Em Queda escrita por Um Alguém


Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

Divirtam-se anjinhos ;)



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Depois que saímos da sorveteria andamos pelo menos quatro quarteirões até chegar ao nosso destino final: a casa do Kyle. Não conversamos muito durante o caminho. Eu estava preocupado de mais com as possíveis consequências do que eu estava fazendo. Quase não reparei que havíamos chegado a casa do Kyle. Alice tocou a campainha e poucos segundos depois Kyle abriu a porta.

– Alice! - cumprimentou Kyle agitado dando um abraço rápido na Alice.

– Oi, Kyle. - ela ria da animação exagerada do garoto. - esse aqui é o Eathan. - ela apontou para mim depois de encerrarem o abraço. - Eathan esse é o Kyle.

– Olá. - cumprimentei.

– Esse é aquele Eathan que te salvou, Alice?

– É sim.

– Cara, que legal o que você fez pela Alice. - comentou Kyle exultante. Dei um sorriso sem graça.

– Trouxe ele para nos ajudar, tem problema? - perguntou Alice.

– Não, claro que não. Quanto mais ajuda, melhor. Entrem.

Kyle nos deu passagem e entramos na sua casa, que era bem maior que a da Alice. Kyle nos guiou até o quarto dele, no segundo andar. Eu já havia estado ali, claro. Todas as vezes que a Alice fora a casa do Kyle, eu estava junto. Então assim que entrei no quarto dele fiquei surpreso. Os posters de banda que eram espalhados por todo lado não estavam mais lá. No lugar deles havia fotos. Fotos da Rose e do Kyle juntos presas nas paredes, armário, janela.

– Não acha isso meio obsessivo? - perguntei.

– Não, não. - Kyle riu. - Isso é por um motivo especial. Vou pedir ela namoro. - ele apontou para uma foto da Rose.

– E no que você quer ajuda? - quis saber Alice.

– Você canta super bem, então pensei em você cantar algo...

– Ah, eu não sei se é uma boa ideia. - disse Alice com uma careta.

– É uma ótima ideia. - manifestei-me. - A futura namorada do Kyle vai adorar. - Alice me olhou em dúvida, depois olhou para Kyle que ostentava um olhar pidão.

– Certo, certo, eu canto. - concordou ela enfim.

– Obrigado, obrigado, obrigado! - Kyle abraçou Alice girando-a no ar. - Ei, você sabe tocar algum instrumento? - perguntou ele depois de pôr Alice de volta no chão.

– Na verdade, sei. - afirmei sendo inundado de lembranças. - Sei tocar violino. mas eu não tenho um violino.

– Pois é, esse é um instrumento incomum. - comentou Kyle pensativo. - Ah, já sei! Meu tio é professor de música, talvez ele possa arranjar um violino para nos emprestar.

Kyle saiu correndo do quarto antes que eu pudesse responder. Alice pegou uma cesta com várias pétalas de rosas que estava sobre a cama, e começou a jogar as pétalas pelo quarto.

– Apareceu para ela de novo, hein? - ouvi Mason dizer atrás de mim. Virei-me e o encontrei com um sorriso maroto no rosto. - Isso está virando vício.

– Ahn, eu já volto. vou procurar o banheiro. - avisei a Alice.

– Tudo bem. - disse ela.

Saí apressado do quarto e fui até o banheiro no final do corredor com Mason em meu encalço o tempo todo. Entrei no banheiro e fechei a porta.

– Qual é a desculpa dessa vez para aparecer para ela? - perguntou Mason parado à minha frente.

– Ela brigou com o Ralf, estava abalada por causa do acidente na praia. - contei. - Precisava de ajuda.

– Então apareceu para ela para consola-la por causa de uma briga com o namorado?

– Não, eu... Quer saber, não importa.

– Claro, claro. Mas diz uma coisa, levou ela na sorveteria para ajuda-la? - perguntou ele com um largo sorriso.

