Survival Game: O Pesadelo escrita por Catelyn Everdeen Haddock


Capítulo 11
10


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal!
Consegui um pouco de tempo para escrever mais um capitulo. E esse é dedicado à Natália Romanova, que está curiosa para saber mais sobre o baile. Ah, e essa é a segunda parte do baile, ok?

Cat ❤



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Voltei para a minha posição original e me endireitei no assento. Para mim, também não passa de uma mera surpresa. Um baile de gala em nossa homenagem, enquanto uma guerra explode lá fora, onde os soldados combatem uns com os outros, morrem gravemente feridos, mutilados, além de doenças infecciosas que podem, em um futuro distante (só Deus sabe), dizimar uma população inteira em fração de segundos. A guerra é uma peste como qualquer outra.

Meia hora depois, chegamos ao Palácio de Reichstag. Caramba, pensei, ao olhar a fachada toda iluminada pelos holofotes. Porém, os meus olhos vagueam até a bandeira vermelha, cuja a temível Suástica era o destaque no centro do círculo branco, pendurada ao vento em cima do portão principal. Como é que uma suástica pode assustar os outros? Além disso, uma fileira de nazistas contornam a passarela da fachada, encoberta pelo tapete vermelho, da calçada ao portão principal, por onde todos os convidados passavam, sorrindo, aos burburinhos e de mãos dadas ou braços entrelaçados.

A limusine parou no meio-fio da fachada. Um guarda nazista abriu a porta do lado da Anne e lhe deu a mão para sair. Eu fui depois dela. Margot saiu do banco da carona, auxiliada pelo outro guarda que lhe dava a mão. Senti uma leve palpitação e um pequeno tremor nas mãos. E isso foi o necessário para a Anne segurar uma das minhas mãos. Um pouquinho de força já é o suficiente.

– Sejam bem-vindos - disse um dos guardas.

Sacudi a cabeça como agradecimento, enquanto a palavra permanecia presa na minha boca. Marchamos em direção ao portão principal, enquanto me esforço para ignorar as luzes altas dos holofotes e das fãs gritando histéricas para nós. Até no baile de gala, as fãs e os paparazzis tinham que me perseguir? A festa é nossa, por favor, queiram manter distância!

Chegamos até o portão, onde a música clássica pairava sobre o ambiente. Todo os convidados sorriam, comiam e conversavam. Confesso que fiquei um pouco maravilhado com isso, mas senti um pouquinho de dó, pois enquanto o baile rola aqui, milhares de homens morrem despedaçados na Guerra, isso levando em consideração os milhares de inferiores nos Campos de Concentração, além de uma pequena parcela de judeus. Eu temo que Moe e Edith sejam sorteados para o próximo reality. Naquilo, nem sonho em pensar, por enquanto quero aproveitar o copo cheio para depois esvaziar.

Olho por todos os lados do palácio, quando vejo a Marni conversando com as amigas. Ela estava tão formidável em um vestido verde cetim esvoaçante e decotado em V. Além disso, o seu cabelo agora está loiro, com as mechas da cor do vestido. Ela escancarou o sorriso ao notar a nossa presença e veio até nós, acompanhada das amigas, todas também formidáveis. Além disso, algumas delas tinham o cabelo preso em um rabo de cavalo, incrementado com o topete e outras tinham-no solto, com alguns enfeites. Reparei que uma delas tinha a lateral raspada.

– Ah, gente, que bom que vocês vieram - disse Marni, ao nos abraçar.

– É claro - Anne retrucou, em tom de brincadeira. - Estava no pedestal.

– Com um evento especial - acrescento.

– Bom, lhes apresento as minhas amigas - Marni falava, enquanto indicava com as mãos cada uma delas. - Eugenie, Charlotte, Bep e Leah, estes são os vencedores da 64ª edição do Survival Game, Heinrich Holger e Anneliese Zimmer.

– É um prazer conhecê-las - digo, estendendo a mão.

– O prazer é todo nosso - respondeu Eugenie, seguida das outras três. Bep é a moça da lateral raspada.

Anne fez a mesma coisa com elas, que retribuíram, por sua vez, o cumprimento. A meu ver, as quatro conheciam a Margot há muito tempo, pois ouvi uma delas mencionar o nome dela.

De repente, senti uma vontade de ir embora, mas era um baile em nossa homenagem. A tontura pode servir de pretexto para ir embora, mas não quero causar nenhuma descompostura na frente de ninguém. Não com o führer aqui, tampouco na sede do governo.

Viro de soslaio para a Anne e murmuro:

– Desculpe perguntar, mas você está ciente do que rola lá fora?

– Estou - ela assente, sacudindo a cabeça discretamente. - Por quê?

– Porque ouvi dizer que houve um equilíbrio das forças da Tríplice Eixo e das da Tríplice Aliança. E pelo visto, a Alemanha está por um fio de perder a guerra - comento.

Ela assente, concordando com tudo. Vejo a mesa toda decorada com as variedades da culinária alemã. Como eu disse anteriormente, a Alemanha tinha se isolado do resto do mundo devido ao nacionalismo exagerado de Hitler II e ao ódio aos judeus. Se a Segunda Guerra terminou em 1945, creio que ela seja um pouco mais prolongada. Só não sei quando.

Subitamente, Hitler II aparece do alto da escadaria do salão, acompanhado da esposa, Elena Pfeffer Hitler, mulher de cabelos ruivos ondulados, que enroscava o braço direito do marido. Ela sempre vivia sofisticada, mas hoje ela estava mais do que sofisticada. Ele se prepara para anunciar alguma coisa.

