Eu, você, nós dois. escrita por JojoValdez


Capítulo 9
A separação


Notas iniciais do capítulo

O luvers, sorry pela demora. MESMO. Eu acabei viajando e não deu nem para avisar... Pse, a fic ta quase no fim já,.... é a vida galerinha...



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– Oi, cheguei! – falei, ao entrar em casa após voltar da praia.

– Lu, corre, o pai pode falar – gritou Pedro, empolgado.

Soltei a mochila no chão e corri. Pode parecer muito para falar com o pai, mas é raro ele ter esse tempo. E sabe-se lá quanto tempo seria. Poderia ser duas horas, assim como dois minutos. Tropecei na escada, mas assim mesmo, levantei e continuei correndo. Entramos no quarto do Pedro e meu pai já estava online no Skype.

– Pai!

– Luisa! Como você está grande, minha linda! Como você está?

– Bem! Com saudades, para ser sincera.

– E os namorados e namoradas? – perguntou ele para nós.

– Eu estou ficando com a carolis.

– Nem! – menti. Meu pai não precisava saber ainda...

– Pedro, isso é verdade?

– É sim. A lu está mais encalhada que baleia...

– Enfim. Pai, quando você vem para cá?

– Ainda não sei...

– Amor! Comprei nossas passagens para Paris! – disse uma mulher.

– Karina? – perguntei.

– Ah... Karina, o Déco está na sala de reuniões.

– Ah, desculpe, achei que fosse ele... – meu pai não sabe mentir. Ele estava corado...

– Eu não acredito nisso! Você está traindo a mãe com a sua secretária? Mas que merda, pai!

– Luisa, calma...

– Calma o cacete, pai. Você podia fazer qualquer coisa, menos trair a mãe – gritou Pedro – Tivesse largado ela no começo. O que vamos falar para ela?

– Crianças, não acham que estão se precipitando? – disse ele, afrouxando a gravata.

– Precipitando? – gritei – Você não ouse tentar qualquer brincadeira, pois essa já passou dos limites.

– Você perdeu toda minha confiança. Jamais poderia ter feito isso com a mãe. Ela sempre foi maravilhosa com você, e você leva uma mulher para Paris?

– Faço as palavras de Pedro as minhas.

– Crianças, se acalmem... Vamos conversar...

– Conversar? – gritei.

– Tá legal, quanto querem?

– O que? – perguntei incrédula.

– Quanto querem para ficarem calados? – perguntou ele.

– Está tentando nos subornar? – gritou Pedro.

– Agora você perde dois filhos, mas isso não deve ser problema, pois você deve ter mais algumas famílias. – desliguei o computador.

– O que vamos fazer? – disse Pedro, com expressão preocupada.

– Só sei que temos de contar para a mãe, pois se não a trairíamos assim como ele fez...

– Não acredito que ele teve a coragem de fazer isso... Que ogro!

– Vamos falar juntos? – perguntei.

– Sim. Mas o que vamos dizer? Mãe, o pai esteve te traindo esses anos todos?

– Não sei, mas teremos que ser gentis.

– O que você mais gosta quando está de TPM? – perguntou curioso.

– Sorvete, chocolate, filme, seriado... Por que?

– Sua TPM é igual sua tristeza, então, vou no mercadinho da esquina comprar tudo isso. Eu volto em um minuto...

Desci a escada com os olhos marejados. Minha mãe é jovem, bonita, divertida... Ela não merecia isso. Meu pai não receberia apoio nenhum, isso é certo, pois até a mãe dele não vai apoia-lo. Minha mãe vive fazendo doces e agrados e leva para a minha avó. Ela leva minha avó no shopping, no salão, ela faz tudo. Minha avó materna mora na Itália, por isso minha mãe passa tanto tempo com minha avó paterna, que jamais vai aceitar o que meu pai fez com ela. Meu avô talvez seja o único a apoia-lo, mas acho difícil... Comecei a procurar o seriado favorito da minha mãe: Os Simpsons. Sim, é o favorito dela, portanto seria esse que ela assistiria. Fiz pipoca e uma fornada de brownie. Enquanto assavam, resolvi ligar para as amigas da minha mãe, pois minha mãe não chora sozinha...

