Por você mil vezes - Se não fosse amor escrita por Suy


Capítulo 36
Hamptons - Parte 2


Notas iniciais do capítulo

Meninas, bom dia! Eu sumi, eu sei! Mas, época de provas na faculdade é assim, a gente não tem vida né? :(
Eu sei também que o capítulo ficou grande, desculpem por isso, mas não dava pra cortar as coisas ou simplesmente correr nos detalhes para que ficasse com as rotineiras 4.000 palavras (como eu sempre tento postar)
Espero que gostem do capítulo, muito obrigada as lindas que sempre comentam, beijão!



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Jantamos todos juntos e eu decidi esquecer um pouco essa história de Luke sair de casa, pelo menos até voltar para Manhattan. Terminamos de comer e fomos todos para a sala. A conversa com Ethan tinha me feito muito bem, era bom ter alguém pra te ouvir e te entender... Fazia com que eu não me sentisse sozinha.

"Vamos ver um filme?" Kenny falou animado e nós concordamos.

"Vou pegar meu notebook e a gente liga na televisão!" Disse e saí correndo para meu quarto, pegando meu notebook e voltei para a sala.

"Me dá aqui, eu escolho o filme." Luke disse pegando o computador das minhas mãos e eu sentei no chão.

"Algum filme de ação." Ethan disse.

"Não, melhor comédia." Retruquei.

"Gente, acorda, romance!" Ken falou e Ethan e eu fizemos uma careta.

"Já sei! Vamos ver esse aqui!" Luke ligou o notebook na televisão e surgiu o cartaz do filme escolhido por ele.

"O exorcismo de Emily Rose?" Ken, Ethan e eu falamos ao mesmo tempo.

"Nada como um bom filme de terror pra fechar a noite heim?" Luke falou e sentou ao lado de Ken.

"Vamos ver outra coisa... Filme de terror é tão... Clichê." Esbocei um sorriso.

"Ah, mas esse é bom. É terror mesmo, um clássico." Ethan falou.

"Mas, é melhor ver outra coisa." Falei séria.

"A Sophie morre de medo de filme de terror..." Luke falou tentando não rir, mas sem sucesso.

"Sério?" Kenny perguntou com diversão.

"Não é medo... Nunca. Imagina, é só um filme. Eu já sou uma mulher adulta, acha que vou ter medo de um filminho desses?" Falei exasperada. "Eu só não curto muito, é só isso." Dei de ombros.

"Mas, esse você vai gostar!" Luke sorriu maliciosamente.

"Argh..." Gemi e puxei Baby para meu lado.

Não deu nem meia hora de filme e eu já estava completamente em pânico, mas não ia dar o braço a torcer e dar motivo para me zoarem. Me fiz de corajosa e assisti até o final. Quando finalmente aquela tortura acabou, eu estava boquiaberta e em choque de ter visto todas aquelas cenas horríveis de espíritos e demônios.

"Então... Hora de dormir." Luke levantou se alongando.

"E amanhã é o último dia aqui!" Kenny falou desanimado.

"Mas, vamos voltar outras vezes..." Luke disse e olhou para mim. "Não vamos, Sophie?"

"É..." Disse distraída. Os dois sorriram para mim e subiram.

"Tudo bem?" Ethan falou rindo.

"Sim, tudo ótimo!" Levantei do chão. "Vem Baby, vamos dormir...". Ele se levantou também e ficou ao meu lado.

"Sophie..." Ethan segurou minha mão. "É só um filme." Ele sorriu.

"Eu sei." Esbocei um sorriso também e soltei minha mão da sua indo para o quarto. É só um filme que é baseado em fatos reais! Mantenha a calma Sophie!

Troquei de roupa, colocando um short e regata de cetim rosa e sentei na cama inquieta. Baby já estava dormindo e eu me recusei em apagar a luz. Olhei para o relógio e já iam dar 2hrs da manhã. Preciso dormir. Eu tenho que dormir. É só um filme. Deitei e me enrolei com o lençol. Virei de um lado, do outro e nada... Só de fechar os olhos eu via aquelas cenas horríveis da menina possuída e meu coração acelerava de medo. Sentei na cama e respirei fundo. Já sei... Vou fazer um chá. Chá sempre acalma. Sai do quarto e fui correndo, literalmente, para a cozinha. Quando cheguei lá, acendi todas as luzes e coloquei um pouco de água para ferver. Andei impaciente de um lado para o outro, esperando a água esquentar. Cacete, como eu posso a essa altura da vida, ficar morrendo de medo por um filme? Patético Sophie! Meu subconsciente me repreendeu. Tudo bem, eu estava morrendo de medo mesmo e daí? Quem nunca teve medo dessa garota do exorcista, pode me atirar a primeira pedra. Ouvi a água começando a ferver, desliguei o fogo e peguei o recipiente.

"Tá se borrando de medo né?" Ouvi a voz de Ethan e com o susto, quase derrubei o recipiente com água quente, fazendo com que caísse um pouco de água na minha coxa.

"Aiiiii!" Gritei de dor.

"Queimou?" Ethan correu em minha direção ficando de frente a mim.

"Não, eu estou me contorcendo de dor só por diversão!" Falei com os dentes cerrados, sentindo como se minha pele estivesse pegando fogo. Ethan me olhou feio pela minha ironia e se abaixou analisando minha coxa.

"Tem que por água corrente em cima." Ele me levantou, segurando pela minha cintura e me pôs sentada em cima da pia. Ethan ligou a torneira com água gelada e fez com que ela chegasse em cima do meu machucado. "Tá doendo ainda?"

"Tá melhorando..." Disse olhando para a vermelhidão em minha perna. "Aliás, ideia formidável a sua, me assustar daquele jeito. Muito obrigada." Sorri irônica.

"A culpa não é minha se você é medrosa." Ele me olhou com a sobrancelha levantada.

"Eu não sou medrosa!"

"Então por que não está dormindo ainda? Por que, algo me diz, que você está morrendo de medo de ficar no quarto sozinha." Ele sorriu triunfante e debochando de mim.

"E por que você não está dormindo ainda? Acho que você que está com medo!" Falei e ele desviou o olhar de mim.