– Como sabe que fomos a sorveteria?

– Eu... Quer saber, não importa. - disse ele me imitando.

– Chega disso, Mason. Eu só estou fazendo o meu trabalho. - disse-lhe austero e saí do quarto. quando voltei para o quarto Kyle já estava lá.

– Não consegui o violino. - contou ele com tristeza. - Mas não tem problema Você pode fazer a segunda voz e cantar com a Alice. - fiz uma careta e Alice riu. Logo depois a campainha tocou. - Meu Deus, meu Deus, é ela! Eu vou lá, preparem-se!

Kyle saiu correndo, deixando Alice e eu sozinhos. Fomos até um canto do quarto, ao lado do armário, e paramos lado a lado virados de frente para a porta. Alice me entregou um papel com a letra da música que cantaria, que era A Thousand Years, da Christina Perri. Comecei a ouvir passos e sons de conversa do lado de fora. Assim que a porta se abriu e Rose entrou no quarto, Alice começou a cantar.

Eu já a ouvira cantar antes, mesmo assim fiquei impressionado. Sua voz parecia acariciar-me com um toque suave. Aquilo era tão melódico e doce. Mal reparei na Rose e no Kyle. Podia ouvi-lo falando algo com ela, e depois risos e talvez choro. Mas não conseguia prestar atenção. Eu só tinha olhos e ouvidos para Alice.

Ela me lançava olhares rápidos enquanto cantava, indicando com um aceno os momentos em que eu deveria fazer a segunda voz. Quando a música (in)felizmente chegou ao fim, Rose e Kyle aplaudiram.

– Foi lindo, Alice! - exclamou Rose com a maquiagem um pouco borrada do choro. - Obrigada.

– Ah, não foi nada. - disse Alice meio envergonhada.

– E quem é você? - perguntou-me Rose.

– Esse é o Eathan. Aquele que me salvou, lembra?

– Claro que lembro. Prazer, eu sou Rose. - ela estendeu a mão para mim e eu a apertei.

– Prazer. - dei um sorriso torto.

– Muito obrigado mesmo por terem ajudado. - agradeceu Kyle.

– Sem problema. - Alice deu um belo sorriso. - Bom, é melhor a gente ir, né Eathan?

– É, é sim. - concordei veemente.

– A gente se vê amanhã no colégio. - Alice se despediu dos dois com beijo e abraço. Eu dei um aceno rápido e segui Alice para fora do quarto. Descemos as escadas e saímos da casa.

– Eu acho que já vou indo para casa. - disse Alice.

– Tudo bem, eu te levo.

– Não, não precisa.

– Claro que precisa. - pontifiquei. - Eu te chamei para sair, então eu tenho que leva-la de volta.

Ela concordou e nós começamos a fazer o caminho de volta a casa dela. Um silêncio esmagador pairava sobre nós, então resolvi puxar assunto.

– Pensou no que eu te disse na sorveteria? - perguntei em certo momento.

– Sobre o meu namorado? Pensei sim. Eu realmente preciso me desculpar com ele. O Ralf é um fofo, não merecia que eu lhe dissesse aquelas coisas. - disse Alice meio soturna.

– Você o ama?

– O quê? - ela pareceu surpresa.

– Você o ama? - repeti fitando-a nos olhos, fazendo-a parar de andar.

– Eu... Claro. O Ralf é muito bom amigo, me trata bem, me ama. - disse ela parecendo tensa.

– Não foi isso que eu perguntei. Não importa o que ele sente ou faz. Quero saber se você o ama? - insisti.

– Mas que droga de pergunta é essa? - ela se estressou.

– Você fala do seu namorado como se estivesse falando de um cachorro. "Ah, ele é fofo, é um bom amigo e me ama". - imitei-a (pessimamente mal).

– O quê? - ela com certeza estava nervosa.

