Preces de Braun escrita por hwon keith


Capítulo 9
Especial Halloween


Notas iniciais do capítulo

se passa num futuro apocalíptico, então obviamente vai ficar confuso ~



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Fumaça de tom levemente acinzentado inundava o cômodo amplo, vencendo em disparada contra as pobres vias aéreas da bruxa baixa. Essa última tossia e espirrava, os olhos inundando com lágrimas, tentando inutilmente manterem-se abertos.

– VAI TE CAGAR JAMIE, EU TO MORRENDO ASFIXIADA – elevou a voz com dificuldade, o tom furioso, gritando entre pausas, essas causadas pelas tosses.

A demônia loira simplesmente respondeu um breve “espera”, levando a amiga soltar um gritinho de exasperação.

De quem foi porra da ideia de testar o feitiço demoníaco que criava colunas fantasmagóricas de fumaça em formato de espíritos? De Gah. É claro.

Porque ele não entendia bosta nenhuma que gás carbônico expelido meio que envenenava sistemas respiratórios alheios.

– EU VOU MORRER JAMIE – Noka choramingou, quando conseguiu controlar uma sessão abissalmente longa de espirros.

– Ta – foi só o que recebeu ao seu drama.

O mais novo da linha de sucessão dos Braun arrumava-se com esmero defronte ao grande espelho antiguíssimo de cerejeira, presenteado por um parente distante, o qual fora um grande demônio influenciador na Idade Média, criando bruxas com pactos e logo após denunciando-as, levando-as a serem queimadas na fogueira, tudo aquilo pelo divertimento do homem.

Sim, os Braun sempre foram uns grandíssimos filhos da puta.

Nick afofou a cabeleira loira após penteá-la pela segunda vez, agora considerando-a adequada. Alisou a face macia e pálida, hidratada após aplicar uma poção medicinal sua, a qual fortalecia a epiderme. As bochechas encontravam-se naturalmente coradas, combinando consideravelmente com seu look arrasador.

Obviamente estava de Channel de Scream Queens. A bermuda um pouco acima dos joelhos era de um tom rosado claro, uma camisa de um rosa mais escuro com mangas, um casaquinho felpudo ao redor dos ombros pontudos. O tênis era mais simples, branco puro, porque possuir um sapato rosa já era demais até pra ele.

Pensando no que seus boys pensariam da vestimenta, Nick sorriu pra si próprio, saindo do quarto simplesmente desfilando, pronto para usar os melhores quotes disponíveis da personagem que interpretava contra o desgraçado do Gah, enquanto girava entre os dedos o facão que se apropriara da irmã.

Descendo calmamente pela escada de finíssimo glamour, encontrou o temido amiguinho nojento da bruxa descansando numa poltrona poucos metros dali

– Bom noite, idiota – cumprimentou-o.

Nick parou por um momento, perdendo a compostura, tentando analisar que porra de fantasia aquele retardado estava usando (porque já era um choque absurdo que ele se prestou a entrar no clima de Halloween).

– Mas que bosta é essa, Gabriel – Nick comentou, aproximando-se incrédulo, dando uma volta ao redor do caçador, o qual virou-se para ele com tédio no olhar.

– É bem óbvio, na verdade – recebeu como resposta. Claramente o homem já estava saturado de simplesmente se vestir para a ocasião, então nem fazia questão de colaborar com outras coisas (talvez Noka tivesse-o obrigado a vir).

Nick concentrou-se. Observou o tom agora acinzentado da pele do outro, imaginando algo como monstro do concreto ou algo assim. Apenas quando percebeu um anel dourado posto no anelar da mão direta do garoto foi quando ligou os pontos.

Nick gritou chocado.

– MEU DEUS DO CÉU QUE BOSTA GABRIEL, EU NÃO ACREDITO, TU TA RIDÍCULO – exclamou, a voz elevando-se num falsete puro que certa cantora invejaria – SMIGOL, EU TO PASSANDO MAL... – o tom diminuiu consideravelmente até virar um silêncio perplexo.

Gabriel desconsiderou todo aquele drama, apenas suspirando entediado.

– Só tinha mesmo disponível uma poção colorante e o anel roubei do Cleitin – explicou, descansando o queixo numa mão.

Nick apenas moveu o braço num gesto amplo, ilustrando como não conseguia acreditar naquilo tudo ainda.

– Quando eu acho que tu não pode piorar, tu piora – desabafou, a voz fraca.

Gah bocejou.

Jamie arrumou meia milésima vez o short curto, observando se os fios loiros estavam adequadamente pintados. Sua amiga bruxa, essa largada sobre a cama larga e bagunçada, rolou os olhos com tudo aquilo.

– Ele não ta enfiado no teu cu, ta perfeito Jamie – comentou, começando a perder a pouca paciência que lhe restava.