"Não trouxe meus remédios." Ele ficou sério.

"Não trouxe?" Repeti confusa. "Por que não?"

"Por que eu fico dopado e eu não queria passar o fim de semana dopado." Ele respondeu calmamente.

"Mas... Então, como você dormiu ontem?"

"Não dormi." Ele deu de ombros.

"Espera... Você está a dois dias sem dormir?" Perguntei incrédula.

"Depois da piscina consegui dormir como que por uma hora, mais ou menos."

"Uma hora? Dois dias e você dormiu por uma hora?" Disse e ele desligou a torneira.

"Não foi nada grave, só vai ficar ardendo um pouco." Ele andou até a geladeira e tirou uma bolsa de gelo de dentro dela. "Compressas geladas por 30 minutos, quatro vezes por dia." Ele me entregou a bolsa de gelo e me desceu da pia. "Vai sobreviver." Ele sorriu.

"Obrigada." Disse e ele sorriu mais abertamente.

"Não por isso." Andei para fora da cozinha e parei avaliando o corredor completamente escuro. Droga... "Algum problema?" Ele perguntou com os braços cruzados.

"Digamos que..." Me virei em sua direção. "Hipoteticamente falando, pode ser que eu possa estar, talvez um pouco, mas bem pouquinho, assustada por causa do filme."

"Eu se fosse você, tratava de dormir logo, são 2h30min."

"E o que tem?"

"3hrs da manhã é o horário dos demônios." Ethan falou sério e eu arregalei os olhos em pânico.

"Relaxa..." Ele passou por mim parando ao meu lado. "Tô só te zoando." Ele riu e saiu.

"Espera!" Corri ficando na sua frente. "E se você dormisse comigo?"

"Olha, você é uma gata, linda e gostosa, mas... Vai ter que pedir com mais jeitinho se quiser me levar pra cama." Ele piscou e saiu.

"Não, seu imbecil." Corri ficando em sua frente de novo. "Não estou pedindo que faça sexo comigo." Revirei os olhos. "Jamais me rebaixaria a esse ponto."

"Engraçado você tocar nesse assunto e dessa forma. Por que ontem, você praticamente me pediu... Se eu me lembro bem, eu fui convidado para entrar no seu quarto." Ele colocou a mão no queixo pensativo.

"Eu e álcool não combinamos." Desviei o olhar dele sem graça. "Eu tô falando sério."

"Eu também." Ele saiu de novo e eu o puxei pelo braço.

"Você não consegue dormir sozinho e eu... Bem... Estou com um pouco de medo de dormir sozinha."

"Eu agradeço a intenção, mas não precisa fazer caridade pra mim."

"Não estou fazendo caridade! Deus... Você consegue ser mais cabeça dura que eu." Bufei. "Só vamos fazer companhia um para o outro. Os dois saem ganhando com isso."

"Então você quer que eu durma com você, mas sem sexo."

"Se você encostar um dedo em mim eu saiu correndo." Falei e ele gargalhou.

"Tudo bem, posso me controlar." Ele levantou as mãos em forma de rendição e fomos andando para meu quarto.

Entramos no quarto e Ethan se deitou em minha cama.

"Ei... O que está fazendo?" Perguntei.

"Deitando para dormir."

"Na minha cama?"

"O quê? Vai fazer eu dormir no chão igual ao cachorro?"

"Não chama ele de cachorro!" Falei brava. "E eu iria sugerir você dormir naquele sofá." Apontei com a cabeça.

"Tá falando sério?" Ele me olhou incrédulo. "Não sou nenhum maníaco sexual Sophie. A cama é enorme, não vou encostar em você. A não ser que você peça e com jeitinho." Ele piscou e se cobriu com o cobertor.

"É bom mesmo." Já estou começando a me arrepender disso. Sentei e coloquei a bolsa de gelo em cima da minha coxa.

"Ardendo muito?" Ele sentou.

"Um pouco...".

"O gelo vai aliviar, pode ser que amanhã ainda esteja te incomodando um pouco, mas se ficar colocando as compressas vai melhorar logo.".

"Falou o Dr. House." O olhei rindo.

"Eu devia te deixar se contorcendo de dor né?" Ele cerrou os olhos.

"Na verdade, se não fosse você, eu não estaria com dor."

"Mal agradecida." Ele voltou a deitar e eu deitei também.

"Sente falta de servir?" Perguntei depois de alguns minutos em silêncio e achei que Ethan já estava dormindo.

"Ás vezes..." Ele deu de ombros. "Gosto de ajudar as pessoas, principalmente as que realmente precisam e lá eu me sentia mais útil... Sinto falta disso um pouco."

"Foi difícil se acostumar quando saiu de lá?"

"Foi complicado... Passei um ano dormindo no chão, por que achava qualquer cama mole demais." Ele riu.

"E como decidiu abrir a boate?"

"Eu tinha um bom dinheiro, queria um negócio que não me fizesse passar o dia em um escritório trancado e que quando tivesse problemas para dormir, pudesse ir pra me distrair. Me pareceu uma boa ideia." Ele falou e olhou para mim. "Por que tantas perguntas mesmo?" Ele sorriu.

"Curiosidade, eu acho." Sorri também.

"Eu tenho curiosidade também...".

"Ah é?"

"Sim. Você não é a pessoa mais aberta do mundo."

"E o que você quer saber?"

"Não sei... Diga algo que eu não saiba sobre você." Ele perguntou e eu fiquei pensativa por um momento.

"Já sei." Sentei e me virei de frente a ele que sentou também. "Mas, você tem que jurar que não vai contar pra ninguém. Se você contar, eu vou te matar."

"Prometo." Ele falou com diversão e eu respirei fundo.

"Reprovei cinco vezes no exame de direção." Disse e ele começou a rir.

"Cinco? Mas, por quê?"

"Eu sempre confundo direita e esquerda." Falei sem consegui controlar meu riso. "O examinador me mandava dobrar a esquerda, eu entrava para a direita, na maioria das vezes era contramão e eu reprovava. Mas, nunca contei isso para ninguém, nem o Luke sabe. Então não ouse abrir a boca e divulgar isso."

