Survival Game: O Pesadelo escrita por Catelyn Everdeen Haddock


Capítulo 12
11


Notas iniciais do capítulo

Oiii pessoal!
Foi mal eu não ter postado nesses dias, é que as aulas no cursinho começaram e é tempo de me dedicar para o ENEM, dai, vou ter que ficar em Hiatus temporário, ok? Mas não fiquem tristes que eu não vou parar de escrever.

Ah, e dedico esse capítulo para Nicholas, por causa da recomendação da fic. VALEU CARA!!
Apreciem o capítulo e Bjos!
Cat ❤️️



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/577164/chapter/12

Marni e eu rimos. Olho de relance para o meu relógio de pulso que guardei no paletó.

– 21 horas - respondo, ao notar.

– Talvez seja uma boa hora de encontrar a sua namorada - Marni me aconselha. - O general deve tê-la dispensado.

– Tem razão - digo. Eu nem pensava nisso. - Vou lá, então.

– Muito bem, Heinrich. Até mais - disse, enquanto nós distanciamos um do outro, até ela falar mais uma coisa. - Ah, e aproveite bem a festa, porque tudo aqui é para vocês.

Olho de relance e falo de volta:

– Ah, obrigado - e retomei o rumo.

Ela está coberta de razão, penso, preciso encontrar a Anne, antes que ela me dê por falta. Fico ansioso em encontrá-la, o que me deixou espantado e tão fora de órbita. Nada disso teria acontecido se eu não fosse tão idiota, na hora em que Bertrand chegou. Devia ter pedido a Anne a tempo para dançar. Foi uma idiotice da minha parte. Só esperava para encontra-la, quando, sem perceber, acabo me esbarrando em uma mulher gorda e ruiva, cujo cabelo está preso em um coque estiloso, que segurava uma taça de vinho tinto, cuja gota voou direto para o busto encoberto pela seda escarlate do vestido longo e liso. Fiquei corado e arregalei os olhos. Envergonhado.

– Me desculpe - falei, enquanto tentava limpar o estrago que fiz no vestido, atabalhoadamente. Contudo, por outro lado, a mancha de vinho era praticamente invisível. Paralisei, mas tive que justificar nesse caso. - Eu estava procurando a minha namorada e fiquei meio atrapalhado nessa circunstância e...

O mico foi tamanho, que fui o centro da atenção de todo mundo. Um homem de nariz aquilino e alto, aparentando ter quarenta anos, veio ter conosco.

– Algum problema? - ele perguntou.

Fiquei sem responder por algum momento, com o coração aos pulos. À princípio, até pensei que ele fosse dar uma bronca em mim, isso se a mulher se queixar do estrago que fiz.

– Nenhum - respondeu ela, olhando para mim. Depois, com um relance para o homem, respondeu. - Foi só um acidente.

Fiquei atônito. O homem parecia ficar tranquilo e senti o suor da testa brotar entre o couro cabeludo, ainda que esteja fixado com a brilhantina. A mulher olhou para o busto, a região aparentemente atingida pela gota de vinho e ergueu o rosto para o homem, com o semblante de satisfação.

– Por outro lado - ela continuou. - a mancha nem aparece - em seguida, virou o rosto para mim, tranquila. - Quanto a você, não se preocupe. Acidentes acontecem.

Suspirei aliviado. Eu temia pelo pior, se não fosse pela bendita seda escarlate. De qualquer forma, pedi mil perdões com um sorriso torto estampado na cara.

– Obrigado - agradeci. Salvo pelo gongo.

A mulher deu uma piscadela e virou o caminho, acompanhada pelo homem. Vejo os dois desaparecerem pelo salão, enquanto a multidão voltou à festa.

– Foi sorte sua - uma voz feminina falou por trás e viro o rosto de supetão. Anne.

– Anne? - balbucio. - Como você sabe disso?

Ela deu de ombros, como se nada tivesse acontecido.

– Eu estava a doze casais de distância - afirma. - Quanto à sua sorte de montão, você tirou vantagem disso.

Arquejo uma das sobrancelhas.

– Resumindo - continuou. - Os dois são secretários do gabinete do chanceler.

Arregalei o olhar. Não esperava por isso, muito menos de que eles são secretários de Hitler II. E aquela mansidão da mulher me deixou desconfiado.

– Bom, na verdade eles são... - Anne se inclinou para o meu lado e cochichou uma palavra que me arrepiei com as cócegas no meu ouvido. - ...espiões.

Espiões, pensei.

– Espiões? - indaguei e ela assentiu. - Como você sabe?

– Eles conheceram os meus pais - comenta, enquanto começamos a caminhar. - Eles eram companheiros inseparáveis. Quando os meus pais morreram, eles se mudaram para Edimburgo e pouco tempo depois, o irmão de Jan desapareceu misteriosamente. Daí, eles regressaram para cá, mas para morar com a mãe dele, que estava perturbada com o súbito desaparecimento e ainda temia que ele estivesse morto. Ainda imagino se ele está morto ou rerigindo em outro lugar.

– E se ele estiver morto? - questionei.

– Possivelmente será uma tentativa de assassinato pela tropa nazista - concluiu. Estávamos caominhando até a varanda, onde Hitler costumava orar para o exército e, ironicamente, onde nós fomos apresentados como vencedores do reality.

– Jan é o homem que acompanhou a mulher do vestido que sujei?

– Claro - Anne sacudiu a cabeça em concordância.

– E eles estão servindo para algum grupo militante?

Sem ao menos me responder, Anne me puxa até a varanda e ficamos de frente um do outro.

– Eles servem para um grupo militante anti-nazista em Amsterdã.

– E qual é? - indago, arqueando uma das sobrancelhas.

