Bad Girl II escrita por Sweet Girl


Capítulo 13
Capítulo 12




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Passei os dois dias restantes de minha viagem evitando Adam. Como ele passava o dia na empresa, eu resolvi passear pela cidade, tirando fotos nos pontos turísticos (Eu estava merecendo um pouco de diversão, então, sim, resolvi agir como uma pessoa comum age quando está viajando). Radio City Music Hall, Battery Park, Estátua da Liberdade, Central Park e Rockefeller Center foram alguns de meus destinos. E enquanto eu caminhava pela rua, com a cabeça mais fresca, sentindo o ar ameno do outono, me dei conta de que a ameaça de meu irmão era vazia.

Adam jamais faria nada para prejudicar a própria empresa, ele não era idiota. Mesmo me odiando, e não querendo que eu tivesse participação nos negócios, ele jamais daria um tiro no próprio pé. No entanto, isso não significava que ele manteria segredo sobre o que sabia, pelo menos quando se tratava das pessoas de nossa família. Ele jogaria meu nome na lama e exporia meus pecados com todo o prazer.

Era por isso que eu precisava apresentar uma contraproposta. E seria agora. Chamei um táxi e dei o endereço da Technologies Olsen, já pensando no que diria quando chegasse lá.

Paguei ao motorista quando o carro parou, e respirei fundo, ajustando minha roupa. Para meus padrões habituais, eu estava bem vestida: uma calça preta, uma blusa cinza de mangas compridas e coturnos. Não era um visual de executiva, mas dava para o gasto.

Entrei no prédio como uma tempestade se anunciando, olhar carregado de ira, passos rápidos e duros contra o chão, esbarrando nas pessoas sem pedir desculpas. Apertei o botão para chamar o elevador, sentindo-me carregada de energia negativa. Ninguém se arriscava a olhar em minha direção. Melhor assim.

Contei os segundos enquanto o elevador subia. Ao meu redor, as pessoas se encolhiam para os cantos.

Quando as portas finamente se abriram, eu caminhei com determinação pelo corredor, parando apenas quando Margareth quis se intrometer em meu caminho.

– Sr. Olsen não pode lhe receber agora - disse ela, com a voz um pouco falha. Isso mesmo, tenha medo de mim. Eu sou perigosa, sinta como minha aura está negra.

– Estou pouco me lixando para isso! - Falei ao passar por ela, ignorando seus protestos atrás de mim. Escancarei a porta com força, fazendo-a bater na parede, e Adam levantou os olhos para mim, interrompendo a leitura dos documentos que estavam em suas mãos. - Vá procurar outra coisa para fazer, Margareth, nossa reunião vai demorar, e não quero que você esteja no mesmo andar que eu! - Ela ficou estática no lugar em que estava. - Agora! - Gritei. Ela se atrapalhou um pouco, mas desapareceu no corredor.

Bom.

Fechei a porta com pouco mais de cuidado, e me virei para encarar novamente meu irmão.

– Quem te deu o direito de falar com minha funcionária assim? - Questionou ele, erguendo-se da cadeira e vindo ao meu encontro.

– Eu falo do jeito que quiser, esta empresa também é minha, e sua secretária é uma imprestável que colabora com suas falcatruas!

– Inacreditável. - Adam murmurou. - Nem quando a corda está em seu pescoço você deixa de ser prepotente e arrogante!

– A corda não está em meu pescoço, querido. Estou aqui para dizer que não venderei minhas ações para você. Nem sob meu cadáver, deixaria você ter tamanho poder!

– Ah, então você não se importa que o mundo inteiro saiba as coisas que você faz, o modo sórdido como age? Eu não sei como você consegue dormir à noite, Anika!

