Dinamistas escrita por Rob Sugar


Capítulo 2
A Presa das Ilusões




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Uma enorme árvore, uma rara no meio da vegetação rasteira do local onde acordou. A assassina híbrida Blair avista sua primeira presa caminhando, sem prestar muita atenção em nada, de cima de um dos mais altos galhos.

Um jovem dos Fiordes, notável pelo jeito de andar e tipo de cabelo.

Suas raças não são necessariamente rivais, Blair, como toda híbrida que se preze, é desconfiada de tudo e todos, mas não nutre ódio por ninguém que tenha conhecido. Apesar de os híbridos serem famosos por suas maestrias letais em combate, são também por sua mansidão e clareza.

Mas naquela corrida pelo poder, mansidão e clareza estavam fora de cogitação. A ordem era “Matar”.

A marca registrada de uma híbrida como Blair, é a habilidade de criar lâminas afiadas a partir de células da pele. Ela se preparou e esperou o momento certo para pular em seu alvo.

Uma grossa e perigosa lâmina surgia de seu antebraço e ela se segurou no galho com mais firmeza. Respirou fundo.

O universo ao seu redor poderia se desfazer, mas era não ousaria sequer abrir a boca. Aquele momento era sua chance. Sua chance de determinar os próximos caminhos daquela batalha. Sua chance de livrar seu povo da escravidão.

Finalmente, sua presa assentou-se debaixo da árvore onde ela estava. Começou a pensar como o rapaz.

Esta árvore tem sombra para o Sol escaldante de hoje. Não têm formigas por perto e é perfeita para descansar por alguns segundos, ou minutos.

Seus últimos. Pensou Blair.

Atirou-se de seu galho mirando certeira no centro da cabeça de seu alvo. Era uma morte confirmada.

Uma gigantesca pedra surgiu na frente dos olhos de Blair e ela acerta sua lâmina impiedosamente nela. A lâmina quebrada de Blair faz seu braço sangrar enquanto ela tenta entender o que aconteceu.

Agora ela está no chão, recostada na pedra, tentando estancar seu sangramento e olhando em volta procurando sua presa.

O jovem aparece na sua frente com um sorriso no rosto. Blair instantaneamente lembra-se da habilidade secreta dos Fiordes, eles podem manipular a realidade por meio de uma névoa ilusória, enganando todos os seus rivais.

–Somos ótimos enganadores, você não acha? – o rapaz pergunta – Os Fiordes usam a mesma técnica de ilusão em área para nos manter seguros há décadas. Só que também serve para manter os outros mortos. – a crueldade ressoa no ar com as últimas palavras da frase – Machucou a cabeça quando caiu?

–O braço. – Blair retruca enquanto se afasta.

–Vi você subindo na árvore. Quando fui chegando mais perto você realmente desapareceu nos galhos. – o rapaz se senta do lado de Blair, empurrando a pedra – É que você não é muito boa pra escalar, só isso.

–Por favor, me mate logo. – Blair diz com lágrimas rasgando seu rosto.

Perder uma presa era uma coisa que a chateava. Quebrar uma lâmina era uma coisa que doía. Ser enganada a deixava furiosa. Todas essas coisas juntas no mesmo momento, um momento tão importante quanto aquele, era humilhante.

–Não vou matar você. – ele se levanta – Ainda.

O jovem tira o manto que cobre sua testa e joga para Blair, ordenando que estanque o sangramento com ele. A testa descoberta dele mostra para Blair um estranho símbolo. Uma cruz negra com um ponto no canto superior esquerdo. Quando ela pergunta, ele diz que ela também tem e aponta para ela.

–Tem a ver com o motivo de estarmos aqui, acredito. Achei mais algumas pessoas por aquele caminho, longe daqui. – ele coça os olhos – O nome é Ard. E o seu é qual mesmo?

–Blair. – ela disse sem desviar o olhar de seu ferimento. Sem olhar, não pode ver os olhos de Ard se arregalarem ao responder.

O nome dela é repetido várias vezes na mente de Ard. Ela falou de alguma Blair. Seria muita coincidência... O fiorde pensa por um momento. Prefere deixar Blair a mercê do destino.

–Eu realmente não posso matar você agora. – isso atrai a atenção dela – Ainda tem muito que você vai descobrir por aqui antes de poder morrer.

Ard dá as costas e vai embora, deixando Blair falando sozinha.

Quando sente que já pode ignorar a dor e a vergonha, Blair se levanta e começa a andar em busca de presas para alimentá-la, sejam frutas ou animais.

O Sol começa a se pôr e ela sabe que, devido a sua fome e seu braço ferido, ela se tornará o que mais odeia: uma presa fácil.


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