"Como você consegue confundir direita e esquerda?" Ele perguntou ainda rindo. "Mas, fica tranquila, seu segredo vai morrer comigo."

"Agora é sua vez."

"Minha vez de quê?"

"Conte algo sobre você que eu não saiba."

"Acho que não tenho o que contar..." Ele deu de ombros.

"Então eu posso perguntar?"

"Pergunte."

"Por que nunca tira a camisa?"

"Olha só a hora! Hora de dormir!" Ele se deitou de lado, de costas para mim.

"Ethan..." Sentei ao seu lado.

"Eu não quero falar sobre isso."

"Por que?" Perguntei.

"Por que não quero falar nisso."

"Por favor..." O olhei implorando. Ele me olhou por cima do ombro e virou ainda deitado, mas agora de frente para mim.

"Eu... Eu te falei uma vez. Tenho cicatrizes." Ele disse sério.

"Todo mundo tem alguma cicatriz Ethan, não pode ser por isso."

"Não é 'alguma cicatriz'. São muitas. Tipo... Muitas mesmo. No peito, barriga, costas, braços... Em todo canto." Ele sentou e respirou pesado. "Eu estava fazendo um trabalho em uma pequena cidade no Iraque, levávamos alimentos, água, roupas... Tudo o que aquelas pessoas não tinham para tentar sobreviver. Algumas tropas terroristas capturaram a mim e mais seis soldados. Ficamos presos por mais ou menos uns cinco meses até encontrarem a gente. Sofremos todo o tipo de tortura física e psicológica que alguém pode sofrer." Ele desviou o olhar de mim. "Eu não tinha problemas em ficar sem camisa, mas... As pessoas me olhavam torto. Com medo ou nojo... Não sei." Ele deu de ombros. "Até que aquilo começou a me incomodar. Eu tenho vergonha que vejam o que fizeram comigo, por isso não tiro a camisa na frente de ninguém.". Eu fiquei o olhando boquiaberta e a conversa tinha ido de muito divertida a muito dramática. "O que é uma pena, por que eu tenho um tanquinho de dar inveja." Ele falou rindo, tentando amenizar o clima e eu ri também.

"Imagino..." Ajeitei a compressa de gelo em cima da minha perna e voltei a deitar.

"Hum... Anda me imaginando pelado? Interessante..." Ele riu maliciosamente.

"Não começa tá?" O olhei feio.

"Olha só... Falta um minuto para 3hrs." Ele falou com divertimento.

"Ethan para!" Cobri o rosto com as mãos.

Olhei entre os dedos para o relógio, eram 3hrs02min. Me encolhi morrendo de medo.

"É... Parece que sem demônios por aqui hoje." Ethan falou e eu tirei a mão do rosto.

"Vai me zoar por isso o resto da minha vida né?" Perguntei receosa.

"Pode apostar que eu vou." Ele riu e deitou de bruços.

"Argh..." Tirei a compressa de cima da minha perna e me cobri com o cobertor tentando, dessa vez, dormir.

Acordei e ainda estava escuro, bocejei e percebi que estava com a cabeça deitada em cima das costas de Ethan. Existe algum tipo de remédio pra quem se mexe muito quando está dormindo? Eu poderia tentar isso... Saí de cima dele e deitei de lado sonolenta. Estava quase dormindo novamente, quando senti seu braço me envolver e puxar para mais perto dele. Recostei-me nele, coloquei meu braço em cima do seu e voltei a dormir.

Abri os olhos com dificuldade, devido a claridade do sol que entrava pela janela. Pisquei algumas vezes e me toquei de que tinha dormindo abraçada com Ethan. Droga...

“Ethan, acorda.” O empurrei e ele gemeu. “Acorda!” Dei uma cotovela em suas costelas.

“Ai! Tá doida?” Ele reclamou.

“A gente dormiu de conchinha e eu falei pra não encostar em mim.” Tirei seu braço de cima de mim e me afastei.

“Já vai brigar comigo a essa hora da manhã?” Ele falou rindo. “Já sei a causa do seu mau humor matinal, vem cá que eu te dou uns beijinhos pra você ficar mansinha.” Ele me puxou pelo braço. Eu me soltei e levantei da cama.

“É um idiota mesmo...” Entrei no banheiro e fechei a porta.

Escovei os dentes, joguei uma água no rosto e avaliei a queimadura em minha perna. Ainda estava bem vermelho. Vou colocar gelo de novo... Saí do banheiro e quando voltei para o quarto, Ethan ainda estava deitado e assistindo televisão.

“Nosso contrato não era de só uma noite?” Encostei-me na parede com os braços cruzados.

“Estou me sentindo uma vadia que só foi usada para seu prazer!” Ele disse se fingindo de ofendido. “Gostei da cama, vou ficar mais um pouco. E a perna?”

“Ardendo ainda, ia pegar gelo pra colocar em cima...”.

“Eu pego pra você.” Ele se levantou e andou até a porta.

“Ué, não ia se aproveitar mais da minha cama?” Disse rindo.

“Pego o gelo e volto pra sua cama.” Ele parou um momento. “Isso soou errado...” Ele riu e saiu.

Sentei na cama e Baby acordou, se espreguiçou e veio correndo subindo na cama também.

“Meu neném acordou...” Disse sorrindo e fazendo carinho nele que se aconchegou em meu colo. Minutos depois Ethan voltou para o quarto com outra compressa de gelo e sorriu vendo minha cena de amor com Baby.

“Os rapazes estão lá embaixo comendo...” Ele sentou próximo a mim e me entregou a compressa que eu coloquei em cima da queimadura.

“Você não disse que dormiu aqui né?” Perguntei nervosa.

“Não... Só falei que você se queimou ontem e que eu só fui pegar gelo pra você.”

“Ah bom.” Respirei aliviada.

“Mas, por que eles não poderiam saber mesmo?” Ele me olhou cerrando os olhos.

“Não é que não podem saber, é só que... Kenny é seu irmão. É constrangedor falar certas coisas na frente dele.”.

“Entendo...” Ele deu de ombros.

