Por você mil vezes - Se não fosse amor escrita por Suy


Capítulo 35
Hamptons.


Notas iniciais do capítulo

Muito bom dia lindas! DOMINIC, morri com a recomendação. *-* hihi Muitíssimo obrigada, de verdade. E obrigada por todas as lindas leitoras que sempre comentam nos capítulos alegrando essa pobre aspirante á autora! Mil beijos!



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Biquínis, shorts, camisetas, calcinhas, sutiãs, calçados, celular, notebook... Será que estou esquecendo algo? Avaliei por um momento a minha mala aberta e depois de pensar um pouco, deduzi que estava tudo ali. A fechei e comecei a guardar as coisas de Baby em uma bolsa.

“Você quer o sapinho ou o ursinho?” Mostrei para ele os dois brinquedos e ele ficou olhando de um para o outro com o rabinho balançando. Era impressionante em como um pouco mais de um mês, ele tinha crescido tanto. “Tudo bem, os dois então.” Guardei os brinquedos junto com as vasilhas de água, a de ração, sua comida, toalhas e mais um monte de parafernalha dele.

Olhei-me no espelho, ajeitei minha blusa, de um ombro caído, branca e meus shorts jeans, prendi meus cabelos em um rabo de cavalo e olhei pelo reflexo do espelho, Baby mordendo uma calcinha de biquíni meu, que estava em cima da cama.

“Ah não Baby, nem ouse rasgar esse!” Saí correndo atrás dele, que fugiu de mim indo em direção á sala. “Volte aqui, agora!” Gritei e ele esbarrou em Ethan, que estava em pé, de braços cruzados, olhando para a televisão.

“O que essa doida fez com você rapazinho?” Ele se abaixou e começou a fazer carinho em Baby, que soltou meu biquíni para lambê-lo.

“O que ele fez comigo né, você quer dizer...” Peguei meu biquíni do chão. “Muito feio Baby, vai ficar de castigo quando a gente voltar!” Ele latiu para mim e eu o olhei feio. “Não lata pra mim mocinho!” O repreendi e Ethan começou a rir.

“Sophie, é só um nenezinho, pega leve com ele.” Ele disse e eu respirei fundo, recuperando minha calma. “Já arrumou suas coisas?”

“Sim... Só estou esperando Luke e Kenny, para enfim irmos... É uma viagem um tanto quanto longa.”

“São o quê? 12, 13hrs...?”

“Sim, por ai...” Assenti.

“Vamos em dois carros?”

“Não tem necessidade... Vamos na minha BMW, tem muito espaço interno, dá pra a gente não se matar até chegar lá.” Disse e Ethan riu. Olhei para o lado e vi Baby correndo atrás do rabo, de novo. “Para de correr atrás do rabo... Meu Deus...” Bufei.

“Quando ele morder e ver que dói, ele vai parar, pode ficar tranquila.” Ethan disse.

Kenny e Luke saíram do quarto e nós descemos para a garagem. Eram 7hrs da manhã, então iriamos chegar por volta das 20hrs no Hamptons, mas, se lá for tão lindo como eu me lembrava, iria valer a pena. Ethan veio no banco do passageiro comigo, os rapazes no banco detrás, junto com Baby. Coloquei meus óculos de grau e saímos pegando a estrada.

Todos nós começamos a viagem bastante animados, mas depois de algumas horas, todos já estavam cansados de estar sentados na mesma posição durante tanto tempo. Já estava anoitecendo, Ken, Luke e Baby estavam dormindo, Ethan aparentemente, também tinha pegado no sono. Tentei me recostar no banco tentando achar uma posição mais confortável, mas gemi de dor nas costas quando me movi.

“Cansada?” Ethan virou o rosto em minha direção e eu sorri sem graça.

“Exausta.”

“Encosta o carro, eu dirijo o resto do caminho.”

“Você dirigindo meu bebê? Nem morta...” Sorri ironicamente.

“Deixa de ser insuportável. Fazem horas que você está dirigindo, suas pernas não estão doloridas?” Estão mais que doloridas, nem as sinto mais para falar a verdade...

