Não Leia Essa História escrita por Just a Teller


Capítulo 73
Capítulo Final - Final Feliz Parte Dois


Notas iniciais do capítulo

Eu acabei de escrever esse capítulo e olha, hoje é dia 22/09, sendo que vai ser postado só dia 31/10 e vocês não sabem o quão emocionado eu estou, foi uma longa trajetória até chegar aqui e eu vou sentir saudades de cada um de vocês, assim como vou sentir saudades de todos os personagens dessa história.

Eu tô sentindo até vontade de chorar, mas enfim, espero que gostem desse último capítulo, um beijo e nos vemos do outro lado.



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É isso aí, gente. Esse é o último… dá uma puta tristeza falar isso, mas é verdade, não sei se para vocês é triste, mas para mim é, para mim é bastante triste e vou explicar para vocês o porque.

Digamos que isso, todo esse tempo que passamos juntos que eu contei minha história para vocês é como se estivéssemos viajando. Como se tivéssemos pego um avião e por coincidência os nossos lugares foram um do lado do outro, o meu foi o da janela, é óbvio, sempre viajo na janela.

Nós compartilhamos experiências juntos, brincamos, nos divertimos, talvez até choramos, mas uma hora essa viagem tem que chegar ao fim, nós chegamos no nosso ponto de saída e temos que seguir em frente, seguir nossas vidas.

E essa é a parte mais triste para mim, eu vou sentir saudades de todos vocês, vou me lembrar de todos esses momentos, mas vocês… vocês podem até lembrar, mas vão pegar outros aviões, vão conhecer outras pessoas que sentarão ao lado de vocês, seja na janela ou não, talvez essas pessoas nem se importem em qual lugar sentar. Talvez essas pessoas nem façam piadinhas quando tiverem que passar por vocês ou fazer uma citação de uma cena parecida como a do Clube da Luta. Eu não posso impedir vocês de fazerem outras viagens. Na verdade, eu torço que vocês façam e se divirtam muito com elas.

Mas eu… bem, amigos, essa é minha única viagem, eu vou e volto para o mesmo lugar, sempre, não farei outras e não existe possibilidade de que eu faça outras.

O que me consola, ao mesmo tempo que me deixa animado é que outras pessoas irão sentar do meu lado no avião e mesmo que não sejam vocês, eu espero que eu me divirta, sorria, chore e me emocione junto com elas também.

E quem sabe, daqui a algum tempo, quando uma saudade estranha bater, eu não reveja vocês, pegando esse mesmo avião de início a fim, para a gente sentir novamente todas essas coisas que já sentimos, eu estarei aqui esperando por vocês quando e se essa saudade bater e realmente torço que um dia possamos nos rever.

Sinceramente,

o seu amigo da cadeira da janela.

— Renata? — perguntou ela — Que merda é essa? O que tá acontecendo aqui?

Eu me virei e me olhei no espelho, vi que a via me transformado em Renata, passei a mão no meu rosto e senti a lágrima que havia o molhado.

— Que merda… Calma, Dhébora, não é nada disso que você tá pensando…

— E-eu não sei o que tá acontecendo… Eu tava com o Henri agora mesmo, eu beijei ele e agora você está aqui… e…

— Calma, olha, eu prometi e não vou mentir para você. Eu sou o Henri…

— O que?

— É difícil explicar isso de uma forma lógica, mas se lembra aquela vez que fomos em um parque de diversão e eu sumi.

— Nós nunca fomos em um parque de diversão, Renata.

— Não a Renata, mantenha o foco. Eu, Henri fui com você, Dhébora.

— Isso é loucura, você está maluca!

— Presta atenção, naquele dia eu conheci um cara que fez isso comigo, durante todo dia quando tinha sol eu era Henri, mas a noite quando escurecia eu me tornava uma garota, eu virava a Renata. Acho que ele fez isso para que a gente pudesse ficar juntos, para que eu pudesse notar que estava apaixonado por você.