– Convenhamos, Adam, você jamais iria prejudicar a empresa, não importa o quanto me odeie e queira me ver pelas costas. Seria idiotice, e você não é idiota. Pelo menos, acho que não. - Dei mais alguns passos para dentro do escritório e me encostei em sua mesa, do lado oposto ao que ele estava. - E não, eu não tenho problema nenhum para dormir. No entanto, não foi para falar sobre isso que vim aqui. Eu tenho uma outra proposta para você. Algo que beneficiará nós dois, mas que não me fará perder todos os direitos sobre a empresa.

– Estou ouvindo. - Ele cruzou os braços e respondeu a contragosto.

– Como você bem sabe, nosso pai dividiu os 75% que possuía entre você, Clarisse e eu. Mamãe passou as ações dela pra mim e eu comprei mais algumas, totalizando meus 53% atuais...

– Tudo isso eu já sei, Anika - ele me interrompeu. - Será que dá para chegar logo à proposta? - Ele fingiu um bocejo. - Eu estou ficando cansado aqui.

Revirei os olhos.

– Claro, como quiser. - Rebati. - Eu estava pensando em lhe vender apenas 15%, o que faria com você ficasse com 52%, tornando-se assim o acionista majoritário e com maior poder de decisão do que já tem. Assim, eu não perderia totalmente meus direitos aqui na empresa.

– Você não acha que isso foi muito pretensioso da sua parte? Saímos de uma proposta onde eu deteria 90% das ações, e agora passo a ter apenas 52%?

– Isso é muito mais do que você merece! - Esbravejei. - Você não tem direito de querer me deixar sem nada. Papai queria que mamãe e eu estivéssemos garantidas.

– Você não ficaria sem nada! Teria muito dinheiro. Dinheiro para gastar como bem entendesse. Eu só quero você fora da minha empresa! - Ele estava com o rosto vermelho, lívido, e eu tinha certeza de que eu também deveria estar assim.

– Isso não vai acontecer nunca! Nunca, está me ouvindo?! - Gritei, já meio sem fôlego. Meu coração estava acelerado, a respiração entrecortada. - Se não aceita minha proposta, então não temos mais nada para conversar. Estou voltando para casa.

– Tem certeza de que quer ir assim, com as coisas mal resolvidas? - Perguntou ele, estreitando os olhos. - Não tem nenhum pouquinho de medo do que posso fazer com as informações que sei? Posso não ser idiota para usá-las contra a empresa, mas ainda posso divulgá-las para seu namoradinho novo. Como é mesmo o nome dele? Will, não é? O filho do dono da McCoy Enterprises?

– Você não ousaria!

– Acha mesmo? Eu não teria tanta certeza assim, Anika. Eu não tenho nada a perder, já você...

– Tudo bem, já chega! - Explodi, jogando as mãos para cima em exasperação. - Eu não vou vender tudo, então se não gostou da proposta que fiz, faça outra!

– 25%.

– O quê?

– Venda-me 25% das suas ações e eu me darei por satisfeito. Pelo menos, por enquanto.

Fechei as mãos em punhos ao lado do corpo. Maldito! Eu ficaria em grande desvantagem se fizesse isso, mas que escolha eu tinha? Já havia muito com que lidar, entre Could, Will e Clarisse, eu não podia acrescentar Adam à equação; não podia ficar preocupada que ele também fosse tentar atrapalhar meus planos.

– Okay, você venceu - disse, em um suspiro derrotado. - Eu vendo os 25%.

– Vou falar com meu advogado para realizarmos a transação. - Ele deu um sorriso vitorioso. Tive vontade de socar a cara dele. - Foi ótimo negociar com você, irmãzinha.

– Vai se ferrar! - Gritei, me desencostando da mesa e caminhando em direção à porta. - E é melhor que jatinho da empresa esteja pronto em meia hora, porque eu estou indo embora agora!

A última coisa que ouvi quando saí da sala foi sua risada.