“Só um pouco...”.

“Então para o carro que eu dirijo.” Ele disse e eu revirei os olhos.

Parei em um acostamento e quando desci, senti o quão realmente estava dolorida. Alonguei meus braços e minhas costas e dei a volta no carro, subindo no passageiro e Ethan assumindo o volante. Inclinei um pouco mais do banco e antes que eu percebesse, tinha dormido.

Olhei-me no espelho e estava usando um longo e lindo vestido branco. Meus cabelos estavam presos para trás, estava toda maquiada e sorri ao ver meu reflexo. Andei por um corredor e avistei uma luz no fim dele, quando a alcancei, vi Matthew de costas, com os braços para trás. Suspirei aliviada por ver que ele estava ali, esperando por mim, quando comecei a me aproximar, ele começou a ficar mais longe de mim. Andei mais rápido afim de alcança-lo, mas parei quando vi uma outra mulher de branco se posicionando ao seu lado, com cabelos ruivos soltos e sorridente. Matthew a olhou apaixonadamente e eles deram as mãos, por fim, eles se viraram e começaram a sair de mãos dadas, ignorando a minha presença.

“Eu te disse que você ia morrer sozinha.” Richard sorriu triunfante ao meu lado.

“Ei!” Senti uma mão na minha perna e acordei de uma vez, voltando a realidade. Ainda estava no carro, com Ethan dirigindo, enquanto todo o resto dormia. “Pesadelo?”

“Não, não.” Falei me sentindo mais tranquila por tudo não ter passado de um sonho. Ajustei o banco para que eu pudesse voltar a ficar sentada, ao invés de inclinada. Sem mais sonhos por hoje... “Estamos chegando, é logo ali na frente.” Falei e Ethan assentiu.

Paramos em frente a um enorme portão branco e um segurança veio andando até o lado do motorista, olhando surpreso por eu estar no banco do passageiro. Ele deu a volta e ficou ao meu lado.

“É um prazer revê-la senhorita!” Ele disse educadamente. “Estamos aguardando sua chegada. A casa está em perfeito estado, espero que aproveite os dias aqui!”

“Muito obrigada.” Esbocei um sorriso. “Vamos aproveitar sim.” O segurança deu uma ordem no rádio e os portões se abriram.

Entramos e passamos por diversas outras casas, casas lindas, enormes, com lindos jardins.

“Qual a sua?” Ethan perguntou bocejando.

“A última, bem na beira da praia.” Sorri e estava me sentindo animada por estar ali.

Finalmente chegamos e eu desci do carro analisando a casa que eu não visitava há anos. Continuava do mesmo jeito que eu lembrava. Grandes colunas brancas, com várias janelas todas de vidro, muitas árvores e uma escada que dava direto para a praia. Olhei para o mar, completamente apaixonada por tudo aquilo.

Acordei os rapazes e Baby logo saiu correndo cheirando tudo. Entramos em casa e Luke se atirou no enorme sofá de frente para a lareira.

“Os quartos ficam no segundo andar.” Ele disse.

“Mas, o último é o meu, nem ousem entrar lá.” Disse com diversão.

“Boa noite!” Mariah, uma das encarregadas de cuidar da casa em minha ausência apareceu e falou educadamente.

“Olá Mariah, quanto tempo!” Falei sorrindo.

“Estamos todos contentes por a senhorita estar aqui! Eu tomei a liberdade de preparar um jantar para vocês, podemos colocar a mesa assim que a senhorita permitir.” Ela disse calmamente.

“Pode por Mariah, estamos morrendo de fome.” Luke falou e Mariah riu assentindo e saiu.

Sentamos á mesa e jantamos todos juntos. A comida estava maravilhosa, a conversa estava muito agradável, todos estávamos rindo e a vontade uns com os outros.

“O que vamos fazer?” Ken disse sorrindo.

“Como assim? Não vamos subir e dormir?” Falei confusa.

“Você vai ter muito tempo para dormir Sophie.” Luke disse. “Podemos ir para algum clube, beber um pouco, dançar um pouco...”.

