Garota Desastre escrita por Principessa V


Capítulo 7
Meu amante argentino...


Notas iniciais do capítulo

Ragazzas, tudo bom com vocês?
Desculpem a demora, mas explico nas notas finais, boa leitura ☺



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/578071/chapter/7

Cheguei em casa correndo, desesperada.

— Mãe! Mām̐! — Minha mãe veio correndo, assustada. Provavelmente com o meu tom de voz, eu estava quase chorando.

— Baguan Keliê! Bilauta, o que aconteceu? — Maya apertou meus ombros e ficou procurando alguma coisa em mim, mas o que ela não sabia é que o trauma estava na minha mente.

— Mamadi, os meus sonhos foram destruídos, acabaram todos! Todos! Não sobrou nenhum. — Eu gritei, em completo desespero. Minha mãe me olhou, estreitou os olhos e depois me deu um tapa na cabeça.

— Deixe de besteira, bilauta. — Ela andou até a mesa e pegou um pacote. — Fui eu quem comprou eles pra você.

Mamãe me deu o pacote, eu abri e lá estavam, lindos e douradinhos. Meus sonhos. Quase chorei de alegria, naquele momento tão especial, ia tirar um lá de dentro quando ela os tomou de mim.

— Ei, por que essa rebeldia, dona? — Minha voz saiu frustrada, por quê? Por que era assim que eu me sentia. Minha mãe só riu e saiu.

Eu tirei a blusa e a calça da escola e me deitei nos sofá, pra descansar um pouco antes de ir tomar um banho e... Fazer nada, mas ainda assim era importante descansar.

☺☺☺

Aqui estou eu, com cinquenta anos, as peles do meu corpo estão caídas e Jennifer ainda está aqui.

Mentira, na verdade só se passou uma semana, mas a sensação foi a mesma, acredite. Quando ela disse “Não vai se livrar de mim tão fácil”, estava falando bem sério. E eu nem podia fazer nada com ela, por que foi a diretora que a colocou pra cuidar de mim.

Jennifer não era tão falante como eu achei a princípio, era muito pior. Na verdade ela só era chata mesmo, então eu me fingia de surda, por que senão eu ia meter a mão na cara dela, e não ia ser bonito. Ela continuava vestindo aquelas roupas esquisitas e quentes e eu formulei a teoria de que tinha um ar condicionado ali dentro. Por que, apesar das salas de aula serem climatizadas, aquilo não era normal.

Já fazia uma semana que ela tinha grudado em mim, e eu fingia que ela não existia. Como sexta foi o dia em que eu dancei, significava que essa semana eu teria algum dinheiro pra lanchar na escola e chegando à cantina fui correndo comprar um sorvete. Furei fila e, como ninguém falou nada, comprei meu delicioso e grande sorvete de chocolate, com pedrinhas de chocolate.

Fui até minha mesa tomando meu sorvete e agradecendo aos céus por Jennifer não ter aparecido na escola hoje. Mordi o bico da casquinha e comecei a chupar o sorvete por ela, com a cabeça meio deitada na mesa, acredite em mim, essa é a maneira mais legal de tomar sorvete.

— Você vai acabar passando mal se continuar tomando sorvete assim. — Nathan disse e se sentou na cadeira em frente a minha, eu não estava vendo, mas escutei. Infelizmente não dava pra responder até acabar meu sorvete. — Escutei uns rumores de que você estava grávida.

Mesmo com minha boca ocupada, uma risada saiu dela. Eu realmente queria poder responder, de verdade, mas se eu tirasse a boca dali, o sorvete ia vazar. Então Nathan ficou um tempo calado e eu virei a cabeça para olha-lo. Ele sorriu.

— É muito bonitinho quando você fica calada e eu posso falar sem ser interrompido. — Revirei os olhos e murmurei “idiota” contra a casquinha, ele deve ter entendido, por que riu. — Enfim, disseram que você engravidou do maior traficante cidade, e que está ameaçando ele com o bebê, algo sobre conseguir dinheiro e fugir para Machu Pitchu com seu amante argentino.

Mina sorte era que o sorvete estava no final, por que eu cuspi um pouco numa menina que passava enquanto ria.

— Eca, que nojo, sua idiota. — Ela quase berrou na minha cara. Era uma loirinha sem graça.

— O que foi que você disse? — Eu me levantei e cheguei mais perto dela, o refeitório estava meio silencioso, a menina gaguejou um pouco, mas repetiu. Então eu fiz a coisa mais cruel que poderia ter feito.

Roubei o lanche dela.

— Peguei sim. E se você reclamar vai pagar lanche pra mim todo dia pelo resto do ano. — Avisei. Vi os olhos dela se encherem de lágrimas e ela saiu correndo. As pessoas voltaram a conversar, as ignorei e me sentei no meu lugar de novo.

— Eu acho que você exagerou. — Nathan comentou indiferente, enquanto acabava seu hambúrguer.

— E eu acho que não pedi sua opinião. — Falei, comendo um pedaço da pizza que ganhei da menina, enquanto assistia um homem que estava correndo na praça cair e rasgar a calça, sorri para mim mesma. — Legal o que estão falando de mim. Sério que tenho um amante argentino?

— Sim, mas em outras versões que eu escutei você planejava casar com um homem bomba, ou algo assim. — Nathan riu e eu também, aquilo era muito patético. — As pessoas viajam.

