Árvore

— Shindou Takuto, já lhe disse que eu irei colocar a estrela lá no topo! — riu ao brincar, tomando o objeto dourado das mãos do amigo.

— Você fez isso natal passado, Taynan! — os resmungos foram proferidos também entre risadas, calmas, leves, alegres. Suas vozes se misturavam em meio a uma felicidade infantil.

Naquele momento os dois podiam ser comparados a crianças, brincando e cantando juntos. Enquanto montavam a tão amada árvore nem o cheirinho da comida lhes chamava a atenção.

O frio que fazia do lado de fora não os importava, corriam e brincavam por entre os flocos brancos sem problema nenhum. Os ventos pareciam sibilar uma canção em seus ouvidos, era como se tudo fosse o mais perfeito possível.

Encostaram-se numa árvore. Não tinha nada a ver com o pinheiro que tinham dentro de casa — este quase todo decorado —, apenas uma árvore comum.

Taynan aninhou-se ao corpo do rapaz, sentindo os cabelos lisos serem carregados pela brisa gelada daquele inverno. Voltou os tão brilhantes olhos para a planta que se erguia acima deles, uma ideia lhe vinha à cabeça.

— Takuto... — chamou, fazendo-o abaixar a cabeça para encara-la. — Por que não decoramos essa aqui, em vez da outra? — sugeriu, vendo o garoto franzir o cenho, confuso.

— Pra que? Já temos a que está lá dentro, e logo iremos acabar! — a sugestão não lhe parecera nada boa, mas como recusar a carinha fofa e pidona feita pela menor? — Ah, tá bom! — emburrado se levantou, acabando por derruba-la na neve macia. Os gritos de protestos da menina só o faziam rir.

— Maldito, você vai me pagar! — tentou acerta-lo com uma bola de neve, acabando por falhar. — Ei, quem mandou desviar? — riu ao jogar outra, e mais outra.

Risadas enchiam os ouvidos enquanto as decorações eram levadas para fora, xingamentos eram pronunciados ao escalar daquela árvore no quintal. Uma curta briga foi criada, novamente por causa da estrela dourada.

— Já disse que eu vou colocar! — a moça insistiu, recebendo apenas um sorriso irônico.

— E por que eu deixaria? — perguntou ao arquear se sobrancelha, recebendo uma resposta não só imediata, como inesperada. Lábios quentes. Lábios doces.

Se separaram logo, acabando sua discussão ali. Uma mão sobre a outra, colocaram pequeno brilhante no topo juntos. Aquele natal seria mais doce do que imaginavam.