“O que nós vamos fazer hoje?” Falei e ele me olhou com uma sobrancelha arqueada. “Quando eu digo nós, quero dizer nós quatro e não nós, tipo, eu e você.”

“Bom, eu não sei o que nós e quando eu digo nós, quero dizer Kenny, Luke e eu vamos fazer, mas, você não pode expor a queimadura ao sol.”

“É sério?”

“Muito sério. A pele está sensível, vai piorar. Nem ouse entrar na piscina também, o cloro pode irritar... E muito menos no mar.”.

“Mas, o que eu vou fazer então?”

“Ficar dentro de casa relaxando. Não era isso que você queria desde o começo? Ficar em casa dormindo.”

“Era...” Disse desanimada. Eu queria dormir, mas era o último dia nos Hamptons, pena que não iria poder aproveitá-lo.

“Está com fome? Posso trazer seu café para cá.”

“Bateu a cabeça enquanto dormia e ficou bonzinho do nada?” Debochei dele.

“É isso que dá a gente querer tentar ser educado...” Ele falou sarcasticamente.

“Vem, vamos comer.” Levantei da cama e saí do quarto, Ethan veio me seguindo.

Sentamos á mesa com Luke e Kenny, eles estavam falando para Ethan sobre as coisas que queriam fazer hoje. Ir á praia e tomar sol na piscina estava entre elas. Tudo que, segundo o Dr. Ethan, eu estava proibida de fazer.

“Tem certeza de que tudo bem a gente ir?” Luke falou colocando o braço ao redor da minha cintura, enquanto Kenny terminava de se arrumar.

“Tenho certeza!” Sorri e beijei seu rosto. “Eu só vou ficar deitada vendo algum filme, dormindo... E vocês tratem de aproveitar o dia, o sol tá maravilhoso lá fora!”

“Está bem...” Ele falou e beijou minha testa. “Mas, você me liga qualquer coisa que eu venho correndo!”

“Relaxa, eu só vou passar um dia de preguiça! Eu mereço, não mereço?”

“Merece sim.” Ele sorriu e andou até Kenny. “Então, vamos né?”

“Não vão esperar Ethan?”

“Ele desistiu de última hora.” Kenny disse calmamente. Como assim desistiu? “Disse que está ficando um pouco doente e como amanhã tem uma reunião com uns fornecedores, não quer se arriscar e piorar.”

“Vocês não vão se matar né?” Luke disse sério.

“Não, a gente meio que se suporta.” Dei de ombros.

“Até que enfim!” Luke levantou as mãos para o céu agradecendo de forma dramática. “Aproveitem o dia!” Ele sorriu e saiu com Kenny.

Cerrei os olhos, olhando pensativa para a escada. Ethan não estava ficando doente coisa nenhuma. Andei até seu quarto e bati na porta.

“Hey.” Ele disse surpreso quando a abriu e me viu.

“Então... Deixa eu ver se eu entendi.” Entrei em seu quarto, sentei na cama e cruzei as pernas. “Você mentiu que estava ficando doente só pra ter uma desculpa para ficar em casa me fazendo companhia?”

“O quê? Claro que não. Eu estou ficando doente.”

“Ethan... Eu minto mal, mas, você mente pior ainda.” Comecei a rir e ele respirou fundo.

“Eu só não achei justo sair enquanto você ficava aqui sozinha, sendo que, a culpa foi um pouco minha de você se machucar.”

“Um pouco?” Disse incrédula. “A culpa foi toda sua!”

“Enfim. Não é hora de apontar culpados!” Ele desconversou tentando não rir.

“O que vamos fazer então?” Levantei ficando de frente á ele.

“Como assim?”

“Você quis ficar em casa pra me fazer companhia, então temos que pensar em como vamos passar o tempo.” Falei como se fosse óbvio. “Já sei! Vamos ver um filme decente. Sem demônios.” Sorri e saí do seu quarto.

“Se você me forçar a ver algum filme de mulherzinha...” Ele disse me seguindo.

“Que filme de mulherzinha o quê...” Revirei os olhos e parei de frente á ele. “Vamos ver filme de macho!” Falei e ele começou a rir.

Chegamos a sala e eu selecionei toda a franquia de Velozes e Furiosos, já estavámos vendo o quarto.

“Olha... Eu sou anti-casamentos, mas eu totalmente casava com o Vin Diesel.” Disse enquanto comia a pipoca que Mariah fez para nós.

"Ele é careca..." Ethan disse me olhando.

"E daí?"

"Ele é baixinho...".

"E daí?"

"Não faz seu tipo." Ele deu de ombros.

"E como você sabe o que faz ou não meu tipo?" Disse com divertimento. "Ele tem cara de homem. Sabe aquele tipo de cara que chega chegando? Eu gosto de mandar, mas é legal alguém com pulso firme que bata de frente comigo, que me desafie, mas que ao mesmo tempo me dê segurança...".

"Está descrevendo o Vin Diesel..." Ethan me interrompeu. "Ou aquele Matthew?" Ele disse sério. Desviei o olhar dele e me calei. É, Matthew era isso para mim. Eu tinha tentado não pensar nele nesse fim de semana, mas Ethan fez o favor de não permitir isso.

"Falei hipoteticamente, não me referi á uma pessoa...".

"Sabe o que eu acho?" Ele sentou de frente para mim.

"Não e não quero saber." Cruzei os braços.

"Devia se abrir para novos horizontes."

"Novos horizontes?" O olhei impaciente. "Por novos horizontes, quer dizer você?"

"Por que não?"

"Se toca Ethan." Levantei decidida a ir para meu quarto dormir, essa conversa já estava patética demais.

Ethan colocou a perna no meio da passagem, me impedindo de ir embora e eu revirei os olhos. Ele se levantou, envolveu uma mão sua em minha cintura e me deitou no sofá ficando por cima de mim.

"Deixa eu sair!" Falei impaciente e com raiva.

"Por que você luta tanto contra isso?" Ele falou rindo.

"Contra o quê seu retardado?"

"Nós dois." Ele me olhou sério.

