A Paciente escrita por Cary Monteiro


Capítulo 3
Pele


Notas iniciais do capítulo

Heeey, galere! Olha quem tá de volta, hehe. não NÃO okaaay, não precisam me jogar pedras plz!!! Leiam aí o capítulo e depois nós conversamos sobre minha ausência...



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O horário de almoço tinha começado. Asami costumava passar o dia inteiro dormindo ou lendo, não gostava muito de sair para a rua a não ser que fosse necessário. Mas gostava de trabalhar e pegar o plantão dos colegas, render um dinheirinho a mais que ela guardava sabe se lá pra quê. Num desses dias em que ela trabalhava de manhã, resolveu almoçar na lanchonete atrás do pronto-socorro. Não realmente acoplada a ele, os dois estabelecimentos se encontravam num parque no meio do bairro e cobriam a maior parte dele. Asami pagou seu sanduíche e se sentou no banquinho de pedra. Havia nevado levemete durante a noite anterior e o chão estava todo forrado de branco. Algumas crianças ao longe brincavam de guerra de neve e Asami se pegou lembrando de Korra. Fazia já uma semana que não a via, quer dizer, ainda bem! Mas mesmo assim Asami sentia-se um tanto melancólica pela ausência da mesma. Ela deu uma mordida no sanduíche e fechou os olhos tentando se concentrar em outra coisa, sem perceber que um vulto passava de fininho por trás dela e se sentava no banco ao seu lado sorrindo, esperando que Asami apenas virasse o rosto.

– Hey, Asami! – Korra gritou impaciente. – Quero dizer, doutora Asami... – corrigiu-se. Asami olhou para o lado como se o chamado fosse parte dos seus pensamentos e quase teve um ataque do coração ao ver que Korra era real. Ela se levantou rápido demais do banquinho, pisou em falso e escorregou, caindo de bunda no chão. A situação foi tão rápida que Korra nem teve tempo de ajudar. – Woa! Eu esperava um susto, mas... Nem tanto. – ela comentou enquanto estendia a mão para ajudar a médica a se recompor.

– Korra? Korra! O que está fazendo aqui? – Asami perguntou num tom mais ríspido do que havia pretendido enquanto tentava dar um jeito nos amassados do jaleco. Korra sentou-se no banco novamente antes de responder.

– Calma, doutora, eu não estou machucada. Estou longe de encrencas assim como a senhorita ordenou! – Ela abriu um longo sorriso para Asami e tapeou o banco, informando para que ela sentasse ao seu lado. Asami assentiu, mas acabou voltando a se sentar– Aqui! – levantou a mão anteriormente com o pulso inchado e machucado – está quase bom, não acha? Ainda dói fazer alguns movimentos, então tem sido bastante divertido aprender a escrever com a esquerda, hehe.

– Oh... Então não está mesmo fazendo nada radical ultimamente? – Asami perguntou descrente, uma das sobrancelhas levantadas. Ela percebeu que Korra vestia uma roupa diferente: botas, calça jeans comum, porém sem rasgos e um casaco azul-claro, com as mangas intactas. Estava vestida para o clima que fazia, felizmente.

– Não, não! É sério, estou curtindo na minha. Mas ainda assim tenho uma história nova pra te contar! – Os olhos de Korra brilhavam de excitação, Asami era capaz de notar, como se eles já não fossem lindos o bastante com todo aquele sol frio refletindo luz, transformando-os em piscinas paradisíacas de tão azuis e cristalinos que eram, ela não podia simplesmente negá-los nem que desejasse.

– Korra, você deveria escrever um livro. – A médica brincou, fazendo Korra rir junto dela.

– Eu vou mesmo, assim que minha mão ficar melhor. Mas não quer mesmo ouvir minha história?

– Claro, eu tenho ainda um tempinho de sobra. Vá em frente.

– Legal! – Ela enfiou uma das mãos no bolso, pareceu brincar com algo que havia lá dentro e olhou para Asami de forma misteriosa, depois sem dar explicações levantou o queixo triunfante e começou a contar sobre sua mais recente travessura – Isso aconteceu hoje mais cedo... Eu nunca te contei, não é? Eu moro com um tio, ele é pastor e tem uma porção de filhos. Eu nem sabia que isso era possível. Eu geralmente trabalho como babá para ele, mas minha tia resolveu levar todo mundo junto fora pra escolher o presente de natal. Eu resolvi ficar por perto por um tempo, meus amigos também tinham mais o que fazer... De repente me deu uma coisa! Eu saí correndo e fui até a praia, eu gosto da maresia, mas eu precisava daquele vento porque uma coisa tinha passado na minha cabeça!

