A Paciente escrita por Cary Monteiro


Capítulo 2
Pulso


Notas iniciais do capítulo

E aí, galerinha? Mil desculpas pela demora. Eu já estava com metade do capítulo pronto quando me deu o maior surto de Doctor Who e eu precisei parar tudo e escrever sobre isso, hehe. Um coleguinha me puxou a orelha e me pediu pra continuar, e então sem mais prolongar, aí está o novo capítulo. Enjoy!



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Era uma terça, ou talvez fosse quinta com cara de quarta-feira... Asami havia dobrado o plantão e perdido noção de que dia era. O pronto-socorro estava o maior alvoroço. Republic city recebia muitos turistas de todas as nações principalmente em épocas de festividade. A cidade era famosa pelo seu show de luzes no ano novo e tudo mais. Asami gostava de ir até a praia e observar os fogos junto dos pais, mas ela já não tinha nenhuma vontade e prazer fazendo isso na ausência deles. Andando no corredor até a enfermaria para obter alguns remédios, Asami ouviu uma voz peculiar vindo da sala de espera.

– Quero ver a doutora Asami! Só ela pode me ajudar! – Sim, era a mesma garota, a garota do tornozelo. A “só Korra”. E ela estava criando briga na recepção por causa dela! Asami correu até lá para ver se conseguia resolver o problema.

– Korra? O que está fazendo aqui?

– Doutora Asami! -Ela abriu um longo sorriso. – Meu pulso quebrou! Quero que você o conserte! Err... Por favor. – E mostrou a mão tremida, vermelha e inchada à ela. Parecia estar doendo muito.

– Korra, o pronto-socorro está explodindo de pessoas tão feridas quanto você, não pode simplesmente escolher por qual médico será atendida. – Asami explicou pondo as mãos na cintura.

– Não, não... Eu espero. Eu espero até que você possa me atender. – Korra sentou-se calmamente numa das cadeiras ao lado de outros demais pacientes. Asami imaginou se o banco seria capaz de suportar tanta teimosia. Ela revirou os olhos e voltou ao trabalho. Perto das onze da noite o pronto-socorro já estava praticamente vazio. Com apenas um ou dois pacientes além de Korra para serem atendidos. Asami pediu que um colega seu os atendessem para que ela pudesse falar com Korra. Ela foi até a sala de espera e a chamou, Korra estava parada exatamente como havia sentado. Ela vestia as mesmas vestes surradas da vez anterior quando foi atendida. Será que que Korra é uma menina de rua? Asami ponderou.

– DOUTORA ASAMI! – Korra gritou alegremente ao entrar no consultório. Asami expirou sem graça. – Eu te abraçaria se não estivesse com a mão tão ferrada. Foi um belo trabalho que a senhorita fez no meu tornozelo da outra vez. É por isso que eu fiz tanta questão de ser atendida novamente só por você. E então? Pode me dar uma mãozinha? – depois caiu na gargalhada com a própria piada enquanto se aconchegava na maca e estendia a mão machucada para Asami. A doutora tocou delicadamente o pulso inchado e o examinou, Asami deu uma rápida olhadela para cima e percebeu que Korra suava e prendia a respiração.

– Olha, você não precisa se privar de chorar ou dizer que está sentindo dor. O negócio aqui está feio, um simples remédio não vai te ajudar desta vez, vai precisar de repouso...

– Não vou chorar. Está tudo bem. Foi por um bem maior. – Ela explicou com alguma dificuldade. Asami suspirou de cansaço.

– O que você aprontou desta vez, Korra?

– Ah! Sabia que ia perguntar. Eu estava esperando por isso. – Korra vibrou. Asami imaginou se Korra trabalhava como atriz, mas não sabia dizer qual das reações, de dor ou alegria, seriam as falsas. – Hoje eu e meus amigos tínhamos resolvido fazer breakdance. Bolin tinha ligado o rádio depois de ter me perguntado trezentas mil vezes se meu pé estava melhor. Eu respondi: “é claro que está, doutora Asami é um anjo enviado dos céus e fez um verdadeiro milagre!” – Asami suspirou fortemente e agradeceu por estar de cabeça baixa enquanto enfaixava a mão de Korra, só assim para esconder o pequeno rubor que havia se formado em seu rosto devido ao elogio – Ele não queria me deixar participar, mas sabe como é, eu sou uma garota teimosa. – E sorriu.

– Então você quebrou o pulso durante a dança?

