Estrelas cadentes escrita por Red Queen


Capítulo 2
Capítulo 1 - A despedida


Notas iniciais do capítulo

Olá você que acompanham "Estrelas Candentes", mais um capítulo novinho pra você.



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Acho que a fase de negação já passou. Estou me obrigando a me acostumar com a ideia mas está difícil.

Minha casa está abarrotada de caixa em tudo que é canto. Nunca vi algo parecido, acho que é porque mamãe compra qualquer coisa bonitinha e que esteja na liquidação. Consequentemente ela encheu nossa casa de porcarias. Pra que serve um espelho em forma de babuíno que ela comprou em uma queima de estoque?

Então é com essas coisas inúteis que a casa(que agora não possui quase nenhum móvel por conta da mudança) está cheia. Até que não posso falar muito da minha mãe... Precisei de sete caixas grandes para empacotar todos os meus livros e três para os DVDs e seriados.

Meu quarto parece um mar marrom de tanta caixa. Tenho que andar me desviando para não cair em cima delas. Não vou poder levar o lustre nem o meu guarda roupa Big embutido. Mas não faz muita diferença... O que eu queria mesmo era pegar uma caixa gigante e embrulhar a janela... Mas isso é impossível.

Passei a noite toda pensando como dar a notícia para o Jack e a Lily. Como eu direi isso pra eles? “ Gente minha mãe conseguiu uma promoção e agora vou ter que acompanha-la, porque você sabe né? Ela é a minha mãe”. Pedi tanto, IMPLOREI para o meu pai deixar eu morar com os meus avós, e ele alegava “Como vou viver sem você Princesa?”. Que saco! Revirei-me na cama por hora, até que os meus olhos pesaram demais e caí no sono.

Acordei decidida a contar tudo. Já tinha quatro dias que eu tinha recebido a notícia, e faltava dois para irmos embora. Decidimos nos encontrar no Blackcoffee, uma cafeteria gordurosa que fica no centro da cidade(depois das aulas costumávamos ir pra lá).

Coloquei um cachecol azul (estava fazendo frio nesse dia, o céus decidiu combinar como o meu humor e ficou nublado) que combinava perfeitamente com minha blusinha rosada e as botinas brancas. Como eu estava sendo hipócrita, me arrumando para dar uma notícia dessas para Jack e Lily.

Peguei minha bicicleta e pedalei até o centro da cidade. Que demorou uns vinte minutos até chegar ao BlackCoffee.

Quando entrei na cafeteria Jack já havia pegado uma mesa perto da vitrine de doces. Ele me recebeu com um beijo e um abraço. “Que saudade”, ele sussurrou no meu ouvido.

Eu o abracei mais forte ainda. Uma lágrimas solitária conseguiu fugir dos meus olhos. Eu estava lutando para não chorar. Eu tinha que ser forte por eles. Meus amigos... ouso dizer minha família.

“Ei! Só faz quatro dias.” , falei isso para não corar. Em pensar que vamos ficar meses...

“Isso é muito pra mim”, ele me conduziu até a mesa. E me deu outro beijo, como eu amava aqueles beijos...

“Então! O quê exatamente aconteceu ontem? Fiquei preocupado. Conte pra mim. Sou um telefone”, ele falou sorrindo.

Droga! Nem no telefone eu consigo disfarçar. Acho que foi o meu constante fungado no celular...

“Um telefone? Porque um telefone?”, perguntei para fugir do foco da questão.

“Porque o telefone é um instrumento de escutar e dizer”, ele fala meio que corando as bochechas quando ele fala algo que é engraçado e ao mesmo tempo idiota. Amo isso nele.

“Como vai os ensaios da banda?”, Perguntei para fugir ainda mais da questão.

“tivemos uma folga. Os ensaios estavam se tornando cada vez mais longos e cansativos. A gente se reuniu e decidimos nos dar folga de uma semana! Ideia do Oscar claro, mas ótima ideia. Os caras nem sequer faziam mais questão de esconder o desanimo na hora dos ensaios. Mas o lado bom é que nessa semana inteira sou todo seu”, sorriu e me examinou com o olhar crítico. Odiava quando ele fazia aquele olha, tinha a impressão que estava me lendo como um livro. “O quê aconteceu? Aquela conversa de que estava com cólica não me convenceu naquele dia que me ofereci para ir na sua casa”

“Eu estava com cólica ok?”, falei irritada. Não com ele. Comigo, que mente tão mal.

“O cara da emissora que quer gravar um CD da nossa banda ligou de novo para o Oscar. E marcaram o dia na emissora”, fiquei tão animada que dei um beijo em Jack. Foi tão demorado e profundo, beijei-o como se fosse o último.

“Vocês não conseguem passar cinco minutos sem se pegar?”, Lily fala sorrindo enquanto senta. Coloca a bolsa em cima da mesa e sorri. “Nossa que fome. Eu preciso doce, vocês querem doce?”. A Lily é muito parecida comigo quando se trata de comida. “Garçom!”. Um rapaz alto e magrelo vem nos atender. “Qual seu pedido?”