"Quando eu começo a achar que você é um cara legal, você dá um jeito de me lembrar o tipo de homem que você é."

"Só quero te fazer entender, que mesmo gostando daquele cara, no momento, você quer isso tanto quanto eu quero."

"Não quero." Me fiz de firme.

"Seu corpo te denuncia." Ele sorriu. "Seu coração está acelerado, sua respiração pesada e eu estou sentindo daqui suas coxas se contraindo tentando fazer você acreditar que não me deseja, como eu te desejo." O olhei boquiaberta, ele sorriu e começou a beijar meu ombro subindo para meu pescoço. Calma Sophie, mantenha o foco... Ele mordeu minha orelha e eu precisei usar toda minha força para não gemer, mas consegui me controlar. Ele aproximou o rosto do meu, deixando nossos lábios bem próximos aos meus e olhou nos meus olhos. "É você quem decide: Eu te deixo em paz agora ou eu te beijo. Mas, se eu te beijar, não vou parar." Fiquei em silêncio e apenas em poucos segundos, mil coisas passaram na minha cabeça. Que se foda. Puxei seu rosto e o beijei.

Senti seu sorriso e puxei seu corpo pra mais perto do meu. Ele me levantou, fazendo com que eu ficasse sentada com uma perna de cada lado do seu corpo. Uma mão sua alisava minha perna, enquanto a outra, as minhas costas.

"Os empregados podem entrar aqui a qualquer momento." Disse ofegante.

"No meu quarto ou no seu?"

"Tanto faz." O puxei de novo e voltei a beijá-lo.

Ele se levantou comigo no colo e subimos as escadas. Ethan abriu uma porta e a trancou quando entramos. Ele se virou, fazendo com que eu ficasse com as costas apoiadas na parede, eu soltei minhas pernas do seu corpo e fiquei na ponta dos pés, ele me apertou contra seu corpo e eu segurei a barra da sua camisa a levantando um pouco. Passei a mão por debaixo da blusa em suas costas e senti como que um corte em sua pele. Ele segurou meus pulsos com as mãos, as tirando dele e se afastou de mim.

"Desculpa..." Disse sem graça. "Foi força do hábito." Ele estava de costas para mim e com a respiração tão irregular quanto a minha. "Ethan?" Disse e ele permaneceu parado, com os olhos focados no chão, pensando em algo. "Ei... Desculpa!" Fiquei na sua frente e coloque as mãos em seu rosto. "Eu esqueci completamente." Esbocei um sorriso. "Eu prometo que minhas mãos vão se comportar, não vou tentar tirar sua camisa." Falei e ele me encarou. "Mas... Você pode tirar a minha, se quiser." Disse sorrindo e ele sorriu também.

Levantei meus braços e ele tirou a minha blusa a jogando no chão, me deixando só de sutiã. Aproximei-me dele para o beijar e ele deu um passo para trás.

"Espera." Ele disse sério.

"Que foi?" Falei confusa e depois cobri o rosto com as mãos. "Se você me der um fora agora, eu vou me jogar daquela janela." O olhei e depois revirei os olhos. "Tá, não vou me jogar, mas vou ficar muito brava, pode ter certeza." Ele riu e cruzou os braços.

"Só se eu estivesse louco eu daria um fora em uma mulher como você." Ele ficou sério e respirou fundo. "A gente conversou sobre tantas coisas e eu sei que você disse coisas que não disse pra mais ninguém e... Bem, eu só queria que soubesse que eu aprecio isso."

"Aprecia eu ter te contado que eu reprovei no exame de direção cinco vezes?" Falei com a testa franzida.

"Não isso em si, embora eu tenha ficado perplexo por você, uma Phd em não sei o quê, não saber o que é direita e esquerda." Ele falou com diversão.

"Eu sei o que é direita e esquerda eu só..." Desviei o olhar dele. "Confundo ás vezes... Enfim, era só isso que tinha pra falar?" Disse impaciente.

"Não quero ter que me esconder... E principalmente pra você, quando tem sido tão honesta comigo esses dias que passamos aqui."

"O que quer dizer?"

"Eu quero que você saiba que se não quiser mais... Isso..." Ele apontou para nós dois. "Eu vou entender, sério."

"Não querer? Ethan, nada do que você está falando está fazendo sentido." Ele respirou fundo e começou a tirar a camisa e eu o olhei surpresa. "Espera, para." O impedi. "Você não tem que fazer isso, eu já estou aqui. Eu não preciso ver nada disso pra saber o que eu quero."

"Eu quero que você veja. E como disse, se não quiser mais, não vai ter problema, nada vai mudar entre nós, como amigos." Ele disse e eu assenti em silêncio.

Ethan tirou a camisa, por cima da cabeça e antes de reparar qualquer coisa, eu vi os enormes músculos que ele tinha. É... Não estava brincando quando falou que era um belo abdômen. Mas, fiquei boquiaberta a perceber as várias, dezenas, de marcas que ele tinha pelo corpo. Tinham cicatrizes de todos os tamanhos e formas e várias queimaduras.

"Eu... Posso?" Aproximei minha mão dele receosamente e ele fez que sim com a cabeça.

Toquei nas marcas e ele colocou as mãos em seus bolsos, cabisbaixo. Andei até suas costas, onde fiquei espantada com a enorme cicatriz que vinha de logo abaixo do pescoço, até o fim das suas costas, na coluna cervical. Meu Deus Ethan, o que fizeram com você? Olhei perplexa para todas aquelas marcas, me perguntando como alguém poderia ser tão ruim a esse ponto de machucar tanto outra pessoa.

"Sou horrível, não é?" Ele falou. Eu parei por um momento e o avaliei por completo.

"Já vi piores..." Disse e fiquei de frente a ele de novo e ele me olhava nervoso e com vergonha. "Tudo isso..." Alisei suas cicatrizes e o olhei. "Faz parte do que você é, não tem por que se envergonhar disso."

"Não está com nojo de mim?" Ele perguntou receoso.

"Nojo?" Perguntei incrédula. "Eu estou mais preocupada com o que você teve que passar, com o tanto que sofreu. Acha que eu teria nojo de você?"