– Olha, namorar alguém que você não ama só porque essa pessoas gosta de você é pior do que dar um fora nela. Porque uma hora você vai cansar desse relacionamento de sentimentos unilaterais, ou vai conhecer alguém que você goste de verdade. Aí você vai terminar o namoro e...

– Chega! - interrompeu-me ela. - Você não sabe nada sobre mim ou sobre o meu namoro! Eu amo o Ralf!

Ela voltou a andar. Continuei parado por alguns segundos vendo-a ir embora batendo o pé enfurecida. Apressei-me para acompanha-la. Assim que voltei a andar ao seu lado, Alice me lançou um olhar enviesado.

– Olha, me desculpa. - pedi com a voz baixa. - Você está certa, eu não sei de nada. Não devia ter me metido.

Alice não disse nada, só continuou andando, mas pude ver que sua expressão relaxara um pouco. Na verdade, ela estava errada. Eu sabia tudo sobre ela, o Ralf e o namoro deles. E sempre achei que ele gosta muito mais dela, do que ela dele.

Continuamos o resto do caminho todo em silêncio. Quando estávamos a poucos metros da casa da Alice avistamos Ralf. Ele estava encostado em uma árvore enfrente a casa, olhando para o nada.

– Merda. - resmungou Alice quando o viu.

Andamos mais alguns metros até que ele nos visse. Sua expressão se transformou de triste e preocupado para furioso. Se eu fosse um cara normal teria pensado que ele me mataria, mas como eu sabia que isso não era possível, comecei a me preocupar com muitas outras coisas. Quais seriam as consequências se eu me envolvesse numa briga com o namorado da minha protegida?

– Ralf, calma. - pediu Alice quando nos aproximamos do Ralf.

– Quem é esse? - perguntou ele com desprezo.

– É... Um amigo. - disse ela forçando um sorriso.

– Que amigo? - insistiu Ralf nervoso. - Que amigo? Qual o nome dele?

– Eathan. - sussurrou Alice. Talvez ela esperasse que o Ralf entendesse outro nome ou deixasse para lá. Nenhumas das duas coisas aconteceu.

– Seu desgraçado! - gritou Ralf partindo para cima de mim.

Eu poderia ter desviado, me esquivado ou segurado seu punho antes que me atingisse, mas não fiz nada disso. Fiquei parado enquanto Ralf acertava um soco no meu rosto. Tentei ao máximo ter uma reação normal. Cai no chão com a mão no rosto.

– Ralf, para! - pediu Alice quando Ralf começou a me chutar. Não doía, nem um pouco. Mas fingi que doía. Me contorcia no chão enquanto Ralf me chutava e Alice tentava segura-lo. por fim ela conseguiu controlar o maluco do Ralf e afasta-lo de mim.

– O que está pensando, Ralf?! -gritou Alice encarando-o. - Olha o que você fez! Vai embora! - ordenou. Ralf estava ofegante, cansado de tanto me bater. - Vai! - ele então virou as costas e foi embora correndo. - Eathan! - Alice ajoelhou ao meu lado. Sua bela feição tingida de preocupação.

– Eu estou bem. - sentei-me na rua. Sentia algumas costelas quebradas e o olho esquerdo inchando. Podia resolver isso. Um pensamento era suficiente. Mas não podia fazer isso na frente da Alice.

– Meu Deus, me desculpe por isso. - ela estava desesperada

– Ei, fica calma. - segurei seu rosto com as duas mãos, fazendo-a olhar nos meus olhos. - Está tudo bem. O mais importante é que ele não fez nada com você. Eu estou bem, não precisa se preocupar.

– Mas olha só o seu olho. Está inchando! Vem, vamos lá para dentro. Vou cuidar de você. - disse ela se levantando e estendendo a mão para mim. Eu não precisava. Não precisava dos cuidados nem da preocupação dela, mas me vi querendo-os.

Peguei sua mão e me levantei, e então fomos para dentro de casa.


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Notas finais do capítulo

Não esqueçam de comentar anjinhos :D



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