“Adorei a ideia.” Kenny disse e eu os olhei feio.

“Vai ser legal, se anima um pouco.” Ethan me sacudiu.

“Se eu falar que não quero ir, vocês vão me deixar ficar em casa?” Perguntei receosa.

“Não!” Os três responderam. Maravilha...

Subi para me trocar, coloquei uma calça bem justa, uma blusa colada, com uma abertura nas costas, uma jaqueta preta, saltos vermelhos e me maquiei um pouco. Mariah falou para eu não me preocupar, que ela cuidaria de Baby enquanto estávamos fora. Quando desci, os rapazes já estavam me esperando.

“Está linda, só falta melhorar essa cara de abuso.” Luke falou e eu fiz uma careta para ele.

Fomos até uma casa noturna que ficava próximo do nosso condomínio. Antes de entrarmos, já dava para ouvir o barulho da música alta. Argh... Ken e Luke trataram de pedir bebidas para nós e foram dançar.

“Melhora esse humor!” Ethan gritou ao meu ouvido para que eu pudesse ouvir o que ele estava falando.

“Não sou fã desses lugares barulhentos!” Respondi.

“Então nunca apareça na minha boate, você vai odiar!” Ele disse rindo e eu bufei bebendo todo meu drinque num gole só. “Vai com calma! Te aguentar mau humorada e bêbada não vai ser legal!” Ele falou debochando de mim e eu pedi outra bebida para o barman o ignorando. “É assim que mantêm as pessoas afastadas de você não é? Ou você acha que alguém vai se aproximar de você com essa cara fechada?”

“Como se vocês homens ligassem para minha cara fechada.” Revirei os olhos. “Na verdade, o rosto é a ultima coisa que vocês olham em uma mulher.”

“Claro que não!” Ele se fez de ofendido.

“Então quer apostar que mesmo eu com minha cara de ‘abuso’, posso conseguir algum cara que pague ao menos um drink para mim?” Levantei a sobrancelha o desafiando.

“Estou dentro.” Ele riu maliciosamente. “Aposto 100 pratas, que até a gente ir embora, você não consegue que algum cara que não seja Luke, Ken ou eu, se aproxime de você.”

“Fechado.” Pisquei e tirei minha jaqueta jogando em cima dele, coloquei meu cabelo de lado e deixei minhas costas nuas á mostra, o olhei com diversão por cima do ombro.

“Não está jogando limpo!” Ele franziu a testa.

“Eu não jogo limpo, jogo pra ganhar.” Sentei no banco do bar e em menos de cinco minutos, um moreno alto, e lindo, se aproximou de mim colocando a mãos nas minhas costas.

“Posso te pagar uma bebida?” Ele falou ao meu ouvido e eu olhei vitoriosa para Ethan.

“Eu já tenho a minha, mas obrigada.” Sorri educadamente.

“Dança comigo então, pelo menos!” Ele sorriu, olhei para Ethan e depois para ele.

“Claro que sim.” Levantei e ele estendeu a mão para mim, a peguei e fomos andando para a pista de dança.

O cara se aproximou de mim e começamos a dançar na batida na música, ele de vez enquando beijava meu pescoço, de uma forma discreta e eu estava até curtindo tudo isso. Virei de costas e quando voltei em sua direção, Ethan estava parado na minha frente, o olhei confusa e procurando o rapaz que dançava comigo á poucos segundos atrás, mas era impossível achar alguém naquele mar de gente.

“Já ganhou a aposta, basta já!” Ele disse ao meu ouvido e eu o olhei impaciente. Comecei a andar para fora daquela multidão, mas ele me puxou de volta. “Vai dançar com um cara qualquer e não vai dançar comigo? É sério?” Ele riu e se aproximou colocando a mão na minha cintura, me trazendo para mais perto.

Ele me afastou um pouco, me rodou e me puxou de novo para seu corpo e eu não pude controlar meu riso. Depois ele envolveu um braço o redor de mim, e fez com que meu corpo descesse e me subiu de volta.