***

Passava um pouco das duas da tarde quando parei em frente ao prédio de Shantaw. Eu estava cansada, física e emocionalmente, e tudo que queria neste momento era poder deitar e dormir indefinidamente. Infelizmente, isso não era algo que eu pudesse fazer. Eu precisava me colocar em dia sobre os acontecimentos enquanto estive fora, para traçar novas estratégias. O mundo não havia parado só porque eu estava fora, mesmo porque, se minha vida tinha dado um giro de 180° enquanto estive em Nova York, muita coisa podia ter rolado por aqui.

Peguei minha cópia da chave na portaria e digitei o andar de Shaw no painel do elevador. Fechei os olhos e encostei minha cabeça na parede, enquanto subia, tentando limpar minha cabeça dos pensamentos sobre os últimos acontecimentos. Eu tinha mais para me preocupar do que com o simples fato de que, agora, Adam iria possuir 62% da empresa, e eu apenas 28%. Nem sempre as coisas podiam sair do modo como gostaríamos, eu sabia.

Puxei a mala atrás de mim, assim que saí do elevador, sentindo o som das rodinhas contra o chão começarem a me irritar, e me dirigi à porta do apartamento. Destranquei rapidamente a fechadura e segui para o mesmo quarto que havia usado no domingo. Eu nem ao menos sabia se este seria mesmo o meu quarto, ou se havia algum outro desocupado que Shantaw preferia que eu ocupasse, pois não conhecia bem o apartamento e não estava a fim de fazer um tour naquele momento.

Deixei a mala ao lado da cama e me deitei, tirando meus sapatos antes para ficar mais confortável. E, embora pretendesse apenas repousar da viagem, logo senti meus olhos pesarem, fechando-se contra minha vontade.

Acordei algum tempo depois, não sabia dizer quanto, um pouco grogue e desorientada, sem saber onde estava. Demorou alguns segundos para que me lembrasse de que estava na casa de Shantaw. Peguei meu celular na mesinha de cabeceira e vi que eram quase quatro da tarde. Ouvi um barulho, e presumi que fosse o que me acordou. Me levantei e segui para fora do quarto, Shaw estava mexendo em algo na cozinha.

– Anika! - Ela exclamou assim que viu parada, meio sem jeito, do outro lado da bancada. - Você chegou cedo, pensei que só viria à noite.

Correspondi o abraço que ela veio me dar e me afastei, colocando uma mecha de meu cabelo atrás da orelha.

– Se eu soubesse para o que era, de verdade, essa viagem, eu nem teria ido. - Resmunguei, me acomodando em um dos bancos.

– Já vai reclamar do seu irmão?

– Shaw, até entendo que você tenha uma paixonite por aquele idiota. Mas isso não significa que tenha de ficar cega para as coisas que ele faz. - Ela colocou o copo de água que estava bebendo na pia e arqueou as sobrancelhas. - Você não vai acreditar no que ele me fez fazer!

– Estou ouvindo - cruzando os braços, ela se recostou na bancada.

Respirei fundo, tentando controlar o ódio que ainda sentia em meu interior.

– Aquele babaca me fez vender 25% das minhas ações para ele!

– Como, exatamente, ele te fez fazer isso? - Shaw questionou. - Fez alguma ameaça, chantagem?

Merda! Como eu poderia contar isso a ela sem me complicar no caminho? Estava ferrada.

– Digamos apenas que ele não me deixou outra escolha. - Respondi, evasiva.

– Anika, vamos deixar claro algumas coisas, agora que você vai morar aqui. - Ela me olhou séria. - Se vamos mesmo compartilhar uma casa, isto significa que você não pode ficar falando por enigmas. Não quer falar tudo sobre um assunto, não o comece; claro que você tem direito a não compartilhar tudo comigo, não é isto que estou dizendo, mas você continua se esquivando de minhas perguntas e está começando a ficar chato.

Piquei uma, duas vezes. Nossa, por essa eu não estava esperando. Ganhar uma bronca da Shantaw não havia passado pela minha cabeça.