"Como não vai ter nojo?" Ele andou parando de frente para o espelho. "Olha só o que fizeram comigo!" Ele passou as mãos em seu cabelo exasperado. "É o que se ganha ao ser marionete do exército durante 11 anos." Ele bufou com raiva e sentou na cama apoiando a cabeça nas mãos. Eu me aproximei e me abaixei de frente á ele.

"Você só consegue ver as cicatrizes Ethan... Sabe o que eu vejo?" Ele me olhou. "Um homem incrível, que foi maravilhoso comigo todo o fim de semana. Você disse que chorar não faz de você menos homem, acha que essas cicatrizes fazem?" Coloquei uma mão em seu rosto. "Você é lindo Ethan." Ele colocou sua mão por cima da minha e me beijou novamente.

Fiquei de pé e ele desceu as mãos para as minhas costas, desabotoando meu sutiã e o tirando. Ele me puxou para si e eu deitei por cima dele, alisei seu cabelo e desci pelo seu corpo, sentindo todos os seus músculos se contraindo ao meu toque. Ele se virou, ficando por cima de mim, coloquei minhas pernas ao redor do seu corpo, enquanto desabotoava sua bermuda. Ele mordeu meu queixo e começou a beijar meu pescoço, descendo entre meus seios e barriga. Eu me perdi em meio a toques e beijos, apaguei tudo o que tinha na minha cabeça, qualquer tipo de preocupação ou dúvida e decidi me dar por completo á aquele momento.

...

"Você está me encarando..." Ethan disse de olhos fechados, eu estava deitada por cima do seu peito e suas mãos alisavam minhas costas de cima a baixo lentamente.

"Não estou..." Falei e continuei o observando. Ele abriu um olho me pegando em flagrante e eu sorri. "Talvez só um pouco."

"O que foi?" Ele me olhou sorrindo.

"Como você conseguiu essa daqui?" Alisei com os dedos a cicatriz que ele tinha em cima do peito esquerdo.

"Quer mesmo falar disso?" Ele cerrou os olhos.

"Quero..." Sorri. Ele pegou minha mão e beijou meus dedos os guiando.

"Faca..." Ele disse me olhando enquanto colocava minha mão por cima das cicatrizes. "Bala... Outra facada... Granada... Essa aqui..." Ele levantou um pouco o lençol apontando para um pouco abaixo em sua barriga.

"Deixa eu adivinhar... Faca de novo?" O olhei tentando manter meu sorriso e me esforçando pra levar isso numa boa e não surtar.

"Quase..." Ele fechou um olho pensativo. "Bisturi." Eu o olhei confusa e ele sorriu. "Me operei, tive que tirar um rim."

"O que houve?"

"Fui atingido por uma 9mm..." Ele deu de ombros. "Elas rasgam tudo dentro de você."

"Nossa..." Disse surpresa. "Todas foram em combate?"

"A maioria. Mas, essas da mão..." Ele me deu sua mão direita me mostrando as cicatrizes em seus dedos. "E essa do ombro, foram em resgate."

"Nunca tinha reparado nessa..." Alisei sua mão. "Como as conseguiu?"

"No 11 de setembro. Um rapaz se atirou da janela em pânico, mas eu consegui o segurar, prometi que não ia soltar ele. Ficamos como que quase uma hora daquele jeito, até virem nos ajudar."

"E o que aconteceu?"

"Rompi os ligamentos da mão e desloquei o ombro."

"E o rapaz? Ele sobreviveu?"

"Sim. Mantivemos contato depois que eu saí do hospital e hoje ele trabalha na boate comigo. É casado e a mulher está esperando o segundo filho." Ele disse e eu sorri.

"Parece que você é mesmo um perfeito herói."

"Passei de galinha a herói então? Se eu soubesse tinha te agarrado antes..." Ele falou com diversão.

"Ah ta... Tinha nada, eu sou difícil meu filho..." Saí de cima dele e cruzei os braços.

"Você nunca ia conseguir resistir ao meu charme." Ele se virou ficando de frente para mim.

"Ou a sua incrível modéstia." Sorri e ele me beijou. "Espera." Disse e ele parou me olhando.

"Que foi?"

"Isso conta como 'replay'?" Perguntei e ele parou por um momento pensativo.

"Eu acredito que sim... Por quê?"

"Nada..." Dei de ombros. "Sabia que eu era boa de cama..." Falei triunfante e Ethan começou a gargalhar voltando a me beijar.

...

"Sophie..." Ouvi alguém me chamando. Resmunguei e me recusei a abrir os olhos, deitando de bruços. "Sophie, acorda." Abri um olho e vi Ethan sentado ao meu lado, ele estava com os cabelos molhados e outra roupa. "Levanta, vem ver uma coisa."

"Que coisa?" Falei sonolenta.

"Se você não acordar e levantar, não vai saber..." Ele sorriu, me beijou rapidamente e saiu para a varanda.

Gemi de sono, me alonguei e levantei. Vesti a camisa que Ethan estava usando antes, minha calcinha e andei para a varanda. Ethan estava sentado de braços cruzados na espreguiçadeira. Parei na porta, me encostei na parede e bocejei.

"Ainda está com sono? Dormiu a tarde toda!" Ele me olhou sorrindo.

"Culpa sua que me cansou..." Andei até ele e sentei entre suas pernas, ele colocou os braços ao redor de mim e beijou meu rosto.

"Me declaro culpado!" Ethan disse e eu sorri, prestando atenção agora na vista.

"Uau!" Falei olhando para o pôr-do-sol, que estava realmente maravilhoso. O céu estava colorido com tons de laranja e roxo, a brisa soprava... Fechei os olhos repirando fundo e sentindo o cheiro do mar.

"Incrível não é?" Ethan falou.

"Muito incrível!" Me recostei nele que me abraçou mais forte.