“Você é um péssimo dançarino Ethan.” Disse rindo. “Acho que como dançarino você é um ótimo capitão do exército!”

“Ei, eu sei fazer outras coisas além de ser um capitão do exército!” Ele se fez de ofendido.

“Tipo o quê?” Falei ainda rindo.

“Eu beijo muito bem!” Ele disse ao meu ouvido.

“Ah ta...” Revirei os olhos.

“Quer apostar?” Ele riu e me puxou me beijando.

Nem me dei ao trabalho de tentar me soltar dele, já era mais do que provado que eu não tinha força física contra Ethan. Resolvi me dar uma folga e apenas curtir o momento. Coloquei uma mão em seu rosto e a outra em seu peito e ele envolveu minha cintura aproximando seu corpo do meu. Depois de alguns momentos ele se separou de mim e me puxou pela mão, para fora da pista de dança. Ele me levou para um corredor mais afastado e me colocou de costas, contra a parede.

“Ali tinha plateia demais...” Ele sussurrou no meu ouvido, o mordendo me fazendo ficar arrepiada e voltou sua boca na minha.

Suas mãos agora, além de explorar minhas costas, desciam pela lateral da minha coxa e subiram apertando forte minha bunda. Desci minhas mãos pelas suas costas e as coloquei por de dentro da sua blusa, ele as segurou e as tirou dali, as prendendo atrás de mim e eu entendi o recado, sem mãos nas suas costas. As soltei e envolvi em seu pescoço e não as tirei mais dali.

Depois de, provavelmente, estar com a boca inchada de tanto beijar Ethan e de ter bebido mais do que eu deveria, voltamos para casa. Ethan veio dirigindo, por que eu não era capaz de andar em linha reta, dirá dirigir um carro. Ao chegarmos, Kenny e Luke subiram para o seu quarto e Ethan e eu fomos atrás, com ele me ajudando a subir as escadas e me levando até a porta do meu quarto.

“Até que foi divertindo...” Disse sorrindo e encostei minha cabeça na porta do meu quarto.

“Você é divertida em algumas raras vezes.” Eu dei língua pra ele e ele riu.

“Vai entrar comigo?” Aproximei-me dele e ele sorriu.

“Não, obrigado.” Ele beijou minha testa. “Adorei a noite, durma bem.” Ele disse e saiu andando para seu quarto e eu fiquei parada sem entender nada.

“Fiz alguma coisa?” Perguntei.

“Como é?” Ele me olhou confuso.

“Fiz alguma coisa de errado?”

“Não que eu saiba... Por quê?” Ele se virou e veio andando em minha direção.

“Passou a noite em cima de mim e quando eu te chamo pra vir para o meu quarto, você simplesmente me recusa.” Franzi a testa.

“Você bebeu mais do que deveria ter bebido...”. Ele colocou uma mão em meu rosto.

“E...?”

“E que, quando eu te levar pra cama, quero você totalmente sóbria.” Ele me olhou sério e eu o olhei em choque. Pisquei algumas vezes ainda sem acreditar que ele tinha dito o que ele acabara de dizer.

“Ér... Eu... Bem...” Gaguejei e desviei o olhar dele. “É melhor eu ir dormir...”.

“É uma boa ideia.” Ele assentiu sorrindo e eu entrei em meu quarto, fechando a porta.

Nossa senhora... Tá calor aqui mesmo ou é só eu?

Estava deitada, de bruços, quando comecei a sentir alguma coisa andando em cima de mim. Baby começou a lamber meu rosto me fazendo acordar.

“Baby, dá um tempo cara... Deixa eu dormir...” Disse sonolenta e me cobrindo toda com o lençol. Ele começou a me cheirar e mordeu forte meu pé. Com o susto eu virei de uma vez e cai da cama, ele me olhou com o rosto inclinado e latiu. “É melhor correr...” Levantei e sai correndo atrás dele, que por sua vez, fugiu de mim como sempre. Passei correndo pela sala de janta e voltei devagar quando vi Kenny e Luke sentados á mesa comendo e me olhando como se eu fosse doida. “Bom dia.” Disse sem graça e me sentei.

