conta novamente. Aos poucos foi clareando a mente e abrindo os olhos. Percebeu o silêncio. O pesadelo havia terminado? Perguntava-se. Então escutou uma porta ser fechada com força e o carro dar partida. Sim. Havia acabado. Mais alguns minutos levou para que tomasse coragem de chegar até a porta e abri-la. Encontrou nada mais do que o quarto vazio. Porém o barulho de água correndo chamou sua atenção. “Dean...”. Imediatamente caminhou até o banheiro. Seu irmão poderia estar precisando de ajuda.

– Dean... – chamou baixinho, com medo da reação do irmão, que ainda chorava. Porém dessa vez se continha. O som do chuveiro abafava os soluços e, se Sam não tivesse entrado no banheiro, sequer teria escutado. E naquela hora perguntou-se quantas vezes Dean teria chorado assim, escondido dos olhos e ouvidos de todos......

Dentro do box, a expressão de Dean ao escutar a voz de Sam beirava a vergonha, por ser pego desprevenido, e irritação por todo o resto. O mais velho imediatamente abriu o box e encarou furioso Sam.

– Some daqui Sam. – disse Dean tentando em vão disfarçar o choro que corria copiosamente por sua face. Era comum Dean chorar debaixo do chuveiro para que não o vissem ou ouvissem, mas com o passar do tempo ele estava aprendendo a realmente não chorar. Era algo desnecessário que em nada contribuía e que só demonstrava fraqueza.

– Desculpe por isso, Dean! Eu juro que não queria que nada disso acontecesse... Eu não sabia que o pai voltaria hoje... Eu... Eu só queria me sentir normal... Ter uma vida normal e me divertir um pouco... – falou Sam ainda com a voz baixa tentando se justificar.

– Oh! Então conseguiu sua vida normal, hein? Como foi? Divertido? Acho que sim, não é? – falou em seu habitual tom de sarcasmo, e continuou dessa vez de modo severo – Porque eu, ao contrário, não achei nada divertido.

– Dean...

– Me deixa em paz, Sam... – pediu Dean de maneira cansada, já contendo com mais eficácia as lágrimas que até antes insistiam em preencher seus olhos.

– Mas eu quero ajudar! - falou o menor convicto de que poderia fazer algo pelo mais velho. E agora, olhando com mais atenção, percebeu como a pele clara de seu irmão estava marcada.

– SAI DAQUI SAM! - gritou Dean e fechou o box do chuveiro com força para evitar os olhares de Sam sobre si.

– Dean, me desculpe - pediu Sam chorando - Por favor! – implorou o menor.

– Saaaiiiii! Sai daqui Sam! Sai daqui! SUMA! – gritou Dean mais ainda. Ele não queria que o irmão o visse chorando e menos ainda que o visse machucado daquele jeito. Dean nunca gostou que sentissem pena dele e era isso que Sam estava transmitindo agora. Dean conseguia ver nos olhos transparentes do irmão.

– Saiiiiiii!! Gritou aquela palavra tão forte que sua voz saiu rouca, sua garganta doeu e já não tinha mais fôlego. E escorado na parede oposta do chuveiro deixou seu corpo deslizar até o chão gelado; ficou sentado, abraçando as próprias pernas, deixando que as lágrimas corressem por suas faces.

– Dean...

– Eu odeio você, Sam...! – disse Dean chorando e descontando sua raiva no irmão. – Tudo isso... Tudo! É tudo culpa sua! Tudooo!

Sam não aguentou mais. Ao ouvir aquelas palavras, as únicas que ele tinha medo de ouvir em toda sua vida, saiu correndo do banheiro sem dizer mais nada e se trancou no quarto deixando que suas lágrimas caíssem até, mais uma vez, adormecer. Dessa vez ele estava certo. Dean não o desculparia tão fácil assim. Sam sabia que Dean nunca o odiaria de verdade, mas ouvir aquelas palavras saindo da boca do irmão havia o machucado. Dean o amava, mas isso não o impedia de sentir raiva. Sam sabia que podiam brigar, discutir e discordar muitas vezes, mas tinha certeza que Dean o amava e sempre estaria ali para ele. E Sam não se sentia diferente, amava incondicionalmente seu irmão também. Aquele amor era recíproco.

oOo

Sam abriu os olhos ao ouvir o chamado de seu pai, sentou-se na cama, assim como Dean, e ficou observando John dar ordens para arrumarem as mochilas, enquanto que ele buscaria o café da manhã e fecharia a conta do hotel. Ao ver que seu pai havia saído, Sam bocejou. Em seguida sentiu seu corpo balançar de leve, olhou para o lado e viu que seu irmão havia voltado a dormir.

Decidiu, portanto, que arrumaria as coisas do irmão também. Era sua forma de ajudar, já que estava mais do que claro que o irmão não estava bem, sendo que Dean geralmente era o primeiro a acordar, muitas vezes até mesmo antes que John.

Quando estavam saindo do quarto, Sam viu perto da porta algo caído no chão, era o amuleto que havia dado ao irmão dois anos atrás, no natal em que descobrira sobre os reais ‘negócios de família’. Sam sabia que aquele amuleto para Dean era único, tanto que sequer tirava do pescoço. O amuleto provavelmente havia caído durante a surra que o irmão havia levado e nem percebeu tal fato. Sam voltou correndo para pegar o pequeno objeto e guardou consigo. Ele tinha que devolver para o lugar de direito: para o pescoço de Dean.

Saíram do quarto e foram até o carro. John já esperava por eles com tudo pronto para a partida. Sam, como sempre, sentou-se atrás e Dean à frente. John deu a partida e além do barulho do motor, nada mais preenchia os ouvidos do trio. Aquela seria definitivamente uma longa viagem.

As horas passavam e a estrada parecia nunca ter fim. Os carros passavam do outro lado da pista e vez ou outra John fazia alguma ultrapassagem. Durante todo o caminho ninguém trocou uma palavra se quer. O céu havia se fechado e logo começava a chover forte. Os faróis dos carros doíam a vista de Sam; estava cansado de tudo aquilo, e além do cansaço físico ainda sentia-se culpado por o que havia ocorrido com Dean. A noite chegava e o frio começou a tomar conta de seus corpos, e parecia que só iria piorar, mas assim que John avistou um motel parou o carro no lugar. Os garotos deram graças a Deus por isso, principalmente Sam, que não aguentava mais aquela situação toda. Além disso, estava claro que Dean não estava nada bem. O loiro não havia tomado café da manha e também havia dispensado o almoço, o que não era do feitio do mais velho. Dean nunca recusava comida. Nunca.

Fim do flashback.


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