– Saudações, convidados - ele pigarreia e começa a falar. - Senhoras e senhores, como todos aqui presente sabem, o baile de gala marca uma tradição aos recém-arianos, os purificados depois de mais uma edição da história do Survival Game e da Alemanha. Hoje é um dia muito especial para todos os presentes, em especial para o casal vencedor da 64ª edição, o sr. Holger e a Srta. Zimmer, vindos da capital da Baviera, Munique. E nesse instante, faço questão de que uma bela valsa seja executada, no melhor da noite.

Todos aplaudiram, inclusive a Anne e eu. Hitler fez um gesto para o maestro, que se preparava para o concerto. Quando a música começou, na hora em que fui tomar a mão da Anne, um homem alto e robusto, de queixo avantajado, trajando smoking, veio até nós. O general Bertrand. Não o via desde que regressamos a Munique, um um dia depois do reality.

– Heinrich, Anne - ele nos cumprimentou. - É uma honra vê-los aqui no Reichstag.

Eu fiz o mesmo, enquanto a Anne fez uma mesura com a saia franzida do vestido.

– Estão gostando da noite? - perguntou o general.

– Claro, sem dúvida - retruco, disfarçando a inquietude com o mundo afora. - Não há como lembrar da Guerra que está rolando lá fora.

– Richie - Anne contorceu a boca para o meu lado, ralhando comigo.

– Me mantenho sempre atualizado com a Guerra - ressou Bertrand.

Marni me cutucou no braço esquerdo e fez questão de me convidar para dançar. Mas fiquei meio sem graça com a tal atitude. É com a Anne que eu quero dançar, mas não tive escolha. Olhei de relance para a Anne, que a meu ver, o general a convidou para dançar. Ela sacode levemente a cabeça e ao virar novamente para a Marni, que estendia o cotovelo, eu enrosquei o meu braço no dela, sem hesitar.

Nos distanciamos da Anne e de Bertrand, enquanto fomos seguindo diretamente para o salão de valsa do Palácio. Passamos pelos convidados que aplaudiam, à medida que nós passamos pelo caminho. Meu coração disparava de nervosismo e o frio na barriga era incessante.

Logo que chegamos no centro do salão, Marni ficou de frente a mim, me fazendo ficar pasmo, mas não tanto assim. Ela segura a minha mão direita e a leva para trás da sua cintura. A outra, ela a estende para o lado.

– Lembre-se - ela sibilou. - assim que a música começar, continue segurando na minha cintura.

– Mas eu não sei dançar - balbuciei, nervoso.

– Eu te ensino - disse, ao procurar me acalmar. - Se aprende fazendo, portanto, essa é a hora certa. Tente acompanhar os meus pés.

Para o meu desespero, a música começou a tocar, aumentando ainda mais o meu nervosismo. Cerrei os dentes com força e fui obrigado a dançar. Meu rosto corou de vez, no mesmo instante em que comecei a acompanhar os pés. Ela teria uns vinte e cinco anos, devido ao seu rosto e ao comportamento. Todavia, praticamente eu já passava um centímetro dela, o que faz parecer que nós somos da mesma altura.

Com as pernas bambas e a barriga formigando, sem querer acabo de pisar em um dos pés da Marni, me deixando cada vez mais ansioso.

– Ai - Marni gemeu, quase que instantaneamente de dor.

– Desculpe - desculpe, com a voz ainda trêmula de nervosismo.

– Está tudo bem, querido - disse, sóbria, por mais que eu tenha pisado no seu pé. - Agora preste atenção em mim.

– Mas e a música? - indaguei, aflito, pois isso seria uma descortesia da minha parte.

– Não ligue para ela - sibilou. - Apenas faça o que eu digo.

No momento, apurei a minha audição e a visão. Procurei olhar para os meus pés, para seguir o seu ritmo. Conforme ela ia instruindo, eu seguia atentamente os seus passos.

– Cole a ponta dos seus pés nos meus - pediu. - Assim não tem dificuldade para dançar.

Encostei a ponta dos meus pés nos seus e ficou mais fácil para seguir a valsa, sem problema algum. Agora, ela tira a mão da minha que está segurando a sua cintura e a leva para as minhas costas. Pego o ritmo aos poucos e quanto menos espero, ergo a minha parceira ao ar, embora seja um pouco pesada. Não tardou para que os presentes notem a minha performance.

– Como é que você fez isso? - Marni indaga, espantada.

Dei de ombros.

– Nem eu sei como eu fiz isso - ressôo, surpreso comigo mesmo.

Marni escancarou o sorriso e voltamos a dançar. Afinal, eu já percebi quando era a hora de erguer as parceiras ao ar e de rotacionar, como eu fiz, agora há pouco. De longe, vejo o general Bertrand com a Anne, aproximadamente a doze casais a distância. A meu ver, ela já sabia dançar muito bem, enquanto o meu caso é outro: nunca me habituei à dança, passava horas a fio com os meus amigos e em casa.

Eu estava tão feliz, que não vejo o tempo passar e, provavelmente, o amanhã não existiria, no momento do dia. Mas o amanhã sempre vai continuar sendo amanhã, nada mais. Nem bem que a valsa terminou, finalizamos a dança. Senti um alívio e, ao mesmo tempo, uma pontada de tristeza, pelo simples fato de ter aprendido a dançar.

– Parece que tem alguém que está satisfeito por ter aprendido a dançar - Marni ressôo, ao perceber a minha expressão.

– Claro - rio. - Logo agora que aprendi a dançar.


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