Seja minha Valentine escrita por strangeland


Capítulo 3
Liebesträume e dirty talks




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Carlos e Jill foram jantar num dos restaurantes do navio. Este não era o Nautilus, mas sim o Neptune’s Waters. Eles escolheram uma mesa ao lado da janela. Diferente do “Nautilus”, não havia um cantor desafinado, mas sim um piano e um ótimo pianista. Jill adorava tocar piano. Ela começou a aprender quando tinha uns 13 anos. Gostava de tocar Franz Liszt nas horas vagas. Quando ela tocava piano, se sentia num universo completamente diferente do seu universo de policial, agora na vida adulta.

Sair com Carlos sem Barry foi como marcar um encontro sem dizer que eles realmente iriam sair “num encontro”. Por vergonha, talvez, os dois estavam disfarçando que aquilo era algo tão casual...

A mesa dos dois dava vista para a lua cheia. Era uma cena bonita de se ver. Quando o pianista começou a tocar algo no piano, Jill reconheceu logo a música. Ela abriu bem os olhos e olhou para o pianista, que estava longe.

– Eu conheço essa música! Eu adoro tocá-la.

– E qual é o nome dela? – Carlos perguntou um pouco tímido. Percebeu que Jill era uma fã de música clássica e não sabia quase nada sobre o assunto. Se limitava em diferenciar a 5ª sinfonia de Beethoven e Danúbio Azul de Strauss.

– É Liebesträume, número 3. Significa “sonhos de amor” em alemão. É do Liszt. Eu adoro tocar as músicas dele... – ela disse com ar vívido.

– Então você toca piano e curte música clássica? Ta aí algo que eu não sabia. Acho que foi sorte ter escolhido esse restaurante.

– Sorte é aquele cara estar tocando Liebesträume! Se ele tivesse tocando alguma música do Mozart, estaria irritada. Odeio Mozart. Muito superestimado por nada... – Ela fez uma careta de um jeito como alguém faria se tivesse acabado de morder um limão.

– Sério? Nunca imaginaria isso... Na verdade, até me sinto um pouco envergonhado por não saber comentar sobre música clássica com você – ele olhou para o chão enquanto passava os dedos no cabelo.

– Não tem problema, Carlos. Na verdade, muita gente me acha estranha por isso.

– Mas isso não é um motivo pra você ser estranha. AH, lembrei de uma coisa engraçada... Uma vez, no aniversário de 15 anos da minha prima... Sim, as brasileiras debutam com 15 anos, não com 16. – O sotaque dele estava soando bem fofo - Essa minha prima queria dançar uma valsa famosa, mas ela mesmo não sabia o nome da música e o nome do compositor. Então ela pediu ajuda pra quem? Pra mim! Porque eu era o único que tava perto dela no dia que ela lembrou de querer essa música.

– E o que você fez pra conseguir?

– Bom, eu fui numa loja de CDs e comecei a cantar a música pro vendedor pra ele me vender algum cd que tivesse essa música!

– E qual era a música?

– Era essa... – Carlos começou a cantarolar a música. “Pan namnam. Nam, nam. Nam, nam, nam naaaaaaam” – Era Danúbio Azul. Depois que descobri o nome dela, nunca mais esqueci. Até porque no dia da festa, todo mundo teve que dançar essa música.

– Danúbio é linda. Eu estou tentando imaginar você dançando valsa! – Jill riu. Imaginou Carlos num terno, cabelo com gel e dançando com sua prima.

– Pra sua informação, todo mundo na família teve que ensaiar essa música! Só os amigos do colégio dessa minha prima que não sabiam, então eles dançaram tudo errado. Mas o mais difícil foi tentar ficar de terno num calor de 33°C no mês de outubro.

Houve um silêncio meio estranho e Carlos olhou pela janela. Ele viu a lua e disse:

– Que sorte a nossa termos conseguido esse cruzeiro em época de lua cheia – Carlos olhou para o pianista. Sentiu que a música doce e calma estava um pouco agitada. – Nossa, a música ficou um pouco rápida, né?

– Sim... Eu tenho uma maneira estranha de interpretar essa música. Eu acredito que o começo dela seja o início do sonho, quando seu cérebro não sabe se você está na realidade ou num sonho mesmo – Jill sentiu uma incerteza se continuava ou não com aquela explicação. Olhou para a lua pela janela e falou sem olhar para o brasileiro – Aí quando a música fica rápida, acredito que é a parte em que você chega no ápice do seu sonho, ou, por ser um sonho de amor, deve ser o momento em que você beija a pessoa que gosta... ou então, coloca toda sua emoção no sonho, querendo muito que aquilo seja a realidade – Jill deu uma olhada rápida para Carlos, mas voltou a olhar para qualquer canto, menos para Carlos – Então, quando a música fica lenta de novo, acredito que significa o momento em que a pessoa acorda e fica triste porque tudo era um sonho...

Carlos olhava para Jill enquanto estava com os dois braços na mesa, com os dedos da mão esquerda cruzados com os dedos da mão direita. Não piscava os olhos.

