Lost Wings escrita por Slendon6336


Capítulo 6
5. Olhos


Notas iniciais do capítulo

Hey, sei que sumi por um tempo. Me desculpem. Realmente tive um pequeno bloqueio de criatividade e não sabia como fazer para que as coisas tomassem o rumo que eu queria que elas tomassem aqui entre o Jimmy e o Ez. Mas felizmente estou aqui (Yeeey!).

Okay, eles já deram um bom passo apenas neste capítulo, então espero que aproveitem.
E agradecimentos à Cupcake Panda por me lembrar que esta fic existia... Fracamente, que tipo de escritora sou eu? (-.-').
~Boa Leitura o/



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Jim

Ezekiel tinha um sono pesado e quando chegamos a sua casa, a primeira coisa que fez foi tomar banho e dormir. Eu nunca imaginaria que uma partida de pôquer fosse tão cansativa assim, deixando ele praticamente em coma em seu quarto.

Já eu apenas fitava o relógio fazendo o seu trabalho de marcar as horas. Passava das duas da manhã e eu não entendia ao certo o motivo pelo qual eu não conseguia dormir. Tinha de admitir para mim mesmo que mesmo sem querer, eu sentia falta do Paraíso. E queria demais poder falar com Louis.

Deixando o pensamento de lado, deixei-me cair no sofá da sala, jogando a cabeça para trás. Ezekiel era um rapaz gentil, mesmo depois de tudo o que passou. O que de fato era impressionante, levando em consideração que pessoas com o passado como o dele acabam se entregando por completo aos pecados da Terra. Matam, tratam mal os outros por simples frustração, etc. Embora eu tivesse percebido algumas consequências da minha falta de atenção para com ele antigamente. Fumo, álcool, vício, más companhias...

Então essa é a hora em que você me pergunta o que aconteceu de tão terrível com o Ezekiel.

Acho que todos já leram ou ouviram alguma estória sobre um personagem que perdeu os pais em alguma tragédia e até chegou a achar clichê. Acontece que histórias assim existem no mundo real de verdade. Ezekiel perdeu o pai cedo o suficiente para não lembrar sequer do rosto dele e desde então a mãe entrou em depressão – controlada apenas por remédios. A partir daí fui designado a cuidar dele, porém não tomei a responsabilidade nas mãos. Resultado? Um acidente na cozinha de suas casas, acabando com uma explosão.

Ezekiel escapara por pouco, a mãe não teve tanta sorte. Agora, vou resumir todos os anos restantes do loiro: Virou saco de pancadas na escola, vivia na rua, sofreu vários outros acidentes por aí, etc. etc. etc. Era chato ter de me lembrar de tudo, pois a culpa recaía sobre meus ombros.

Mas no final de tudo, aqui estava ele. Dividindo o apartamento comigo por pura caridade, sem se importar se sou um completo desconhecido.

O destino brincava comigo.

Acho que depois de um tempo acabei dormindo ali mesmo, acordando somente no dia seguinte com a luz acinzentada da manhã entrando pela janela da sala de estar. Percebi que um vento gelado batia em meu rosto, e também me encontrava coberto com um cobertor de lã xadrez vermelho e marrom.

Levantei-me e fiz todo aquele processo que qualquer um faria depois de acordar. Pegando tudo emprestado.

Procurei Ezekiel pelo apartamento e o encontrei na varanda, fumando e encarando o longe.

— Ér... Bom dia. — Falei, o fazendo se virar para mim e lançar-me um sorriso de canto.

— Bom dia. Não imaginei que você iria levantar tão cedo assim. — Senti o sarcasmo.

— Quê? Que horas são? — Me mostrei um pouco assustado.

— Hm... Umas onze horas. Onze e meia.

Suspirei e me juntei a ele, recostando-me no parapeito, de costas.

— Ezekiel — Comecei — Você não está achando ruim o fato de eu estar dormindo na sua casa, está?

— O quê? — E deu uma risadinha — Claro que não. Somos colegas de apartamento agora, não é?

Fiquei um pouco mais aliviado ao ouvir aquilo.

— Não dá para eu viver as suas custas para sempre, e também, me sinto um peso morto sem poder retribuir o favor.

— Você cozinha bem Jimmy. Eu vou te falar a verdade, sou uma desgraça na cozinha. Pode começar com isso.

Dei de ombros e passei a encarar o chão por um motivo desconhecido pela minha pessoa. Ezekiel realmente começara a me chamar de “Jimmy” constantemente, o que me fazia ficar um pouco envergonhado. Ele soltou a fumaça do cigarro pela ultima vez, apagando a ponta no cinzeiro e se virando para poder encostar-se de costas como eu. Cruzou os braços.

