Neve.

Branco e neve. Neve e branco. Nisso se resusmia a limitada visão de Hikari. A jovem abriu a janela, podendo sentir a brisa fria cortar seu rosto delicado, brincando com seus cabelos brancos, fazendo-a semicerrar os olhos esmeraldinos. Quando parou a fechou novamente, soprando contra o vidro que ficou imediatamente embaçada.

Resolveu que sairia dali, talvez voltar para perto da lareira fosse uma boia ideia. Começou a andar, parando poucos passos à frente. Voltou-se novamente para a imagem do branco que tudo cobria, sentindo-se tentada a sair.

Bem, ninguém iria notar sua ausência por alguns minutos, não é?
Sorriu com os próprios pensamentos, abrindo a porta com extremo cuidado, tudo para não chamar a atenção. Em pouco tempo estava fora de casa, contemplando o gelo que caia dos mais alto Céu azul.

— É tão lindo... — murmurou, os orbes esverdeados brilhavam com o pensamento. Tirou as luvas rapidamente, sentindo os flocos gélidos tocarem sua pele e um arrepio envolver todo o seu corpo. — E frio. — completou rindo, ergueu a cabeça para observar os poucos pássaros que ainda se arriscavam a voar.

Recolheu as mãos por um minuto, levando-as ao peito, imaginando o quão aqueles animais estavam livres. Sentiu, de repentye, ser tomada de grande calor, se vendo obrigada a virar-se para trás. Encontrando-se com ele.

— Shirou? — sibilou, surpresa. — O que faz aqui fora?

— Eu é que lhe pergunto. — tocou o ombro da jovem, fazendo-a se encolher diante ao toque. — Quer ficar gripada, garota? Está frio. Está nevando, Hikari.

— Sim, eu sei... Mas eu gosto da neve... — a resposta veio docemente. Ele não pode evitar sorrir, não existia dama que fosse como ela. — Por favor, Shirou.

— Ah, está bem! — coçou a nunca, aproximando-se do rosto delicado da moça, esta que corou com um tomate. — Só se você deixar que eu te aqueça. — a envolveu num abraço repentino, algo que Hikari definitivamente não esperava.

Mesmo com o susto aquilo não podia ser melhor. Retribuiu o gesto, fechando levemente os pequenos olhinhos. Tudo estava ótimo, de uma forma que não podia ser melhor... Isto é, até que sentiu os lábios dele repousarem sobre o seu.

Não soube como corresponder, por isso deixou que o rapaz fizesse tudo — ou quase tudo — sozinho. Não conseguiria estar mais ruborizada, sequer teve coragem para encara-lo depois disso.

— Ei, Hikari. — chamou, recebendo apenas um olhar de canto.

— Uh? — apenas arqueou uma sobrancelha, curiosa. Fubuki esboçava um sorriso brincalhão. Pelo menos isso era o que sua capacidade de enxergar daquela forma lhe permitia.

— Você quer brincar na neve?