– Acho que é melhor eu falar as regras da casa, antes de continuarmos a conversa - Shaw prosseguiu. Eu ainda estava pasma, não conseguira nem abrir a boca. - Primeiro de tudo: as contas serão dividas meio a meio; segundo, eu não gosto de bagunça, então espero que você colabore para que o apartamento esteja sempre arrumado; terceiro, sábado é o dia oficial da faxina, portanto, nem que passemos a noite em claro, se aparecer algo para irmos, mas a casa tem que ser limpa. Ah, antes que eu me esqueça, nada de trazer estranhos para casa. E isso vale para mim também. - Ela tomou uma longa respiração para recuperar o fôlego perdido durante seu discurso. - Bem, já que tudo está esclarecido, que tal voltarmos à conversa anterior?

– Espere um pouco, Shantaw - falei, erguendo a mão. - Você não pode me bombardear com essas regras e esperar que eu volte ao assunto anterior sem antes comentar algo sobre elas.

– Okay, o que você quer falar?

– Bem, eu concordo com todas as regras que você disse, mas tenho que admitir que essa última foi um pouquinho inesperada. Eu nunca trago estranhos para casa. Sempre mantive meus encontros casuais bem longe da minha vida cotidiana. - Suspirei. - Olha, eu entendo que sou meio que uma intrusa aqui, não precisa se preocupar, jamais vou interferir no que você faz aqui, e sempre vou dar privacidade para você e o Jack.

– Anika, não é nada disso. - Shantaw apressou-se em dizer. - Eu não quis ofendê-la, e nunca mais diga que é uma intrusa. Essa casa é tão minha quanto sua. Me desculpe se o modo como falei deu a entender outra coisa, mas é que você tem mantido tantas coisas de mim, e isso está acabando comigo. Já fomos melhores amigas no passado, e pensei que ainda poderíamos ser.

– Ainda somos, Shaw. Você é a única pessoa em quem confio. No entanto, tem coisas que são difíceis demais para colocar em palavras. Mas você está certa, eu tenho que parar de falar em enigmas. - Prendi o lábio inferior entre os dentes, enquanto cruzava e descruzava as mãos sobre o balcão. - Adam organizou uma armadilha para mim, Shantaw, toda esta viagem não passou de uma emboscada. Ele quer se ver livre de mim e forjou provas para me encriminar, coisas que eu não tenho como provar que são mentira, e ameaçou expor tudo e afundar a empresa, se eu não concordasse em vender minhas ações para ele.

– Eu não consigo imaginar o Adam sendo capaz de fazer uma coisa dessas. Ele parece ser tão íntegro e ...

– Ah, então, você está dizendo que eu sou uma mentirosa?! - Ergui-me da banqueta, de súbito, com raiva porque minha própria amiga não acreditava em mim. Tudo bem que eu era mesmo uma mentirosa e esta versão me mostrava mais como vítima do que a realidade, mas o que contava era que Adam armou sim uma emboscada para mim. O fato de as provas que ele tinha serem verdadeiras era redundante.

– Não é isso, Anika. É só que é difícil de acreditar que ele faria algo que pudesse prejudicar a própria empresa!

– O Adam me odeia, e não sei se ele teria mesmo coragem de fazer isso, mas eu não podia correr o risco de deixar que houvesse essa hipótese! - Minha voz estava alterada, e todo o meu corpo, tenso. Eu precisava extravasar tudo o que estava querendo implodir dentro de mim, desde o dia em que pousei em Nova York.

Sem proferir mais nenhuma palavra, me virei e comecei a andar para fora da cozinha.

– Anika, aonde você vai? Ainda não acabamos de conversar!

– Não estou com cabeça agora, Shaw. Preciso sair.

Entrei em meu quarto e puxei a mala para cima da cama.

Só havia um lugar onde poderia ir para me livrar de toda esta tensão.


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Notas finais do capítulo

Mais um capítulo sem o pp. Quem está sendo falta do Could? Próximo capítulo promete, é só o que digo rsrsrsrs



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