Preces de Braun escrita por hwon keith


Capítulo 10
Escapando fáticos assombros




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/576261/chapter/10

Faz muito que não dou a graça da minha presença aqui, e creio que suscitei saudades. Quem sabe? Não saberei, porém. De qualquer maneira, continuarei o que já sei fazer de melhor: Reclamar nas narrações de coisas que desgosto.

Há poucas coisas que desprezo (adicione um ódio descarado) mais do que clichês. Simplesmente o negócio das situações é a ansiedade do novo: “O que vai acontecer? Puta merda, CARALHO, EU NÃO ACREDITO”. E então vem aquela sensação tediosa de reconhecimento pelas nuances das ações, prevendo o resultado óbvio. Detesto. VAI SE FODER. Não aguento.

Já me afastei de muitos acontecimentos sabendo o que iria resultar. Sempre acertei, desculpe minha prepotência: Foi muito perceptível. Saí lentamente do lugar, irritado e cansado, já que havia posto expectativas muito que bem esmagadas. Não costumo enaltecer minha inteligência, já que em muitos momentos a peco, porém, ali, não tinha como eu errar: Até uma pedra muito passiva se tocaria na hora.

Por tais razões explicadas do meu horror ao clichê que há muito tempo deixei de observar os humanos: Suas emoções e gestos transpiram o repetitivo. Já gastei toda a paciência milenar que eu possuía, entretanto. Corro deles como dizem que o Diabo corre da cruz.

A última comparação bem extremista, devo enaltecer.

Mas, ultimamente, no meu tédio chato onde não tenho nada de útil (antes eu usava o fútil, mas nem isso agora me satisfaz), costumo observá-los. Algumas vezes acho umas pérolas, como as de agora.

Beberico meu café enquanto desenrola a cena. Já cansei de fumar, fora um passatempo rápido. Sorrio lentamente, pressentindo o incomum.

Afogando-se nas escuras lembranças conturbadas, em vão tentando retornar à superfície da lucidez dentre as ondas de um turbulento sonho, agitou metaforicamente seus braços, esses substituídos pelas forças impregnadas de despertar. Arranhou as paredes transparentes da inconsciência, um par de olhos escuros de plano de fundo, pintados com preocupação.

Quando percebera, estava acordado, encarando um Dong pálido.

– Achei que estava morto – recebeu como primária recepção, sentindo os dedos longos e quentes do homem apertando a base do rosto sudorético e desprovido de cor do bruxo, como se tentasse de algum modo impedi-lo de desmoronar, apertando-o assim.

Nick girou os olhos rapidamente para os lados, preocupado. Recebeu ainda mais uma pressão contra as orelhas, o homem tentando acalmá-lo, não o deixando sentar-se.

– Você está fugindo de alguém – afirmou com convicção o homem – Mas ninguém veio atrás de você durante o momento que ficou desacordado, somando uns 9 minutos. Sem movimentos estranhos perto ou som de passos, parece que não há ninguém observando também – continuou, o tom vocal como de alguém que não comete erros nas afirmações e concepções – Pelo menos não facilmente perceptíveis. Talvez minha audição esteja afetada por tanto sons de tiros que já estouraram na minha orelha.

Nick piscou, incapaz de assimilar. O homem, Dong, calou-se e olhou-o atentamente. Uma mão desceu do rosto e pôs-se num pulso, tentando sentir a frequência cardíaca, a qual resultou na constatação que estava taquicardia e filiforme. O toque fora estranhamente áspero, porém acalentou o bruxo de alguma maneira. Talvez porque tivesse corado na sensação agradável, quem sabe.

Não estava acostumado às gentilezas masculinas. Os homens que geralmente conversava ou eram distantes no quesito físico, como Gah, ou próximos e de algum modo ríspidos, como um namoradinho perdido por aí. Mais grosso que aquele desgraçado impossível, nem uma Jamie na TPM comparava-se, só pra você sentir o drama.

Nick irritava-se em perceber como sua lista de peguetes (meu deus, que substantivo caquético) não havia com o tempo inclinado para um crescente: Há quanto tempo não beijava uma boca? Seu bv já devia estar retornando.