– Alô!

– ...

– Oi silvinha... Tudo bem?

– ...

– Então, aconteceram algumas coisas, será que você poderia vir aqui em casa?

– ...

– Tá, obrigada. Até logo. Você consegue chamar a Gralha Azul?

– ...

– Ai, obrigada mesmo, eu tenho que acabar a comida...

– Lu, voltei – disse Pedro, entrando com as compras – Comprei sorvete napolitano e flocos e barras de chocolate de todos os tipos... Podíamos chamar as amigas da mãe!

– Sim, já chamei... Estou assando brownies. O que mais podemos fazer?

– Preparar a banheira?

– Oi amores, cheguei. Que cheiro é esse? – perguntou minha mãe, com um sorriso no rosto – Que caras são essas?

– Mãe, nós precisamos conversar... – disse eu.

– Eu acho melhor você se sentar – disse Pedro. Ele acabava de denunciar a gravidade, mas era melhor mesmo.

– Tá legal – disse ela, se sentando – Podem falar! – ficamos em silencio, então ela disse – Então... Estão me assustando, meninos.

– Falamos com o pai.

– E...?

– Mãe... – tentei falar algo, mas não consegui, já Pedro...

– Ele está te traindo! – disse ele, com olhos fechados – Desculpa, foi o jeito...

– Com a Karine! – continuei. Com os olhos marejados, ela assentiu.

– Não vai dizer nada? – perguntou Pedro. Minha mãe segurava o choro com todas suas forças.

Fui até ela e a abracei. Não muitos segundos depois ela derramou as primeiras lágrimas. Pedro avisou que ia buscar água, mas eu sabia que ele queria chorar, mas não ali. O forno apitou e levantei para tirar os brownies do forno. Montei as bandejas com os doces e tudo mais e Pedro me ajudou a levar para a sala. Colocamos tudo na mesa de centro, então minha mãe olhou para aquilo. Como se agradecesse, abriu os braços para que a abraçássemos. Assim foi, então meu celular tocou. Gralha Azul. Desliguei e mandei uma mensagem assim “Oi. Fim de casamento” e recebi a seguinte resposta: “Estamos chegando em dez minutos.”

– Como souberam? – perguntou entre uma mordida de chocolate.

– Hoje, por uma raridade, ele podia falar, então a Karine entrou com as passagens para Paris. – em seguida, percebi que não devia ter falado isso, pois a lua de mel deles foi em Paris.

– Luisa? – gritou silvinha, do lado de fora.

– Ah, você chamou elas? – perguntou minha mãe.

– Sim. Achei que você quisesse...

– Eu tenho os melhores filhos do mundo! – silvinha e Gralha entraram com três pratos de brigadeiro – E as melhores amigas...

– Amiga, desabafa!

Vi minha mãe tentando segurar o choro novamente, mas então peguei a mão de Pedro e o puxei até meu quarto. Pedro tinha os olhos marejados, assim como eu. Nossos pais raramente estavam juntos, e a separação não mudava em nada para mim. O problema era a traição. Poxa, ele podia ficar com a Karine, sem problemas, mas então que tivesse se divorciado no início. Karine foi tão horrível quanto meu pai. Quantas vezes ela veio aqui em casa... Quantas vezes trocou as fraldas de Pedro... A quanto tempo eles estavam juntos? Seria de agora? De meses? Anos? Não sei, mas vai demorar muito até que meu pai recupere minha confiança... Eu precisava conversar com alguém, e tinha alguém que precisava falar comigo...

– Oi, duda?

– ...

– Será que tem como agente conversar?

– ...

– Sim, mas eu prefiro contar pessoalmente.

– ...

– Eu queria que fosse hoje, mas não sei como.

– ...

– Deixa eu ver se entendi. Você vai fugir de casa depois que seus pais dormirem para vir aqui?

– ...

– Tá, qualquer coisa eu ligo. Beijo...