“Acordou cedo e cheia de energia!” Luke falou surpreso. “Achei que ia estar de ressaca e que só ia acordar amanhã!” Ele riu.

“Bem, por mim, ainda estaria dormindo, mas Baby tem algo contra me ver deitada então... Aqui estou!” Falei irônica.

“E como foi a noite? Se divertiu?” Ken perguntou colocando café em uma xícara e me entregando.

“Ah... Se eu contar, vocês não vão acreditar...” Sorri lembrando do que tinha aprontado com Ethan e estava doida pra contar para eles, mas ai eu me toquei de que Ethan é irmão de Ken e que seria no mínimo muito constrangedor falar que eu passei a noite me agarrando com ele.

“Então conta logo!” Luke disse curioso. Pensa rápido Sophie...

“Eu bebi tanto que não lembro de nada!” Menti. “Será que eu estou me tornando uma alcoólatra?” Falei pensativa tentando mudar o foco da conversa.

“Você ia precisar tomar um porre todos os dias para ser considerada uma alcoólatra, então não se preocupe, ainda tem alguns créditos.” Ken riu.

“Quem é alcoólatra?” Ethan falou por detrás de mim e eu me assustei. Ele sentou na cadeira de frente para mim.

“A Sophie, bebeu todas e não lembra de nada do que aconteceu ontem.” Luke disse calmamente.

“Não lembra é?” Ele olhou para mim com diversão e eu tomei um gole do meu café em silêncio.

“Bem, vocês dois, tratem logo de terminar de comer. Vamos aproveitar a piscina maravilhosa que temos esse fim de semana.” Kenny disse terminando o seu café.

Comemos em silêncio e eu subi para colocar um biquíni. Quando voltei para a área da piscina, Luke estava deitado em uma boia de tapete, enquanto Kenny estava apoiado ao seu lado e Ethan estava sentando em uma cadeira, com óculos de sol, sunga preta e camisa branca.

“Não vai tirar a camisa?” Perguntei para ele.

“Não, obrigado.”

“Você vai ficar com a marca da camisa depois...”. Falei e ele me olhou por cima dos óculos.

“Por isso eu estou na sombra, inteligente.” Ele disse sarcasticamente.

“Bizarro...” Sussurrei e tirei meu vestido, deixando a mostra meu biquíni branco, de modelo cortininha e com um lacinho em cada lado da calcinha.

Reparei Ethan me olhando, mas fingi que não tinha percebido. Puxei a cadeira para o lado onde estava o sol e deitei de bruços. Ethan cruzou os braços e desviou o olhar de mim. Meu diabinho interior me sugeriu que eu o torturasse um pouquinho... Soltei os nós do sutiã e Ethan voltou a olhar para mim.

“Não se importa né? Não gosto que fique a marca...” Sorri docemente. Ele limpou a garganta e desviou o olhar de mim de novo.

“Fique á vontade...” Ele deu de ombros.

Ficamos alguns minutos em silêncio, Ken e Luke estavam no outro lado da piscina, apoiado na borda, conversando e rindo sobre alguma coisa.

“Você vai torrar embaixo desse sol...” Ethan falou me olhando.

“Então seja bonzinho e passe protetor em mim.” Sorri para ele.

“Isso é sério?” Ele me olhou incrédulo.

“Muito sério.” Falei com a maior naturalidade do mundo. “Não alcanço minhas costas... Pelo menos não toda ela.” Peguei o vidrinho de dentro da bolsa e estiquei o braço para ele.

Ele o pegou da minha mão e levantou vindo em minha direção devagar. Sentei na cadeira cobrindo meus seios com o braço e ele hesitou dando um passo para trás.

“Droga Sophie...” Ele jogou o vidrinho no chão e puxou sua blusa para baixo numa tentativa fracassada de esconder sua ereção e eu comecei a rir. Homens... Ele se jogou na piscina, de camiseta e tudo, atraindo os olhares de Ken e Luke, que agora nos olhavam com diversão.