Abandonando os pensamentos pessimistas que morreria sozinho, concentrou-se em colocar-se sentado, sua tentativa logo frustrada, pois Dong empurrou-o de volta para o chão.

– Descanse – ordenou o outro. Se estivesse numa situação normal, o bruxo irritar-se-ia com o tom, mas no cansaço abissal que encontrava-se não tinha a escolha de sentir alguma coisa – Não vou também perguntar nada, porque quando tentei você apagou e não quero que isso ocorra novamente.

Nick Braun sorriu lentamente, suficientemente forte para um deboche rápido, vingancinha para a postura mandona do outro.

– Melhor mesmo ou finjo de novo que to desmaiado.

Quando o policial detetive investigador caralho a quatro encarou-o com alguma surpresa, o loiro riu, facilmente detonando a brincadeira. Depois engasgou, o último resquício de Poder retornando com más notícias.

Os demônios retornavam, apenas alguns pares de metros.

Colocando-se em pés com uma força de vontade estrondosa, pois os membros inferiores por si próprios tremiam agonizantemente, Nick inclinou-se para frente de Dong, puxando pela camisa social, iniciando um correr rápido para o lado o posto que os malditos filhos da puta de seres infernais vinham.

E talvez os tiros antigos não houvessem acabado com a audição de Dong, pois esse seguiu ao seu lado sem fazer perguntas, podendo ter notado que o seguidor do garoto voltara para acabar com a perseguição.

Encerrar numa morte, é claro, pois era assim que as perseguições acabam e os crimes começavam.

Mas depois de alguns poucos minutos, tropicando trêmulo, Nick sustentava-se apenas pela ira e descrença insana de não conseguir crer que não sairia dessa e iria morrer numa floresta fedorenta cheia de lobisomens peludos.

Dong, parecendo preocupado, tentou então, em vão, puxar o bruxo e trazê-lo de volta a corrida.

– VOCÊ ME SOLTA – exclamou o mais novo, podendo muito bem ser ilustrado em fogo amarelado das chamas infernais do ódio – OLHA, EU CONSIGO ANDAR SOZINHO. EU ME RECUSO A MORRER AQUI E AGORA. NÃOOOOOOOOOO.

– Nick - Dong alertou-o, alarmado – Fica quieto.

– NÃO ME MANDA CALAR A BOCA VIADO.

– Nick – o outro sussurrava – Calma.

– COMO VOU FICAR CALMO, MEU AMOR?

Continuo soltando impropérios até que percebeu que seus gritos e xingamentos haviam atraído com grande certeza os demônios que a pouco haviam conseguido dispersar.

– Bosta – conclui o bruxo.

Noka despertou diferentemente do irmão, o qual acordara numa lerdeza, a inconsciência misturando-se com a realidade, até uma tomar forma concreta. A bruxa que residia no chão doloroso, em contrapartida do macio da terra úmida da floresta, teve a consciência adquirida num clique súbito, assim como um flash da câmera fotográfica.

Com algum esforço reconheceu a silhueta que permanecia sentada ao seu lado. A garota levantou o olhar, apenas os olhos, já que o corpo residia num estupor de cansaço absoluto e fraqueza, e fitou os orbes fechados do homem. Analisou com calma cada detalhe da fisionomia, apreciando-a realmente pela primeira vez. Já havia notado o ângulo das sobrancelhas, o qual projetava uma aparência dolorosa e sofrível para o homem quando ele quisesse obter. Riu para si própria, um demônio com aquela delicadeza era algo consideravelmente contraditório. Porém, desconsiderou o gesto, porque ele muito que bem podia ser tristonho quando pudesse. Por algum motivo, ela achava que a personalidade do homem podia alterar-se com várias facetas, e por que não teria uma sofredora?

Quando percebeu, Kim retribuía o olhar, esse carregado de um vazio. Parecia esconder algo, ou talvez fosse apenas o vácuo dos sentimentos. Não tinha como adivinhar.

– Você me salvou – a bruxa comentou, surpresa.