“Um café grande e bem forte e alguns pãezinhos de mel ok?”, a Lily diz. Ela sempre pede a mesma coisa, não sei porque Roger (o garçom) ainda se dá ao trabalho de perguntar.

“E vocês?”, ele fala olhando pra mim e Jack.

“Chocolate quente com chantilly e duas cerejas”, Roger acena e vai em direção a cozinha.

Sempre achei Lily parecida comigo, não na aparência claro. Na verdade em questão de aparência somos bem diferentes. Meus cabelos é castanho claro, longo e bem liso, meus olhos sãos castanhos e sou bem branquinha. A Lily tem os cabelos pretos e encaracolados, olhos verdes e ela é um pouco mais baixa que eu (só uns três centímetros).

A Lily é meio sarcástica e sempre sabe sair de confusões que ela arruma. Por exemplo, quando ela estava ajudando a mãe dela no mercadinho da Família ela se meteu em uma mancada que não deu pra não ficar com vergonha. E o pior eu estava lá. Eu e Lily estávamos na área de doces e um garotinho estava procurando um chocolate com caramelo e a Lily disse: “Você devia ir pra área das frutas tem um melão delicioso que é recheado de adivinha o quê: melão!”. Tudo bem até aí ela fazer bullying com o menino. Só que a mãe dele veio tirar satisfação. Resumindo: deu a maior briga lá.

A Lily e eu tínhamos aquela velha amizade de criança. Nada demais. Às vezes brincávamos de Barbie uma na casa da outra. Mas como a amizade não era forte, paramos de nos falar e nunca mais brincamos juntas... até o dia que fomos obrigadas a ir uma para a casa da outra. Fui pra casa dela, que sinceramente não lembrava de nenhum detalhe. O quarto dela era absolutamente normal. Paredes amarelas, umas prateleiras abarrotadas de bonecas e algumas brinquedos no chão. E claro tinha uma cama.

Normalíssimo o quarto dela naquela época (tínhamos dez anos).

Quando ela foi para a minha casa ficamos na sala de estar. Porém faltou cartolina e subimos para buscar mais.

Lily ficou encantada com o meu quarto. Pegou minhas bonecas e acariciou o cabelo delas, e não sei por que não senti das Barbies (eu morria de ciúmes daquelas boneca).

“Eu sei que você gosta do Theo Hall”

Ela falou isso com tanta certeza que cheguei a sentir constrangimento e certeza emanando dela.

A questão é: Como ela sabia?

Theo Hall era o garoto mais fofo de todo o fundamental. Meu coração ficava igual manteiga derretida prontinha pra ser colocada na panela e derreter. Ele era lindo com aquele cabelo lisinho e castanho, olhinho grandes e azuis e ele era descolado... Eu sei. Me dá um desconto eu só tinha dez anos.

“Como sabe disso?”, perguntei já corando.

Ela sentou no chão e começou a explicar tudo.

“Você sabe que a Anna te odeia.” Anna era tipo a minha arqui-inimiga na quarta serie. Ela me odiava por eu ter jogado bem na cabeça dela todo o meu almoço quando éramos menores. “Naquele dia do aniversário da Lola quando você ofereceu para o Theo a sua única casquinha de sorvete ficou meio que óbvio. Então a Anna planejou um plano mau: ela ia contar tudo pra o Theo. Então eu dei uma surra nela e fiquei de suspensa por três dias”, isso explica porque ela faltou três dias seguidos...

“Obrigada mas... Como sabe de tudo isso?”, perguntei intrigada por ela saber de tanta coisa.

“Porque eu era amiga dela...”

“E deixou a amizade dela de lado por mim?”, perguntei. Desde cedo Lily me surpreende.

“Você pode não se lembrar de quando éramos amigas, mas eu lembro”

Nos abraçamos e nos suportamos até hoje. Eu digo suportamos mas do modo carinhoso. É brigamos muito e fazemos as pazes em menos de dez minutos. A não ser no ano retrasado foi o record dois dias inteiros!

E foi graças a Lily que conheci Jack, o meu príncipe encantado.

Quando Lily disse que o primo mais velho dela iria se mudar pra nossa cidade eu fiquei tipo: “Que legal. Bora comer doce?”. Quando vi Jack pela primeira vez ele tinha doze anos. O fato de ele ser dois anos mais velho do que eu me atraia. Ele era (é) lindo: tinha o cabelo lisinhos e preto, olhos verdes cor de mel e branco igual um fantasma. Uma vez até perguntei pra Lily se ele tinha o costume de passar pó de arroz na cara para evitar queimadura, vai quê?

Ele era magro, mas não do tipo esquelético. Mas quando ele foi crescendo fico um cara esbelto e forte. Aqueles músculos... Eu amava o jeito que as bochechas dele ficam rosadas quando é um dia frio. Eu amo o sorriso dele. Ao aquelas fileiras perfeitamente alinhadas e brancas de dentes, quando ele sorri parece propaganda de pasta dental.