– ...E aí você fica feliz por ter sonhado algo tão vívido, mas se entristece com a realidade. – Jill terminou.

– É uma boa interpretação. Eu não acho que muitas pessoas conseguem interpretar uma música assim. – ele olhou para ela com um olhar de orgulho e admiração.

– Quando eu estava na mansão Spencer, na missão onde eu, Chris, Barry e Rebecca descobrimos sobre o laboratório secreto da Umbrella, tive que tocar Moonlight Sonata do Beethoven num piano da mansão pra abrir uma passagem secreta – ela riu e passou a mão nos cabelos, pensando nisso – Acho que saber tocar piano acabou me ajudando no meu trabalho como policial/agente da S.T.A.R.S.

– Eu estou esperando pelo dia que saber jogar futebol de botão e tocar violão irá me ajudar numa missão – Carlos e Jill riram.

O garçom se aproximou e os serviu com um vinho. Logo após o garçom seguir caminho para o interior do restaurante, Jill disse num tom acanhado, mas sem perder o contato visual.

– Um dia, se eu viajar pro Brasil, você me mostra as coisas lá?

– Sim, eu mostro. Até te ensino a falar português, se quiser.

Jill e Carlos comeram risotto com camarão, e depois comeram de sobremesa pavlova. Eles estavam um pouco embriagado pelo vinho que haviam tomado. Carlos ia andando pelo deque, segurando o pulso de Jill, mas ela lembrou do tal desafio do karaokê e o puxou pela direção contrária. Os dois pegaram o elevador e tentavam não ficar rindo o tempo todo.

– O que tinha naquele vinho? Me sinto como se tivesse tomado alguma bebida do riso. – Jill disse.

Carlos encostou as costas na parede do elevador e riu alto, com a mão na barriga.

– Bebida do riso... Já pensou se existisse bebida do riso?

Jill e Carlos estavam com copos de “caipirinha”, uma bebida brasileira que Carlos ficou feliz em saber que vendia naquele enorme navio. Ele pediu para Jill beber devagar, porque ele sabe que todos os amigos estrangeiros que tomam caipirinha, acabam tomando uns 10 copos logo de uma vez. Eles estavam segurando microfone na mão direita, e o copo de caipirinha na mão esquerda. Havia um canudinho preto pequeno nos copos dele, e também havia uma rodela de limão presa na borda do copo, que fazia combinar com a cor verde do líquido, já que eles estavam tomando limão com açúcar, gelo e cachaça.

No telão do karaokê, eles estavam cantando “Talk Dirty to Me” do Poison. Apesar de Carlos ter perdido para Jill no poker, ele estava saindo melhor que ela na música. Jill não conseguia acompanhar a música, enquanto que Carlos parecia conhecer bem a música. Ele cantando fazia o sotaque ficar mais forte ainda. Ele gostava de falar o verso “Talk dirty to me” com o rosto bem perto de Jill. Ele ficava com o rosto tão perto do dela que ele podia notar as bochechas da moça ficarem rosa.

Eles se afastaram do palco do karaokê enquanto as pessoas ao redor os aplaudiam e riam do divertimento alcoólico dos dois. Eles sentaram numa mesa. Os copos de caipirinha agora estavam vazios em cima da mesa. Apesar de estarem alegres pela bebida e pela música, eles ainda tinham consciência.

– Me explica como você conhece essa música! – Jill tentava se manter sem rir, mas não conseguia.

– Um tio meu tem um cd só de músicas antigas e ele escutava direto. Não tinha como não memorizar. Mas, então... – Carlos, sentado no sofá azul da mesa que estavam sentados, se aproximou mais de Jill, a ponto de ter o ombro dele encostado no ombro de Jill – Posso te dar um beijo agora? – Carlos perguntou em português e Jill não entendeu nada.

– Desculpa, Carlos, não entendi nada. Mas deixa eu adivinhar... Você é fã do Kiss?

– Não! Não foi isso que eu disse, mas eu acho que você não vai adivinhar – Carlos abaixou um pouco o rosto e disse:

– Você não tem idéia de quanto é perfeita, Jill Valentine.

Jill sentiu as bochechas queimarem. Ela sabia que Carlos estava falando alguma coisa a nível de flerte para ela em português.

– Não é justo paquerar uma mulher em outra língua e não dizer a tradução – ela fez um rosto angelical para Carlos.

– Só vou traduzir se você me der um beijo, pelo menos.

Jill colocou a mão direita no rosto enquanto tentava esconder suas bochechas coradas de Carlos. Ele apenas a esperava. Ela queria muito um beijo dele, mas tinha uma certa incerteza. Porém, ela já havia tomado algumas bebidas. Ela virou o rosto para Carlos e ele rapidamente encostou os lábios dele nos dela. E então, as línguas deles se encontraram. Jill pousou sua mão esquerda no rosto de Carlos. Era a primeira vez que Jill beijava um estrangeiro e ela pode perceber a diferença.