O chute anterior dele fora esmagador: Quebrara umas boas costelas, e o furo no pulmão brotou uma hemorragia severa, onde ela não sobreviveria mais de alguns minutos sem uma bolsa auxiliar de sangue para repor. Obviamente não havia uma bolsa sanguínea ali, então ele não havia reposto. Noka desconhecia alguma magia capaz de encerrar a perda do tecido líquido possuída pelos demônios ou a reconstrução de um órgão, então, com a dúvida perfeitamente clara nas sobrancelhas torcidas, abriu a boca para uma indagativa.

Foi interrompida por Kim, o qual parecia exausto para qualquer explicação extensa.

– Seu Poder estava no zero – começou, fechando os olhos novamente, inclinando-se para trás, os fios pretos do cabelo sedoso pendendo – Usei o meu para parar a hemorragia e reconstruir o pulmão e colocar as costelas no lugar. Demorou um tempo, você já estava morrendo, mas consegui em tempo. Até me surpreendi – abriu os orbes, encarando Noka, a qual sentiu-se presa no olhar fixo e intenso – Se não tivesse gastado toda sua cota de poder na luta, tentando me derrubar, teria ajudado um pouquinho.

Noka sorriu espontaneamente, rindo pequeno em seguida.

– Eu realmente queria vencer – aumentou a risada, o som gostosamente saindo da laringe, contente.

Kim sorriu brevemente na constatação.

– Eu percebi.

Ficaram num silêncio curto. A garota dos cabelos rosados agora esparramados contra o campo de futebol levantou lentamente uma mão, apontando-a para o rosto do homem.

– Tem sangue nos seus lábios – comentou – Não tinha antes.

O sorriso de Kim ressurgiu, agora repuxando apenas um lado da boca, os olhos juntando-se ao gesto com certo brilho.

– Meu poder tinha que entrar em você de alguma maneira.

Assustada com a pontada maliciosa, Noka colocou-se sentada num gesto rápido demais, a cinetose enjoando-a brevemente. No meio do gesto sentiu a viscosidade de um sangue ainda não coagulado no próprio queixo.

– Tu me beijou – acusou ela. Kim riu com vontade – Eu devia ter cuspido sangue em ti, seu aproveitador – xingou-o, irritada.

O demônio inclinou-se para trás, gargalhando.

– Você cuspiu.

Sentindo-se um pouco melhor com a informação, talvez a falsa pureza reconstruindo-se, Noka cruzou os braços, retornando para o solo, já que a tontura não passara ainda.

Encarou Kim, o qual terminara de rir, umas lágrimas divertidas brilhando. Pelo primeiro momento da noite que já despontara com estrelas também brilhantes contra o céu noturno, a garota perguntou-se porque ele a salvara.

Entretanto, não querendo estragar o momento que estava curtindo mais do que devia estar, ela chamou-o com um aceno breve da mão, como um dono chamado seu cachorrinho preferido para voltar da corrida em volta do parque e da cavação aleatória de buracos para defecar.

– Vem cá bebê. Eu tenho umas perguntinhas pra te fazer.

E quando ele sentou-se do lado dela, sorrindo malicioso ainda, Noka viu algo do pequeno animal nas nuances do homem.

Só que havia uma grande diferença: Esse aqui parecia muito mais selvagem e pré-disposto a morder. Ou talvez beijar. Puta merda, agora ela estava acordada.

Quero.

O tiro fora de raspão: A bochecha de Zi abriu-se num corte deformado, revelando algum sangue que brotava sem dó, escorrendo e pingando no pescoço bronzeado, alguma pólvora acumulando-se na ferida.

Assim que o lobisomem jovem levou os dedos para a dolorosa abertura cutânea, e o revólver do caçador chegou ao chão no gramado polvilhado de gotículas de sereno, e também a perna de certo alguém retornou para o lado do corpo deste, vinda do giro e chute que dera na arma, soltando-a da mão de Ko, um soco veio em direção ao homem de cabelos espetados pretos, acertando-o em cheio.

Ko mal teve tempo de assimilar a situação e visualizar o homem que lhe acertara, até que outro soco fosse desferido com precisão contra seu rosto perfeitamente imaculado. Cuspiu o líquido escarlate, colocando-se em pé com rapidez.