— Você está maluca…

— Nunca notou que eu não ficava com você até amanhecer? Nunca notou que você nunca via o Henri a noite, nem nas festas? Eu não estou mentindo, é verdade. Eu, Henrique e Renata, somos a mesma pessoa.

— Aquele dia… quando você… quando a Renata terminou comigo.

A memória me veio na hora:

— Acho que no fim… nós nunca nos conhecemos de verdade, eu não sei quem é você. — falou Dhébora.

Eu gargalhei.

— Você realmente não sabe quem sou eu e mesmo que eu quisesse te dizer, eu não poderia, aquele maldito não deixa…

— O que?

— Não importa. Olha eu te amo, mas você merece coisa melhor, melhor que eu em todos os sentidos, de todos os jeitos. Vai demorar para eu conseguir te superar.

— Não me venha com essa!

— Mas é verdade...Eu nunca quis te machucar, mas tenho certeza que já fiz isso, devo estar fazendo agora. Acho que a verdade é que nunca te respeitei como deveria, nunca fui sincero como deveria, nunca fui eu como deveria.

— Porque você tá falando assim?

— Porque é a verdade…

— Não, porque você tá falando no masculino?

— Eu to bêbada, foda-se como eu tô falando…A verdade é que no fim, nós não vamos ficar juntas, eu e você não dá certo, em nenhum cenário…

— Porque?

— Porque eu te amo. Eu te amo tanto que entendi que não posso ficar com você que eu devo me afastar e deixar você ser feliz e eu tô muito lúcido até… imaginei que não conseguiria falar tudo isso estando tão bêbado, mas parece que aconteceu o contrário.

— Isso não faz sentido…

Acho que a Dhébora começou a acreditar que Henrique e Renata eram a mesma pessoa, agora se isso era bom ou não já é outra história.

— Agora sim, faz sentido… Só por favor, vá embora, seja Henrique ou Renata eu não quero te ver.

— Não, por favor.

— Vai embora! — disse a Dhébora chorando enquanto se sentava no chão.

— A última coisa que eu queria te fazer era sofrer, por isso que eu disse que você merecia alguém melhor… — dei um passo para ir embora, mas notei que era errado.

Eu lutei tanto por esse amor, eu fiz tanto, não podia ser em vão, a história não acabaria hoje desse jeito, eu ainda queria meu final feliz.

— Não, olha… Eu não sou uma pessoa perfeita, mas não posso mentir e dizer para você que me arrependo de tudo que aconteceu, pode parecer errado mas eu se tivesse que passar por tudo faria exatamente igual, porque cada segundo que passei com você, foi mágico. Foi uma benção e por mais que eu tenha errado em mentir para você, nós nunca teríamos chego aqui se eu tivesse dito a verdade, então eu não me arrependo de nada.

— Você está errado, você podia ter me conquistado sem precisar virar uma garota…

— Como?

— Sendo você mesmo, caralho!

— Agora quem está mentindo é você. Eu tentei me aproximar sendo eu mesmo e você me esnobou instantaneamente!

— Eu esnobei aquele Henri cafajeste que só estava afim de conseguir colocar mais uma garota na sua lista, não o Henri que conheci depois.

— Você não entende… Eu depois da Anne, me fechei, preferi acreditar que se eu ficasse só pegando várias garotas sem me apegar a elas, estaria sendo esperto, estaria sendo o melhor cara do mundo, mas notei que eu estava errado, teve uma coisa que fez eu querer mudar, a mesma razão pela qual eu ficava feliz de ir todo dia para a escola ser um amigo e a mesma razão que fazia eu sair a noite como namorada com um sorriso no rosto, a razão que fez um cara idiota, egocêntrico e petulante acreditar de novo no amor, você é minha razão, Dhébora. Você juntou cada pedaço do meu coração destruído e reconstruiu ele todinho, por isso, eu to te dando ele agora, porque ele só está reconstruído por sua causa. Meu coração é seu. Eu sou seu.

