Realeza em tanto escrita por Li


Capítulo 23
Capítulo 23


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura :)



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Quando faltavam cerca de dez minutos saí do quarto rumo ao escritório em que eu e Killian tantas vezes estivemos sozinhos. Teria de ter cuidado para não ser apanhada, afinal, a menos que eu esteja de serviço, não posso vaguear durante a noite pelo palácio. Desci as escadas até ao andar onde ficava o escritório e não avistei nenhum guarda. Sorte minha. Agora só faltava chegar até lá.

A cada passo que dava mais nervosa ficava. Eu sentia que esta não seria uma simples conversa, seria a conversa. Sentia que a partir deste momento, tudo ou praticamente tudo ficaria decidido. E agora, para além de nervosa, eu estava com medo. Medo de acabar com aquilo que eu tinha começado com Killian, se é que nós tínhamos começado algo. Seria possível que, agora que eu assumi os meus sentimentos por ele, ele tivesse escolhido a princesa? Seria esse o motivo da conversa? Terminar aquilo que eu nem sei se começamos?

Reparei que já estava em frente à porta do escritório. Estava tão concentrada em todas as minhas dúvidas, os meus medos que nem me tinha apercebido. Tive muita sorte em não ter aparecido ninguém porque se isso tivesse acontecido eu estaria em grandes problemas. Mas também se descobrissem que eu iria encontrar-me com o príncipe, nem quero pensar.

Decidi que entraria por aquela porta e enfrentaria os meus medos. Porque, apesar de tudo, eu também estava curiosa com o motivo da conversa. E a minha curiosidade é uma coisa que não consegue ser controlada.

Fechei a porta atrás de mim. Killian estava sentado na cadeira atrás da secretária. Até parecia que a nossa conversa seria sobre contas ou problemas no país. Mal me avistou, levantou-se.

–Pensei que não vinhas. – disse Killian aproximando-se cada vez mais de mim. E só aí eu percebi a intenção dele, ele iria beijar-me. Mas eu não queria. Quer dizer eu querer queria mas eu não podia. Não enquanto estas dúvidas todas estiverem na minha cabeça. Por isso, antes que ele juntasse os nossos lábios, afastei-o – O que se passa? – perguntou Killian confuso – Já é a segunda vez no mesmo dia que te afastas de mim.

–Killian, tu querias conversar.

–Sim é verdade. Mas não te posso dar um beijo antes? – eu não respondi. Killian não entendera qual era o problema. Continuamos em silêncio até Killian se voltar a pronunciar – Estás assim por causa da Eva, não é? – perguntou Killian. Como não obteve resposta, ele continuou – Tens de entender que eu tenho de manter as aparências para ninguém saber de nada. Eu assumi para todo o país que me iria casar com ela.

–Certo, tu vais casar-te com a princesa. Então não entendo o que estamos a fazer aqui os dois sozinhos no escritório.

–Porque é de ti que eu gosto, porra. – soltou Killian.

–Até podes gostar de mim mas é com outra que te vais casar. – Killian sorriu com o meu comentário. Eu não conseguia perceber qual era o motivo da sua felicidade.

–Estás a insinuar que te queres casar comigo? – perguntou Killian com um sorriso de lado e eu corei. Então era nisso que ele estava a pensar.

–Killian estamos a ter uma conversa séria. – disse. Killian simplesmente aproximou-se mais de mim encostando-me à parede.

–Não respondeste à minha pergunta. Querias estar no lugar da Eva? – perguntou Killian.

–Killian. – chamei colocando as minhas mãos nos seus ombros – A questão não é essa. Eu sei que não posso andar aqui a exigir nada pois sou uma simples criada e tu és o príncipe…

–Alexia é por ti que eu estou apaixonado e se eu pudesse escolher livremente era a ti que eu escolhia para casar. – declarou Killian e eu abracei-o. Apertei-o contra mim não o querendo soltar nunca mais. Quando dei conta já soltara uma lágrima.

–Mas o problema é que tu não tens essa escolha, Killian. O nosso futuro é impossível. – sussurrei no seu ouvido.

–Alexia. – agora era Killian que segurava nos meus ombros – O nosso futuro não é impossível só é mais complicado de conseguir.

–Como? Tu próprio disseste que não enfrentavas a tua mãe.

–Isso até te conhecer e me apaixonar. Eu por ti sou capaz de tudo. E se para ficar contigo eu tiver que enfrentar a minha mãe será isso que farei. – voltei a abraçá-lo e agora as lágrimas desciam sem parar. Mas estas lágrimas eram lágrimas de felicidade. Felicidade por causa da linda declaração que Killian fez e por saber que ele não desistiria de nós tão facilmente. – Agora tens de confiar em mim. Se eu saio por aí com a Eva é porque é necessário. Preciso de ganhar tempo com a minha mãe para finalmente revelar tudo. Por isso tens de confiar em mim.

–Eu confio. Eu confio Killian. – sorri e Killian sorriu de volta. Mas esse sorriso rapidamente se desfez e eu não compreendia o porquê disso.

–Ainda temos outro assunto a tratar Alexia. – não percebi que assunto tínhamos pendente. Quer dizer… - Alexia, o curativo.

–Isto não foi nada Killian. – respondi rapidamente que nem sei se Killian conseguiu compreender o que eu disse.

