Realeza em tanto escrita por Li


Capítulo 11
Capítulo 11


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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–Como assim envenenada? – perguntei.

–Mas quem é esta rapariga e o que é que ela está aqui a fazer? – perguntou irritada a Rainha.

–É a Alexia, dama de companhia de Selena. – respondeu o príncipe.

–Querida deixa agora isso. - interferiu o Rei - Doutor, como é que a minha filha foi envenenada? – perguntou o rei.

–Majestade, a princesa ingeriu o veneno. Provavelmente colocaram-no na comida. Mas a princesa já está fora de perigo. Foi feita uma lavagem ao estomago para remover todo o veneno. Mas nos próximos dias, a princesa precisa de descanso absoluto. – avisou o médico. No meio disto tudo, eu só perguntava quem é que teria tentado matar Selena.

–Foi ela! – exclamou a Rainha apontando para mim. Ela tinha acabado de afirmar que EU tinha envenenado Selena. Isso era algo que eu nunca faria na vida.

–Desculpe? Majestade, eu sou uma simples criada deste palácio e estou muito contente com o emprego que tenho. Além do mais não tenho motivo nenhum de andar por aí a envenenar as pessoas. – argumento.

–És a única, para além dos cozinheiros, que tem acesso à comida dela quando a refeição é servida no quarto. E se tivesse sido por comida servida na sala de jantar todos nós teríamos sido envenenados, coisa que não aconteceu. Por isso sim, eu tenho a certeza que tu tentaste matar a minha filha. – ela afirmava isto com uma convicção incrível. A Rainha não me conhecia de lado nenhum para pensar estas coisas a meu respeito.

–Mãe tenha calma, acho que se está a precipitar. Não pode acusar qualquer pessoa sem provas. – o príncipe intrometeu-se.

–Killian és demasiado ingénuo. É óbvio que foi esta rapariga.

–Eu não lhe admito que faça juízos de valor sobre mim. Eu posso não ser da realeza como sua Majestade mas fui educada com valores éticos e morais. Eu seria incapaz de envenenar a princesa Selena até porque é uma pessoa que eu admiro muito.

–Mentiras! Claro que não ias admitir, não é da vossa raça! – raça? Mas esta mulher passa-se?

–Mãe, não acuse sem provas. Todos estamos preocupados com a Selena e queremos descobrir o culpado e não é assim que o vamos fazer. – o príncipe voltou a intrometer-se tentando acalmar os ânimos.

–Mas claro que foi ela!

–Eu estou farta! Não fui eu! – saí dali o mais rápido que consegui, não estava para ouvir mais acusações por algo que eu não fiz.

Eu odiava injustiças e tinha acabado de ser alvo de uma. É verdade, a Rainha poderia estar demasiado alterada pois acabara de descobrir que alguém tinha tentado matar a sua filha, mas isso não era argumento para acusar a primeira pessoa que lhe aparecesse à frente. E o pior é que a Rainha acha que fui eu porque só as pessoas do povo, do povo dela, são capazes de isso. Como é que uma rainha pode dizer isto dos seus súbditos? Qualquer pessoa pode ser responsável por esta crueldade. Mas não, como é a Rainha toda poderosa a acusar pode acusar sem provas sem nada até porque não há nada para provar.

Segui em direção ao meu quarto, não queria que ninguém me visse chorar. Selena era uma das poucas amigas que eu tinha no palácio, como poderiam pensar que eu a tinha tentado matar. É verdade que ninguém sabe desta nossa amizade mas mesmo assim.

Já tinha chegado ao andar onde ficam os quartos das criadas mas antes de chegar à porta do meu quarto sinto alguém segurar o meu braço. Viro-me e dou de caras com o príncipe.

–O que Vossa Alteza Real quer? As acusações ainda não acabaram? – perguntei ironicamente.

–Alexia, eu só quero falar contigo. – pediu-me o príncipe.

–Para quê? Lá porque sou a criada e a pessoa mais fácil de acusar, eu não vou ficar calada. – as lágrimas agora corriam mais intensamente. – Pode não acreditar mas eu gosto muito da sua irmã e seria incapaz disto.

–Anda comigo, não vamos falar aqui. – pegou na minha mão. Eu não tinha nada a perder por isso nem ofereci resistência e deixei que ele me conduzisse até um pequeno escritório no terceiro andar. Entramos e o príncipe sentou-se numa poltrona indicando para eu me sentar numa outra e eu assim o fiz.

Permanecemos em silêncio. Eu não estava com a mínima disposição para conversas daí não falar nada e além do mais o príncipe é que queria falar comigo, por isso não percebo porque ele continua calado.

Olho para o príncipe e vejo que ele me encara. Vejo que ele abre e fecha a boca várias vezes. Suponho que ele esteja a pensar nas palavras certas para começar a falar.

–Alexia – o príncipe quebrou o silêncio mas o seu olhar mantinha-se no meu – Preciso de saber…foste tu? – perguntou com receio.

–Eu não acredito nisto! Foi para isso que me chamou? Mais acusações? – já estava arrependida de ter vindo com o príncipe até aqui.