– Luisa! Pedro! – gritou Gralha Azul.

– Vem, vamos ver o que elas querem... – abri a porta – Oi.

– Eu e a silvinha decidimos que sua mãe não vai deixar por menos – disse ela – Ela vai sair hoje, comigo e com a silvinha e vai arrasar na balada. Ela vai arranjar um boy magia e postar muitas fotos, assim seu pai vai ver o que perdeu!

– Silvinha, faz ela parar! – disse minha mãe.

– Não, mãe. Acho que ela está certa. Você tem que fazer isso mesmo.

– Eu não disse que eles ia aceitar – disse silvinha para minha mãe. Então ela se virou para mim e Pedro – Ela não quer arranjar um namorado por que acha que vocês iam achar errado, por ser tão pós saber do fato.

– É mesmo, pois eles ainda nem se divorciaram, mas eu não me importo. – disse.

– Mas... – minha mãe tentou contestar.

– Mãe, é obvio que sentiremos um pouco de ciúmes, mas você tem que viver a sua vida. – continuei.

– Além do mais, você é jovem, bonita, divertida e interessante. – falou Pedro.

– Viu, amore! Seus filhos querem te ver feliz.

– Vamos logo, vamos achar uma roupa e vamos as compras.

– Espera – gritei – Assistam um episodio de Os Simpsons. Ela vai se animar... kkk. – perfeito. Minha mãe ia sair, ou ia, até dizer...

– Prefiro não sair hoje. Não me sinto bem o suficiente meninas.

– Então festa do pijama na minha casa. – gritou Gralha Azul.

– kkk, cuidem bem da minha mãe. – pedi.

– Cuidaremos – disse silvinha, arrastando minha mãe para o carro, enquanto Gralha Azul pegava os doces e levava. Minha mãe não precisava de roupas, pois elas tinham mudas umas nas casas das outras – Pedro, estamos sozinhos...

– Eu sei.

– Quer chamar a carolis?

– Não sei como eu vou curtir ela com isso que acaba de acontecer.

– Eu vou chamar a duda. Preciso conversar com ela, assim eu me sentirei melhor. Pode chamar alguém se quiser... Se achar melhor sair, também pode.

– Tá, vale... – ele foi interrompido pelo celular, que agora tocava – É muita cara de pau!

– Quem é? – perguntei, sabendo a resposta.

– Quer falar com ele?

– Quero! – respondi e atendi meu pai.

– ...

– Você pare de ligar. Nos esqueça. O que você fez não foi pouco, então não espere meu perdão tão logo.

– ...

– Você não sabe merda nenhuma sobre o que eu passo, ou o que Pedro passa. Você nem mesmo liga! Eu nunca reclamei da sua ausência, pois achei que fosse a trabalho, mas pelo jeito, é para a sua amante que você se dedica. Agora vai lá, da o cartão de crédito e a senha para ela torrar nas lojas de grife. Compra um colar de brilhantes para ela. Ou melhor, passe aqui e pegue a aliança da minha mãe e ofereça à ela! – desliguei o telefone. Minha raiva me consumia. Eu precisava ter dito tudo isso. Ele precisava saber o que eu sentia. Joguei o telefone na minha cama e abracei Pedro e perguntei – Quer conversar?

– Sobre?

– Sobre tudo que você gostaria de ter conversado com o pai que não tivemos.

– Eu te amo, lu! – disse ele, me apertando ainda mais e permitindo que algumas lágrimas caíssem.

– Vou pedir para a duda vir outro dia...

– Não. Não precisa.

– Pedro, eu sei que você não se sente a vontade para chorar na frente de ninguém, mas eu sou sua irmã, e não precisa nem pedir um abraço, é só chegar.