— Você... — Ele começara depois de um tempo em silêncio, me tirando da agonia de procurar algo para falar —... Quero dizer, seus olhos...

— Tem algo estranho?

— Não, não. Não é nada disso, apenas... São diferentes.

Ele estava tentando me flertar? Porque me pareceu uma.

— Os seus que são — Respondi — São cinza pra caramba. Parece uma nuvem no céu de hoje.

Ezekiel deu uma espiadinha para o alto por cima do ombro e soltou uma risadinha abafada pelo nariz, voltando a me fitar.

— Mas os seus não são de um azul normal. É escuro demais e parece até ter um degrade meio dourado.

Eu só soube desviar os olhos. Era constrangedor! Será que ele não percebia o quanto aquilo soava esquisito?

Depois de suas palavras, voltamos ao agoniante silêncio. Casualmente eu o espiava de soslaio, curioso em saber se ele sequer pensava em dizer algo a mais, me condenando por não ter coragem o suficiente para puxar assunto. Mas sempre que eu fazia isso nossos olhos se cruzavam, o que não ajudava nada na situação. Droga! Por que eu me sinto tão estranho?

Sua mão pousou em meu ombro.

— Vou entrar. Você vem?

Apenas assenti, o seguindo para dentro.

...L&W...

Passaram-se cerca de três semanas rápidas. Até ali nada de muito relevante se sucedeu senão que nossa relação havia dado um passo na direção certa. Em tão pouco tempo havíamos estabelecido amizade e lá estava eu, preparando o jantar. Afinal, a noite era especial. Ezekiel havia entrado para as quartas de final, depois de várias partidas intensas de jogo. Ele me tranquilizava dizendo que tudo se passava bem, que os oponentes ainda eram fracos. Mas pelo jeito que ele voltava para casa estava na cara o quanto era cansativo. A cada rodada, o tempo prolongava, acabando muito tarde.

Em fim, eu fiz meu melhor prato para aquela noite e me impressionei ao perceber o quanto eu parecia uma dona de casa, pagando pela estadia no apartamento de Ezekiel com o serviço.

Quando tudo finalmente estava posto sobre a mesa, conduzi o loiro até a cozinha, apresentando-lhe seu jantar.

— É só uma coisinha que fiz para comemorar suas últimas partidas rumo à vitória. — Argumentei, o vendo dar aquele sorriso torto de sempre.

— Ora, não me mime deste jeito! — Brincou.

Enquanto eu o via comer, me peguei naquele estado. Eu realmente havia começado a me esquecer de quem eu era, como se eu fosse humano desde sempre. Estava mesmo conseguindo viver como um e era um pouco deprimente pensar de tal forma. Afinal, saudade não se mata com facilidade, anda mais quando se é de uma vida passada. E Louis sequer se preocupara em dar as caras. Será que me esqueciam lá em cima aos poucos também?

— Jimmy? — Ezekiel chamou me acordando do transe — Está se sentindo bem?

Eu forcei um sorriso, tentando fazê-lo soar o mais naturalmente possível.

— Claro. Estou ótimo.

— Você realmente não tem ninguém na vida? — A pergunta veio como uma surpresa para mim.

— Como é?

Ele suspirou, deixando os talheres na mesa.

— Olha, pode parecer repentino, mas quero tentar uma coisa — Disse ele, me deixando apreensivo. — Caso você não goste, é só pedir para que eu pare okay?

Demorei um pouco para processar seu pedido, porém acabei por assentir. Ezekiel murmurou um “tudo bem” para si mesmo e se levantou, caminhando até perto de mim. Ali ele parou hesitante. Posso jurar que meu coração está quase saindo pela boca.

— O- o que você-... — Começo, mas sou cortado pelo selar dos seus lábios nos meus. Institivamente recuo, tornando tudo apenas como um selinho. Posso jurar estar uma pimenta agora. O que raio aconteceu agora? Ele não pode ter feito aquilo, pode?

Antes mesmo que eu pudesse sequer pensar em fazer algo, o loiro tentou mais uma vez, desta vez mais profundamente. E- era assustador! Eu não sabia o que ou como fazer algo. Eu nunca havia beijado alguém na vida, como poderia saber?

Deixando minhas mãos trêmulas agirem como bem imaginassem, meus braços contornaram seu pescoço dando apenas mais coragem para que Ezekiel prosseguisse, adornando minha cintura para si.

Eu com certeza não voltaria para o Paraíso daquela forma. E já questionava se realmente queria...


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Notas finais do capítulo

Quando meu pai jogava pôquer online eu ficava o observando até altas horas da madrugada. Sempre gostei de vê-lo jogar, embora soubesse que o vício dele não era bom. Mesmo assim, foi a partir desses jogos que surgiu Lost Wings.