–Calma, eu só preciso de ter a certeza…

–Eu não fiz nada. Há uns dias Vossa Alteza pediu que eu acreditasse em si e eu não consegui até ter provas que Vossa Alteza falava a verdade. – ele assentiu. Desviei o olhar – Agora, sou eu que lhe peço que acredite em mim. Eu seria incapaz de fazer mal à Selena, eu gosto muito dela. – olho de relance para o príncipe e vejo que ele está espantado, mas porquê? Terá sido pelo pedido que fiz para ele acreditar em mim. Não, espera…eu tratei a Selena pelo nome. Porra Alexia! Como é que te foste enganar. – Eu queria dizer princesa Selena. – corrigi-me.

–Não precisas de te corrigir. Eu sabia que tu e a minha irmã se tinham tornado amigas, só não sabia que essa amizade estava a ser levada tão a sério a ponto de a tratares pelo nome. Apesar de tudo, ela é tua soberana. Foi o choque inicial – explicou o príncipe.

–Digamos que foi uma regra imposta por ela. – sorri lembrando-me do meu primeiro dia com Selena. A forma como fiquei assustada com cada palavra que ela proferia revelando depois ser uma brincadeira. E naquele momento a ficha caiu, eu estive a ponto de perder uma das minhas únicas amigas. Até agora tinha pensado no quanto as pessoas à minha volta estavam a cometer uma injustiça sobre mim em vez de me preocupar com a minha amiga que a esta hora poderia estar morta. Sem prever, voltei a chorar.

–Ei Alexia. – disse o príncipe aproximando-se de mim e levantando o meu rosto com a sua mão para me olhar nos olhos. – Eu acredito em ti, sei que não serias capaz de tal atrocidade. – senti um alívio, havia alguém que acreditava na minha inocência. Mas estas lágrimas não eram por isso e sim por Selena.

–Obrigada. – consegui dizer em meio de soluços. – E se tivesse acontecido algo mais grave? E se ela não tivesse…

–Shiu, não digas isso. – disse o príncipe tentando acalmar-me e fez a coisa mais inesperada, abraçou-me. E eu retribuí. Neste momento era tudo o que eu precisava, um abraço fosse ele de quem fosse. E acho que o príncipe estava na mesma situação que eu – Felizmente o pior não aconteceu. Selena é uma pessoa forte. – sussurrava no meu ouvido. Afastamo-nos. Neste momento eu devia estar super corada por causa do que acabara de acontecer.

–Eu não sei quem seria capaz disto. Ela é tão querida, carinhosa com todos. É a alegria em pessoa. – eu divagava. Mas era a mais pura das verdades. Quem seria capaz de fazer isso com ela.

–Pois, isto é completamente estranho. Ela é sempre simpática com cada pessoa que fala, nunca responde torto a ninguém e todos os criados gostam muito dela. Eu chego a pensar se… - e para de falar. Apesar do acontecimento ser recente, o príncipe já tem uma teoria sobre o que possa ter acontecido. E ele estava prestes a falá-la.

–Chega a pensar em? Por favor Alteza, diga. – peço. Ele fica relutante, pensando se deve falar ou não, mas acaba por continuar.

–Fico a pensar se terá sido mesmo algum criado. Pelo que eu sei todos a adoram e não tinham motivo para fazer isto.

–Então está a sugerir que possa ter sido alguém que não faça parte do leque de empregados? – seria possível que alguém da família real ou dos seus assessores tenha feito isto.

–Sim. – o príncipe confirmou. – Isto que estou a dizer até pode ser um completo disparate mas para mim qualquer um pode ser culpado. Eu não concordo com a minha mãe quando ela apontou que tu eras a culpada só porque eras uma criada.

–Concordo.

–E é por isso que eu preciso de descobrir isso o quanto antes. Antes que a minha mãe decida acusar toda a gente.

–Eu quero ajudar. – pedi.

–Mas… - começou o príncipe mas eu interrompi-o.

–Por favor. Eu posso ser uma mais valia. Eu tenho contacto direto com muitos dos empregados. Eu posso estar atenta ao mínimo detalhe. Por favor. – pedia mais uma vez – Eu sei que a Selena é sua irmã e daí todo esse sentimento de revolta e de querer descobrir a verdade mas ela também é minha amiga. Tanto eu como Vossa Alteza queremos descobrir quem lhe fez isto e fazê-lo ou fazê-la pagar por isso. – vi que ele analisava a minha proposta.

–Tudo bem. – o príncipe concordou.

–Obrigada, a sério. – agradeci – Vossa Alteza não se vai arrepender. Descobriremos quem fez isto. – fiz uma pausa. – Mas…a Rainha acha que fui eu quem envenenou Selena. Há alguma possibilidade de eu ser despedida? – perguntei assustada. A última coisa que eu precisava neste momento era ser despedida.

–Falarei com a minha mãe sobre esse assunto, farei ver que és inocente. Não serás despedida, eu não vou deixar, quer dizer, nós, eu e Selena não permitiremos que a minha mãe faça isso. – como é que eu pude há alguns dias pensar coisas horríveis sobre o príncipe, ele era um querido e uma pessoa completamente compreensiva e justa.

–Muito obrigada. – agradeci.

O príncipe verificou as horas e apercebeu-se que estava na hora de regressar à ala hospitalar. Saímos do escritório combinando encontrarmo-nos quando algum de nós tivesse novidades sobre o ocorrido.

Nós conseguiríamos descobrir quem fez isto, disso eu tinha a certeza.


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Notas finais do capítulo

Comentem :)



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