Ficamos muito amigos, porque a mãe dele trabalhava e deixava na casa da mãe da Lily (que é tia dele obviamente). Então aos poucos nos aproximamos descobrindo coisas em comum, saíamos para brincar no balançador de roda que tinha no carvalho no quintal da Lily. Me apaixonei por ele. Como ele era mais velho eu via ele como um tipo de badboy. Mas de badboy ele não era nada. Sempre foi um bom amigo, atencioso, carinhoso e tal.

“O que aconteceu ontem em? Tipo estou com dor de cabeça? Não tinha alguma desculpa melhor tipo: não posso falar agora, já passou a hora de colher os meus tomates?”, a lily tinha uma mania de fazer piada com frutas e legumes. As vezes me deixava com raiva.

“ Olha, tenho que dizer uma coisa pra vocês”, os dois ficaram mais atentos do que nunca. “Eu vou me mudar de cidade”.

Falei sem dó nem piedade. Nossa como eu sou egoísta.

Fiquei envergonhada por ser tão egoísta. Fiz o melhor pra mim: Tirar como um curativo rápido e de uma vez. Eu não havia demonstrado o mínimo sinal do que diária pra eles, quer dizer, demonstrei sem intenção...

Jack ficou com uma cara de tipo: é uma pegadinha daquelas de fim de tarde. Lily aos poucos foi fechando os olhos e abrindo a boca. De repente um fluxo de lágrimas foi aumentando, aumentado até que Lily explodiu.

“Como você diz isso pra mim assim? Oi amiga, sabe o que é vou me mudar de cidade só fim avisar pra gente fazer um festa do pijama pra gente comemorar sabe?”.

Lily estava sendo maldosa. Aquilo doeu. Porque o jeito que ela falou parecia que eu não me importava. Era como se ela achasse que estou feliz com a situação e não magoada e chateada. Mas o que eu poderia fazer? Fugir de casa?

“Eu estou triste também lily mas...” , ela faz um sinal para ela terminar de falar.

“Só me diz porque não me disse antes e porque vai sair da cidade!”

“Minha mãe conseguiu uma proposta de emprego em uma porcaria de cidade aí...”

“Qual cidade? Talvez fique perto daqui, sei lá... qualquer coisa. Podemos dar um jeito nos fim de semana se for apena quilômetros”

“Acha mesmo que com o meu ódio interno eu iria procurar saber qual é a cidade?”. Falei em um tom sarcástico o que deixou Lily mais zangada ainda. As lágrimas ainda saiam dos olhos dela deixando o seu rosto branquinho com manchas pretas por conta do lápis e delineador. “Então... ela conseguiu uma proposta de emprego irrecusável, segundo ela, só que o escritório fica em outra cidade e tal. Algo assim, não quis ouvir o começo imagine o fim...”.

A esse ponto Lily já havia parado de chorar. Lily era forte... diferente de mim que chorou horas seguidas. As poucas vezes que vi Lily chorar foi no máximo quatro vezes! Acho que em todas as semanas ligo pra ela chorando por motivos diferentes.

“ Não queriam levar nem o Donald. Fiz um escândalo, e no fim eles deixaram”.

Percebi que Jack não tinha tido nenhuma palavra, mas a cara de quem acabou de sofrer uma pegadinha já tinha passado. A expressão dele passou de perplexo para raivoso em segundos.

“Porque não me contou? Eu teria ido na sua casa. Teria passado o dia com você. Qualquer coisa. Você devia ter me dado um sinal!”, fiquei ainda mais culpa, eu não merecia eles... “A quanto tempo você sabia que ia se mudar?”

Abaixei a cabeça e respondi envergonha que fazia quatro dias.

Jack não gritou, não me deixou nem brigou comigo. Ele fez a última coisa que eu esperava: ele me abraçou.

Lily levantou do seu acento e me puxou me envolvendo em um abraço. “Você sempre vai ser a melhor amiga, não esqueça disso. Nunca deixe ninguém te dizer ao contrario. E se você não conseguir lá me chama que eu dou uma surra na pessoa como dei em todas que ousaram não te tratar como a princesa que você é. Sempre vai ser minha melhor amiga Amelia. Porque você é a melhor”. Dessa vez não consegui me controlar, chorei e não fiz questão de segurar, precisava colocar aquilo pra fora. IMEDIATAMENTE.

Lily se afastou e começou a procurar algo dentro da sua bolsa.

Jack me puxou para mais perto dele e me beijou. Um beijo tão libertador, como no dia que começamos a namorar. Por alguns segundos fiquei sem fôlego.

Lily tirou algo da bolsa. A sua inseparável câmera, e chamou Roger.

“Necessito registrar esse momento”. Quando nos juntamos para a foto, nos três nos obrigamos a sorrir. Por que definitivamente ninguém estava feliz.

CLICK.

Então ficamos registrados na fotografia para sempre. Naquele momento me senti melhor, porque tive a oportunidade de ficar com os melhores de todos do meu mundo: os meus amigos.

Quando o flash da câmera iluminou o local, tudo que eu e meus amigos passamos passou na minha cabeça como um filme, só que melhor...

Continua...


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Notas finais do capítulo

Continua...