KATE POV.

Assim que desperto sinto o calor vindo do seu corpo e automaticamente estranho. Castle. Os momentos entre a gente haviam acontecido tão rápidos que era quase surreal pensar que estava abraçada em uma cama de hospital com o homem dos meus sonhos.

Abro os olhos devagar e encaro seu rosto. Parece um bebê. - penso quando vejo ele dormindo profundamente. Me aproximo lentamente e depósito um singelo selinho em sua boca, o que já é mais do que suficiente para ver um sorriso tomar conta do seu rosto.

–Acho que você acordou. - ele fala ainda de olho fechado enquanto mexe seus dedos que continuam entrelaçados com os meus.

– E você também. - brinco.

– Foi bom que você conseguiu dormir. - ele se senta na cama, me fazendo quase cair.

– Fazia tempos que não conseguia. - digo sincera. Desde que Castle havia sido internado era difícil para mim conseguir pregar o olho.

– Imaginei. - ele olha para mim com aquele sorriso de garoto e os olhos brilhando.

– Como você está? - pergunto olhando para os pontos que ainda estão em sua barriga.

– Me sentindo melhor. - ele responde. - Os remédios estão fazendo efeito.

– Que bom. - sorrio e não o sei o que vem a seguir. Iríamos ficar simplesmente nos encarando como nos tempos antigos?

– Pare mulher. - ele diz me surpreendendo.

– Para o que? - pergunto rindo.

– Sabe esses olhinhos verdes? - ele aponta para mim. - Eles estão me encarando.

– Desculpa. - digo ainda com o olhar fixado nele. Assim que percebo o que estou fazendo solto um riso junto a ele e depois desvio o olhar.

– Kate...? - ele solta e se cala depois.

– Que houve? - pergunto.

– Nós estamos no mesmo hospital que o Josh não? - ele pergunta e eu travo. Como ele ficou sabendo disto?

– Sim. - respondo baixinho. - Porque?

– Vi ele passando pelo corredor mais cedo. Podia jurar que era um pesadelo meu. - ele responder me fazendo relaxar. Ufa!

– Ah ok. - digo simplesmente. - Falando nisto... Acho que vou dar uma volta por aí, ver se não esbarro com ele.

– DE JEITO NENHUM! - Castle solta um gritinho e me puxa para perto.

– Eu estava brincando. - rio. - Acho que as vezes você esquece que fui eu que terminei com ele.

– Não interessa. - ele fala ainda resmungando.

– Ciumento. - apoio uma de minhas mãos na cama e me inclino selando nossos lábios em um beijo. As mãos de Castle estão apoiadas do lado da minha cintura e as minhas ao lado da sua. Quando já estou sem ar começamos a nos separar aos poucos. Castle deposita um beijo ao lado da minha boca me fazendo abrir os olhos novamente e encarar aquela dupla azul.

Assim que nos encaramos não conseguimos manter a seriedade e começamos a rir.

– Será que algum dia isto vai ser normal? - pergunto.

– Para mim já está ficando. - ele responde malicioso.

– Bom...Dizem que a pratica leva a perfeição não é mesmo? - o provoco me aproximando e segurando seu rosto entre as minhas mãos.

– Concordo. - ele me beija novamente. Na realidade... Foram vários beijos.


Rick POV

O relógio bate 19:00 assim que minha mãe e Alexis saem do quarto. Os pontos foram retirados hoje e se não fosse pelo apoio de Kate eu com certeza iria gritar que nem um bebê.

– Então...- ela começa. -Estou indo pegar algo para comer, você quer?

– Não obrigado. - minto, já que na realidade estava morrendo de fome.

– Você recusando comida? - ela abre a boca surpresa. - Tem a primeira vez para tudo neste mundo.

– Muito engraçada. - brinco com ela enquanto me ajeito na cama para olhar televisão.

– Já volto. - ela lança um beijo no ar e bate a porta.

Pronto agora é o momento perfeito! Preciso procurar por Josh dentro de todo este complexo. Pense Richard.– me forço. - Sei que ele trabalha como Cardiologista e acho que o sobrenome dele é Davidson já que uma vez reparei na escrita ao lado do seu capacete. Será que Lanie poderia me ajudar?

“Onde o meu querido arqui-inimigo trabalha Lanie?”

“Você realmente vai?”

“Me responda mulher, Kate está voltando daqui a pouco!” – digito apressado e olhando pela janela do quarto.

“Ala 3, número 307” – ela responde e eu bloqueio o celular colocando-o no meu bolso e saio do quarto.

Kate POV.