– Calma, calma, doutora, deixa eu terminar... Mako, um garoto da turma, mano do Bolin, ele é bonitinho e tal. Sei que me dá mole as vezes, ou talvez seja o contrário, eu nunca realmente sei. Ele tinha dado alguns passos animais e o topete daora dele combinava muito bem, mas a próxima música era minha e eu queria mostrar que também sabia dançar. E aí eu mandei tão bem que ele me desafiou! Ele mal fala comigo e me desafiou! Eu achei o máximo!

– Já até vi. Você quis se mostrar demais e acabou se machucando, não é?

– Está realmente impaciente hoje, doutora.

– Tudo bem, tudo bem, continue.

– Então ele mandou outra, ele deu uma porção de mortais. Não que eu estivesse assustada. Era a minha vez e eu praticamente desafiei a gravidade. Fiz meu movimento mais difícil, alguns giros enquanto plantava bananeira. A turma foi ao delírio e lá foi ele de novo nos mortais, era mortal que não acabava mais. Veio até mais gente assistir nosso showzinho, mas o desafio não estava terminado e era eu de novo. Quando eu estava prestes a dançar ouvi um grito. Mandei todo mundo ficar quieto, mas começaram a rir, me caçoar, dizer que eu estava desistindo. Eu ignorei tudo e me concentrei no grito. Quando ele aconteceu de novo eu corri em disparada, era um grito de socorro, ninguém entendeu nada, mas eu não ligava – Asami já havia terminado de tratar o pulso de Korra e agora observava-a enquanto ela terminava de contar a história – Então avistei uma garotinha que não devia ter mais de cinco anos, ela chorava bastante enquanto se agachava perto de um bueiro. Eu cheguei perto dela e perguntei o que havia acontecido, mas nem precisei quando ouvi um miado vindo de dentro do bueiro.

A garotinha tentava tirar o bichano de lá com as suas pequenas mãozinhas por entre as grades, mas não o alcançava de forma alguma. Eu não tinha certeza se minha mão passaria ali, mas eu não podia ficar sem tentar alguma coisa. Respirei fundo, agachei e estiquei meu braço no buraco. Peguei nas costas do bichano e o levitei no ar. Acho que ele se assustou comigo e me mordeu, me fazendo puxar o braço com muita rapidez no susto, foi o que deve ter dado ruim no meu pulso. Mesmo assim eu não o larguei e pegando-o com a outra mão eu o tirei do bueiro e entreguei a menina que me abraçou agradecendo e foi embora. Quando eu finalmente consegui tirar a outra mão do bueiro eu vi que meu pulso não estava legal. Por isso em vim... Doutora? – Korra esperou por uma resposta de Asami enquanto analisava o curativo na mão, mas a médica não sabia o que responder. Qualquer que fosse o conceito ruim que Asami tinha de Korra até então havia se quebrado. Ela não conseguia imaginar como que uma garota tão moleca e arruaceira, cheia de gírias e esportes radicais era capaz de cometer um ato de tamanha ternura e bondade. Ela podia muito bem estar mentindo, mas Asami lhe encarava nos olhos e não conseguia ver isso. Ela sentiu-se até um pouco envergonhada por ter pensado mal da garota no passado.

– Korra... Hum, está terminado. Você já pode ir, tome aqui a lista de remédios e... Nada de radicalizar por pelo menos duas semanas, tudo bem? – Ela ia falando enquanto escrevia a receita, incapaz de encarar Korra novamente.

– Nem salvamento de gatinhos? – Korra perguntou aos risos.

– Talvez só um pouco, mas fique longe de encrencas, tá bom, Korra? – A garota se levantou da maca e suspirou, dirigindo-se para a porta.

– Tudo bem, vou ficar, por você, mas não pelos gatinhos! – Ela falou em tom desafiador e saiu correndo deixando Asami sozinha com seus pensamentos sobre a arruaceira de grande coração.


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Notas finais do capítulo

Okay, mais um capítulo bem fluffy porque esse é meu passatempo, hahaha. Pra quem ficou um pouco perdido em como imaginar Mako e Korra dançando assistam a este vídeo: youtube.com/watch?v=JI3Qekgp6yI Mako sendo o mano escurinho e Korra o policial, hahaha! E eu prometo que não vou levar o dobro do tempo pra atualizar, eu faço sempre rodízio entre minhas fanfics, vou atualizando uma de cada vez. Obrigada por ter lido e deixe um comentário caso queira!