“Com licença senhorita...” Mariah se aproximou de mim com um telefone na mão. “Emily na linha, quer falar com a senhorita.” Ela disse educadamente.

“Ah, claro... Me ajuda aqui com meu biquíni.” Levantei ficando de costas para ela e ela fez os nós nele para mim e depois me entregou o telefone. “Obrigada Mariah.” Ela sorriu e saiu. “Oi Emily.”

“Primeiro, mil desculpas interromper. Estava louca precisando falar com a senhorita e Black me disse que foi passar uns dias fora, mas só estou ligando por que é urgente mesmo.” Emily disse.

“Imagina Emily, ligue quantas vezes for necessário. O que houve?”

“Lamar está complicando um pouco as coisas para nós, ele está se fechando com as informações e não temos como agir sem saber nada sobre esse processo.” Emily me explicou.

“Eu entendo, me coloque na linha com ele.” Parei próximo á piscina esperando Emily transferir a ligação.

“Eu já sei o que a senhorita vai dizer...” Lamar falou.

“Ah, que bom, me poupa saliva!” Disse com raiva.

“Olha, eu estou tentando fazer tudo funcionar ok?”

“Lamar, essa ideia de usar energia eólica foi sua... É um pessoal que já está na folha de pagamento e você parece que agora está em cima do muro. Não dá as informações que o meu pessoal precisa pra fechar esse contrato!” Gritei.

“Se acalme, está bem? Não desconte suas raivas em mim, se você está de TPM a culpa não é minha!”

“TPM? Meu filho você não viu nada, eu de TPM sou o completo satanás! E escuta aqui...” Senti alguém me empurrando e eu cai dentro da piscina, com telefone e tudo. Ethan estava parado em pé, fora da piscina, rindo de mim. “Alô? Lamar? Alô?” O telefone não dava mais sinal de nada. “Você está ficando louco?” Gritei.

“Férias. O que significa, sem trabalho.” Ele se abaixou e esticou a mão. “Devolve o telefone.” Aproximei-me dele fingindo que iria devolver o aparelho, mas ao invés disso o puxei para dentro da piscina também.

“Filho da mãe!” Sai resmungando da piscina e voltando para dentro da casa.

Passamos o resto do dia em casa, aproveitando a folga. Estava deitada no sofá, com Baby em cima da minha barriga e fazia carinho nele enquanto lia uma revista sobre economia.

“Como você consegue ler isso sem dormir?” Luke disse sentando no sofá de frente ao que eu estava deitada.

“Economia é uma arte Luke. Tenho o mesmo prazer de ler sobre economia e moda.” Disse sem desviar os olhos da matéria que estava lendo.

“Esses sofás são tão confortáveis...” Ken se recostou ao lado de Luke. “Vou querer o nome do seu decorador quando formos decorar nossa casa.” Ele colocou uma mão na perna de Luke que sorriu para ele. Nossa casa? Como assim?

“Eu achei que...” Os olhei tentando suavizar minha expressão de choque, sem muito sucesso. “É que... Bem, achei que iriam ficar no apartamento comigo.” Falei e Luke e Ken me olharam sem graça.

“É só uma ideia Sophie...” Luke falou.

“Nós só pensamos que seria bom ter o nosso próprio lar..." Ken disse.

"Eu fiz alguma coisa ou disse alguma coisa de que alguma forma chateou vocês?" Sentei colocando Baby do meu lado.

"Não!" Ken e Luke disseram ao mesmo tempo.

"Então por que vocês querem ir embora?" Falei exasperada.

"Nós só... Não foi por nenhum motivo especifico Sophie e não é nada certo, é só uma ideia que vamos amadurecer ainda, não fique chateada por causa disso, por favor." Luke levantou e se abaixou de frente a mim.

"Eu não estou chateada, só surpresa eu acho... Eu só não tinha parado para pensar nisso, quero dizer... Vocês dois irão casar e é normal que queiram um lugar só para vocês. Foi só um choque de realidade eu acho..." Esbocei um sorriso tentando não demonstrar que aquilo tinha me chateado.

