Realeza em tanto escrita por Li


Capítulo 8
Capítulo 8


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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Os guardas estranharam a agitação que ocorria nos aposentos do príncipe, mas mal me viram sair, falei-lhes rapidamente que estava a sentir-me mal e que o barulho que ouviram foi eu a cair. Eles acreditaram. Acho que, se fosse alguma inimiga da monarquia e tivesse acabado de matar o príncipe conseguiria fugir.

Para minha sorte, o príncipe não saiu do quarto, possivelmente para não causar nenhum escândalo.

Dirigi-me ao quarto de Selena pensando no que eu tinha acabado de fazer. Eu tinha acabado de agredir o príncipe, eu posso ser presa por causa disto. Mas eu não me arrependo, sei lá o que ele iria fazer. Se ele pensa que eu sou igual à Alison está muito enganado.

Entrei no quarto, mas rapidamente me lembrei que eu acabei de dizer ao príncipe para vir cá. Eu não o posso encontrar agora, mas que farei? É ISSO. Vou com o Ethan visitar a família, assim consigo evitar isto por pelo menos mais um dia.

–Selena, preciso de te pedir um favor. – digo. Só espero que ela me dê a folga porque eu preciso mesmo dela.

–Está tudo bem? Claro que o faço, se estiver ao meu alcance. – Selena é tão querida e tão prestável que me vai custar mentir para ela.

–Acabei de saber que a minha mãe se sentiu mal e teve de ir ao hospital. Eu estou mesmo preocupada e queria pedir-te se é possível ter amanhã o dia de folga para a visitar e acalmar os meus irmãos, eles devem estar assustados. – estou a sentir-me mesmo mal, eu não lhe devia mentir, não por ela ser a princesa mas porque apesar das nossas diferenças ela é minha amiga.

–Neste momento não convinha dispensar-te pois na próxima semana a família real de Navarra vem cá, como já te tinha dito, mas isso não importa agora. Claro que te dou folga. – abracei-a. Eu ia estar eternamente agradecida. Apesar de ter mentido, soube que realmente Selena é minha amiga pois colocou a minha vida pessoal à frente de um evento importante da sua família.

–Obrigada. Muito obrigada. – e volto a abraçá-la.

–Eu sei que és muito ligada à tua família. Espero que a tua mãe melhore. – ela disse. – Agora, deste o recado ao meu irmão?

–Sim, dei. Ele estará aqui o mais rápido que conseguir.

–Muito bem. Agora busca, por favor, o meu real pequeno-almoço.

Ao sair do quarto de Selena, vejo ao fundo do corredor o príncipe. Apresso o passo para que ele não me veja. Por sorte ele não me viu. Vou à cozinha em busca do pequeno-almoço de Selena, mas tento atrasar-me o máximo que consigo na esperança de não dar de caras com o príncipe.

Pego na bandeja e volto para cima. Quando entro no quarto reparo que Selena está sozinha e suspiro aliviada.

–Aleluia Alexia. – ri com a reação de Selena – Estou cheia de fome.

–O normal portanto. – brinco.

–Até parece. – Selena finge-se indignada. – Alexia, preciso que entregues estas cartas para serem enviadas e depois que vás ver como estão as coisas com o meu vestido para a receção. Depois disso estás dispensada. Podes partir hoje ao final do dia.

–Está bem. Com licença e obrigada mais uma vez. – e saí.

Fiz o que Selena me pediu e ao encaminhar-me para o meu quarto encontrei Ethan e contei-lhe que iria com ele. Despedi-me dele e continuei rumo ao meu quarto. Peguei apenas a minha pequena carteira onde levo o salário que ganhei, já dividido. Uma pequena parte para enganar o meu pai e o resto para a minha mãe.

Às seis da tarde em ponto já estava na cozinha à espera de Ethan. Ele apareceu cinco minutos depois. De seguida fomos para a paragem de autocarro que nos levaria a casa.

Sete e meia quando cheguei. Eu iria fazer uma surpresa pois não contei à minha mãe que viria hoje. Bati e rapidamente a minha mãe abriu a porta.

–Filha! – e abraçou-me. Tanto eu como ela estávamos a chorar. Fazia quase dois meses que não nos víamos e nunca estivemos tanto tempo sem nos ver.

–Mãe estava cheia de saudades! A Maria e o David? – mal perguntei vejo duas cabecinhas a espreitar pela porta da cozinha. Quando dei por mim, estávamos todos abraçados.

Fomos para a cozinha e jantamos os quatro. Felizmente o meu pai não estava. Uma coisa que espero é que, nos dois dias que eu aqui estiver, ele não apareça.

–Então Xia? Estás a gostar? – pergunta-me Maria.

–Sim Maria. Os meus patrões são muito simpáticos. – alguns com simpatia a mais, acrescento mentalmente. – E fiz uma amiga, chama-se Malia, vocês um dia vão conhecê-la e vão gostar muito dela.

–Eu quero conhecê-la. – diz David.

–Eu também. – acrescenta Maria.

–Um dia a mana trá-la cá. Agora, lavar os dentinhos e cama. – digo. Maria e David levantam-se, abraçam-me e saem.