O homem que o golpeara talvez fosse poucos centímetros menor do que ele, entretanto seus músculos que facilmente possuía, dada a violência do golpe, podiam se comparar aos do caçador. Havia também algo de violento e ameaçador no modo que o cara mexeu os ombros, os cabelos que geralmente deviam manter-se num penteado bem arrumado agora numa confusão de tom loiro claro, o rosto claro torcido numa raiva perceptível imensa. Cheirava diferente também. Com algum lento choque, Ko soube quem ele era.

Então sorriu, inabalado.

– Olá Ilhoon – cumprimentou-o, o outro visivelmente desprevenido de ele saber quem quer que ele fosse Ou devo nomeá-lo líder do bando de lobisomens do sul?

Um silêncio sério seguiu-se, a hostilidade crescente e clara entre os dois, a qualquer momento pronto para explodir em mais agressão incontrolável.

Lentamente, Ilhoon dirigiu sua voz calma para o lobisomem detestável e alto que Ko havia tentado matar, sem virar o rosto na pronúncia.

– Da o fora.

Quando Zi tentou protestar, lágrimas dolorosas já descendo e misturando-se ao sangue, Soo calou-o com um empurrão leve e começou a puxá-lo para trás, arrastando-o, o irmão ainda com os olhos fixos e assustados no líder de seu bando.

Ilhoon fechou os olhos, agradecendo ao humano irmão do lobisomem por tê-lo tirado dali. Zi atrapalharia triplamente mais do que podia ajudar, mesmo que relutasse em afirmar a óbvia conclusão.

Dokgo Zi era perfeito em artes marciais e em chutar facetas contra o asfalto quando não havia emoções postas, mas quando havia interesse pessoal e sentimentos conflitantes, ele nem andava direito, sequer estapeava alguém.

E foi quando o lobisomem alto e magrelo relutantemente era conduzido para longe que caiu num grito horrível de joelhos, uma perna fincava por uma bela e antiga estaca de prata, essa roubada de certa pessoa de certa casa que agora encontrava-se incinerada, o sangue do membro ferido colorindo-se de vermelho amarelado, onde labaredas cresciam onde o contato amaldiçoado da pele do jovem encontrava a pureza do metal.

Enquanto Zi berrada de agonia insuportável, Soo puxou a lâmina para fora da carne, o irmão deixando o aperto de seus braços e caindo desmaiado na grama macia.

Ko riu. Foi encarado por três pares de olhos surpresos, incluindo surpreendentemente os de Satoru.

– Eu contava que o outro moleque não fosse humano, daí seria bem divertido ele tentando tirar a faca e se machucando enquanto o outro sofria. Mas fazer o que? – soou decepcionado.

O homem loiro na sua frente estava congelado. Aproveitando-se da situação breve que já já converter-se-ia em estopim, Ko voltou-se para o garoto de cabelos presos, esse ainda segurando a maleta de dinheiro da transação bem mal sucedida.

– Da o fora – imitou a fala anterior do lobisomem, sorrindo na provocação. Só teve tempo de sussurrar algo misterioso quando inclinou-se para o lado, escapando do golpe monstruoso de Ilhoon contra seu rosto antigamente perfeito, agora colorindo de novo sangue fresco.

Perdia consideravelmente, pensou, segurando seu abdômen ferido. Não podia abandonar a perplexidade. Há quanto tempo não levava aquele tipo de surra? Retornando para lembranças antigas e muitas já abandonadas, ponderou que só se machucara daquela forma quando ainda era criança, onde um lobisomem maldito e enlouquecido surrara-o até quase morrer, tentando fazer o que fizera com os pais do garoto.

Fora daquele jeito que descobrira o mundo da magia e tornara-se um caçador. Era bem clichê, se fosse falar a verdade. Órfão, dedicou sua vida e destino na erradicação dos membros ruins do submundo, às vezes desviando do seu foco e aniquilando uns que não eram tão maus assim. Mas fazer o que? Precisava manter-se, e só fazer o bem não rendia tanto dinheiro quanto o oposto. Mesmo assim não considerava-se mal. Quem podia dizer que aqueles que matara não haviam feito coisa ruim, mesmo que sua reputação coletiva fosse dourada de tão positiva? Era ridículo. Todos possuíam segredos profundos, assim como ele.

E mesmo que aquele lobisomem detestável chamado Zi não tivesse realizado nada obscuro e errado, um lobisomem a menos na terra não fazia falta, afinal.