"Está tudo bem mesmo né?" Luke perguntou.

"Claro que está! Está tudo ótimo!" Sorri e levantei. "Vou dormir um pouco, aproveitar minhas mini-férias." Andei em direção ao meu quarto e Baby veio atrás de mim.

Mais tarde, no mesmo dia, o sol já estava se pondo. Olhei para fora da minha varanda e decidi andar um pouco na praia. Baby veio comigo e caminhou ao meu lado na areia.

"Sabe Baby, acho que você é o único que vai ficar do meu lado para sempre..." Me abaixei e quando ia fazer carinho em sua cabeça, ele saiu correndo atrás de uns pombos, voltando em direção a casa, me abandonando ali sozinha. "É... Tá fácil pra mim não." Bufei e sentei na areia observando o mar.

"Estávamos te procurando!" Ouvi uma voz e virei o rosto avistando Ethan andando em minha direção. "Só estamos esperando você para jantar." Ele parou ao meu lado.

"Tudo bem, eu já vou." Voltei minha atenção para o mar.

"O que está fazendo?" Ele cruzou os braços.

"Só admirando...". Falei e ele sentou ao meu lado olhando para o mar também.

"O que está fazendo?" Perguntei.

"Admirando..." Ele piscou para mim e continuou a observar a paisagem.

"Muito lindo né?" Falei distraída.

"Sim..." Ele fechou os olhos e respirou fundo. "Perfeita definição de paraíso." Ele disse e eu sorri.

"Não sei como passei tanto tempo sem vir aqui...".

"E por que não vem aqui mais vezes?"

"Sempre coloquei meu trabalho em primeiro lugar então... Não sobra muito tempo." Dei de ombros.

"Algum motivo em especial para deixar o trabalho como prioridade?" Ele me perguntou e eu fiquei em silêncio pensativa por um instante, fazendo com que Ethan me olhasse.

"Queria que meu pai tivesse orgulho de mim." Conclui e me toquei que nunca tinha admitido isso em voz alta. “Quando eu estava na faculdade, eu me sentia tão orgulhosa quando falava que era filha de Richard Trammer. Mesmo tendo nossos problemas, sempre foi uma honra ter esse sobrenome... Só queria que ele sentisse o mesmo ao falar que é meu pai. Obviamente, trabalhar duro não deu muito certo.” Sorri amargamente.

“Ele sente orgulho de você. Qualquer pai sentiria orgulho de ter uma filha igual a você Sophie, ele talvez só não admite isso.” Ethan disse e eu desviei o olhar dele.

“Sempre que eu vinha pra cá, me sentia como se estivesse dentro de uma bolha. Como se ninguém pudesse me machucar e como se eu pudesse deixar tudo para trás...”.

“Por que está dizendo isso?” Ele me olhou confuso, eu suspirei e olhei para ele.

“Não quero voltar pra casa.” Esbocei um sorriso. “Voltar pra casa me traz de volta pra minha realidade e a minha realidade no momento, é um pouco deprimente.”

“A realidade pode ser difícil Sophie, mas é a verdade. Você é mais forte do que todas as mulheres que eu já conheci, vai conseguir superar tudo, não tem com o que se preocupar.” Ele pôs a mão em minha perna.

“Esse é o problema Ethan. Tô cansada de me fazer de forte. Por tentar mostrar pra todo mundo que nada me abala e que eu suporto tudo, as pessoas acham que podem fazer o que quiser que não vão me magoar. Mas, quer saber a verdade? Dói Ethan. Dói muito. Eu me sinto sufocada por tudo, por todo mundo.”

“Por que você precisa parar de carregar o mundo nas costas!” Ele se afastou sentando de frente pra mim. “Quando foi a última vez que conseguiu conversar sobre o que está sentindo? Eu vi você em casa depois de ser agredida pelo próprio pai e depois de descobrir que o namorado te traiu e Sophie, você não derramou uma lágrima sequer. Isso não é saudável! Você ao menos sentiu vontade de chorar naquele dia?”

“Fazia tempo que eu não sentia tanta vontade de chorar, como naquele dia.”