Chego na lanchonete do hospital com um sorriso no rosto. Assim que olho para todos aqueles salgados meu estomago começa a grunhir. Acho que estava com fome. – penso rindo. Peço quatro pães de queijo, dois para mim e os outros para Rick. Eu o conhecia a bastante tempo para saber que ele come feito um caminhoneiro.

– Obrigada. – agradeço a moça que me entregou um saquinho. – Bom trabalho.

Agarro um pão de queijo e dou uma mordida o que faz metade dele desaparecer. Nossa, a sensação de ter comida dentro da boca era a melhor coisa do mundo. – penso rindo, mas algo me vem a cabeça segundos depois. – Melhor que isto só Castle. – penso alto e quando percebo o que saiu da minha boca balanço a cabeça. Katherine Beckett o que é isto? Deve ser a fome mesmo. – minto para mim mesma já que o cheiro de Castle estava impregnado nas minhas roupas, ou melhor, na minha pele.

Atravesso os corredores do hospital e assim que paro na frente da porta do quarto dele só restam 2 pães de queijo dentro do saco.

– Trouxa para você. – digo abrindo a porta do quarto. Momentos depois paro e encaro a cama vazia.

– Castle? – pergunto imaginando que ele estaria no banheiro.

Ninguém respondeu.

– Cas? – mexo na porta do banheiro que vai para trás e se choca com a parede. Completamente vazio. Onde ele havia se enfiado agora? Será que ele não sabe o quão perigoso é sair por ai com uma costela a menos? Ele acabou de tirar os pontos!

Largo o saquinho em cima da cama e pego meu celular. Fazia dias que não olhava para aquela tela. No meu plano de fundo tinha uma foto minha na delegacia há semanas atrás. Castle havia tirado aquela foto logo depois de um caso. Eu ainda estava retirando as informações do quadro de homicídios quando ele virou a câmera para mim. Tenho que admitir, estava bonita naquela foto.

“Onde você se meteu? Está louco! Volte para este quarto agora mesmo!” – digito com os dedos ainda sujos da comida.

Rick POV.

A porta branca na minha frente estava fechada. Está esperando o que Richard? É só abrir a porta e pedir para ele liberar você. – me pego rindo depois que percebo o quão idiota era o que estava fazendo. Nunca em um milhão de anos conseguiria fazer Josh me liberar, ainda mais quando envolve Kate.

A única vez que nos encontramos havia sido neste hospital, há mais de um ano atrás e a última coisa que ele falou para mim foi isto: “Isto é culpa sua! Foi você que fez ela olhar sobre o assassinato da mãe dela! Ela está morrendo por sua culpa!” Me lembro perfeitamente bem daquele dia. O medo e angústia que eu sentia de perder Kate eram avassaladores. E é por ela que você precisa fazer isto Castle. – tomo coragem e abro a porta.

– Doutor Davidson? – digo olhando para o consultório.

– Já vou. – ele grita e consigo ouvir o barulho da água da pia. Ele está no banheiro, se eu sair agora ele nem irá perceber que era eu. É a minha chance. – uma parte do meu cérebro me alerta, porém a outra me repreende. – Ela merece uma festa de aniversário espetacular, com desejo a tudo... E no fundo, você sabe que quer dar esta festa para ela e quem sabe até algo mais... Seja corajoso!

– Quem deseja? – ele pergunta porém assim que nossos olhares se encontro a expressão dele muda de amena para aterrorizante. – O que você está fazendo aqui?

– Oi Josh. – me limito a dizer enquanto ele vem na minha direção.

– Como você tem coragem de aparecer aqui depois de tudo que aconteceu? – ele cospe as palavras em mim e eu me mantenho calado.

– Preciso pedir algo a você. – digo sincero.

– Você quer pedir algo para mim? – ele cruza os braços e começa a rir. – Vá em frente escritorzinho.

– Eu preciso que você ...– respiro fundo tomando coragem. – Que você me dê alta amanhã.

– O que? – ele está rindo e eu vejo os olhos já sabendo o que vem pela frente. – E porque Castle? Para você sair correndo daqui e fazer algo imprudente de novo? – ele diz aquilo em um tom acusador e o sangue dentro do meu corpo começa a ferver. Era demais ele insinuar algo do tipo.

– OLHE AQUI! – agarro o lado dos braços dele. Mesmo estando sobre o efeito dos remédios consigo sentir a adrenalina tomando conta do meu corpo aos poucos. – EU PRECISO SAIR DAQUI PORQUE EU QUERO FAZER UMA SURPRESA! – despejo as palavras e penso se devo ou não falar sobre Kate. – UMA SURPRESA DE ANIVERSÁRIO PARA BECKETT!