Então, ela se aproxima de mim e sibila no meu ouvido direito, uma palavra pouco mais difícil de pronunciar do que o meu nome.

– Anschluss.

Meus olhos brilham e assinto da mesma forma.

– Nunca ouvi falar - murmuro.

– É um grupo secreto que age, bem, eu não sei como, mas Jan havia me dito que eles vivem em um apartamento coletivo em Amsterdã.

– Um tipo de "Anexo Secreto"?

– Exatamente. No momento, Jan e a mulher sempre mantiveram contato com eles, desde que se infiltraram no Reichstag, via email, sem serem descobertos, mas geralmente, sempre discutem...

Quase morro do coração, quando ouvi ovações vindas do salão. Se um dos convidados ouvissem a nossa conversa, seria capaz de nos entregar a Hitler II. Essa sensação me dava calafrios na espinha e o sangue congelava. Cada vez que a vontade de estar em casa crescia dentro de mim, eu sentia que fosse explodir. Fiquei aéreo por alguns segundos até eu tocar o indicador e o polegar sobre o queixo da Anne. Ela estranhou o meu gesto, mas eu sabia o que estava fazendo.

– Melhor não falar mais nada - sussurro. - A não ser que você me dê uma oportunidade de retirar o que falei, antes de cairmos na cachoeira.

Ela hesitou por alguns segundos e disse:

– Essa é uma boa hora para se retirar.

Escancarei um sorriso.

– Eu retiro o que disse - e foi encostando os meus lábios nos dela e daí, a língua na outra. Retirei o que disse.

***

De volta à suíte, abri o armário para procurar a minha camisa para dormir, enquanto a Anne esperava sentada na cama, massageando os calcanhares avermelhados. Maldita hora em que eu guardei a danada da camisa! Era para eu deixar separada, mas nunca me habituei ao costume. Para completar, a bendita Cruz do Sol fazia cócegas gelasdas no meu busto nu, quando estou sem camisa. Me acostumei a isso.

– Nossa - Anne exclamou. - Aquele salto alto deixou meus calcanhares doloridos de tanto dançar com o general. E você ainda deu aquele espetáculo com a Marni, na hora da valsa.

– E esse espetáculo vai circular por todo o país, com toda certeza - desdenhei, mas deixo escapar uma risada. - E eu ainda não sabia dançar.

Anne também riu.

– Claro e por que não? Agora somos famosos.

Meus dedos tamborilam a minha camisa. A danada estava bem lá no fundo do armário. A vesti e fechei o armário.

– Apesar de tudo que aconteceu na turnê e no baile, fiquei aliviado - comento, enquanto me aproximo da cama e fico de quatro diante da Anne.

– Pelo quê? - ela quis saber.

Volto a sentar.

– Bom, pelo baile e... Pelo que me resta dos amigos agora.

O "restante" a que refiro são os poucos dos que restam dos meus amigos da escola, além de Moe. Desde que regressamos para Munique, depois do reality, tudo mudou: assim como a Anne, eu perdi muitos amigos, tudo por causa da fama. Agora tenho que ser reverenciado pelos outros e o centro das atenções, além de receber regalias como as notas altas. Preferia a minha vida antiga.

Anne me entendia perfeitamente, pois, dos amigos que ela tinha, apenas cinco continuam sendo seus amigos.

– Imagino a frustração que vamos ter ao voltarmos para Munique amanhã - comentou. Voltei a ficar de quatro e lhe beijei delicadamente os seus lábios.

– Isso vai ser para sempre - afirmo. - Se depender da fama e do destino.

Anne sorri para mim e retribui o beijo. Para ser sincero, eu esperava regressar a Munique sim, mas por causa da minha irmã, dos meus pais, da Edith e do Moe. Me ajeitei na cama e me cobri com o edredom carmim. Meu dedo indicador tateia e acaricia o pingente da Cruz do Sol, suas curvas e sua circunferência. Fui tomado pelo sono e fecho os olhos, sem tirar o dedo da Cruz do Sol. Neste momento, eu não queria me lembrar de nada a não ser dormir tranquilo. Uma volta e meia, ouço um grito da Anne ao meu lado.

Abro rapidamente os olhos e me viro para sua direção, que estava toda branca de medo.

– Tive um pesadelo - balbuciou, tremendo e arfando.

Fiquei na minha durante todo esse tempo, até perceber que a Anne também dormiu, até que o surto veio à tona. Não tardou para tomar uma bela decisão calorosa.

– Venha - falei, enquanto levantava o edredom para envolvê-la e a puxei para perto de mim. Lhe proporcionei o máximo de conforto e calma. - Fique tranquila, estou aqui com você, Annie.

Ela se acomodou sobre o meu busto, mas não me importei com a Cruz do Sol fazendo a marca nele. Me lembrei do momento em que ela teve o pesadelo na caverna no reality. Isso me deixou com pena e, ao mesmo tempo, sóbrio. E me lembrei da nossa primeira noite de amor, no dia em que fui baleado.

– Me torturaram - murmurou, ainda assustada. - com perguntas tenebrosas...

– Perguntas tenebrosas? - indaguei, me arrastando para baixo, para ficar do mesmo tamanho que ela na cama.

Ela sacudiu a cabeça, mas não sabia quais eram as perguntas. Sua voz ficava embargada aos poucos.

– Fiquei com medo na hora de responder - ressoou. - Eles me ameaçaram.

Meus olhos mareavam, mas não tive vontade de chorar. As lágrimas soavam pena e angústia.

– Ouça, não importa o que acontecer - sussurrei, tangendo a ponta do meu nariz no dela. - sempre estarei ao seu lado, Annie. Sempre.

– Eu também, Richie. - sibilou. - Eu tambem.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!