Fui no quarto de Pedro com ele e me sentei. Pedro colocou a cabeça no meu colo, então começou a falar coisas que eu nem imaginava. Agora ele só chorava. Eu sentia as lágrimas escorrendo pela minha perna onde caiam. Acariciei seus cabelos e em poucos minutos ele dormiu. Com muito cuidado, me levantei, o ajeitei na cama e o cobri. Peguei meu celular e mandei uma mensagem para duda: “Oi amiga. Se quiser, já pode vir aqui” e logo ela respondeu “Meus pais estão indo na minha tia. Posso dormir ai?” e respondi “Por favor!”. Tomei um banho quente e coloquei um pijama. Meu celular tocou. Gustavo. Eu não só queria atender como queria estar com ele, mas eu contaria para ele quando nos encontrássemos, o que não seria hoje. Resolvi não atender. Desci e preparei algo para a janta, então a campainha tocou.

– Oi amiga! – disse duda, com enormes olheiras e a cara péssima.

– Oi... Parece que você também ta mal...

– Eu preciso de você – disse ela, ficando vermelha e começando chorar.

– Tá legal, só fale baixo. Pedro está dormindo.

– O que houve aqui? – perguntou ela.

– Fim de casamento. Meu pai traiu a minha mãe.

– O que? Com quem?

– Com a secretária!

– Ah meu Deus!

– Pois é. Eu discuti com ele e muito mais...

– E sua mãe?

– Muito mal. As amigas dela queriam levar ela para a balada para ela arranjar um cara, mas minha mãe preferiu só uma festa do pijama na casa da silvinha, o que significa beber muito para poder rir da desgraça.

– Se isso adiantar, O.K.

– Mas me diz, o que deu com você?

– Era só isso que você tinha para dizer?

– Era. Na verdade eu queria sua companhia, e eu preciso te contar coisas que rolaram na praia, mas conta você primeiro.

– Bom, o biel foi conversar comigo, e acabou que... Que cheiro é esse? Não me diga que é...

– A minha lasanha. Sim, é. Continue.

– Brigamos novamente.

– O que?

– No fim ele me chamou de psicopata e eu provei a teoria dele.

– Ai senhor, o que você aprontou?

– Joguei o celular dele pela janela!

– O que? Você é louca! Por que fez isso?

– Ele disse “olha só a foto que eu recebi” e era uma foto do amigo dele com a mão por dentro da minha calça.

– Eu não posso te defender desse jeito.

– Eu não me lembro daquilo. Eu estava tão bêbada que eu não sabia o que fazia. E a raiva que me subiu... Quem foi o idiota que mandou a foto para ele? Quem foi o idiota que bateu a foto?

– Duda, isso não importa mais. A cagada está feita e você terá de arcar com as suas consequências.

– Parece minha mãe falando...

– Amiga, para com isso. Seja esperta. Liga para o Gabriel, tenta fazer ele te ouvir. Pede desculpa, e não dê uma de louca, O.K.?

– Eu já tentei ligar para ele várias vezes e ele não me atende...

– Até por que ele deve estar sem celular!

– Não. O celular não quebrou. Caiu na areia.

– Bom, então ele simplesmente não quer te atender...

– Por que eu fiz isso? Eu amo ele. Eu jamais queria tê-lo magoado...

– Eduarda, você já o magoou. Tenta pensar em algo para fazer agora, não em algo que podia não ter feito.

– Ai lu... Eu preciso dele...

– Eduarda, pare de chorar! – falei séria – Pensa. Use a cabeça, garota. Vou ver a lasanha...

– Liga para ele?

– O que?

– Por favor. Ele não vai me ouvir!

– Amanha agente vai para a escola, lá você fala com ele.

– A lasanha está pronta?

Duda e eu jantamos e logo subimos. Deitadas na minha cama, comecei a contar para duda sobre tudo que aconteceu na praia. Em algumas horas ela até conseguia sorrir. Depois de um tempo ela se afogava em lágrimas novamente, então pensei no que ajudaria... A ideia eu tinha, só não sabia se era boa...

– Duda, já sei! Vamos descer e tomar um pouco de whisky!

– O que?

– É! Bêbada você vai rir, e não chorar... Ou os dois provavelmente...

– Ah, foda-se. Vamos...


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Notas finais do capítulo

assustei vocês com o titulo, foi? Beijo de lasanha!!!



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