— Eu não consigo confiar em você, não consigo saber o que é mentira e o que é verdade. Eu estou muito confusa, tudo que eu via e sabia sobre você mudou e se miscigenou com a Renata e eu não estou feliz com o que isso está se tornando.

— Sim, eu mudei mesmo, mas não to falando da minha aparência, eu não to falando de quando eu me transformava de Henri para a Renata, eu mudei como eu sou, eu era um cara que não queria por nada me apaixonar, não queria me aproximar de ninguém sentimentalmente e daí você chegou, você chegou e mudou tudo isso. Eu me apaixonei por você antes mesmo de a Renata existir, embora eu fizesse de tudo para não aceitar isso.

Eu comecei a chorar.

— Você me tornou uma pessoa muito melhor, fez eu ser quem eu sou hoje, não, na verdade você é parte do que eu sou hoje, por isso se você sair agora, se você for embora da minha vida, saiba que estará levando uma parte minha junto, estará levando meu coração e não sei como vai ser depois, não sei como vou seguir. Porque até agora, você era o meu caminho, é errado, eu sei, mas tudo isso, tudo o que eu sou hoje é por causa de você e eu tenho medo, medo de que se você for embora eu volte a ser o que eu era antes, eu não quero ser o que eu era antes, eu sinto vergonha do que eu era antes.

— Desculpa, Renata… quer dizer, Henri, mas isso é um peso muito grande para eu carregar, eu não quero isso para mim… eu… não dá…

— Talvez seja egoísmo demais da minha parte querer que você me perdoe, querer que você queira ficar comigo, mas eu não consigo imaginar minha vida sem você, talvez seja porque você é minha vida e não existe vida sem vida, não sei se você me entende… Mas eu vou entender caso você queira ir embora, não vou te odiar, muito pelo contrário, pode ter certeza que irei te amar para sempre, mesmo que a minha vida esteja vivendo com outra pessoa.

— Vai embora, por favor, eu vou organizar a minha cabeça e te ligo e a gente conversa, mas agora, agora eu não posso… eu não consigo…

— Ok, eu vou esperar.

Mas devo dizer para vocês que a Dhébora nunca ligou, eu esperei por uma semana e essa ligação nunca chegou, acredito que ela realmente não pode lidar com isso, o que ela me mandou foi apenas uma mensagem, mas isso eu contarei para vocês daqui a pouco. Antes eu devo contar que eu finalmente entendi sobre o que tudo isso se tratava.

Eu não virei mulher para conquistar a Dhébora ou para aprender a respeitar as mulheres, tudo isso pelo o que eu passei foi para que eu crescesse, para que eu me tornasse o cara que eu deveria ser e não apenas aquele panaca que eu estava sendo.

Eu queria tanto ficar com a Dhébora que eu me ceguei para tudo que acontecia a minha volta, esqueci de ver os problemas pelos quais a Carol passou e eu podia ter ajudado, esqueci de notar que eu não amava mais a Anne e que quanto mais cedo eu falasse para ela menos ela sofreria, esqueci de dizer para o meu pai que eu o amava e que queria ter mais tempo com ele. Eu entendi isso depois, mesmo que seja tarde para algumas coisas não era tarde para outras, eu era muito grato por tudo isso que tinha acontecido.

Eu notei tudo isso quando tinha saído da casa da Dhébora, enquanto eu andava até a minha casa, a chuva já tinha parado.

Meu telefone vibrou, eu havia recebido uma mensagem, era da Dhébora. Na mensagem dizia:

“Eu te amo, mas não quero te amar, eu quero ser feliz.”

Aquilo doeu dentro de mim, mas eu entendi o que ela quis dizer, eu entendi que talvez ela realmente estivesse certa, talvez…

Para finalizar os últimos minutos daquela noite e também a história, o dia começou a amanhecer e eu voltei a ser Henrique, ainda assim continuei andando até minha casa quando passei na frente do prédio do Eduardo e sentados de mãos dadas na frente do prédio estava ele e a Carol.