— E você, não acha que estou grávida também? A diretora disse que tem provas, que minha barriga cresceu e que meu histórico é propício a isso, até colocou a garota mais chata de toda escola pra grudar em mim. — Perguntei curiosa, Nathan me olhou – me olhou de verdade, no fundo dos meus olhos – e sorriu.

— Claro que não, você nunca seria tão idiota. — Meu estômago se remexeu e nesse momento o sinal da escola tocou, Nathan levantou para ir embora, passando por mim e tocando no meu nariz com o indicador, eu ia morder, mas ele puxou o dedo antes.

Fiquei sentada mais uns minutos, acabando de comer e depois corri pra sala. Para minha sorte o professor ainda não tinha chegado, pro meu azar Jennifer sim. E ainda estava sentada na minha frente, usando a porra de uma cartola! Gemi de desgosto e, derrotada, fui me sentar. No mesmo momento ela se virou e ficou me encarando um tempo antes de falar.

— Realmente é tão difícil assim se abrir comigo? Eu só quero te ajudar. — Jennifer falou séria, ela realmente queria saber.

— Eu não preciso da ajuda de ninguém. — Expliquei, sucinta e cansada.

— Por favor, Nayana, você não vê nenhuma qualidade em mim? Nada mesmo? — Parecia desesperada e só por isso eu parei pra pensar em algo nela que eu gostava. Pensei, pensei... Até que notei que tinha sim algo que eu gostava nela.

— Eu adoro o som que você faz quando cala a boca, é incrível! — Falei, orgulhosa de mim mesma por lembrar de pelo menos uma coisa nela que achava legal.

Os olhos azuis escuros de Jennifer ficaram brilhantes, então ela pegou o material dela e saiu correndo da sala. Todo mundo olhou pra mim, em silêncio. Fiquei sem entender.

Mas o professor chegou e os poucas sombras viraram a cara.

☺☺☺

Uma aula depois, minha bexiga atacou novamente e eu pedi pra ir ao banheiro, não era nada urgente, mas eu preferia não arriscar. A professora só fez um gesto de descaso com a mão e me deixou ir.

E lá estava eu, andando calmamente pelos corredores e pensando será que tenho Alzheimer e não me lembro? Não sei.

Cheguei ao banheiro e, ao entrar na cabine, escutei um choro baixo, fiz xixi pensando se deveria falar alguma coisa ou não. Eu realmente odeio gente chorando, de verdade. Então, depois de acabar, fechei a tampa e subi no vaso, vendo que quem chorava na cabine ao lado era Jennifer.

— Chorar não vai resolver seus problemas. — Avisei. Ela parou, levantou os olhos e, ao me ver, gritou. Por instinto eu gritei também e escutei um grito do lado de fora do banheiro. Olhei para a porta e Jennifer também olhou, então nós duas acabamos rindo.

— Isso foi estranho. — Ela falou, limpando o molhado do rosto.

— Tudo é meio estranho nesse mundo. — Dei de ombros e desci do vaso. — Agora sai dessa cabine e para de chorar, como eu disse, não vai resolver seus problemas.

Sai da cabine e ela também, então fomos lavar nossas mãos. Jennifer ficava me olhando pelo espelho, ela até molhou o rosto, pra ver se ficava menos vermelho.

— Por que me ajudou? — Perguntou, por fim.

— Eu só odeio ver gente chorando.

— Quer saber por que eu estava chorando? — Jennifer tinha um sorrisinho mínimo no rosto.

— Não, não quero, e se continuar vou me arrepender de ter aberto a boca. — Avisei, pegando toalhas de papel e enxugando minha mão.

— Era por você, bem, por outras coisas também, mas principalmente por você. — A ruiva de caixa falou, mesmo assim.

— Eu não sou um bom motivo pra chorar. — Sai do banheiro, mas ela me seguiu.

— Você é uma pessoa muito melhor do que as pessoas acham, até mesmo do que você acha. Não vou desistir de você, Nayana. — Ela falou, sorriu, virou e foi embora.

Olhei para o teto da escola enquanto andava.

— Me diz, o que eu fiz? Fala, pode fal... — Bati no peito de alguém. — Ei...

— Naja, olha por onde anda. — Nathan sorriu, me segurando pelos ombros.

— Naja? — Perguntei, ofendida.

— Estava na aula de espanhol, o “y” tem som de “j” em alguns dos países que falam espanhol, sabia? — Ele sorriu. — Achei muito apropriado que o começo do seu nome forme o nome de uma cobra tão venenosa. — Balancei meus ombros e pisei no pé dele. — Aí, por que fez isso? — Ele gemeu de dor e a turma atrás dele riu, nem tinha notado que estavam todos pra fora de sala.

— Só estou te dando mais um motivo pra me chamar de naja. — Sorri falsamente e fui embora.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Ragazzas, desculpem a demora, de verdade, mas realmente não deu pra eu vir aqui antes. Meu pai sofreu um acidente e, pra quem não sabe, ele mora na Itália, então eu vou voltar pra lá e passar um tempo com ele, vai ficar bem complicado de postar, mas eu prometo tentar, então vou pedir, por favor, que compreendam a minha situação, se eu demorar é por causa disso.
Bem, agora saindo de assuntos tristes...
O que acharam do capítulo? Eu sei que ficou pequenininho, vai, mas se vocês tiverem rido só um bocadinho eu já fico feliz.
Dios mio, Nayana é péssima, não é? Peninha da Jenn e do Nathan.
Beijinhos, até o próximo, comentem!