– Isto está se tornando hilário. – ele se desvencilha dos meus braços e começa a apontar o dedo para mim. – Você veio me pedir para lhe dar alta por que quer fazer uma surpresa para uma ex namorada minha? Tenho que admitir escritor, você tem uma cara de pau e tanto.

– Ouça a mim seu idiota! – me irrito novamente. – Eu não sei o que aconteceu entre você e Kate então você não tem o direito de sair me culpando por algo que eu não fiz! – estou gritando e suspirando pela falta de ar nos pulmões. – Ela é uma mulher muito especial, e se você nunca fez uma surpresa a ela saiba que é isto que ela merece então eu estou disposto a dar para ela, agora se você vai se meter no caminho e se recusar a me ajudar eu dou um jeito, eu poderia muito bem pedir para qualquer um deste hospital, porém vim pedir para você porque por um momento eu pensei... – tomo ar. – Pensei que você não era como eu imaginava: um idiota. Até porque Beckett se entregou para você e olhe o que aconteceu não é mesmo? No final das contas eu estava certo, você é um idiota. Se não quer me ajudar, eu entendo, mas entenda algo também... Eu não tive nada a ver com o rompimento do namoro de vocês!

– Era só isto que você tinha para falar? – ele pergunta e eu afirmo com a cabeça. – Saia daqui por favor.

– Com todo prazer. – saio furioso pelas ameaças e pelo fato de que não poderia sair daquele hospital tão cedo.

Coloco a mão no bolso e sinto meu celular. Será que Kate já voltou da lanchonete? Quanto tempo será que eu fiquei ali dentro? Coloco meu dedo no botão inicial desbloqueando a tela principal, no papel de parede estava uma foto de Beckett na delegacia, em sua mão estava a foto de um dos suspeitos do caso e o quadro de homicídios estava ao lado dela. Se ela sonhasse que aquela foto era a última que eu olhava antes de dormir todos dias...

“Onde você se meteu? Está louco! Volte para este quarto agora mesmo!” – vejo a mensagem no WhatsApp e sorrio. Ela já estava no quarto, e segundo o horário estava fazia 10 minutos.

Kate POV.

Estou tentando me manter distraída para não surtar. 15 minutos e nada daquele irresponsável. Será que havia acontecido algo? – tentava não pensar nisto, mas neste momento era quase impossível. Pego o celular e assim que minha mão agarra a capinha branca o aparelho vibra em minhas mãos.

“Tive que ir em um lugar. Não surte.” – vejo a resposta de Castle.

– Tarde demais Rick. – digo já digitando a mensagem: “ok”.

Ouço um “bipe” vindo de dentro do quarto e assim que olho para porta o encontro parado e apoiado na janela ao lado da mesma.

– Você daria uma boa mentirosa detetive. – ele aponta para o celular dele onde a mensagem “ok” acabou de chegar.

– Onde você se meteu? – me levanto já indo ajuda-lo.

– Não precisa Kate. – ele sorri. – Já consigo me virar sozinho... Na realidade acho que poderiam até me liberar não acha?

– Muito pelo contrário. – o repreendo. – Você precisa é ficar parado, coisa que não está fazendo muito bem. São 19:40 da noite e você andando pelo hospital... A propósito onde você estava?

– Fui dar uma volta. – ele responde encarando a televisão. – Não aguentava mais olhar para estas paredes.

– Somos dois. – digo sincera sem querer. Se ele acha que era difícil ficar dentro deste quarto é porque não viu os dias inteiros quando ele estava dormindo e estas paredes eram a minha única companhia.

– Conseguiu comer? – ele pergunta.

– Aham. – pego o saco que estava na ponta da cama e entrego-o para Castle. – São para vocês.

– Obrigado. – ele sorri. – Fome bateu.

– Eu te conheço Castle. – brinco. – O dia que você não estiver com fome a cidade de Nova York está em um grande perigo.

– Super engraçada. – ele força uma risada. – E a Lanie?

– O que tem ela? – olho suspeita para ele.

– Esqueceu sobre seu aniversário? – ele pergunta.

– Ah nem vem! – já falo me adiantando.

– Você prometeu que eu iria poder conversar com ela. – ele faz uma cara de cachorro pidão. – Em particular.

– Ok ok. – me rendo. – Vou mandar uma mensagem para ela.

– Ta bom. – ele sorri. – E diga para ela não demorar.

– Prefere que a Lanie fique aqui também? – digo sem querer em uma demonstração de ciúmes.