–Não mintas Alexia. Confias em mim ou não? – perguntou Killian.

–Já te disse que confio... – sussurrei.

–Então conta-me. – pediu Killian.

–Foi o meu pai. – disse decidindo que contaria a verdade a Killian. Olhei para ele e Killian estava em choque. Acho que ele não esperava esta resposta.

–O teu pai? – conseguiu perguntar Killian só para ter a certeza que era aquilo que eu tinha afirmado.

–Sim. Este corte foi o meu pai que me fez quando, na minha última visita a casa, empurrou-me fazendo com que eu caísse em cima de uma mesa de vidro que tínhamos lá em casa.

–Mas então foi um acidente…

–Não. – praticamente gritei. Agora que eu tinha começado eu iria contar toda a história até ao fim porque eu confiava plenamente em Killian – O meu pai sempre foi assim, agressivo. – comecei a contar – Eu não sabia o que ele fazia com a minha mãe até um dia que eu cheguei a casa e só estava ele lá. Já não me lembro bem o que eu disse para o irritar mas esse foi o primeiro dia que ele me bateu. Até hoje, ainda tenho uma cicatriz desse dia nas minhas costas. A minha mãe nunca soube, nesse dia quem tratou de mim foi o Ethan, o guarda que nos encontrou no dia do baile. Ela pensava que o meu pai só batia nela e nunca tocaria com um dedo que seja nos filhos mas estava completamente enganada. Por isso há uns tempos atrás eu decidi candidatar-me para ser criada no palácio com o objetivo de tirar a minha mãe e os meus irmãos de casa para longe do meu pai. Essa foi a decisão que me trouxe até ao palácio. O meu pai descobriu que eu iria trabalhar e exigiu o meu salário. Mas a minha mãe foi mais esperta. Disse-lhe que eu iria trabalhar na casa de uma família rica e assim nós temos conseguido deixar algum dinheiro de lado para conseguirmos fugir de casa. Dou-lhe algum apenas para o enganar. Até à última vez que fui a casa. Estava a correr tudo bem, dentro dos possíveis. O meu pai não deixou de ser a besta que é mas não tinha sido agressivo demais nesses tempos. No segundo dia que eu passei em casa, vi o meu pai levantar a mão à minha irmã… - fiz uma pausa. A esta hora eu já não controlava mais as minhas lágrimas e Killian segurava as minhas mãos incentivando-me a continuar – Eu não consegui ficar parada, ele não podia fazer aquilo com a minha irmã, ela só tem doze anos. Então eu intrometi-me, enfrentei-o. E o resultado foi este. – levantei a minha blusa para Killian ver o tamanho do curativo e perceber a gravidade da situação – A minha mãe acabou por descobrir porque eu recorri à mesma pessoa que lhe faz os curativos pois Ethan não estava lá para me ajudar. Contei-lhe o que tinha acontecido para eu estar naquele estado. Combinamos sair de casa no próximo mês. Com o meu salário no próximo mês já conseguiremos dar entrada para uma casa o mais longe possível do meu pai.

–És incrível Alexia. Está nítido o amor de que sentes pela tua família e eu cada vez te admiro mais.

–Eles são o que mais amo na vida e é por isso que eu os tenho de tirar de lá a todo o custo.

–Sabes que se precisares de ajuda…

–Eu sei Killian mas eu tenho de fazer isto sozinha, é a minha família. E também não quero que penses que eu estou contigo por causa da fortuna.

–Não sejas tola. – disse Killian abraçando-me – Eu nunca pensaria isso de ti, eu conheço-te. – Killian afastou-se um pouco para em seguida beijar-me. Desta vez eu não fugi, as minhas dúvidas estavam todas esclarecidas e já não existia medo de o perder porque sabia que ele não desistiria de mim.

Killian intensificou ainda mais o beijo. Eu apenas retribuía. Retribuía até ao ponto em que me apercebi que Killian colocara uma mão debaixo da minha blusa estando agora a sua mão em contacto com a minha pele.

–Killian. – chamei-o e afastei-o ligeiramente de mim – Que estás a fazer?

–Desculpa. – pediu.

–Não precisas de pedir desculpa. É que...eu nunca estive assim com mais ninguém. – desabafei e senti o meu rosto corar.

–Eu também nunca estive assim com ninguém. Espero que sejas a primeira e a única. – dei-lhe um beijo casto para demonstrar o quanto tinha ficado feliz por ter ouvido aquilo – Mas deixemos isso para outra altura, afinal teremos muito tempo. Agora chega aqui. – aproximei-me e aconchegamo-nos os dois na poltrona abraçados, eu com a minha cabeça no seu peito. Mantivemo-nos em silêncio, mas não um silêncio constrangedor e sim um silêncio calmo. Até que Killian levantou a minha cabeça para que eu o encarasse. – Tu quebraste a tua promessa, Alexia.

–A minha promessa? – perguntei confusa. Do que é que Killian estava a falar?

–Quando nos encontramos pela primeira vez, tu prometeste que não voltarias a andar pelo castelo à noite e aqui estás tu. – disse Killian. Tudo o que eu fiz foi sorrir. Porque sim, eu lembrava-me daquela conversa e ficava feliz por Killian também se lembrar. Permanecemos assim por algum tempo até que acabamos por adormecer.


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Notas finais do capítulo

Momento fofo dos dois :)
Comentem :)



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