–Mãe, antes do pai chegar, está aqui a maior parte do dinheiro que ganhei. – digo entregando-lhe o dinheiro. – Já separei a parte que vou dar ao pai. A quantia que guardei para ele não vai fazer com que ele suspeite de algo porque é uma quantia razoável.

–Ai Alexia, se ele descobre não sei o que será de nós. – lamenta-se a minha mãe. Eu compreendo-a perfeitamente, sei muito bem do que o meu pai é capaz e se por acaso ele desconfiar que nós pretendemos comprar uma casa bem longe daqui para fugir dele, ele é capaz de nos matar.

–Mãe, ele não vai descobrir, não pode. – digo, tentando soar convicta.

–Não vai, temos de acreditar nisso.

–Certo. Mãe, nem sabes quem eu encontrei no palácio.

–Quem?

–O Ethan. Ele é guarda lá. Ele está tão diferente, tu nem imaginas.

–Já não me lembro de o ver. Estou cheia de saudades dele também. Desde que ele foi embora, a Diana nunca foi mais a mesma, ela adora o filho. – Diana é a mãe de Ethan, Ethan adora-a mas devido à necessidade de dinheiro alistou-se no exército. Acerca de cinco anos o pai de Ethan morreu, deixando mulher e quatro filhos. O único sustento deles era o salário de Diana e isto foi uma das principais razões para Ethan se ter alistado no exército.

–Ele veio comigo, vai estar com a família uma semana.

–Oh que bom. Amanhã passo em casa deles. – Ouço a porta a abrir e vejo o meu pai a entrar. Estremeço.

–Olha se não é a minha filha primogénita! – diz o meu pai. Chega ao pé de mim e abraça-me. O cheiro a álcool é notório.

–Olá pai.

–O dinheiro minha menina?

–Está aqui. – e dou-lhe o dinheiro. – Espero que estejas feliz. – ele agarra-me no cabelo e puxa-me até ele.

–Mais respeito pelo teu pai menina!

–Calma Derek. – intervém a minha mãe.

–Calma nada! – berra o meu pai. – Ela está assim mal-educada por tua causa, minha cabra. – e deu uma bofetada à minha mãe.

–Pára, por favor. – eu imploro. – Eu já te dei o que querias, não já?

–Sois as duas umas cabras. Eu só vos deixo em paz porque tu cumpriste a tua parte. – e saiu.

–Estás bem mãe? Desculpa, eu não devia ter respondido. Eu devia saber que ele ia descarregar em ti.

–Tem calma. Ele ultimamente não feito estas coisas. Continua com o que combinamos e ele manter-se-á calmo.

–Daqui a dois ou três meses já conseguiremos dar a entrada para uma casa bem longe daqui. Mãe, nós vamos conseguir. – abracei-a. Ambas tínhamos de ter fé, tudo iria correr bem.

–Vamos deitar-nos, já está a ficar tarde.

Dirigi-me ao meu antigo quarto. Apesar de tudo tinha saudades. Pode não ser um quarto como o de Selena, mas era o meu espaço. O meu quarto tem apenas uma cama, um armário, um espelho e uma mesinha de cabeceiras.

No dia seguinte acordei um pouco mais tarde ao que já estava habituada. Arranjei-me e fui até à cozinha, onde encontrei a minha mãe.

–Bom dia, Alexia.

–Bom dia mãe.

–Levas a Maria e o David à escola, preciso de ir trabalhar. Mais logo vou passar em casa da Diana para ver o Ethan. Vens?

–Sim.

A minha mãe despediu-se de mim e saiu. Chamei os meus irmãos e levei-os à escola. De seguida voltei para casa. Passei o resto da manhã e parte da tarde a dar um jeito em casa. Por sorte o meu pai não apareceu. A meio da tarde, eu e a minha mãe fomos até à casa da Diana para ver como ela estava.

Depois de me despedir de todos fui até à paragem do autocarro. Teria de regressar ao palácio. Era muito difícil deixar a minha mãe e os meus irmãos para trás, mas era necessário para os livrar deste inferno todo. Para precaução, pedia ao Ethan que, enquanto ele estivesse por cá, os vigiasse.

Cheguei ao palácio um pouco tarde. Fui diretamente para o quarto pois amanhã teria mais um dia de trabalho e deite-me.

Acordei, arranjei-me e dirigi-me ao quarto de Selena. Estava a retornar ao trabalho após o dia de folga que tinha pedido. Entrei no quarto sem bater, costume adquirido pois todos os dias era eu quem acordava Selena, fui até à sua cama para a acordar mas qual não foi o meu espanto quando me aproximo e ela já não lá está.

–Onde será que ela se meteu? – pergunto a mim mesma.

–Selena teve de sair mais cedo, nosso pai precisava de falar com ela. – congelei. Eu estava à espera que o príncipe Killian viesse atrás de mim pedir explicações por causa do que aconteceu mas nunca pensaria que o encontraria mal recomeçasse a trabalhar. Aliás, ele era a última pessoa que eu esperava encontrar neste momento.

–Alexia, nós precisamos de conversar.


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