– O que tinha passado na sua cabeça, Korra? – Asami perguntou curiosa. Ela estava feliz em descobrir que a garota tinha uma família, uma grande família até, que não estava sozinha no mundo como ela. Deu até um pouco de inveja. Korra lançou-lhe um sorriso maroto, como se estivesse preparada para aprontar alguma.

– Tudo bem, de certa forma eu menti para você e entrei numa encrenca. Mas, calma, calma! Eu juro que não forcei minha mão. – Asami tinha cruzado os braços e começado a bater com o indicador ritmamente na pele, demonstrando certa impaciência com o que tinha acabado de escutar. – Então eu estava lá na praia, o vento batendo e voltando no meu cabelo e eu tinha finalmente entendido uma coisa. Foi quando eu ouvi um “pega ladrão!” de um senhor que vendia sua arte no meio-fio. Eu saí em disparada quando avistei o moleque suspeito de ter roubado o cara. Me desculpe, doutora, mas eu sou assim. – Asami tinha suspirado alto para manter a postura. Parte dela irritada por Korra ter mentido para ela, parte dela orgulhosa por Korra ser um ser humano tão estranhamente bondoso - Eu corri atrás do garoto o mais rápido que pude. Ele tentou me despistar por entre os becos próximos, mas ninguém conhece essa cidade melhor que eu. E usando a mesma tática que ele, entrei noutro lugar e quando ele pensou ter me passado a perna, dopou comigo, há! Eu o segurei firme e o fiz soltar o que ele tinha roubado do homem só que eu levei um susto quando vi que o garoto era o namoradinho da minha prima!

– Oh! Nossa! Que reviravolta! – Asami exclamou em surpresa.

– Pois é... Eu disse que o soltaria e não o entregaria se ele devolvesse o que tinha roubado. Ele assentiu e voltamos os dois até o senhor no meio fio. Felizmente ele não ficou tão irritado porque o Kai é só um moleque idiota e eu disse que resolveria isso mais tarde...

– Ah, que bom que tudo terminou bem.

– Que mania chata de me interromper, doutora. Não acabou ainda. – Korra sorriu antes de continuar, deixando Asami um tanto sem graça pelo descuido. – Resolvemos os dois caminhar pela orla. Ele me disse que queria presentear minha prima, mas não sabia como. Expliquei que, bom, roubar de alguém não era a melhor das ideias... Ele quis saber como deveria fazer então e eu disse que tinha que ser algo feito pelas próprias mãos dele, que tinha que vir do fundo do coração. Estou certa, não estou, doutora? – Korra perguntou encarando-a nos olhos. Asami ponderou por um momento e sorriu.

– Está sim, Korra. Foi uma bela lição que você o ensinou, aliás. – Korra sorriu de volta com a resposta e se levantou dando as costas para a doutora. Ela deu a volta no banquinho e pulou a pequena cerca que circundava o parque. Asami foi seguindo-a com o olhar sem entender as ações da garota.

– Até mais, doutora Asami – Korra voltou a encará-la, o sorriso maroto nos lábios. – mas antes de eu ir... – Ela mexeu no bolso do casaco e jogou um pequeno embrulho na direção da mulher. Asami teve que pensar rápido e pegar o objeto no ar, ela abriu o embrulho e viu ser uma rosa feita de vidro, era realmente complexa e detalhada, um verdadeiro trabalho de artesão. Ela olhou novamente para Korra, que já estava um pouco afastada.

– Foi você quem fez? – Korra virou de volta para ela, mas continuou a andar.

– Brinco na fornalha do meu tio as vezes. Sim, fui eu. – ela coçou o rosto parecendo sem graça.

– É linda, obrigada! – Asami agradeceu. Korra deu de ombros e voltou a andar direito. Asami retornou seus olhos para a rosa e se lembrou do que Korra tinha contado em sua história. Ela sentiu um rubor tomar conta dela e sacudiu a cabeça para distanciar certos pensamentos. Deixou o recém presente dentro do porta-lápis, alguns pacientes que vieram depois chegavam a notar e dizer o quão bonita era a rosa. No final do expediente, Asami pegou na rosa de vidro e a guardou carinhosamente dentro de sua bolsa.

Asami chegou a conclusão definitiva de que Korra não era uma garota comum e que nem que ela quisesse poderia esquecer dessa extraordinária garota.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? As coisas estão esquentando, não? juro que eu já tinha esse capítulo praticamente pronto, mas houveram reviravoltas na minha vida e eu meio que larguei lol me desculpe... Um amigo no trabalho ficou interessado em minhas fanfics e aí eu lembrei que precisava atualizar algumas xD