– O que foi isto? – ele pergunta chocado. – Crise de ciúmes?

– Não se ache Castle. – tento concertar o que já saiu.

– Você ciumenta é adorável. - ele dá um sorriso e quase consigo ver seus olhos brilhando.

– Isto não é ciúmes. – digo assim que termino de mandar a mensagem e fecho o aplicativo.

– Ela é sua amiga. – ele começa a rir e eu só o encaro. Automaticamente o riso para, me fazendo abrir um sorriso.

– Imaginar o que vocês estão tramando me deixa curiosa. – admito. – Sou uma detetive, não gosto de ficar curiosa.

– Prometo que irá valer a pena. – ele fala estendendo a mão para mim agarra-la.

– Espero mesmo. – ainda estou com ciúmes admito. Apesar de Lanie ser minha amiga, Castle e ela não são uma boa combinação.

Rick POV.

A puxo para o meu lado novamente, podendo assim sentir o calor do corpo dela. Era maravilhoso saber que Katherine Beckett também poderia sentir ciúmes de mim, afinal depois de Serena e Sophia nunca acharia que ela realmente admitiria isto.

– Está cara de emburrada não combina com você. – digo mexendo no cabelo dela.

– Minha expressão normal. – Kate olha para o celular tentando não prestar atenção em mim.

– Aiiiiiiiii meu deus. – exclamo. – Estou namorando com a mulher mais ciumenta de toda Nova York.

Quando falo isto sinto o corpo de Kate ficando rígido contra o meu. Ops... Acho que ela não estava preparada para isto. Concerte Richard. – penso.

– Desculpe. – digo baixinho encarando os olhos dela.

– Pelo que? – ela mexe no celular ainda, mas posso ver que sua atenção está focada em mim novamente.

– Não quero forçar você a nada Kate. – digo baixinho mexendo na mecha que cai constantemente.

– Não precisa se desculpar Castle. – ela sorri e se aproxima de mim, colocando as mãos do lado do meu rosto. – Afinal não estamos namorando?

– Por mim há tempos. – brinco juntando nossos lábios em um beijo. Com o meu corpo praticamente em cima do de Kate eu não conseguia não pensar na noite que eu e ela tivemos, ou melhor, eu e outra Beckett tivemos. Imagine as loucuras que esta Kate não era capaz... Tire estes pensamentos da sua cabeça. – tento me forçar a pensar, já que só pelo fato de estar beijando-a eu já fico louco.

– Cas... – ela fala entre o beijo rindo.

– O que houve? – pergunto largando ela aos poucos.

– Uh uhmm. Acho melhor eu voltar mais tarde. – escuto a voz de Lanie.

– Não precisa. – digo rindo e encarando Kate que está com as bochechas vermelhas. Ela ficou com vergonha.

– Bom... – Kate começa a levantar da cama. – Pelo visto vocês tem muito o que conversar. – ela fala e não consegue esconder o tom de ciúmes.

– Até mais Kate. – jogo um beijo no ar.

– Até. – ela fecha a porta do quarto nos deixando sozinhos.

– O que foi aquilo? – Lanie começa a rir. – Porque ela está brava?

– Aquilo Lanie. – rio. – É a face ciumenta da nossa querida amiga.

– Amiga não né escritor. – ela sorri e eu também. Ainda bem que deixou de ser só amiga.

– Bom... Não quero apanhar da fera então vamos ser rápidos, pode ser? – proponho já com medo de ter que falar sobre a minha discussão com Josh.

– Muito rápido. Primeiro me responda. – ela tira um papel da bolsa. – Como conseguiu isto?

– Isto o que? – puxo a folha da mão dela curioso.

– Parabéns escritor. – ela brinca. – Hoje é o seu último dia com a roupa do hospital.

– Não acredito. – solto ainda vidrado.

Por apresentar uma melhora notável em poucos dias de internação, o paciente Richard Edgar Alexander Rogers Castle está liberado para voltar as suas atividades normais fora deste hospital. Lembrando que qualquer sinal de dor deverá ser motivo de preocupação, o que o obriga a voltar para este complexo.

Josh Davidson – Cardiologista.

– Não sei o que você fez, porém parece que funcionou. – Lanie sorri enquanto arranca o papel da minha mão.

– Eu estou liberado. – me entusiasmo. – Pode começar os preparativos porque amanhã será um dia inesquecível para ela.

– Até mais writer-boy. - Lanie se despede de mim. – Lembre que o Whats está sempre ligado.

– Até mais Lanie. – sorrio me ajeitando na cama. Preciso tirar esta alegria do meu corpo, porém é quase impossível.