“Então por que você engole isso em seco? Não tem nada de errado em, de vez enquando, fraquejar. E não tem nada de errado em mostrar isso.” Ficamos um pouco em silêncio, eu estava perdida em pensamentos e podia afirmar que ele também.

“Você chorou?” Falei e ele levantou o olhar em minha direção franzindo a testa. “Por causa daquele dia do ataque a sua equipe... Você chorou?”

“Chorei. Ainda choro... Quase todas as noites e não tenho problemas em admitir isso. Não faz de mim um homem mais fraco, acredito que me faz mais homem.” Ele falou sério e a sua resposta me pegou de surpresa.

“Eu... Eu nem imagino como foi pra você.”

“Foi difícil. Eu perdi meus amigos, que eu considerava minha família. Eles confiavam em mim e eu sinto que falhei com eles, mesmo todos dizendo que não, é assim que eu me sinto. Fiz todos os tratamentos psicológicos existentes no mundo...” Ele sorriu. “E mesmo assim ainda não consigo dormir direito.”

“Estou me sentindo patética agora...” Escondi o rosto com as mãos.

“E por quê?”

“Por que eu estou aqui reclamando da minha vida, quando na verdade, meus problemas são só um pai que me odeia e uma vida amorosa fracassada. Você esteve numa guerra, é ridículo ouvir sobre meus problemas, parece tudo muito fútil.”

“Tivemos experiências diferentes, temos vidas diferentes.” Ele deu de ombros. “Eu te disse, sei que cicatriz é essa que você tem na barriga, fez uma cesárea.” Ele falou e eu arregalei os olhos. “Não precisa se preocupar, eu realmente não preciso saber. Passamos por coisas que não precisamos contar um para o outro. Só que não é preciso ir para uma guerra pra saber o que é dor e sofrimento. Uma guerra interna consigo mesmo consegue ser pior do que uma com armas e bombas.”

“Sabe...” Suspirei. “Acho que prefiro esse Ethan, ao Ethan galinha.” Disse e ele riu.

“O Ethan galinha é mais como um escape para mim.”

“Quer dizer, tipo uma dupla personalidade ou algo do tipo?”

“Não... Você disse que voltar pra casa te traz de volta a realidade. Ficar sozinho me traz de volta a minha realidade.”

“Então por isso você dorme com qualquer vagabunda que te dê chance?” Ele gargalhou jogando a cabeça para trás.

“Por isso, eu gosto de dormir acompanhado de belas mulheres, interessantes e inteligentes, que consigam conversar comigo sobre coisas além de que corte de cabelo vai estar em alta na próxima estação ou algo do tipo.” Ele sorriu e de repente ficou sério. “Não consigo dormir sozinho.”

“Figurativamente falando?”

“Não, literalmente falando.” Ele desviou o olhar de mim. “Se estiver sozinho, só consigo dormir depois de tomar remédio e mesmo assim, tenho pesadelos a noite toda. Estar acompanhado me faz lembrar que o pior já passou, que eu estou em casa agora.”

“Vai soar muito estranho se eu disser que te entendo? Por que, realmente isso faz sentido pra mim.” Falei e ele voltou a sorrir sentando ao meu lado novamente.

“As pessoas não entendem muito bem o que é passar por dificuldades assim, só quem viveu mesmo sabe como é. Já conversei com várias pessoas e até profissionais, mas...” Ele parou por um momento e olhou pra mim. “Agora, aqui com você, sinto pela primeira vez que alguém me entende de verdade.”

“Acho que eu me sinto do mesmo jeito também.” O olhei e depois me levantei estendendo a mão para ele. “Vamos, devem estar morrendo de fome e querendo nos matar por estarmos demorando.” Falei rindo, ele segurou em minha mão e levantou.

“Aposto 100 pratas que chego em casa antes que você.” Ele falou com diversão.

“Não é justo, você tem dois metros só de perna. Dois passos e você já está lá!”

“Vou te dar dez segundo de vantagem, valendo... Agora!” Ele disse e eu sai correndo rindo.


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