A demônia concordou com um aceno breve, checando agora a meia calça arrastão.

Noka levantou-se um pouco, apoiando o peso nos cotovelos, observando a amiga com um olhar analítico.

– Tu fica realmente boa de Arlequina. Devia pintar teu cabelo de azul mesmo – falou, entretida.

A mulher virou-se para a outra, considerando as palavras, pois mantinha um olhar pensativo.

– Quem sabe. Daí tu faz uma tinta poção, ne? Deve durar bastante.

Noka concordou, sorrindo. Jamie sentou na ponta da cama, começando a colocar a bota preta alta. Seu taco de baseball residia encostado na parede, esperando para ser pego.

Após alguns segundos de silêncio, Noka pôs de pé, arrumando as vestes minimamente amassadas. Ajeitou a alça do sutiã que insistia em cair sobre um ombro.

Jamie olhou-a, duvidosa.

– O que é tua fantasia mesmo?

Noka encarou-a.

– Pistoleira – ilustrou a palavra puxando uma pistola verdadeiro do cinto de armas, girando-a entre os dedos, depois colocando-a novamente no lugar.

Jamie soltou um “ah é” mínimo, voltando a prestar atenção em seu sapato. A bruxa encaminhou-se até o espelho alto, penteando com os dedos os cabelos rosados claros, ajeitando a camisa perolada de mangas compridas que imitava perfeitamente os tempos antigos onde haviam xerifes como dos filmes americanos tanto gostavam de mostrar, a calça de couro caramelo de couro indo até sua cintura, uma bota de salto pequeno subindo até pouco abaixo dos joelhos.

Noka observou seu tórax, curiosa.

– Essa camisa me deixa peituda? – perguntou para a amiga, sem tirar o olhar do próprio corpo.

Jamie parou de arrumar o sapato e analisou-a, depois voltando ao seu afazer anterior.

– Ela faz o que é possível, não milagres.

Noka tacou uma pistola na cara da demônio, puxando um riso da que levou o golpe, que apenas soltou um “ue” breve.

A campainha tocou alguns pares de vezes antes da porta de cerejeira perfeitamente encerada ser aberta. Um Gah bem sem vontade de viver residia atrás, abrindo espaço para os novos visitantes.

Um homem alto, cujos cabelos eram finos e pretos e possuía reconhecíveis olhos puxados com olheiras adentrou lentamente, seguido por seu parente mais baixo, os olhos grandes e parecidos com uma coruja, após cumprimentarem educadamente Gah, que apenas soltou um “oi” sem graça.

Assim que entrou no hall Zi fixou sua atenção até o amigo da dona da casa, parecendo surpreso.

– O que é sua fantasia? – indagou, sinceramente interessado. Soo parou ao seu lado, olhando para o caçador também, tentando adivinhar que merda era aquela que ele estava usando.

Gah simplesmente olhou para a dupla de irmãos e deu de costas, saindo do hall, deixando-os ali.

Zi piscou, já Soo franziu as sobrancelhas numa carranca, irritando-se. A desfez rapidamente quando ouviu certa voz próxima, essa também irritada, soltando um “seu idiota tu ta aqui pra receber as pessoas, faz o teu trabalho pelo menos, inútil”, seguida por um gritinho exasperado que ficou cada vez mais alto quando o dono da voz aproximava-se do local.

Zi rolou os olhos no exato momento que Nick entrou, porque Soo congelou no lugar e encarou o loiro com um misto de admiração e odioso interesse.

Nick desmanchou a carranca furiosa no exato segundo que vislumbrou o crush. Arregalou os olhos, sorriu nervoso e aproximou-se, nem por um segundo voltando sua atenção a Zi.

O momento seguiu em silêncio desconfortável para o lobisomem, porque ambos irmão e crush do irmão olhavam-se sem saber o certo o que fazer.

Para o bem ou para o mal o momento quebrou-se, porque um certo ser entrou na casa batendo a porta, mantendo no rosto um sorriso debochado que coloriu-se com cinismo quando assim viu Zi parado ali. Cumprimentou-o, sabendo que irritara-o, e conseguiu, pois o olhar do lobisomem ficou sério.

Kim girou para Nick e Soo, sorrindo um cumprimento. Gah então voltou até o hall, pressentindo o amigo, e ambos demônio e caçador trocaram um abraço curto especifico de homens, aquele que um dava uma batidinha nas costas do outro. Trocaram cumprimentos rápidos e interessados, Gah parecendo muito mais disposto a estar na mansão agora que o lindo migo havia se juntado ao bando.

Nick expirou, subitamente entediado.

– A festa do pijama dos BFF é semana que vem – comentou, cruzando os braços.

Kim riu.