"Sabe que... Na correria do dia-a-dia, a gente acaba perdendo essas pequenas coisas." Ele apoiou seu queixo em meu ombro e eu o ouvi atentamente. "Algo que eu tirei de lição pra mim, depois de tudo, foi aprender a dar valor a cada dia que eu vivo. Cada noite, quando eu deito pra dormir, eu agradeço por estar em casa, em segurança. E ai você para por um momento e percebe essas maravilhas da natureza... O sol nascendo e se pondo, é um verdadeiro espetáculo, mas, a maioria de nós está ocupado demais dando atenção pra coisas que julgamos serem mais importantes." Ele beijou meu ombro e eu coloquei minha mão em cima da sua e com a outra, fiquei alisando seu braço observando a paisagem na nossa frente.

Ethan ficou fazendo carinho em meu cabelo e antes que eu pudesse notar, tinha dormido de novo, em seus braços.

"Você só pode estar brincando comigo!" Ouvi a voz de Luke e acordei sentando, assustada. Olhei para Ethan, que esticava os braços na maior calma do mundo e olhei para Luke e Kenny em pé, do lado da espreguiçadeira nos encarando em choque.

"Eu... Eu posso explicar!" Falei constrangida.

"Sophie..." Ethan sorriu. "A cena é auto explicativa." O olhei séria.

"Gente, vocês são maiores de idade, donos de si. Não fica preocupada com isso Sophie." Kenny disse sorrindo também. "Eu estou um pouco surpreso, pra ser sincero, mas... Meu irmão tem bom gosto." Ethan assentiu. "Estávamos procurando vocês para jantarmos, vocês vem agora?"

"Eu vou!" Ethan se levantou, beijou meus cabelos e saiu com Kenny.

Deitei de volta na espreguiçadeira cobrindo meu rosto com as mãos e Luke sentou em um banco ao meu lado. O olhei por entre meus dedos e ele me encarava sério.

"Não me olha assim!" Falei sentando.

"Assim como?"

"Você faz esse olhar quando vai me dar uma bronca..." Revirei os olhos. "Não fiz nada de errado pra você estar bravo."

"Não estou bravo." Ele suspirou. "Estou surpreso, isso é um fato. Chateado por não estar sabendo que rolava isso entre vocês... Quero dizer... Até mais cedo, achei que vocês só se suportavam e volto e vejo você seminua dormindo aqui com ele. E estou preocupado também, para ser sincero."

"Só achei estranho falar sobre isso na frente do Ken..." Dei de ombros. "Mas, preocupado com o quê? Não foi nada Luke, não é pra tanto também...".

"Eu me preocupo por causa dessa história mal resolvida entre você e Matthew. Não quero que você fique confusa igual á ele e que se veja dividida entre duas pessoas.".

"Minha situação é totalmente diferente Luke." Virei de frente para ele. "Eu não tenho dúvidas sobre o que eu sinto pelo Matthew." Admiti. "Mas, não posso ficar sentada, esperando a boa vontade dele me notar. Se é que algum dia ele vai me notar..." Desviei o olhar dele. "Com o Ethan... Não sei... É tudo tão leve." O olhei de novo e sorri, ele sorriu de volta.

"Eu fico feliz que você esteja bem resolvida sobre essa situação... Mas, como isso aconteceu mesmo?" Ele sorriu mais abertamente.

"Acontecendo!" Comecei a rir e a lembrar rapidamente de todos os momentos com Ethan. "Quero dizer, não sou cega... O cara é um gato." Apoiei meu queixo na minha mão pensativa. "Mas, é mais do que isso. Ele me entende sabe? Ele não me critica, não quer que eu seja outra pessoa... Ele me aceita do jeito que eu sou e eu aceito ele do jeito que ele é. Simples assim.".

"Então, o que acontece agora? Quero dizer... Vocês são um casal ou o quê?"

"Eu não sei..." Franzi a testa. "É a primeira coisa boa que me acontece em semanas então, deixa eu aproveitar enquanto durar..." Esbocei um sorriso.

"Está falando só sobre o Matthew?" Ele me perguntou confuso. Eu não tinha contado para ele sobre os problemas que estava tendo com alguém tentando me prejudicar, mas... Percebi que eu precisava contar e dividir meus problemas com alguém.

"Não tenho sido totalmente honesta com você Luke." Disse séria.

"O que houve?" Ele perguntou preocupado.

"Estou com problemas no trabalho." Falei, ele se aproximou mais e contei toda a história, desde o começo, com todos os detalhes que eu não tinha o contado.

"Então você não estava bêbada no ano novo, te doparam?" Ele se levantou e disse horrorizado. "Por isso a segurança no condomínio e por isso não está indo pro escritório?" Ele me olhou feio. "Eu achei que você só estava evitando o Matthew, ou algo do tipo, por isso não questionei nada, achei que precisava de um tempo dele, só isso! Por que não me contou?" Ele gritou e eu fiquei de pé.

"Acho que, pelo mesmo motivo que você não me contou que está planejando sair de casa." Cruzei os braços e levantei uma sobrancelha, Luke suavizou sua expressão.

"Só não queria te chatear...".

"E eu não queria te preocupar." Ele me puxou e me abraçou.

"São só planos futuros, não vou embora amanhã, ok? E mesmo se eu fosse, acha que eu iria pra algum lugar que fosse longe de você?" Ele me soltou e colocou as mãos em meu rosto. "Você é minha família! Nunca escondemos nada um do outro, não vamos começar com isso agora está bem?" Ele falou e eu assenti. "E sobre essa história... Ligou para Black para saber se tem alguma novidade?"

"Ah, que bom que você tocou nesse assunto. Eu adoraria ter ligado para Black, para Emily, para meus executivos... Mas, confiscaram meu celular, fui proibida de acessar meu e-mail da empresa e esconderam todos os telefones da casa." Disse ironicamente.

"Ér... Bom..." Ele riu sem graça. "Nós vamos embora depois do jantar, amanhã você liga para ele."

"Você quem manda..." Sorri e ele me abraçou de novo.

Vesti meu short e descemos para jantar. Ethan e Kenny já estavam sentados á mesa, conversando sobre alguma coisa e Baby estava deitado próximo a mesa, mordendo o sapinho de pelúcia amado dele.

"Vocês demoraram... Já ia subir pra ver o que tinha acontecido." Kenny falou.

"Conversa de irmão pra irmã." Luke piscou para mim e eu sorri sentando ao lado de Ethan.