Quando eles deixaram o loca, seguiram caminho pelo deque. Eles pararam e encostaram na lateral do navio, olhando aquela imensidão azul que se misturava com a imensidão negra da distância da noite, quebrada pela luz azul clara do luar. Jill encostou a cabeça no ombro de Carlos e ria sem parar.

– Sabe o que seria estranho? Esse navio ficar infectado de T-vírus e nós seremos os únicos não infectados. Imagina estar no meio do mar e presa num navio com zumbis! – ela sentiu lágrimas saindo de seu rosto enquanto ria. Ela passou os dedos e secou as lágrimas.

– Desculpe, mas eu não vejo onde isso é engraçado! A não ser se você tiver falando de zumbis com shortões floridos e chinelos no pé

– Eu não sei porque eu disse isso – Jill se posicionou na frente de Carlos e pousou as mãos nos ombros dele.

– Eu tenho que dizer que eu subestimei você quando eu te conheci. Sério... Eu te achei metido e convencido. Como você diz pra uma garota que ela quer ficar com você no meio de uma cidade com monstros?

– Eu imaginei que iria morrer mais cedo ou mais tarde por causa daquele monstro enorme. E como eu tinha te achado linda, eu resolvi falar aquilo. Mas quando a gente pegou aquele helicóptero nos resgatou, eu fiquei com vergonha do que eu tinha dito! – Carlos abraçou Jill pela cintura e deu beijos no pescoço de Jill.

– Carlos, se eu te pedir uma coisa, você faz?

Carlos parou de beijar Jill e levantou uma das sobrancelhas.

– Depende... O que você quer?

– Canta “Garota de Ipanema” pra mim.

– Não, Jill...

– Por favor!! Por favorzinho.

Carlos olhou bem para Jill demonstrando um olhar de “É isso mesmo que você quer que eu faça?” e começou a cantar: “Tall and tan and young...”

– Não... Em português. Por favor.

Carlos olhou para baixo, deu um suspiro, levantou a cabeça e começou a cantar.

Olha que Jill mais linda, que Jill cheia de graça, é ela menina, que vem e que passa no doce balanço a caminho do mar.*

– Carlos, você está mudando a letra!

– Jill do corpo dourado do sol de Ipanema, o seu balançado é mais que um poema, é a coisa mais linda que já vi passar.* - Carlos sentiu Jill dar uns beliscões em sua barriga e parou de cantar para rir – Desculpa, mas eu não pude evitar em colocar seu nome na música. Combina tanto com você, sabia?

Carlos e Jill saíram do deque e foram pro corredor de seus quartos. Eles sentiam que o efeito do vinho e da caipirinha estavam fracos.

– E agora, pra onde vamos? –Jill perguntou enquanto olhava para a porta de seu quarto e para a porta do quarto de Carlos.

– A gente pode ainda ir pro último nível do navio e encenar Titanic – Carlos riu da própria piada e levou Jill par a porta do quarto dela enquanto segurava sua mão.

– Eu tenho uma idéia melhor. Você conheceu meu quarto já. Deixa eu ver como é o seu.

Ela puxou Carlos para o quarto dele. Eles abriram a porta e Jill viu que o quarto de Carlos não era muito diferente do dela. Mesma posições de móveis, com exceção das cores do quarto. Este tinha mais caros verdes e preta. Ela caminhou até a janela redonda do quarto e encostou a lateral do corpo na janela com os braços cruzados.

– Antes que eu me esqueça... Deixa eu te perguntar: Gostou da noite de hoje? – Carlos perguntou enquanto se aproximava da televisão, ficando de frente para a janela redonda, ao lado da cama.

– É claro, Carlos.

– Que bom, porque eu pretendo não cantar de novo naquele karaokê!

Jill olhou para Carlos e não conseguiu evitar o riso.

– É sério! Pegamos o elevador pra vir para cá e uma das pessoas do corredor nos reconheceu do karaokê! E olha que esse navio é enorme... Acho que vamos virar notícia desse cruzeiro enquanto ele não acabar.

– Você só ta reclamando porque perdeu no poker e cantou uma música dos anos 80 numa mesma noite. Relaxa, lindo.

Hey, onde foi que... – Carlos foi surpreendido por Jill que se afastou da janela para ficar de frente para Carlos e arrancar um beijo do brasileiro. Ela empurrou Carlos na cama e começou a desabotoar a camisa dele.

Eles rolavam pela cama enquanto um tentava tocar o outro em partes não tocada antes... partes como costas, barriga, coxas, etc. Carlos segurou o zíper do vestido de Jill e puxou devagar para baixo. Jill ponderou se continuava ou não com aquilo. “Mas por que eu pararia?” ela pensou. Ela fez questão de tirar 30% da roupa de Carlos antes de sair do próprio vestido preto que havia escolhido com dificuldade neste mesmo dia. Carlos segurava o cabelo de Jill e beijava sem parar, enquanto suas mãos faziam outras coisas pelo corpo da moça. Era como se ele quisesse imobilizá-la com seus beijos.

Em poucos minutos, os dois estavam nus e satisfazendo o prazer de um ao outro.


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