– Por acaso interrompi o momento do casal? – fingiu surpresa, deixando a boca aberta num “O” odioso – Perdão. Podem fingir que não estou aqui.

Soo olhou-o seriamente, porém Nick balançou a cabeça desinteressado.

– Não quero transar na sua frente. Me broxaria.

Kim gargalhou. Foi só então que Nick percebeu o que falara, encarando um Soo que estava vermelho, virando rapidamente para um Zi com aparência traumatizada e um Gah enojado.

– Broxar quem? – salvando o instante horrível, uma Jamie aproximou-se com passos largos, o taco de baseball descansando em seu ombro. Estava alguns centímetros mais alta do que já era, por causa do salto.

Sorriu para Kim, os dois trocando um cumprimento breve. Encarou todos ali presentes, querendo saber o que havia ocorrido.

Foi o outro demônio que lhe respondeu, soltando um gritinho da garganta do bruxo loiro e uma expressão ainda maior de mal estar em Zi.

– O irmão da tua amiga estava querendo dar pro Soo, só isso.

Jamie não pareceu surpresa, fazendo Nick gritar um “PELO MENOS EU DO, E VOCÊ QUE É UM VIRGEM?”, fazendo o homem rir novamente.

Foi então que a última restante juntou-se ao grupo, cruzando os braços.

– Parem de bullynar meu irmão. Esse é o meu trabalho – estava sinceramente incomodada, colocando-se ao lado de Jamie, essa a qual descansou seu braço sobre o ombro da amiga.

Kim aumentou seu sorriso para a bruxa enquanto Zi parecia fascinado. Gah, por outro lado, parecia ainda mais enjoado.

– Tu ta estragando toda a minha visão falsa que tu era uma moça de família.

Enquanto Noka sorria um simples “problema não é meu que tu era iludido”, Nick rolou os olhos.

– Halloween é a única noite do ano que uma garota pode parecer totalmente puta e outras garotas não podem falar nada sobre isso.

A bruxa concordou com o irmão. Foi então cumprimentar todos com leves beijinhos na bochecha, demorando-se de propósito em Kim e Zi, roçando-se neles, fazendo Nick comentar baixinho um “cachorra mesmo meu deus”, passando despercebido por todos menos por as audições aguçadas de Zi e Kim, especificamente aqueles que não deviam ouvir.

Enquanto Kim parecia agradado, Zi parecia ao ponto de desmaiar.

O bruxo loiro cruzou os braços farto daquela situação, recebendo um olhar entendedor de Soo, o qual olhou com muito mal disfarçado interesse.

E foi naquele segundo fofinho que a porta abriu pela última vez na noite, mostrando um homem alto retirando seu chapéu de veludo, vestido elegantemente como o amor misterioso de Sailor Moon, até mesmo com a máscara preta.

Nick engasgou na saliva, olhando para um Dong intocavelmente perfeito, colocando no chinelo a fantasia barata de gato de Zi, a o que devia ser do menino do grito de Soo, porque estava simplesmente com roupas pretas e com pó branco na cara e olhos contornados de preto, a caríssima de Harry Potter de Kim, embora não muito bem costurada, e nem preciso comentar a lindíssima e original de Gah.

Cortando o clima com irritação, Soo virou-se para as coluna de fumaça que já haviam ali quando havia entrado, mas que agora pareciam mais grossas e volumosas.

– O que é isso?- perguntou à Noka, que quando percebeu sendo indagado arregalou os olhos surpresa antes de entender a pergunta.

– Ah – soltou – É um feitiço que Jamie fez. Invoca espíritos em formato de fumaça. Como é Halloween a fronteira dos vivos e mortos está mais tênue, então é bem fácil pegá-los.

Soo concordou interessado. Era irmão de Zi, esse quando criança sendo transformado em lobisomem, e humano. Embora o parente conhecesse o mundo das sombras, ele próprio não o fazia, e qualquer vislumbre do novo universo vindo dos pertencentes a ele era bom de se conhecer. Por isso curtia conversar com a irmã do nam – DO AMIGO.

Soo observou mais atentamente as colunas negras e trêmulas, franzindo as sobrancelhas.

– Era pra ter esse cheiro de queimado?

Noka calou-se. Lentamente virou-se para Jamie.

– Tu desligou o fogão depois de esquentar a poção...?

Jamie respondeu com um olhar alarmado, correndo para a cozinha, no mesmo momento que a panela tão bonitinha de cerâmica amarela explodiu sobre o fogão, inundando a mansão toda rapidamente com uma fumaça preta tóxica.

Enquanto Nick deslizava em direção ao chão, assim como todos os presentes, estragando toda a noite que poderia ser maravilhosa, onde quem sabe daria uns beijos louquíssimos nas boquinhas lindinhas de Dong e Soo, sentiu de algum modo uma sensação de dejá vu, estranhamente familiar.


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