— Oi… — falei ao vê-los.

— Oi — falaram os dois para mim.

— Eu fiquei muito feliz de vocês dois terem reatado. Muito mesmo…

— Obrigado, de onde você está vindo? — perguntou Carol.

— Da casa da Dhébora…

— E?

Fiz um sinal negativo com a cabeça.

— Provavelmente não teremos nada…

— Que bad, cara — replicou Eduardo.

— Mas vocês… vocês me dão uma boa esperança de que eu possa encontrar algo para mim no futuro, algo como o que vocês tem, pois se depois de todo esse tempo junto vocês ainda são felizes juntos, eu também posso ter isso para mim. Agora eu vou indo…

— Tchau, se cuida…

— Vou tentar — respondi.

— E então, será que ele volta a ser um galinha agora? — perguntou Eduardo para Carol.

— Não… tenho certeza que não, aquele Henrique já era. Fico feliz de ver como meu amigo amadureceu.

Eu posso dizer para vocês que eu realmente tinha amadurecido.

E assim o tempo passou e ela nunca ligou, o tempo passou e eu segui minha vida, fui para a faculdade de direito, me formei e segui minha vida, sim, conheci outras garotas, sim, me apaixonei, mas nunca de uma forma tão forte quanto foi com a Dhébora, uma vez eu vi em algum lugar que quando se quer esquecer um amor a melhor coisa que se faz é transformá-lo em literatura e por isso eu escrevo essa história. Para que eu possa mostrar o quanto eu a amo e para que eu possa viver sem esse peso em cima do meu coração, pois eu nunca deixei de ama-la, embora nunca mais tenha recebido nenhuma noticia dela, embora hoje, eu com vinte cinco anos possa dizer que ainda sinta saudades dela.

Eu passei essa história toda dando dicas para vocês sobre como lidar com as mulheres, como conquistá-las ou como pegar várias, vocês podem ter aprendido coisas realmente valiosas se estão buscando entender como chegar nas garotas mas nenhuma das dicas que eu dei antes chega perto da que vou dizer agora, prestem atenção pois talvez seja a coisa mais importante que falei nessa história sobre as mulheres, provavelmente é:

Ame-as.

Ame-as com todo o seu coração e sem medo de se machucar, não tenha medo de se ferir ou qualquer cosia do tipo, infelizmente é da vida se machucar, você tem que seguir em frente e torcer para que um dia você encontre aquela que você fará de tudo para nunca te machucar da mesma forma que você fará o mesmo por ela. Não se perca no pensamento de que é errado amar, errado é fugir do amor.

Eu sei que eu falei tanto de ter um final feliz e no fim eu aparentemente não consegui um, mas sabem, eu não me importo tanto com isso. Talvez eu não estivesse procurando por um final feliz mas por um começo.

Um novo e promissor começo feliz.

FIM





Henri acaba de escrever a última palavra no seu notebook e salva o arquivo.

— Agora é só mandar para uma editora e torcer para que eles publiquem. — pensa ele.

Embora Henri não precisasse de dinheiro, ele torcia que o livro se tornasse um sucesso, ele gostaria de que o máximo de pessoa possíveis conhecessem a sua história, mesmo que o final não fosse feliz.

Mas o fato é que Henrique, como sempre desligado, não se apegou as pequenas coisas e os pequenos detalhes que eu mostrei para ele. Pois como eu havia dito na última conversa que tive com ele:

“Tudo no fim termina bem e se não está bem é porque não terminou.”

Henrique se espreguiça e vai dar uma olhada pela janela, o sol já está nascendo. Esse lembra por um instante de como era em um piscar de olhos ser uma garota e voltar a ser um cara. Ele sorri.

O telefone toca.

Henri vai até o telefone e tira-o do gancho.

— Alô?

FIM


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