"Oi..." Ele disse sorrindo.

"Oi." Respondi sorrindo também. Ele se aproximou e me beijou.

"Não vou conseguir lidar com isso..." Luke nos olhou e passou a mão no estômago. "Acho que vou vomitar."

"Nem liga..." Kenny falou nos olhando e deu uma cotovelada em Luke. "Prefiro os dois assim do que tentando se matar."

"Verdade Luke, não era você que dizia pra gente se dar bem e não sei o quê?" Disse sarcática.

"Tá, mas, precisavam ir pra cama pra se darem bem?" Luke perguntou, Ethan e eu nos olhamos e sorrimos.

"Precisava." Respondemos ao mesmo tempo.

Terminamos de jantar e caímos na estrada. Fui dirigindo metade do caminho e Ethan se ofereceu para dirigir o resto. Quando me senti cansada o suficiente, pedi que ele assumisse o volante. Parei o carro, nós dois descemos e quando nos cruzamos ele me puxou pela cintura e me beijou, me fazendo sorrir.

"Ai que casal meloso... Meu Deus..." Luke gritou de dentro do carro. Ethan sentou no banco do motorista e eu no do passageiro.

"Sabe, não lembro de ficar reclamando quando você e Kenny ficam se comendo no meu sofá da sala..." Falei colocando a mão do queixo pensativa e todos começaram a rir.

Dormi um pouco e Ethan parou o carro, o que me fez acordar. Estávamos de frente á sua casa. Ele desceu, tirou suas coisas e eu me arrastei para detrás do volante. Ele veio até a porta ao meu lado e eu abaixei a janela.

"Obrigado pelo fim de semana." Ele beijou meu rosto sorrindo.

"Eu que agradeço." Sorri.

"Até mais rapazes..." Ele acenou para Luke e Kenny, que se despediram e eu dirigi para casa.

Finalmente chegamos. Os Hamptons era um paraíso mesmo, mas... Nada como estar em casa. Baby já se acomodou no sofá dormindo, Luke e Kenny prepararam um café da manhã e eu fui para meu quarto. Tomei um banho, vesti uma calça branca com uma blusa de cetim preta, coloquei um blazer branco e saltos pretos, deixei meus cabelos soltos, me maquiei e voltei para a cozinha, sentando no balcão.

"Para onde você vai?" Luke me olhou confuso e Ken me entregou uma xícara com café.

"Vou trabalhar." Dei um gole em meu café e comecei a comer a omelete que Ken fez.

"Vai voltar para o escritório então?" Kenny perguntou.

"Vou. E definitivo dessa vez."

"Tem certeza disso?" Luke pôs a mão em minha perna e eu sabia que ele estava preocupado.

"Tenho. Absoluta." Sorri. "Não posso ficar só vendo minha vida passar e me privando de fazer coisas que eu gosto por medo ou receio do que pode dar errado." Lembrei de Ethan falando que ele dava valor a cada dia que ele vivia e eu queria fazer o mesmo.

"Fale com Black, por favor. E me ligue para dar noticias." Luke falou e Kenny o olhou sem entender nada.

"Eu dou noticias, pode ficar tranquilo." Terminei de comer e desci do balcão.

Cheguei ao escritório me sentindo ótima, disposta, animada e bem humorada (O que era raridade cedo de manhã). Saí do elevador, chegando em meu andar e avistei Emily concentrada no computador.

"Muito bom dia Emily!" Falei sorridente.

"Bom dia..." Ela levantou o olhar para mim e ficou boquiaberta. "A senhorita está maravilhosa!"

"Obrigada... Peguei um pouco de sol, só isso." Dei de ombros. "Voltei e pra ficar. Então chega de videoconferências, vou comparecer de corpo presente a partir de agora nas reuniões, tudo bem?"

"Sim, quero dizer, é claro que está bem. Que bom que está de volta!" Ela sorriu. "Podemos passar a agenda da semana se quiser!"

"Vamos sim, mas primeiro, ligue para Black e peça que venha a minha sala."

"Claro, agora mesmo!" Ela assentiu e eu entrei em meu escritório. Que saudade de ficar aqui... Eu sei que foram algumas semanas apenas, mas eu senti falta de tudo isso.

Abri meu computador, fiz o login em meu e-mail. 1246 e-mails não lidos? Comecei a rir. Viu? Eu faço falta aqui! Coloquei meus óculos de grau e comecei a ler os e-mails, respondendo os mais urgentes. Ouvi alguém batendo na porta.

"Entre!" Falei sem tirar os olhos do computador.

"Que bom que voltou!" Olhei para porta e vi Black com um envelope grande nas mãos, ele andou em minha direção e parou de frente á minha mesa.

"Voltei mesmo." Falei animada. "E cheia de disposição!"

"Parece que o fim de semana foi ótimo..." Ele cruzou os braços sorrindo.

"Foi mesmo."

"Alguma coisa a ver com Ethan?" Ele cerrou os olhos e eu contive meu riso.

"Ele é um bom rapaz, apenas isso..." Dei de ombros e sorri sem graça. "Mas, enfim, vamos ao que interessa. Temos novidade sobre aquele assunto?"

"Estamos seguindo uma pista promissora, assim que confirmar algo eu lhe informo."

"Ótimo." Assenti e voltei a olhar para o computador.

"Eu preciso falar sobre outro assunto com você."

"Claro, do que se trata?"

"Tinha razão, pra variar..." Ele esboçou um sorriso.

"Eu sempre tenho razão. Mas, sobre o quê mesmo?"

"Conclui aquela investigação... Quer dizer, pesquisa, sobre a senhorita Willians."

"Sério? E então?" Falei e ele colocou o envelope em cima da mesa.

"A senhorita nem imagina o que descobrimos..." Ele disse eu peguei o envelope o olhando receosa.

Então eu estava certa, Lindsay Demônia Willians escondia alguma coisa... E eu estava prestes a descobrir.


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Notas finais do capítulo

Qual será o segredo da Demônia heim meninas? Quero ver qual de vocês consegue adivinhar, me digam nos comentários as suas suspeitas!