Assim, considerava extremamente humilhante a surra que levava daquele tipo de animal que alguns ainda proclamavam humano. Apertou mais a extremidade corporal, engasgando numa tosse carregada de sangue. Porra, seu pulmão estava fudido. Lá se ia algumas costelas recém reconstruídas.

Estava de joelhos e encarando um Ilhoon ofegante, porém muito mais intacto, quando uma voz reconhecível ergueu-se em choque e dentro de um grito escandaloso.

– UE, TÃO MATANDO O NAMORADO DA MINHA IRMÃ.

Girou o rosto lentamente para Nick Braun, esse apoiado nos braços de alguém que não sabia quem porra era, mas consistia num homem alto de terno, as sobrancelhas franzidas, indo de Ko para Ilhoon, de Ilhoon para Soo, de Soo para Zi, de Zi para Nick, terminando numa confusão que podia até ser cômica de tão patética.

Nick suspirou, fechando os olhos.

– Pode matar mesmo. Nunca gostei dele – girou uma mão num gesto amplo, detonando indiferença. O homem que o segurava fixou seu olhar no garoto.

E naquele momento que o outro loiro muito mais baixo pareceu perceber os outros seres da cena, porque engasgou em oxigênio num arquejo alto, grudando os olhos no garoto de cabelos pretos que ainda estava ao chão, esse encarando-o de volta com igual assombro e horror.

No mesmo momento que desenrolou-se a pronuncia vaga e rouca de “Soo”, clamou-se um grave “Nick”.

Ko soltou um muxoxo tedioso. Teve que abandoná-lo porque sua lutinha acabou-se em nocaute perfeito, com uma cotovelada perfeita nas maçãs do rosto, dada por Ilhoon. Mas nem o barulho perfeitamente audível de osso esfarelando acabou com a sessão horrorizada de olhares trocados pelo bruxo e pelo o humano, e também nem a surpresa ilustrada por uma exclamação de certo demônio amparando certa mulher, a qual permitia deixar crescer em seu interior uma raivazinha meio perigosa, encerrou o clima.

– Só queria saber por que meu boy está morto ali no chão – Noka comentou, sinceramente entristecida.

Kim fingiu ressentimento e dor.

– Seu boy? Achei que tínhamos um lance – choramingou.

Noka rolou os olhos para ele, subitamente sem paciência.

– Tem espaço para dois no meu coração.

Kim balançou a cabeça.

– Sou ciumento.

– Então o problema é teu – ela encerrou o assunto, encarando agora um Ilhoon sério, levemente desconcertado por todo aquele povo surgindo do nada e falando bosta.

E ali, no momento que todos se encaravam com desconfiança e confusão, menos Soo e Nick, os quais observavam-se com absurdo pavor inominável e desconexo, que algo no corpo cansado da única mulher estalou e inundou sua cabeça com dolorosa percepção, as ondas de Poder retornando, trazendo junta a ela o conhecimento, imagens abstratas e desconhecidas adquirindo cor e sentido, lembranças que alguém apagou com propósito tomando forma e retornando com saudosa saudade.

A bruxa de cabelos rosados e calça caramelo, a qual o irmão não aguentava mais ver voltou-se para um personagem que não devia estar ali. Um garoto alto de cabelos presos, olhos de cores diferentes, olhar com reconhecimento súbito, horrorizado pelo fato. Ela soube quem ele era.

– Satoru – nomeou, tudo encaixando-se.

Ouviu Kim soltar um arquejo, também percebendo o garoto, e soube que ele também reconheceu-o. Satoru retrocedeu passos, a ajuda e a proteção de Ko abandonadas para ele. Não devia estar ali, devia ter ido embora assim que Ko pedira. Mas não conseguira quando vislumbrou Nick vindo ao horizonte, os cabelos claros brilhando contra a lua prateada, onde inundou-se de um sentimento estranho de falta.

Ele nem devia sentir. Não fora criado para aquilo. Por que permitiu-se?

Para piorar a situação, um toque despertou algumas consciências. Ilhoon atendeu seu celular.

Más notícias sempre vêm para os desavisados.

O membro doente da gangue estava morrendo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Preces de Braun" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.